Eclipse
STEPHENIE MEYER
Terceiro livro da série
‘Crepúsculo’.
‘Crepúsculo’.
esta é a Parte 5
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"Eu pensei nisso. Em tantos anos de matança e carnagem,
eu
havia perdido praticamente toda a minha humanidade. Eu era
um
inegavelmente um pesadelo, um monstro do tipo mais odiavel.
Toda vez que eu encontrava outra vítima humana, eu sentia
uma
leve pontada de semelhança com aquela outra vida. Observando
os olhos delas se abrirem impressionados com a minha beleza,
eu
me lembrava de Maria e as outras em minha cabeça, o que elas
haviam parecido pra mim na última noite em que eu fui Jasper
Withlock. Era mais forte pra mim - essa memória emprestada -
do que era para os outros, porque eu podia sentir tudo o que
a
minha presa estava sentindo. E eu vivia as emoções deles
enquanto os estava matando.
"Você já experimentou a forma como eu consigo manipular
as
emoções ao meu redor, Bella, mas eu me perguntou se você se
já
imaginou o quanto as emoções de uma sala me afetam. Eu vivo
todos os dias em uma variação de emoções. Pelo primeiro
século
de minha vida, eu viví num mundo de vingança sanguenta. Ódio
era
o meu companheiro constante. Isso se acalmou um pouco quando
eu deixei Maria, mas eu ainda sentia o horror e o medo da
minha
presa".
"Isso começou a ser demais.
"A depressão ficou pior, e eu me afastei de Peter e
Charlotte.
Mesmo civilizados como eles eram, eles não sentiam a mesma
aversão que eu começava a sentir. Eles só queriam paz das
lutas.
Eu estava cansado de matar - matar qualquer um, até meros
humanos.
"E mesmo assim eu tinha que continuar matando. Que
escolha eu
tinha? Eu tentei matar com menos frequência, mas aí eu
ficava
com muita sede e desistia. Depois de um século de
gratificação
instantânea, eu achava a auto-disciplina... desafiadora. Eu
ainda
não havia aperfeiçoado isso."
Jasper estava perdido na história, assim como eu. Eu fiquei
surpresa quando sua expressão desolada se suavizou em um
sorriso pacífico.
"Eu estava na Philadélfia. Houve uma tempestade, e eu
havia
saído durando o dia - coisa com a qual eu ainda não estava
completamente confortável. Eu sabia que ficar de pá na chuva
ia
chamar a atenção, então eu entrei numa lanchonete meio
vazia.
Os meus olhos estavam escuros o suficiente pra ninguém
reparar
neles, apesar disso significar que eu estava com sede, e
isso me
preocupou um pouco.
"Ela estava lá - me esperando, naturalmente". Ele
gargalhou uma
vez. "Ela pulou do banco alto no balcão assim que eu
entrei e veio
andando diretamente em minha direção.
"Isso me chocou. Eu não tinha certeza se ela queria
atacar. Essa
é a única interpretação de comportamento dela que o meu
passado tem a oferecer. Mas ela estava sorrindo. E as
emoções
que emanavam dela eram uma coisa que eu nunca havia sentido
antes.
"'Você me deixou esperando por muito tempo', ela
disse"
Eu não tinha me dado conta de que Alice tinha vindo ficar de
pé
atrás de mim novamente.
"E você abaixou a cabeça, como um bom cavalheiro do
Sul, e
disse 'Eu lamento, madame'" Alice riu com a memória.
Jasper sorriu pra ela. "Você levantou a mão, e eu a peguei
sem
me dar conta do que estava fazendo. Pela primeira vez em um
século, eu sentí esperança".
Jasper pegou as mãos de Alice enquanto falava.
Alice deu um sorriso largo. "Eu estava aliviada. Eu
pensei que
você não fosse aparecer nunca".
Eles sorriram um pro outro por algum tempo, e aí Jasper
olhou
de volta pra mim, ainda com a expressão suave.
"Alice me disse que tinha visto sobre Carlisle e a
família dele. Eu
mal podia acreditar que um experiência assim fosse possível.
Mas
Alice me fez otimista. Então nós fomos encontrá-los".
"E matar eles de susto também", Edward disse,
revirando os
olhos pra Jasper antes de se virar pra mim e explicar.
"Emmett e
eu estávamos fora caçando. Jasper aparece, coberto de marcas
de batalhas, acompanhando essa estranha pequena" - ele
cutucou
Alice de brincadeira - "que se refere a todo mundo pelo
nome,
sabe tudo sobre eles, e quer saber em que quarto ela vai
ficar".
Alice e Jasper riram em harmonia, soprano e baixo.
"Quando eu voltei pra casa, todas as minhas coisas
estavam na
garagem", Edward continuou.
Alice lvantou os ombros. "O seu quarto tinha a melhor
vista".
Agora todos eles riram juntos.
"Essa é uma história legal", eu disse.
Três pares de olhos questionaram a minha sanidade.
"Eu estou falando da última parte", eu me defendí.
"O final feliz
com Alice".
"Alice fez toda a diferença", Jasper concordou.
"Esse é um clima
que eu gosto".
Mas a pausa momentânea no estresse não podia durar muito.
"Um exército", Alice disse. "Porque você não
me contou?"
Os outros estavam atentos de novo, os olhos deles presos no
rosto de Jasper.
"Eu pensei que pudesse estar interpretando os sinais
incorretamente. Porque, qual é o motivo? Porque alguém
criaria
um exército em Seattle? Não existe história lá, nada de
vinganças. Uma disputa por um lugar de destaque também não
faz sentido. Os nômades passam por lá, mas não hà ninguém
pra
lutar por isso. Não hà ninguém pra defender isso.
"Mas eu já ví isso antes, e não existe outra
explicação. Há um
exército de vampiros recém-nascidos em Seattle. Pouco menos
de vinte, eu acho. A parte difícil é que eles estão
completamente
destreinados."
"Quem quer que os tenha criado deixou eles soltos. Isso
só vai
piorar, e não vai demorar muito até os Volturi intervirem.
Na
verdade, eu estou surpreso por estar demorando tanto".
"O que podemos fazer?" Carlisle perguntou.
"Se nós queremos evitar o envolvimento dos Volturi, nós
vamos
ter que destruir os recém-nascidos, e nós vamos ter que
fazer
isso em breve". O rosto de Jasper estava duro. Agora
que eu
conhecia a história dele, eu podia entender o quanto essa
avaliação perturbava ele. "Eu posso ensinar vocês
agora. Não vai
ser fácil na cidade. Os jovens não estão preocupados em
manter
segredo, mas nós temos que estar. Isso vai nos deixar
limitados
de formas que eles não estão. Talvez possamos
atraí-los".
"Talvez nós não tenhamos que fazer isso" a voz de
Edward
estava vazia. "Já ocorreu a alguém que o único motivo
pra se
montar um exército nessa área... somos nós?"
Os olhos de Jasper estreitaram, os de Carlisle se abriram,
chocados.
"A família de Tânia também está por perto", Esme
disse, sem
querer aceitas as palavras de Edward.
"Os recém-nascidos não iam querer tomar um Ancoradouro,
Esme. Eu acho que devemos considerar a idéia de que nós
somos
os alvos".
"Eles não estão vindo atrás de nós," Alice
insistiu, e depois
pausou. "Oh... eles não sabem que estão. Ainda
não".
"O que é isso?" Edward perguntou, curioso e tenso.
"O que é isso
que você está lembrando?"
"Vestígios", Alice disse. "Eu não consigo ver
uma imagem clara
quando eu tento ver o que está acontecendo, nada concreto.
Mas
eu estou tendo esse flashes estranhos. Não é o suficiente
pra
entender o sentido deles. É como se alguém ficasse mudando
de
idéia, movendo de um curso de ação pra outro tão rapidamente
que eu nem consigo ter uma boa imagem..."
"Indecisão?" Jasper perguntou sem acreditar.
"Eu não sei..."
"Não é indecisão", Edward rosnou.
"Conhecimento. Alguém sabe
que você não consegue ter uma visão até que uma decisão seja
tomada. Alguém está se escondendo de nós. Brincando com os
buracos das suas visões".
"Quem saberia disso?" Alice suspirou.
Os olhos de Edward estavam duros como gelo. "Aro sabe
tanto
sobre você quanto você própria".
"Mas eu teria visto se eles decidissem vir..."
"A não ser que eles não quisesse sujar as mãos".
"Um favor", Rosalie sugeriu, falando pela primeira
vez. "Alguém
do Sul... alguém que já tenha tido problemas com as regras.
Alguém já devia ter sido destruído e a quem uma segunda
chance
foi oferecida - se eles cuidarem desse pequeno
probleminha...
isso explicaria a resposta lenta dos Volturi"
"Porque?", Carlisle perguntou, ainda chocado.
"Não há motivo pra
os Volturi -"
"Há sim" Edward discordou rapidamente. "Eu
estou surpreso por
isso ter vindo tão cedo, porque os outros pensamentos eram
mais
fortes. Na cabeça de Aro, ele me via em um dos seus lados e
Alice no outro. O presente e o futuro, como se fossem um só.
O
poder da idéia intoxicou ele. Eu teria imaginado que ele
levaria
muito mais tempo pra desistir daquele plano - ele o queria
demais. Mas aí havia o pensamento em você, Carlisle, na
nossa
família, crescendo e ficando mais forte. A inveja e o medo:
você
tendo... não mais do que o que ele tinha, mas ainda assim,
coisas
que ele queria. Ele tentou não pensar nisso, mas não
conseguiu
esconder completamente. A idéia de eliminar a competição já
estava lá; além da deles, o nosso grupo é o maior que eles
já
encontraram..."
Eu olhei horrorizada para o rosto dele. Ele não havia me
contado
nada disso, mas eu acho que sabia o porque. Eu podia ver
isso na
minha cabeça agora, o sonho de Aro.
Edward e Alice em robes pretos, esvoaçantes, andando ao lado
de Aro, seus olhos frios e vermelhos cor de sangue...
Carlisle interrompeu o meu pesadelo da vida real. "Eles
estão
comprometidos demais com sua missão. Eles jamais quebrariam
as regras. Isso vai contra tudo o que eles
trabalharam".
"Eles vão limpar tudo depois. Uma traição dupla",
Edward disse
com uma voz mal humorada. "Nenhum prejuízo".
Jasper se inclinou pra frente, balançando a cabeça.
"Não, Carlisle está certo. Os Volturi não quebram as
regras.
Além do mais, é muito descuidado. Essa pessoa... essa ameaça
-
eles não tinham idéia do que estavam fazendo. É um
iniciante, eu
posso jurar. Eu não posso acreditar que os Volturi estejam
envolvidos. Mas eles vão estar"
Eles encararam uns aos outros, congelados pelo estresse.
"Vamos lá", Emmett quase rugiu. "O que
estamos esperando?"
Carlisle e Edward trocaram um longo olhar. Edward balançou a
cabeça.
"Nós vamos precisar que você nos ensine, Jasper",
Carlisle disse
finalmente. "Como destruí-los", a mandíbula de
Carlisle estava
dura, mas eu podia ver a dor nos olhos dele enquanto ele
dizia as
palavras. Ninguém odiava violência mais que Carlisle.
Haviam alguma coisa me incomodando, mas eu não conseguia
identificar. Eu estava entorpecida, aterrorizada,
mortalmente
assustada. E mesmo assim, por baixo disso, eu podia sentir
que
estava esquecendo algo importante. Alguma coisa que fizesse
sentido nesse caos. Que o explicaria.
"Nós vamos precisar de ajuda", Jasper disso.
"Você acha que
Tânia e sua família estão a fim...? Outros cinco vampiros
maduros
fariam uma enorme diferença. E Kate e Eleazar seria
enormemente vantajosos para o nosso lado. Seria quase fácil,
com a ajuda deles".
"Eu vou perguntar", Carlisle disse.
Jasper levantou um celular. "Precisamos nos
apressar".
Eu nunca ví a calma inata de Carlisle tão abalada. Ele pegou
o
telefone, e caminhou na direção das janelas. Ele discou um
número, segurou o telefone em seu ouvido, e apoiou a outra
mão
no vidro. Ele olhou para a névoa da manhã com uma expressão
magoada e ambivalente.
Edward pegou a minha mão e me puxou pra o sofá com ele. Eu
sentei ao lado dele, olhando para o rosto dele enquanto ele
olhava
pra Carlisle.
A voz de Carlisle estava baixa e rápida, difícil de ouvir.
Eu ouví
ele saudar Tânia, e aí ele passou a situação rápido demais
pra que
eu pudesse entender, apesar de eu entender que os vampiros
do
Alaska não eram ignorantes ao que estava acontecendo em
Seattle.
Alguma coisa mudou na voz de Carlisle.
"Oh", ele disse, a voz dele estava mais ríspida
com a surpresa.
"Nós não havíamos nos dado conta... que Irina se sentia
assim".
Edward rosnou ao meu lado e fechou os olhos. "Maldição.
Que
Laurent seja amaldiçoado às profundezas do inferno onde ele
pertence".
"Laurent", eu sussurrei, o sangue escapando do meu
rosto, mas
Edward não respondeu, concentrado nos pensamentos de
Carlisle.
O meu curto encontro com Laurent no início da primavera não
havia sido uma coisa que saiu ou ficou esquecida na minha
cabeça.
Eu ainda me lembrava de cada palavra que ele havia dito
antes de
Jacob e seu bando interromper.
Na verdade eu venho aqui como um favor pra ela.
Victoria. Laurent foi a primeira manobra que ela fez - ela o
mandou pra observar, pra ver quão difícil seria me pegar.
Ele não
sobreviveu aos lobos pra contar a história.
Apesar de ter mantido seu velho laço com Victoria depois da
morte de James, ele também havia formado novos vínculos e
relacionamentos. Ele foi viver com Tânia e sua família no
Alaska -
Tânia, a loira morango - os amigos mais próximos dos Cullen
no
mundo dos vampiros, praticamente uma extensão da família.
Laurent esteve com eles por quase um ano antes de sua morte.
Carlisle estava falando, sua voz não estava exatamente
passiva.
Persuasiva, talvez, mas com um tom.
"Não há dúvida disso", Carlisle disse numa voz
esternada. "Nós
temos um acordo. Eles não o quebraram e nós também não
iremos. Eu lamento ouvir isso... É claro. Teremos que fazer
o
melhor sozinhos".
Carlisle fechou o telefone sem esperar a resposta. Ele
continuou
a olhar para a névoa.
"Qual é o problema?" Emmett murmurou pra Edward.
"Irina esteve mais envolvida com o nosso amigo Laurent
do que
pensávamos. Ele está com rancor dos lobos por terem
destruído
ele pra salvar Bella. Ela quer -" Ele pausou, olhando
pra mim.
"Vá em frente" eu disse tão uniformemente quanto
pude.
Os olhos dele se apertaram. "Ela quer vingança.
Destruir o bando.
Eles trocariam sua ajuda pela nossa permissão".
"Não!", eu ofeguei.
"Não se preocupe", ele disse com uma voz vazia.
"Carlisle jamais
concordaria com isso". Ele hesitou, e depois suspirou.
"E nem eu.
Laurent sabia que isso aconteceria"- isso era quase um
rosnado -
"e eu ainda devo aos lobos por aquilo".
"Isso não é bom", Jasper disse. "É uma luta
apertada demais.
Nós teríamos uma vantagem com habilidades, mas não em
número. Nós venceríamos, mas a que preço?"
Os olhos dele passaram pro rosto de Alice e depois se
desviaram.
Eu quis gritar alto quando eu entendí o que Jasper queria
dizer.
Nós venceríamos, mas perderíamos. Alguém não ia sobreviver.
Eu olhei ao redor da sala para os rostos deles - Jasper,
Alice,
Emmett, Rose, Esme, Carlisle... Edward - os rostos da minha
família.
14. Declaração
"Você não pode estar falando sério", eu disse, na
quarta à tarde.
"Você está completamente louca!"
"Diga o que você quiser sobre mim", Alice
respondeu. "A festa
ainda vai acontecer".
Eu encarei ela, os meus olhos estavam tão arregalados de
descrença que parecia que eles estavam prestes a cair e cair
na
minha bandeja do almoço.
______________________1
"Oh, se acalme, Bella! Não há razão pra não continuar
com isso.
Além do mais, os convites já foram enviados".
"Mas... o... você... eu... louca!", eu estalei.
"Você já comprou o meu presente", ela me lembrou.
"Você não
precisa fazer nada além de aparecer".
Eu fiz uma esforço pra me acalmar. "Com tudo o que está
acontecendo, uma festa dificilmente é apropriada."
"A formatura é o que está acontecendo, e uma festa é
tão
apropriada que é quase passé".
"Alice!"
Ela suspirou, e tentou ficar séria. "Existem algumas
coisas que
precisamos pôr em ordem agora, e isso vai levar algum tempo.
Enquanto estivermos aqui sentados esperando, nós podemos
muito bem comemorar as coisas boas. Você só vai se formar do
colegial - pela primeira vez - uma vez. Você não vai ser
humana
de novo, Bella. Essa é uma chance única na vida".
Edward, que estava em silêncio durante a nossa discussão,
deu
um olhar de aviso pra ela. Ela mostrou a língua pra ele. Ela
estava
certa - a voz suave dela nunca ia se sobrepor à tagarelice
do
refeitório. E em qualquer caso, ninguém ia entender mesmo o
significado das palavras dela.
"Que poucas coisas nós precisamos pôr em ordem?",
eu
perguntei, me recusando a ser passada pra trás.
Edward respondeu com uma voz baixa. "Jasper acha que
poderíamos usar um pouco de ajuda. A família de Tânia não é
a
única opção que temos. Carlisle está tentando encontrar
alguns
velhos amigos, e Jasper está procurando por Peter e
Charlotte.
Ele está considerando falar com Maria..."
Alice estremeceu delicadamente.
"Não deve ser tão difícil convencê-los a ajudar",
ele disse.
"Ninguém quer uma visita da Itália".
"Mas esse amigos - eles não vão ser... vegetarianos,
certo?", eu
protestei, usando o apelido seguro que os Cullen davam a sí
mesmos.
"Não", Edward respondeu, repentinamente sem
expressão.
"Aqui? Em Forks?"
"Eles são amigos", Alice me assegurou. "Tudo
vai ficar bem. Não
se preocupe. E depois, Jasper terá que nos dar alguns cursos
sobre eliminação de recém-nascidos..."
Os olhos de Edward brilharam com isso, e um breve sorriso
apareceu no rosto dele. De repente, parecia que o meu
estômago
estava cheio de de pequenos pedaços de gelo.
"Quando vocês vão?", eu perguntei com uma voz
fraca. Eu não
conseguia aguentar isso - a idéia de que alguém podia não
voltar.
E se fosse Emmett, tão corajoso e irresponsável que nunca
era
nem minimamente cuidadoso? Ou Esme, tão doce e maternal que
eu nem podia imaginá-la numa luta? Ou Alice, tão pequena, de
aparência tão frágil? Ou... mas eu nem conseguia pensar no
nome,
considerar a possibilidade.
"Uma semana", Edward disse casualmente. "Isso
deve nos dar
tempo suficiente".
Os pedaços de gelo reviraram desconfortavelmente no meu
estômago. De repente eu estava nauseada.
"Você está verda, Bella", Alice comentou.
Edward passou o braço ao meu redor e me puxou com força
contra o lado do seu corpo. "Tudo vai ficar bem, Bella.
Confie em
mim".
Claro, eu pensei comigo mesma. Confie nele. Não era ele que
ia
ter que sentar e se perguntar se a razão da existência dele
ia
voltar pra casa.
E foi aí que me ocorreu. Talvez eu não tivesse que ficar
sentada.
Uma semana era tempo mais que suficiente pra mim.
"Você estão procurando por ajuda", eu disse
lentamente.
"Sim", a cabeça de Alice pendeu pra o lado
enquanto ela
processava o tom da minha voz.
Eu só olhei pra ela enquanto respondia. A minha voz só era
um
pouco mais alta que um suspiro quando eu respondi. "Eu
podia
ajudar".
O corpo de Edward ficou rigido de repente, o braço dele me
apertando demais. Ele exalou, e o som foi um assobio.
Mas foi Alice, ainda calma, quem respondeu. "Isso não
seria
realmente uma ajuda"
"Porque não?", eu discutí; eu podia ouvir a
desespero na minha
voz. "Oito é melhor que sete. Há mais tempo do que o
suficiente".
"Não há tempo suficiente pra fazer com que você seja
uma
ajuda, Bella", ela discordou friamente. "Você se
lembra de como
Jasper descreveu os jovens? Você não seria boa em uma luta.
Você não seria capaz de controlar seus instintos, e isso
faria de
você um alvo fácil. E aí Edward ia se machucar tentando
proteger
você" Ela cruzou os braços no peito, satisfeita com a
sua lógica
indiscutível.
E eu sabia que ela estava certa, quando ela falava desse
jeito. Eu
afundei na minha cadeira, a minha esperança repentina estava
derrotada. Ao meu lado, Edward relaxou.
Ele sussurrou no meu ouvido. "Não porque você está com
medo".
"Oh", Alice disse, e um olhar vazio passou pelo
rosto dela. A
expressão dela se tornou amarga. "Eu odeio
cancelamentos de
última hora. Então isso significa que apenas sessenta e
cinco
pessoas irão à festa..."
"Sessente e cinco!" Meus olhos se arregalaram de
novo. Eu não
tinha tantos amigos assim. Será que eu conhecia tantas
pessoas?
"Quem cancelou?" Edward imaginou, me ignorando.
"Renée"
"O quê?", eu ofeguei.
"Ela ia te fazer uma surpresa pela sua formatura, mas
alguma
coisa deu errado. Você vai ter uma mensagem quando chegar em
casa".
Por um momento, eu me deixei aproveitar o alívio. O que quer
que
tenha dado errado para a minha mãe, eu estava eternamente
grata. Se ela tivesse vindo a Forks agora... eu nem queria
pensar
nisso. A minha cabeça ia explodir.
A luz de mensagens estava ligada quando eu cheguei em casa.
O
meu sentimento de alívio cresceu de novo quando eu ouví a
minha
mãe descrever o acidente de Phil no campo de bola - enquanto
estava demonstrando um passe, ele se bateu com o pegador e
quebrou o osso da coxa; ele estava inteiramente dependente
dela, e não tinha como ela poder deixar ele. A minha mãe
ainda
estava se desculpando quando a mensagem caiu.
"Bom, essa é uma", eu suspirei.
"Uma o que?", Edward perguntou.
"Uma pessoa que eu não preciso me preocupar que seja
assassinada essa semana"
Ele revirou os olhos.
"Porque você e Alice não levam isso a sério?", eu
quis saber.
"Isso é sério"
Ele sorriu. "Confiança'.
"Maravilhoso", eu murmurei. Eu peguei o telefone e
disquei o
número de Renée. Eu sabia que essa seria uma longa conversa,
mas eu também sabia que eu não teria que contribuir muito.
Eu só escutei, e reassegurei ele todas as vezes que eu tinha
a
chance de falar: Eu não estava desapontada, eu não estava
com
raiva, eu não estava magoada. Ela podia se conncentrar
apenas
em fazer Phil melhorar. Eu passei o meu "melhore
logo" pra Phil,
e prometí ligar pra ela com todos os mínimos detalhes da
formatura genérica da Forks High. Finalmente, eu tive que
usar a
minha necessidade desesperada de estudar pra as provas
finais
para sair do telefone.
A paciência de Edward não tinha fim. Ele esperou
educadamente
durante a conversa inteira, só brincando com o meu cabelo e
sorrindo toda vez que eu olhava pra cima. Provavelmente era
superficial ficar reparando nessas coisas enquanto eu tinha
tantas coisas importante com as quais me preocupar, mas o
sorriso dele ainda me deixava sem fôlego. Ele era tão lindo
que
as vezes isso tornava difícil pensar em outra coisa, era
difícil me
concetrar nos problemas de Phil ou nas desculpas de Renée ou
em
exércitos de vampiros hostís. Eu era só uma humana.
Assim que eu desliguei, eu fiquei na pontas dos pés pra dar
beijar
ele. Ele colocou as mãos em volta da minha cintura e me
colocou
no balcão da cozinha, pra que eu não tivesse que me esticar
tanto. Isso fucionava pra mim. Eu travei os meus braços no
pescoço dele e derretí no peito frio dele.
Cedo demais, como sempre, ele se afastou.
Eu sentí o meu rosto fazer um beicinho. Ele riu da minha
expressão enquanto se destravava dos meus braços e das
minhas
pernas. Ele se inclinou no balcão ao meu lado e colocou um
braço
levemente sobre os meus ombros.
"Eu sei que você pensa que eu tenho um tipo de
auto-controle
perfeito, inflexível, mas na verdade esse não é o
caso."
"Eu queria", eu suspirei.
E ele suspirou também.
"Amanhã depois da escola", ele disse, mudando de
assunto. "Eu
vou caçar com Carlisle, Esme e Rosalie. Só por algumas horas
-
nós vamos ficar por perto. Alice, Jasper e Emmett devem ser
capazes de te manter segura".
"Ugh", eu murmurei. Amanhã era o primeiro dia das
provas finais,
e só tínhamos aula durante a metade do dia. Eu tinha prova
de
Cálculo e História - os dos únicos desafios na minha lista -
então
eu teria o dia quase o dia todo sem ele, e nada pra fazer
além de
me preocupar. "Eu odeio ficar com babás".
"É temporário", ele prometeu.
"Jasper vai ficar enfadado. Emmett vai fazer piada de
mim".
"Eles vão estar em seu melhor comportamento".
"Certo", eu estrondei.
E foi aí que me ocorreu que eu tinha uma opção opção além
das
babás. "Sabe... eu não estive em La Push desde a
fogueira".
Eu observei o rosto dele pra qualquer mudança de expressão.
Os
olhos dele se estreitaram só um pouco.
"Eu ficaria segura o suficiente lá", eu lembrei
ele.
Ele pensou nisso por alguns segundos. "Provavelmente
você está
certa".
O rosto dele estava calmo, mas estava suave demais. Eu quase
perguntei se ele preferiria que eu ficasse aqui, mas aí ei
pensei
nas bobagens que Emmett induvidavelmente soltaria, e eu
mudei
de assunto. "Você já está com sede?", eu me
inclinei pra tocar as
leves sombas embaixo dos olhos dele. As íris dele ainda
tinham
uma profunda cor dourada.
"Na verdade não" Ele pareceu relutante em
responder, e isso me
surpreendeu. Eu esperei por uma explicação.
"Nós queremos estar tão fortes quanto for
possível", ele
explicou, ainda relutante. "Nós provavelmente vamos
caçar de
novo no caminho, procurando por animais grandes"
"Isso te deixa mais forte?"
Ele procurou por alguma coisa no meu rosto, mas não havia
nada
pra encontrar além de curiosidade.
"Sim", ele disse finalmente. "O sangue humano
nos torna mais
fortes, mas apenas fracionalmente. Jasper anda pensando em
burlar as regras - mesmo tendo aversão à idéia, ele é
prático
demais - mas ele não quer nos sugerir. Ele sabe o que
Carlisle vai
dizer".
"Isso não ia ajudar?" eu perguntei baixinho.
"Isso não importa. Não vamos mudar quem somos".
Eu fiz uma careta. Se alguma ajudava nas chances... e aí eu
estremecí, me dando conta de que eu estava desejando que um
estranho morresse pra proteger ele. Eu estava horrorizada
comigo mesma, mas também não era inteiramente capaz de
descartar a idéia.
Ele mudou de assunto de novo. "É por isso que eles são
tão
fortes, é claro. Os recém-nascidos são cheios de sangue
humano
- o próprio sangue deles, reagindo à mudança. Ele permanece
nos
tecidos e os deixa mais forte. O corpo deles vai
enfraquecendo
lentamente, como Jasper disse, e a força vao começando a
esvair
em cerca de um ano".
"Quão forte eu vou ser?"
Ele sorriu pra mim. "Mais forte que eu".
"Mais forte que Emmett?"
O sorriso ficou maior. "Sim. Me faça o favor de
desafiar ele para
uma luta de braço. Seria uma boa experiência pra ele".
Eu rí. Isso soava tão ridículo.
Aí eu suspirei e descí do balcão, porque eu realmente não
podia
mais adiar isso. Eu tinha que estudar, e estudar muito. Por
sorte,
eu tinha Edward pra me ajudar, e Edward era um professor
excelente - já que ele sabia absolutamente tudo. Eu me dei
conta
de que o meu maior problema seria me concentrar nos testes.
Se
eu não me cuidasse, eu ia acabar escrevendo a minha redação
de
História sobra a guerra dos vampiros do Sul.
Eu fiz uma pausa pra ligar pra Jake, e Edward pareceu estar
tão
confortável quanto estava quando eu estava no telefone com
Renée. Ele brincou com o meu cabelo de novo.
Apesar de ser o meio da tarde, o meu telefonema acordou
Jacob,
e no início ele estava grogue. Ele se alegrou imediatamente
quando eu perguntei se podia fazer um visita no dia
seguinte.
A escola Quileute já estava de férias para o verão, então
ele me
disse pra ir o mais cedo que pudesse. Eu estava contente por
ter
uma opção além de ficar com babás. Havia um pouco mais de
dignidade em passar o dia com Jacob.
Um pouco dessa dignidade se perdeu quando Edward insistiu de
novo em me levar à linha da fronteira como se fosse um bebê
mudando de custódia.
"Como você acha que se saiu nas provas?" Edward
perguntou no
caminho, tentando puxar conversa.
"História foi fácil, mas eu não sei sobre Cálculo.
Parecia que
estava fazendo um pouco de sentido, então isso provavelmente
significa que eu reprovei".
Ele riu. "Eu tenho certeza que você se saiu bem. Ou, se
você
estiver realmente preocupada, eu podia subornar o Sr. Varne
pra
ele te dar um Dez".
"Er, obrigada, mas não, obrigada".
Ele riu de novo, mas parou de repente quando nós viramos na
última curva e vimos o carro vermelho esperando. Ele fez uma
careta de concentração, e então, enquanto parava o carro,
ele
suspirou.
"O que há de errado?", eu perguntei, minha mão na
porta.
Ele balançou a cabeça. "Nada". Os olhos dele
estavam apertados
enquanto ele olhava para o outro carro através do
pára-brisa. Eu
já tinha visto aquele olhar antes.
"Você está escutando Jacob, não está?", eu acusei.
"Não é muito fácil ignorar uma pessoa quando ela está
gritando".
"Oh", eu pensei nisso por um segundo. "O que
ele está gritando?",
eu sussurrei.
"Eu estou absolutamente certo de que ele mesmo vai
mencionar",
Edward disse com um tom torto.
Provavelmente eu pudesse ter pressionado o assunto, mas aí
Jacob tocou sua buzina - duas vezes impacientemente.
"Isso é falta de educação", Edward rosnou.
"Esse é Jacob", eu suspirei, e eu me apressei pra
sair antes que
Jacob realmente fizesse alguma coisa que levasse os dentes
de
Edward ao limite.
Eu acenei pra Edward antes de entrar no Rabbit e, à
distância,
parecia que ele realmente estava chateado com a história da
buzina... ou com o que quer que Jacob estivesse pensando.
Mas os meus olhos eram fracos e cometiam erros o tempo
inteiro.
Eu queria que Edward viesse comigo. Eu queria fazer com que
eles dois saíssem de seus carros e balançassem suas mãos e
fossem amigos - ser Edward e Jacob ao invés de vampiro e
lobisomem. Era como se eu tivesse aqueles dois imãs teimosos
nas minha mãos de novo, e eu estava segurando eles juntos,
______________________2
tentando forçar a natureza a se reverter...
Eu suspirei e entrei no carro de Jacob.
"Ei, Bells", o tom de Jake era alegre, mas a voz
dele estava
embargada. Eu examinei o rosto dele enquanto ele descia a
estrada, dirigindo seu carro mais rápido que eu, mas mais
devagar que Edward, no caminho de volta pra La Push.
Jacob parecia doente, talvez até doente. As pálpebras dele
caíram e o rosto dele estava absorto. Seu cabelo cheio
estava
saindo em direções variadas; ele estava quase chegando no
queixo dele em alguns lugares.
"Você está bem, Jake?"
"Só cansado", ele conseguiu botar pra fora antes
de dar um
bocejo gigantesco. Quando ele terminou, ele perguntou.
"O que
você quer fazer hoje?"
Eu olhei ele por um momento. "Vamos só ficar na sua
casa por
enquanto", eu sugerí. Ele não parecia estar com
disposição pra
fazer muito mais do que isso. "Nós podemos andar nas
nossas
motos mais tarde".
"Claro,claro", ele disse, bocejando de novo.
A casa de Jacob estava vazia, e isso parece estranho. Eu me
dei
conta de que eu pensava em Billy praticamente como uma
instalação permanente de lá.
"Onde está o seu pai?"
"Na casa dos Clearwater. Ele tem ido bastante lá desde
que
Harry morreu. Sue fica sozinha".
Jacob se sentou no sofá que não era maior do que uma
poltrona e
foi um pouco pro lado pra me dar mais espaço.
"Oh. Isso é legal. Pobre Sue".
"É... ela está tendo alguns problemas...", ele
hesitou. "Com os
filhos".
"Claro, deve ser difícil pra Seth e Leah, perder o
pai..."
"Uh-huh", ele concordou, perdido em pensamentos.
Ele pegou o
controle remoto e ficou passando os canais sem parecer
prestar
atenção nisso. Ele bocejou.
"O que há com você, Jake? Você parece um zumbí".
"Eu dormí umas duas horas na noite passada, e quatro
horas na
noite anterior", ele me disse. Ele esticou seus longos
braços
lentamente, e eu pude ouvir as juntas dele estalarem
enquanto
ele se flexionava. Ele colocou o braço em cima do encosto do
sofá
atrás de mim, e se encostava pra descansar a sua cabeça na
parede. "Eu estou exausto".
"Porque você não está dormindo?", eu perguntei.
Ele fez uma cara. "Sam está sendo difícil. Ele não
confia de
verdade nos seus sugadores de sangue. Eu estive correndo em
turno duplo por duas semanas e ninguém me tocou ainda, mas
ele
ainda assim não confia. Então eu estou sozinho por
enquanto".
"Turnos duplos? Isso é porque você está tentando me
vigiar?
Jake, isso é errado! Você precisa dormir. Eu vou ficar
bem".
"Não é grande coisa". Os olhos dele ficaram mais
alerta
abruptamente. "Ei, você já descobriu quem estava no seu
quarto?
Hà algo novo?"
Eu ignorei a segunda pergunta. "Não, nós não
descobrimos nada
sobre o meu, um, visitante".
"Então eu vou ficar por perto", ele disse enquanto
os olhos dele
se fechavam.
"Jake..." eu comecei a choramingar.
"Ei, isso é o mínimo que eu posso fazer - eu oferecí
servidão
eterna. Eu sou seu escravo por uma vida".
"Eu não quero um escravo!"
Os olhos dele não se abriram. "O que você quer,
Bella?"
"Eu quero o meu amigo Jacob - e eu não quero ele
meio-morto, se
machucando em alguma tentativa desmandada de -"
Ele me cortou. "Olhe desse jeito - eu estou esperando
encontrar
um vampiro que eu possa matar, tudo bem?"
Eu não respondí. Aí ele olhou pra mim, olhando para a minha
reação.
"Brincando, Bella".
Eu encarei a TV.
"Então, algum plano especial para a semana que vem?
Você vai se
formar. Uau. Isso é grande". A voz dele ficou plana, e,
o rosto
dele, já caído, pareceu campletamente desfigurado quando ele
fechou os olhos de novo - dessa vez não com exaustão, mas
com
negação.
Eu me dei conta de que a formatura ainda tinha uma
significência
horrível pra ele, apesar das minhas intenções estarem
confusas
agora.
"Nada de planos especiais", eu disse
cuidadosamente, esperando
que ele ouvisse a confiança nas minhas palavras sem precisar
de
explicações detalhadas. Eu não queria falar nisso agora. Pra
começar, eu sabia que ele podia ler demais nas minhas
reações.
"Bem, eu vou ter que ir a uma festa de formatura. A
minha." eu
fiz um som de desgosto. "Alice adora festas, e ela convidou
a
cidade inteira para uma noitada. Vai ser horrível".
Os olhos dele se abriram enquanto eu falava, e um sorriso
aliviado fez o rosto dele parecer menos cansado. "Eu
não fui
convidado. Eu estou magoado", ele zombou.
"Considere-se convidado. Essa supostamente é a minha
festa,
então eu devia poder convidar quem eu quiser".
"Obrigado", ele disse sarcasticamente, os olhos
dele se fechando
mais uma vez.
"Eu queria que você pudesse vir", eu disse, sem
nenhuma
esperança. "Ia ser divertido. Pra mim, quer
dizer".
"Claro, claro", ele murmurou. "Isso seria
muito... sábio..." a voz
dele parou.
Alguns segundos depois, ele estava roncando.
Pobre Jacob. Eu estudei seu rosto sonhador, e gostei do que
ví.
Enquanto ele dormia, todos os traços de defesa e de amargura
desapareceram, e de repente ele era o garoto que havia sido
o
meu melhor amigo antes que toda essa bobagem de lobisomem se
metesse no caminho. Ele parecia muito mais jovem. Ele
parecia
ser o meu Jacob.
Eu fiquei sentada no sofá pra esperar o cochilo dele,
esperando
que ele dormisse um pouco e compensasse um pouco pelo que
ele
havia perdido. Eu passei pelos canais, mas não havia muito
passando. Eu escolhí um programa culinário, sabendo,
enquanto eu
assistia, que eu nunca havia me esforçado tanto no jantar de
Charlie. Jacob continuava a roncar, ficando mais alto. Eu
aumentei a TV.
Eu estava estranhamente relaxada, quase sonolenta também.
Essa casa parecia ser mais segura que a minha própria,
talvez
porque ninguém nunca havia vindo me procurar aqui. Eu me
curvei
no sofá e pensei em tirar uma soneca também. Talvez eu até
tivesse, mas os roncos de Jacob eram impossíveis de ignorar.
Então, ao invés de dormir, eu deixei minha mente vagar.
As provas finais tinham acabado, e a maioria delas tinha
sido uma
moleza. Cálculo, a única exceção, havia ficado pra trás,
tendo eu
passado ou reprovado. A minha educação colegial estava
acabada.
E eu não sabia o que eu realmente sentia em relação a isso.
Eu
não conseguia olhar pra isso objetivamente, sendo que isso
estava conectado com o fim da minha vida humana.
Eu me perguntei por quanto tempo Edward usaria essa desculpa
de "não porque você está com medo". Eu ia ter que
bater o pé
uma hora dessas.
Se eu estivesse pensando com praticidade, eu saberia que
faria
mais sentido se Carlisle me transformasse no segundo que eu
ultrapassasse a barreira da formatura. Forks estava se
tornando
quase tão perigosa quanto uma zona de guerra. Não, Forks era
uma zona de guerra. Sem mencionar... essa seria uma boa
desculpa pra perder a festa de formatura. Eu sorrí pra mim
mesma quando pensei na mais trivial das razões para a minha
mudança. Bobagem... mas ainda assim tentador.
Mas Edward estava certo - eu ainda não estava totalmente
pronta.
E eu não queria ser prática. Eu queria que Edward fizesse
isso.
Esse não era um desejo racional. Eu tinha certeza de que -
cerca
de dois segundos depois que alguém tivesse me mordido e o
veneno começasse a passar pelas minhas veias - eu realmente
não
me importaria com quem tinha feito. Então isso não fazia
diferença.
Era difícil definir, até pra mim mesma, porque isso
importava. Só
que havia alguma coisa sobre ser ele a decidir a fazer a
escolha -
a querer ficar comigo o suficiente pra permitir a minha
mudança,
era ele quem ia agir pra me manter junto a ele. Era
infantil, mas
eu gostava da idéia de que os lábios dele seriam as últimas
coisas
que eu sentiria.
Mais vergonhoso ainda, uma coisa que eu jamais diria em voz
alta,
eu queria o veneno dele no meu sistema. Isso me faria
pertencer
a ele de maneira tangível, qualificável.
Mas eu sabia que ele ia ficar grudado nesse esquema de
casamento feito cola - porque um adiamento era claramente o
que ele estava procurando e até agora ele estava
conseguindo. Eu
tentei me imaginar dizendo aos meus pais que ia me casar
nesse
verão. Seria mais fácil dizer pra eles que eu ia me tornar
uma
vampira. Eu eu tinha certeza de que pelo menos a minha mãe -
se
eu contasse a ela todos os detalhes da verdade - iria se
opor
muito mais firmemente a me ver casando do que me tornando
uma vampira. Eu fiz uma careta pra mim mesma enquanto
imaginei e expressão horrorizada dela.
Então, por apenas um segundo, eu tive a mesma visão estranha
de
Edward e eu no balanço da varanda, vestindo roupas de um
outro
tipo de mundo. Um mundo onde não seria uma surpresa se eu
usasse o anel dele no meu dedo. Um lugar mais simples, onde
o
amor era definido de formas simples. Um mais um igual a
dois...
Jacob bufou e virou de lado. O braço dele escapuliu das
costas
do sofá e me pressionou no corpo dele.
Minha nossa, mas ele era pesado! E quente. Eu já estava
suando
depois de alguns segundos.
Eu tentei escapar do braço dele sem acordá-lo, mas eu tive
que
empurrá-lo um pouco, e quando o braço dele caiu de cima de
mim,
os olhos dele se abriram. Ele ficou de pé num pulo, olhando
ao
redor ansiosamente.
"O quê? O quê?", ele perguntou, desorientado.
"Sou só eu, Jake. Desculpe por ter te acordado".
Ele virou pra olhar pra olhar mim, piscando e confuso.
"Bella?"
"Oi, dorminhoco".
"Oh, cara! Eu peguei no sono? Eu lamento! Por quanto
tempo eu
fiquei fora?"
"Alguns anos luz. Eu perdí as contas".
Ele se jogou de volta no sofá ao meu lado. "Uau. Me
desculpe por
isso, sério".
Eu alisei o cabelo dele, tentando arrumar o emaranhado
selvagem. "Não se sinta mal. Eu estou feliz por você
ter dormido
um pouco".
Ele bocejou e se esticou. "Eu estou inútil esses dias.
Não é de se
estranhar que Billy nunca está em casa. Eu sou tão
chato".
"Você é legal", eu assegurei ele.
"Ugh, vamos lá pra fora. Eu preciso caminhar senão eu
vou
desmaiar de novo".
"Jake, volte a dormir. Eu estou bem. Eu vou ligar pra
Edward pra
ele vir me pegar." Eu tateava os meus bolsos enquanto
falava, e
me dei conta de que eles estavam vazios. "Droga, eu vou
ter que
usar o seu telefone. Eu acho que devo ter deixado no carro dele".
Eu comecei a me desdobrar.
"Não!", Jacob insistiu, pegando minha mão.
"Não, fique. Você mal
chegou aqui. Eu não posso acreditar que perdí esse tempo
todo".
Ele me puxou do sofá enquanto falava, e guiou o caminho pro
lado
de fora, abaixando a cabeça enquanto passava pelo arco da
porta.
Parecia ser Fevereiro, não Março.
O ar invernal pareceu deixar Jacob mais alerta. Ele andou
pra
frente e pra trás na frente da casa por um minuto, me
arrastando com ele.
"Eu sou um idiota", ele murmurou pra sí mesmo
"Qual é o problema, Jake? E daí que você pegou no
sono", eu
levantei os ombros.
"Eu queria falar com você. Eu não consigo acreditar
nisso".
"Me diga agora", eu disse.
Jacob encontrou meus olhos por um segundo, e depois desviou
o
olhar rapidamente na direção das árvores. Quase pareceu que
ele
estava ficando corado, mas era difícil dizer com a pele
escura
dele.
De repente eu me lembrei do que Edward me disse quando me
deixou lá - que Jacob me diria o que quer que ele estivesse
gritando na cabeça dele. Eu comecei a mordiscar o meu lábio.
"Olha", Jacob disse. "Eu estava planejando
fazer isso um pouco
diferente". Ele riu, e aí pareceu que ele estava rindo
de sí
mesmo. "Mais sutilmente", ele acrescentou.
"Eu ia trabalhar
nisso, mas" - e ele olhou para as nuvens, mais escuras
com o
progresso da tarde - "Eu estou sem tempo pra
trabalhar".
Ele riu de novo, nervoso. Nós ainda estávamos vagando
lentamente.
"Do que nós estamos falando?" eu quis saber.
Ele respirou fundo. "Eu quero te dizer uma coisa. E
você já sabe
o que é... mas eu acho que devia dizer isso em voz alta do
mesmo
jeito. Só pra que não haja confusão sobre o assunto".
Eu plantei meus pés, e ele parou. Eu afastei a minha mão e
cruzei
os braços no peito. De repente eu tinha certeza de que não
queria saber o que quer que ele estivesse planejando.
As sobrancelhas de Jacob se uniram, jogando seus olhos
fundos
nas sombras. Eles eram pretos cor de piche quando ele olhou
para os meus.
"Eu estou apaixonado por você, Bella", ele disse
com uma voz
forte, segura. "Bella, eu te amo. E eu quero que você
me escolha
ao invés dele. Eu sei que você não se sente assim, mas eu
preciso
colocar a verdade pra fora pra que você conheça as suas
opções.
Eu não quero que nenhum mal entendido fique no nosso
caminho."
14. Aposta
Eu encarei ele por um longo minuto, sem fala. Eu não podia
pensar
em uma coisa pra dizer pra ele.
Enquanto ele observava a minha expressão abobalhada, a
seriedade abandonou o rosto dele.
"Tudo bem", ele disse sorrindo. "Isso é
tudo".
"Jake -" eu me sentí como se houvesse alguma coisa
grande
enfiada na minha garganta. Eu tentei limpar a obstrução.
"Eu não
posso - Eu quero dizer que eu não... eu tenho que ir".
Eu me virei, mas ele agarrou meus ombros e me virou.
"Não, espere. Eu sei disso, Bella. Mas, olha, me
responda isso,
tudo bem? Você quer que eu vá embora e nunca mais te veja te
novo? Seja honesta".
Era difícil me concentrar na pergunta dele, então eu levei
um
minuto pra responder. "Não, eu não quero isso". Eu
finalmente
admití.
Jacob sorriu de novo. "Entendo".
"Mas eu não te quero por perto pela mesma razão que
você me
quer por perto", eu me opus.
"Me diga exatamente porque você me quer por perto,
então".
Eu pensei cuidadosamente. "Eu sinto sua falta quando
você não
está por perto. Quando você está feliz", eu qualifiquei
cuidadosamente, "isso me deixa feliz. Mas eu poderia
dizer a
mesma coisa sobre Charlie, Jacob. Você é família. Eu amo
você,
mas eu não estou amando você".
Ele balançou a cabeça, sem se abater. "Mas você me quer
por
perto".
"Sim", eu suspirei. Ele era impossível de
desencorajar.
"Então eu vou ficar por perto".
"Você está pedindo por um castigo", eu rosnei.
"É", ele acariciou a minha bochecha direita com a
ponta dos seus
dedos. Eu afastei a mão dele.
"Você acha que pode se comportar um pouco melhor, pelo
menos?", eu perguntei, irritada.
"Não, eu não posso. Você decide, Bella. Você pode me
ter do jeito
que eu sou - com mal comportamente incluído - ou não me
ter".
Eu encarei ele, frustrada. "Isso é mal".
"Você também é".
______________________3
Isso me pegou de surpresa, e eu dei um passo involuntário
pra
trás. Ele estava certo. Se eu não fosse má - e gananciosa
também - eu diria a ele que não queria ser sua amiga e iria
embora.
Eu não sabia o que eu estava fazendo aqui, mas de repente eu
tive certeza de que isso não era bom.
"Você está certo", eu sussurrei.
Ele riu. "Eu te perdôo. Só tente não ficar com raiva
demais de
mim. Porque recentemente eu decidí que eu não vou desistir.
Essa é a parte irresistivel de uma causa perdida".
"Jacob", eu o encarei em seus olhos escuros,
tentando fazer ele
me levar a sério. "Eu amo ele, Jacob. Ele é a minha
vida".
"Você me ama também", ele me lembrou. Ele levantou
a mão
quando eu comecei a protestar. "Não do mesmo jeito, eu
sei. Mas
ele também não é sua vida. Não mais. Talvez ele tenha sido
um
dia, mas ele foi embora. E agora ele vai ter que lidar com
as
consequências dessa escolha - eu".
Eu balancei minha cabeça. "Você é impossível".
De repente, ele estava sério de novo. Ele pegou meu queixo
com
as mãos, segurando firmemente pra que eu não pudesse desviar
o
olhar do seu.
"Até que o seu coração pare de bater, Bella", ele
disse. "Eu vou
estar aqui - lutando. Não esqueça que você tem opções".
"Eu não quero opções", eu discordei, tentando
soltar meu queixo
sem sucesso. "E as batidas do meu coração estão
contadas,
Jacob. O tempo está quase acabando".
Os olhos dele se estreitaram. "Muito mais razões pra
lutar -
lutar mais agora, enquanto eu posso.", ele sussurrou.
Ele ainda estava segurando o meu queixo - os dedos dele
segurando com muita força, até que doeu - e de repente eu ví
a
resolução nos olhos dele.
"N -", eu comecei a me opor, mas era tarde demais.
Os lábios dele apertaram os meus, parando o meu protesto.
Ele
me beijou raivosamente, a sua outra mão apertando a minha
nuca
com força, tornando impossível escapar. Eu empurrei o peito
dele
com toda a minha força, mas ele nem pareceu reparar. A boca
dele era macia, apesar da raiva, os lábios dele se moldando
aos
meus de uma forma cálida, desconhecida.
Eu agarrei o rosto dele, tentando afastá-lo, falhando
novamente.
Dessa vez, no entando, ele pareceu reparar, e isso o deixou
agravado.
Os lábios dele forçaram os meus a se abrir, e eu podia
sentir a
respiração quente dele na minha boca.
Agindo por instinto, eu deixei as minhas mãos cairem dos
meus
lados, e fiquei quieta. Eu abri os meus olhos e não lutei,
não
sentí... eu só esperei que ele parasse.
Funcionou. A raiva pareceu evaporar, e ele me afastou pra
olhar
pra mim. Ele pressionou os lábios dele levemente nos meus de
novo, uma vez, duas... uma terceira vez. Eu fingí que era
uma
estátua e esperei.
Finalmente, ele soltou o meu rosto e se afastou.
"Você acabou agora?" eu perguntei com uma voz sem
expressão.
"Sim", ele suspirou. Ele começou a sorrir,
fechando os olhos.
Eu coloquei o meu braço pra trás, e o lancei pra frente,
socando
ele na boca com todo o poder que eu conseguí forçar a sair
do
meu corpo.
Houve um som de algo se partindo.
"Ow! OW!", eu gritei, pulando pra cima e pra baixo
freneticamente com agonia enquanto apertava a minha mão no
meu peito. Ela estava quebrada, eu podia sentir isso.
Jacob me encarou chocado. "Você está bem?"
"Não, droga! Você quebrou a minha mão!"
"Bella, vocêquebrou a sua mão. Agora pare de dançar e
me deixe
dar uma olhada nisso".
"Não me toque! Eu vou pra casa agora!"
"Eu vou pegar o meu carro", ele disse calmamente.
Ele nem
sequer estava esfregando a mandíbula do jeito como as
pessoas
faziam nos filmes. Que patético.
"Não, obrigada", eu assobiei. "Eu prefiro
caminhar" Eu me virei
na direção da estrada. Seriam apenas alguns metros até a
fronteira. Assim que eu me afastasse dele, Alice ia me ver.
Ela ia
mandar alguém pra vir me buscar.
"Só me deixe te levar pra casa", Jacob insistiu.
Inacreditavelmente, ele teve os nervos de passar o braço
pela
minha cintura.
Eu me afastei dele.
"Tá!", eu rosnei. "Me leve! Eu mal posso
esperar pra ver o que
Edward vai fazer com você. Eu espero que ele quebre o seu
pescoço, seu CACHORRO idiota, obnóxio, mongolóide!"
Jacob revirou os olhos. Ele me acompanhou até o lado do
passageiro e me ajudou a entrar.
Quando ele sentou no lugar do motorista, ele estava
assobiando.
"Eu não te machuquei nem um pouquinho?", eu
perguntei, furiosa
e enlouquecida.
"Você está brincando? Se você não tivesse começado a
gritar, eu
podia nem ter descoberto que você estava tentando me dar um
soco. Eu posso não ser feito de pedra, mas eu não sou tão
macio
assim"
"Eu te odeio, Jacob Black".
"Isso é bom. Ódio é uma emoção apaixonada".
"Eu vou te dar paixão", eu murmurei por baixo do
meu fôlego.
"Assassinato, o maior crime apaixonado".
"Oh, vamos", ele disse, todo alegrinho e me
olhando como se
estivesse prestes a começar a assobiar de novo. "Aquilo
teve que
ser melhor do que beijar uma pedra".
"Nem remotamente perto", eu o disse friamente.
Ele torceu os lábios. "Você pode estar dizendo isso da
boca pra
fora".
"Mas eu não estou".
Isso pareceu incomodar ele por um segundo, mas aí ele
continuou.
"Você só está com raiva. Eu não tenho experiência com
esse tipo
de coisa, mas eu mesmo achei que foi bem incrível".
"Ugh", eu rosnei.
"Você vai pensar nisso essa noite. Quando ele achar que
você
está adormecida, você vai estar pensando nas suas
opções".
"Se eu pensar em você essa noite, será porque eu estou
tendo um
pesadelo".
Ele diminuiu a velocidade do carro, se virando pra olhar pra
mim
com seus olhos escuros arregalados e ansiosos. "Pense
em como
poderia ser, Bella", ele urgiu com uma voz suave,
ansiosa. "Você
não teria que mudar nada por mim. Você sabe que Charlie
ficaria
feliz se você me escolhesse. Eu posso te proteger tanto
quanto
um vampiro pode - talvez melhor. E eu te faria feliz, Bella.
Há
tantas coisas que eu poderia te dar que ele não pode. Eu
aposto
que ele nem poderia te beijar daquele jeito - porque ele
iria te
machucar. Eu jamais, jamais te machucaria, Bella".
Eu levantei a minha mão ferida.
Ele suspirou. "Isso não foi minha culpa. Você devia
saber que não
devia fazer isso".
"Jacob, eu não posso ser feliz sem ele".
"Você nunca tentou", ele discordou.
"Quando ele foi embora, você gastou todas as suas
energias se
mantendo presa a ele. Você podia ser feliz se você
esquecesse.
Você podia ser feliz comigo".
"Eu não quero ser feliz com ninguém além dele", eu
insistí.
"Você nunca poderá ter tanta certeza dele como tem de
mim. Ele
foi embora uma vez, ele pode ir de novo".
"Não, ele não vai", eu disse por entre os dentes.
A dor da minha
memória bateu em mim como se fosse um golpe de chicote. Isso
me fez querer machucar ele de volta. "Você me deixou
uma vez",
eu lembrei ele com uma voz fria, pensando nas semanas que
ele
havia se escondido de mim, as palavras que ele havia me dito
na
floresta atrás da casa dele...
"Eu nunca fiz isso" ele discutiu ferventemente.
"Ele me disseram
que eu não podia te contar - que não era seguro pra você se
nós
ficássemos juntos. Mas eu nunca fui embora, nunca! Eu
costumava correr ao redor da sua casa de noite - como eu
faço
agora. Só pra ter certeza de que você estava bem".
Eu não ia me deixar sentir mal por ele agora.
"Me leve pra casa. A minha mão está doendo".
Ele suspirou, e começou a dirigir num velocidade normal,
observando a estrada.
"Só pense nisso, Bella".
"Não", eu disse teimosamente.
"Você vai. Essa noite. E eu vou estar pensando em você
enquanto
você estiver pensando em mim".
"Como eu disse, um pesadelo".
Ele sorriu maliciosamente pra mim. "Você me beijou de
volta".
Eu ofeguei, prendendo as minhas mãos nos punhos de novo sem
pensar, gemendo quando a minha mão quebrada reagiu.
"Você está bem?", ele perguntou.
"Eu não correspondí"
"Eu acho que eu sei dizer a diferença"
"Obviamente você não sabe - aquilo não foi beijar de
volta, aquilo
foi tentar tirar você de cima de mim, seu idiota".
Ele riu um riso baixo, gutural. "Tocante. Quase
defensivo demais,
eu diria".
Eu respirei fundo. Não havia nenhum ponto em discutir com
ele;
ele ia distorcer tudo que eu dissesse. Eu me concentrei na
minha
mão, tentando flexionar os meus dedos, pra tentar
identificar
quais eram as partes quebradas.
Dores agudas atingiram minhas juntas. Eu rosnei.
"Eu realmente sinto muito pela sua mão", Jacob
disse, quase
soando sincero. "Da próxima vez que você quiser me
bater use um
bastão de baseball ou uma alavanca, ok?"
"Eu não acho que eu vou esquecer disso", eu
murmurei.
Eu não me dei conta de pra onde estávamos indo até que
estávamos a estrada.
"Pra onde você está me levando?" eu quis saber.
Ele me olhou com um olhar vazio. "Eu pensei que você
tivesse dito
que queria ir pra casa?"
"Ugh. Eu acho que você não pode me levar pra casa de
Edward,
pode?", eu apertei os meus dentes de frustração.
Dor passou pelo rosto dele, e eu podia ver que isso tinha
afetado
ele mais do que qualquer outra coisa que eu tinha dito.
"Essa é a sua casa, Bella", ele disse em voz
baixa.
"Sim, mas algum médico mora aqui?" eu perguntei,
levantando
minha mão de novo.
"Oh", ele pensou nisso por um minuto. "Eu vou
te levar pro
hospital. Ou Charlie leva".
"Eu não quero ir para o hospital. É vergonhoso e
desnecessário".
Ele deixou o Rabbit encostar na porta da minha casa,
pensando
com uma expressão incerta. A viatura de Charlie estava na
entrada de carros.
Eu suspirei. "Vá pra casa, Jacob".
Eu sai do carro estranhamente, indo em direção à casa. Ele
desligou o motor atrás de mim, e eu estava menos surpresa do
que aborrecida por ver Jacob ao meu lado de novo.
"O que você vai fazer?", ele perguntou.
"Eu vou colocar um pouco de gelo na minha mão, e depois
eu vou
ligar pra Edward e pedir pra ele vir me pegar e me levar até
Carlisle pra ele poder conserta a minha mão. Depois, se você
ainda estiver aqui, eu vou procurar uma alavanca".
Ele não respondeu. Ele abriu a porta da frente e a segurou
aberta pra mim.
Nós passamos silenciosamente pela sala onde Charlie estava
deitado no sofá.
"Oi, crianças", ele disse, se inclinando pra
frente. "Legal te ver
por aqui, Jacob".
"Ei, Charlie", ele respondeu casualmente, pausando
enquanto eu
entrava na cozinha.
"O que hà de errado com ela?" Charlie se
perguntou.
"Ela acha que quebrou a mão", eu ouví Jacob dizer
a ele. Eu fui
para o freezer e tirei uma bandeja de gelo.
"Como ela fez isso?" Como meu pai, eu achava que
Charlie devia
estar um pouco menos divertido e um pouco mais preocupado.
Jacob riu. "Ela me bateu".
Charlie riu também, e eu fiz uma carranca enquanto batia a
bandeja de gelo na pia. O gelo se soltou da bacia, e eu
agarrei
uma mão cheia deles com a minha mão boa e coloquei os cubos
de
gelo em uma toalha de prato em cima do balcão.
"Porque ela te bateu?"
"Porque eu beijei ela", Jacob disse, sem vergonha.
"Bom pra você, garoto", Charlie parabenizou ele.
Eu apertei meus dentes e fui para o telefone. Eu liguei para
o
celular de Edward.
"Bella?", ele atendeu no primeiro toque. Ele
parecia mais que
aliviado - ele estava deliciado. Eu podia ouvir o motor do
Volvo no
fundo; ele já estava no carro - isso era bom. "Você
esqueceu o
telefone... eu lamento, Jacob te levou pra casa?"
"Sim" eu rosnei. "Você pode vir me pegar, por
favor?"
"Eu estou a caminho", ele disse imediatamente.
"Qual é o
problema?"
"Eu quero que Carlisle dê uma olhada na minha mão. Eu
acho que
está quebrada".
Tudo tinha ficado quieto na sala da frente, e eu me
perguntei
quando Jacob ia embora. Eu dei um sorriso maléfico, quando
imaginei o desconforto dele.
"O que aconteceu?" Edward quis saber, a voz dele
ficando vazia.
"Eu dei um murro em Jacob" eu admití.
"Bom", Edward disse vaziamente. "Apesar de eu
lamentar que
você tenha se machucado".
Eu rí uma vez, porque ele parecia tão agradado quanto
Charlie
estava.
"Eu queria ter machucado ele", eu suspirei
frustrada. "Eu não fiz
nenhum estrago sequer".
"Eu posso arrumar isso", ele ofereceu.
"Eu estava esperando que você dissesse isso"
Houve uma pequena pausa. "Essa não parece ser
você", ele disse,
cauteloso agora. "O que ele fez?"
"Ele me beijou", eu rosnei.
E tudo o que eu ouví do outro lado da linha foi o som de um
motor
acelerando.
Na outra sala, eu ouví Charlie falando.
"Talvez seja melhor você ir embora, Jake", ele
sugeriu
"Eu acho que vou ficar por aqui, se você não se
importar".
"O funeral é seu", Charlie murmurou.
"O cachorro ainda está aí?", Edward finalmente
falou de novo.
"Sim".
"Eu estou na esquina", ele disse obscuramente, e a
linha
desconectou.
Eu desliguei o telefone, sorrindo, eu ouví o carro dele em
alta
velocidade na rua. Os freio protestaram altamente quando ele
parou na frente de casa. Eu fui abrir a porta.
"Como está a sua mão?" Charlie perguntou enquanto
eu passei
pela sala. Charlie pareceu desconfortável. Jacpb sentou no
sofá
ao lado dele, perfeitamente tranquilo.
Eu levantei o pacote de gelo pra mostrar. "Está
inchando".
"Talvez você devesse escolher gente do seu
tamanho", Charlie
sugeriu.
"Talvez", eu concordei. Eu caminhei pra abrir a
porta. Edward
estava esperando.
"Me deixe ver", ele murmurou.
______________________4
Ele examinou minha mão gentilmente, tão cuidadosamente que
quase não me causou dor nenhuma. As mãos dele eram quase tão
frias quanto gelo, e elas eram uma boa sensação na minha
pele.
"Você estava certa quanto a estar quebrada", ele
disse. "Eu
estou orgulhoso de você. Você teve ter colocado um tanto de
força nisso aqui".
"Toda a que eu tinha", eu suspirei.
"Aparentemente, não o
suficiente".
Ele beijou a minha mão suavemente. "Eu vou cuidar
disso", ele
prometeu. E aí ele chamou. "Jacob", a voz dele ainda
estava
baixa e uniforme.
"Agora, agora", Charlie precaviu.
Eu ouví Charlie levantar do sofá. Jacob chegou no corredor
primeiro, e muito mais silenciosamente, mas Charlie não
estava
muito atrás dele. A expressão de Jacob estava alerta e
ansiosa.
"Eu não quero nenhuma briga, você está
entendendo?" Charlie só
olhou pra Edward enquanto falava. "Eu posso colocar o
meu
distintivo na história se precisar fazer o meu pedido ser
mais
oficial".
"Isso não será necessário", Edward disse com uma
voz
restringida.
"Porque você não me prende, Pai?", eu sugerí.
"Sou eu que estou
distribuindo socos".
Charlie ergueu uma sobrancelha.
"Você quer prestar queixa, Jake?"
"Não", Jacob sorriu, incorrigível. "Eu vou
querer o troco um diz
desses".
Edward fez uma careta.
"Pai, você não tem um taco de baseball em algum lugar
no seu
quarto? Eu quero ele emprestado por um minuto".
Charlie olhou pra mim uniformemente. "Chega,
Bella".
"Vamos fazer Carlisle dar uma olhada na sua mão antes
que você
acabe num cela de cadeia", Edward disse. Ele colocou o
braço ao
meu redor e me puxou em direção à porta.
"Tá", eu disse, me inclinando pra ele. Eu já não
estava mais com
tanta raiva, agora que Edward estava comigo. E me sentí
confortada, e a minha mão já não me incomodava tanto.
Nós estávamos na calçada quando eu ouví Charlie sussurrando
ansiosamente atrás de mim.
"O que você está fazendo? Você está louco?"
"Me dê um minuto, Charlie", Jacob respondeu.
"Não se preocupe,
eu volto logo".
Eu olhei pra trás e Jacob estava nos seguindo, parando pra
fechar a porta na cara surpresa e nervosa de Charlie.
Edward ignorou ele no início, me levando para o carro. Ele
me
ajudou a entrar, fechou a porta, e aí se virou pra encarar
Jacob
na calçada.
Eu me inclinei ansiosamente pela janela aberta. Charlie era
visível
de dentro da casa, espiando pelas cortinas da sala da
frente.
A postura de Jacob estava casual, os braços cruzados no
peito,
mas os músculos da mandíbula dele estavam trincados.
Edward falou numa voz tão pacífica e gentil que isso deixou
as
palavras estranhamente ainda mais assustadoras. "Eu não
vou te
matar, porque isso iria aborrecer Bella".
"Hmph", eu rosnei.
Edward se virou um pouco pra me jogar um sorriso. O rosto
dele
ainda estava calmo. "Isso ia te encomodar de
manhã", ele disse,
acariciando a minha bochecha com os dedos.
Ele virou de volta pra Jacob.
"Mas se você a trouxer machucada de novo - eu não me
importo
de quem seja a culpa; eu não me importo se ela só tropeçar,
ou se
um meteoro cair do céu e atingir a cabeça dela - se você
retornar com ela em uma condição menos que perfeita do que
aquela em que eu a deixei, você vai correr com três pernas.
Você
entendeu isso, mongol?"
Jacob revirou os olhos.
"Quem vai voltar lá?", eu murmurei.
Edward continuou como se não tivesse me ouvido. "E se
você a
beijar de novo, eu vou quebrar a sua mandíbula por
ela", ele
prometeu, a voz dele ainda gentil e macia e mortal.
"E se ela quiser que eu a beije?" Jacob respondeu,
arrogante.
"Hah!", eu ronquei.
"Se isso for o que ela quer, eu não vou me opor",
Edward levantou
os ombros, sem problemas. "Você deve querer que ela
diga que
quer, ao invés de confiar na sua interpretação de linguagem
corporal - mas o rosto é seu".
Jacob sorriu.
"Você bem que queria", eu rosnei.
"É, ele quer", Edward murmurou.
"Bom, se você já colocou medo na minha cabeça",
Jacob disse
com um tom grosso de aborrecimento. "Porque você não
cuida da
mão dela?"
"Mais uma coisa", Edward disse lentamente.
"Eu vou lutar por ela
também. Você devia saber disso. Eu não estou dando nada como
garantido, e eu vou lutar duas vezes mais que você".
"Bom", Jacob rosnou. "Não tem graça derrotar
uma pessoa que
se dá por vencido".
"Ela é minha" a voz baixa de Edward ficou sombria
de repente,
não tão composta como antes. "Eu não disse que ia lutar
justo".
"Nem eu".
"Boa sorte".
Jacob balançou a cabeça. "Que o melhor homem
vença".
"Isso parece certo... cãozinho".
Jacob fez uma careta brevemente, e aí compôs o rosto e se
inclinou ao redor de Edward pra sorrir pra mim. Eu rosnei de
volta.
"Eu espero que a sua mão melhore logo. Eu realmente
lamento
que você tenha se machucado".
Infantilmente, eu virei o meu rosto pra desviar dele.
Eu não olhei pra cima de novo enquanto Edward arrodeava o
carro e entrava no lado do motorista, então eu não sabia se
Jacob tinha voltado pra casa ou se continuava lá, me
olhando.
"Como você se sente?", Edward perguntou enquanto
ia embora.
"Irritada"
Ele gargalhou. "Eu estava falando da sua mão".
Eu levantei os ombros. "Eu já passei por pior".
"Verdade", ele concordou, e fez uma careta.
Edward arrodeou a casa, indo até a garagem. Emmett e Rosalie
estavam lá, as pernas perfeitas de Rosalie eram
reconhecíveis,
mesmo com um jeans rasgado, estavam saindo por debaixo do
jipe enorme de Emmett. Emmett estava sentado ao lado dela,
uma mão inclinada por debaixo do jipe em direção a ela. Me
levou
um momento pra perceber que ele estava agindo como ajudante.
Emmett observou curiosamente enquanto Edward me ajudava a
sair do carro cuidadosamente. Os olhos dele pararam na mão
que
eu estava segurando contra o peito.
Emmett sorriu. "Caiu de novo, Bella?"
Eu encarei ele penetrantemente. "Não, Emmett. Eu dei um
soco
na cara de um lobisomem".
Emmett piscou, e aí caiu num riso estrondoso.
Enquanto Edward passava por eles, Rosalie falou de baixo do
carro.
"Jasper vai ganhar a aposta", ela disse
presumidamente.
Emmett parou de rir imediatamente, e ele me estudou com
olhos
apreensivos.
"Que aposta?", eu quis saber, parando.
"Vamos te levar até Carlisle", Edward apressou.
Ele estava
encarando Emmett. A cabeça dele balançou minimamente.
"Que aposta"?, eu insistí enquanto me virava pra
ele.
"Obrigado, Rosalie", ele murmurou enquanto
apertava seu braço
ao redor da minha cintura e me puxava em direção à casa.
"Edward...", eu rosnei.
"É uma infantilidade", ele levantou os ombros.
"Emmett e Jasper
gostam de apostar".
"Emmett vai me contar", eu tentei me virar, mas o
braço dele
parecia aço ao meu redor.
Ele suspirou. "Eles estão apostando quantas vezes você
vai...
escorregar no seu primeiro ano".
"Oh", eu fiz uma careta e tentei esconder o meu
horror enquanto
me dava conta do que ele queria dizer.
"Eles estão apostando quantas pessoas eu vou
matar?"
"Sim", ele admitiu sem vontade. "Rosalie acha
que o seu
temperamento vai virar as chances a favor de Jasper".
Eu me sentí um pouco alta. "Jasper está apostando
alto".
"Se você tiver dificuldades em se ajustar, isso vai
fazer com que
ele se sinta melhor. Ele está cansado de ser o elo mais
fraco".
"Claro. É claro que sim. Eu acho que eu posso cometer
alguns
homicídios extras, se isso deixa Jasper feliz. Porque
não?" eu
estava tagarelando, a minha voz era um tom vazio e monótono.
Na
minha cabeça eu estava vendo as manchetes de jornais, as
listas
com os nomes...
Ele me apertou. "Você não precisa se preocupar com isso
agora.
Na verdade, você nunca vai ter que se preocupar com isso, se
não
quiser".
Eu gemí, e Edward, pensando que era a minha dor que estava
me
incomodando, me puxou mais rápido em direção à casa.
A minha mão estava quebrada, mas não havia nenhum dano
sério,
só uma fissura pequena numa das juntas. Eu não quis gesso, e
Carlisle disse que eu ficaria bem com uma tipóia se eu
prometesse não tirá-la. Eu prometí.
Edward reparou que eu estava fora enquanto Carlisle colocava
cuidadosamente uma tipóia na minha mão. Ele perguntou
preocupado algumas vezes se eu estava com dor, mas eu o
assegurei de que estava bem.
Como se eu precisasse - ou tivesse espaço pra isso - me
preocupar com outra coisa.
Todas as histórias de Jasper sobre vampiros recém-criados
haviam estado coladas na minha cabeça desde que ele explicou
o
seu passado. Agora essas histórias pulavam afiadamente na
minha mente por causa da notícia da aposta dele e de Emmett.
Eu
me perguntei à toa o que eles estavam apostando. Que tipo de
prêmio te motiva quando você já tem tudo?
Eu sempre soube que eu seria diferente. Eu esperava ser tão
forte quanto Edward disse que eu seria. Forte e rápida, e
acima
de tudo, linda. Alguém que podia ficar ao lado de Edward e
sentir
que era lá que ela pertencia.
Eu estive tentando não pensar muito nas outras coisas que eu
seria. Selvagem. Sedenta por sangue. Talvez eu não fosse
capaz
de me impedir a matar as pessoas. Estranhos, pessoas que
nunca
me fizeram mal. Pessoas como o número de vítimas que crescia
em Seattle, que tinham família e amigos e futuros. Pessoas
que
tinham vidas. E eu podia ser o monstro que as tiraria delas.
Mas, na verdade, eu podia lidar com essa parte - porque eu
confiava em Edward, confiava nele absolutamente, pra me
impedir de fazer qualquer coisa da qual eu me arrependesse.
Eu
sabia que ele me levaria para a Antártida pra caçar pinguins
se
eu pedisse isso a ele. E eu faria o que quer que fosse pra
ser uma
pessoa boa. Uma boa vampira. Isso pensamento me faria rir,
se
não fosse a preocupação.
Porque, se eu fosse desse jeito de alguma forma - como as
imagens dos recém-nascidos dos pesadelos que eu tinha na
minha
cabeça - como é que eu podia possivelmente ser eu? E se eu
quisesse matar pessoas, o que aconteceria com as coisas que
eu
queria agora?
Edward estava obcecado pra que eu não perdesse nada enquanto
era humana. Geralmente, isso parecia meio bobo. Não eram as
experiências humanas que eu tinha medo de perder. Contanto
que
eu estivesse com Edward, o que mais eu poderia pedir?
Eu observei o rosto dele enquanto ele obervava Carlisle
consetar
a minha mão. Não havia nada no mundo que eu quisesse mais do
que ele. Iria isso, poderia isso, mudar?
Será que havia uma experiência humana da qual eu não
quisesse
abrir mão?
16. Época
"Eu não tenho nada pra vestir!", eu gemí pra mim
mesma.
Todos os ítens de roupa que eu tinha estavam espalhados em
cima da minha cama; as minhas gavetas e armários estavam
vazios. Eu encarei os recessos vazios, desejando que alguma
coisa
que servisse aparecesse.
A minha saia khaki estava estendida nas costas da cadeira de
balanço, esperando que eu encontrasse alguma coisa que
combinasse perfeitamente bem com ela. Alguma coisa que me
fizesse parecer linda e adulta. Alguma coisa que dissesse
ocasião
especial. Eu estava ficando vazia.
Já estava quase na hora de ir, e eu ainda estava usando o
meu
moleton velho favorito. A não ser que eu conseguisse
encontrar
alguma coisa melhor lá - e as chances não eram boas até esse
ponto - eu ia me formar usando eles.
Eu fiz uma careta para a pilha de roupas em cima da minha
cama.
O problema é que eu sabia exatamente o que eu usaria se ela
ainda estivesse disponível - a minha blusa vermelha
sequestrada.
Eu soquei a parede com a minha mão boa.
"Vampiro estúpido, ladrão, chato!", eu rosnei.
"O que foi que eu fiz?", Alice quis saber.
Ela estava encostada casualmente ao lado da janela aberta
como
se tivesse estado lá o tempo todo.
"Toc, toc", ela acrescentou com um sorriso.
"Será que realmente é tão difícil esperar que eu abra a
porta?"
Ela jogou uma caixa branca, plana, em cima da cama. "Eu
estou só
de passagem. Eu achei que você podia precisar de alguma
coisa
pra vestir".
Eu olhei para o pacote grande que estava em cima da minha
pilha
de roupas insatisfatórias, e fiz uma careta.
"Admita", Alice disse. "Eu sou uma
salvadora".
"Você é uma salvadora", eu murmurei.
"Obrigada".
"Bem, é legal entender uma coisa certa só pra variar.
Você não
sabe o quanto é irritante - perder as coisas do jeito que eu
tenho
perdido. Eu me sinto tão inútil. Tão... normal". Ela
estremeceu de
horror com a palavra.
"Eu nem posso imaginar o quanto isso seria horrível.
Ser normal?
Ugh".
Ela riu. "Bem, pelos menos isso ajeita as coisas por eu
não ter
visto o seu ladrão chato - agora eu só tenho que descobrir o
que
eu não estou vendo em Seattle".
Quando ela disse as palavras assim - colocando duas
situações
juntas em uma frase -bem aí eu tive um clique. A coisa
elusiva
que esteve me incomodando por dias, a conexão importante que
eu não conseguia ligar, ficou clara de repente. Eu encarei
ela,
meu rosto ficou congelado com qualquer que fosse a expressão
que já estava lá.
"Você não vai abrir?", ela perguntou. Ela suspirou
quando eu não
me moví imediatamente, e retirou ela mesma o topo da caixa.
Ela
puxou alguma coisa lá de dentro e segurou, mas eu não
conseguí
me concentrar no que era. "Bonito, você não acha? Eu
escolhí
azul, porque eu sei que é a cor favorita de Edward em
você".
Eu não estava ouvindo.
"É o mesmo", eu sussurrei.
"É o que?", ela quis saber. "Você não tem
nada parecido com isso.
Pra falar a verdade, você só tem uma saia!"
"Não, Alice! Esqueça as roupas, escute!"
"Você não gostou?" o rosto de Alice ficou nublado
de
desapontamento.
"Alice, escute, você não consegue ver? É o mesmo! O
mesmo que
invadiu e roubou as minhas coisas, e os vampiros de Seattle.
Eles
estão juntos!"
As roupas escapuliram dos dedos dela e caíram de volta na
caixa.
Alice se concentrou agora, a voz dela estava afiada de
repente.
"Porque você acha isso?"
______________________5
"Lembra do que Edward disse? Sobre alguém estar usando
os
buracos das suas visões pra evitar que você visse os
recém-nascidos? E também o que você disse antes, sobre o timing ser
perfeito demais - o quanto o meu ladrão havia sido cuidadoso
pra
não entrar em contato, como se ele soubesse que você ia ver
isso.
Eu acho que você estava certa, Alice, eu acho que ele sabia.
Eu
também acho que ele estava usando os buracos. E quais são as
chances de duas pessoas não apenas saberem disso, mas também
decidirem agir ao mesmo tempo? Sem chance. É uma pessoa só.
A
mesma pessoa. A pessoa que está criando o exército é a
pessoa
que roubou o meu cheiro".
Alice não estava acostumada a ser pega de surpresa. Ela
congelou, e ficou imóvel por tanto tempo que eu comecei a
contar
na minha cabeça enquanto esperava. Ela não se moveu por dois
minutos inteiros. Aí os olhos dela se refocaram em mim.
"Você está certa", ela disse com um tom
superficial. "É claro que
você está certa. E quando você coloca as coisas desse
jeito..."
"Edward entendeu errado", eu sussurrei. "Isso
era um teste...
pra ver se daria certo. Se ele podia entrar e sair em
segurança
contanto que ele não fizesse nada que você estava esperando
pra
ver. Como tentar me matar... E ele não levou as minhas
coisas pra
provar que tinha me encontrado. Ele roubou o meu cheiro...
pra
que outros pudessem me encontrar".
Os olhos dela estavam arregalados com o choque. Eu estava
certa, e eu podia ver que ela sabia isso também.
"Oh, não", ela fez com a boca.
Eu já nem esperava mais que as minhas emoções fizessem
sentido. Enquanto eu processava o fato de que alguém havia
criado um exército de vampiros - o exército que matou
horrivelmente dezenas de pessoas em Seattle - com o
propósito
expresso de me destruir, eu sentí um espasmo de alívio.
Parte disso era dissolver aquele sentimento irritante de que
eu
estava perdendo algo vital.
Mas a maior parte era uma coisa completamente diferente.
"Bem", eu sussurrei, "Todo mundo pode
relaxar. Ninguém está
tentando eliminar os Cullen no final das contas".
"Se você pensa que alguma coisa mudou, você está
absolutamente
enganada", Alice disse por entre os dentes. "Se
alguém quer uma
de nós, vai ter passar por cima de todos nós pra chegar até
ela".
"Obrigada, Alice. Mas pelo menos nós já sabemos de quem
eles
realmente estão atrás. Isso deve ajudar".
"Talvez", ela murmurou. Ela começou a andar pra
frente e pra
trás pelo meu quarto.
Thud, thud - um pulso bateu na porta.
Eu pulei. Alice nem pareceu reparar.
"Você não está pronta ainda? Nós vamos nos
atrasar!" Charlie
reclamou, parecendo nervoso.
Charlie odiava ocasiões quase tanto quanto eu. Nesse caso,
muito
do problema tinha a ver com me vestir.
"Quase. Me dê um minuto", eu disse roucamente.
Ele ficou quieto por meio segundo. "Você está
chorando".
"Não. Eu estou nervosa. Vá embora".
Eu ouví ele descendo as escadas.
"Eu tenho que ir". Alice sussurrou.
"Porque?"
"Edward está vindo. Se ele ouvir isso..."
"Vá, vá!" eu apressei imediatamente. Edward ia
pirar quando
soubesse. Eu não podia esconder dele por muito tempo, mas
talvez a cerimônia de formatura não fosse a melhor hora para
a
reação dele.
"Vista isso", Alice comandou enquanto saia pela
janela.
E eu fiz o que ela dizia, me vestindo em meio a uma névoa.
Eu estive plenanejando fazer alguma coisa mais sofisticada
com o
meu cabelo, mas eu estava sem tempo, então ele ficou liso e
chato como em qualquer outro dia. Isso não importava. Eu não
me
importei em olhar para o espelho, então eu não fazia idéia
de
como o suéter e a saia de Alice estavam em mim. Isso também
não importava. Eu joguei o robe horrorozo de formatura de
poliéster amarelo por cima do braço e corrí escadas à baixo.
"Você está bonita" Charlie disse, já abobalhado
com alguma
emoção suprimida. "Isso é novo?"
"É", eu murmurei, tentando me concentrar.
"Alice me deu.
Obrigada".
Edward chegou apenas alguns minutos depois que a irmã dele
foi
embora. Isso não foi tempo suficiente pra que eu colocasse
uma
fachada calma. Mas, já que íamos na viatura com Charlie, ele
não
teve chance de me perguntar o que havia de errado.
Charlie ficou teimoso na semana passada quando ele descobriu
que eu pretendia pegar uma carona com Edward para a
cerimônia
de formatura. E eu entendia o ponto dele - pais deviam ter
alguns direitos nos dias de formatura. Eu concedí de boa
vontade, e Edward sugeriu alegremente que nós deviamos ir
todos juntos. Já que Carlisle e Esme não tinham problema
nenhum com isso, Charlie não pôde inventar uma objeção
convincente; ele concordou de má vontade.
E agora Edward estava no banco de trás do carro de polícia
do
meu pai, atrás do vidro de fibra, com uma expressão
divertida -
provavelmente devida a expressão divertida do meu pai, e do
sorriso que se abria no rosto de Charlie toda vez que
Charlie
olhava pra Edward pelo espelho retrovisor. O que certamente
significava que Charlie estava imaginando coisas que iam
fazê-lo
ter problemas comigo se ele as dissesse em voz alta.
"Você está bem?" Edward sussurrou quando ele me
ajudou a sair
do banco da frente no estacionamento da escola.
"Nervosa", eu respondí, e isso nem era uma
mentira.
"Você está tão linda", ele disse.
Ele parecia estar querendo dizer mais, mas Charlie, em uma
manobra óbvia que ele pretendia fazer com que fosse subta,
se
meteu no meio de nós dois e passou o braço pelos meus
ombros.
"Você está excitada?", ele me perguntou.
"Na verdade não", eu admití.
"Bella, esse é um negócio grande. Você está se formando
no
colegial. Esse agora é o mundo real pra você. Faculdade.
Morar
sozinha... Você não é mais a minha garotinha".
Charlie engasgou um pouco no final.
"Pai", eu gemí. "Por favor não fique
choramingando em cima de
mim".
"Quem está choramingando?", ele rosnou.
"Agora, porque você
não está excitada?"
"Eu não sei, pai. Eu acho que a ficha ainda não caiu ou
algo assim".
"É bom que Alice esteja dando uma festa. Você precisa
de
alguma coisa pra te animar".
"Claro. Uma festa é exatamente o que eu preciso".
Charlie riu com o meu tom e apertou os meus ombros. Edward
olhou para as nuvens, o rosto dele estava pensativo.
O meu pai teve que nos deixar na porta de trás do ginásio e
arrodear pela entrada principal como os outros pais.
Estava um pandemônio enquanto a Sra. Cope do escritório da
frente e o Sr. Varner o professor de Matemática tentavam
colocar todo mundo em uma linha na ordem alfabética.
"Para a frente, Sr. Cullen", o Sr. Varner rosnou.
"Ei, Bella!"
Eu olhei pra cima pra ver Jessica Stanley acenando pra mim
no
final da linha com um sorriso no rosto.
Edward me beijou rapidamente, suspirou, e foi ficar onde os
C's
estavam. Alice não estava lá. O que ela ia fazer? Perder a
formatura? Que timing pobre que eu tinha. Eu devia ter
esperado pra solucionar as coisas quando isso tudo já
estivesse
acabado.
"Aqui, Bella!" Jessica chamou de novo.
Eu caminhei pela fila pra tomar meu lugar atrás de Jessica,
um
pouco curiosa pra saber porque ela estava tão amigável de
repente. Quando eu cheguei mais perto, eu ví Angela cinco
pessoas atrás, observando Jessica com a mesma curiosidade.
Jess já estava tagarelando antes que eu estivesse no campo
de
audição.
"... tão incrível. Quer dizer, perece que acabamos de
nos
conhecer, e agora estamos nos formando juntas", ela
botou pra
fora. "Dá pra acreditar que está acabado? Eu estou com
vontade
de gritar!"
"Eu também", eu murmurei.
"Isso tudo é tão incrível. Você se lembra do seu
primeiro dia
aqui? Nós ficamos amigas, tipo, imediatamente. Desde a
primeira
vez que a gente se viu. Incrível. Agora eu vou para a
Califórnia e
você vai estar no Alaska e eu vou sentir tanto a sua falta!
Você
tem que prometer que a gente vai se encontrar de vez em
quando! Eu estou tão feliz porque vamos ter uma festa. Isso
é
perfeito. Porque nós realmente não ficamos muito juntas a
algum
tempo e agora estamos indo embora..."
Ela tagarelou e tagarelou, e eu tinha certeza de que o
retorno
repentino da amizade era por causa da nostalgia da formatura
e
por causa do convite para a festa, não que eu tivesse alguma
coisa a ver com isso. Eu prestei tanta atenção quanto podia
enquanto entrava no meu robe. E eu descobrí que estava feliz
que as coisas pudessem acabar em bons termos com Jessica.
Porque as coisas estavam acabando, não importava o que Eric,
o
discussor, tivesse a dizer sobre começo significar
"início" e todo
o resto daquelas bobagens tão usadas.
Talvez eu mais do que para o resto, mas todos nós estavam
deixando alguma coisa pra trás hoje.
Tudo acabou tão rápido. Eu me sentí como se tivesse apertado
o
botão de "passar".
Era pra estarmos todos andando tão rápido? E aí Eric estava
falando velozmente com o seu nervosismo, as palavras e as
frases estavam correndo juntas até que elas já não faziam
mais
sentido. O Diretor Greene começou a chamar nomes, um depois
do outro sem tempo suficiente pra uma pausa entre eles; a
linha
da frente do ginásio estava se apressando pra acompanhar. A
pobre Sra. Cope estava toda atrapalhada enquanto tentava dar
os diplomas certos ao diretor que ia ser entregue ao
estudante
certo.
Eu observei enquanto Alice, aparecendo de repente, dançou
até o
palco pra pegar o dela, um olhar de profunda concentração em
seu rosto. Edward seguiu atrás dela, com a expressão confusa,
mas não aborrecida. Somente eles dois podiam andar por aí
usando aquele amarelo odioso e ainda assim ficarem daquele
jeito. Eles se destacavam do resto da multidão, com sua
beleza e
graça além desse mundo. Eu me perguntei como eu havia caído
na
farça dele de serem humanos. Um par de anjos, lá de pé com
suas
asas intactas, seriam menos suspeitos.
Eu ouví o Sr. Greene chamar o meu nome e me levantei,
esperando que a fila na minha frente se movesse. Eu estava
consciente dos aplausos no fundo do ginásio, e me virei pra
ver
Jacob colocando Charlie de pé, eles dois estavam gritando
pra
me encorajar. Eu só conseguí ver o topo da cabeça de Billy
embaixo do cotovelo de Jacob. Eu conseguí jogar pra eles a
aproximação de um sorriso.
O Sr. Greene terminou com a lista de nomes, e depois
continuou
a nos dar os nossos diplomas com um sorriso envergonhado
enquanto passávamos.
"Parabéns, Senhorita Stanley", ele murmurou
enquanto Jess
pegou o dela.
"Parabéns, Senhorita Swan", ele murmurou pra mim,
pressionando o diploma na minha mão boa.
"Obrigada", eu murmurei.
E isso foi tudo.
Eu fui ficar ao lado de Jessica junto com os outros
estudantes.
Jess estava toda vermelha ao redor dos olhos, e ela ficava
limpando os olhos com a manga do robe o tempo inteiro. Eu
levei
um segundo pra entender que ela estava chorando.
O Sr. Greene disse alguma coisa que eu não ouví, e todo
mundo ao
meu redor começou a gritar. Começaram a chover chapéus
amarelos. Eu tirei o meu, tarde demais, e só deixei ele cair
no
chão.
"Oh, Bella!" Jess falou por cima dos rumores
repentinos de
conversa. "Eu não acredito que acabamos."
"Eu não acredito que esteja tudo acabado", eu
murmurei.
Ela jogou os braços ao redor do meu pescoço. "Você tem
que me
prometer que não vamos perder o contato".
Eu abracei ela de volta, me sentindo estranha enquanto
despistava o pedido dela. "Eu estou tão feliz, sabe,
Jessica.
Foram dois bons anos".
"Foram", ela suspirou, e fungou. E aí ela deixou os
braços caírem.
"Lauren!" ela esguichou, acenando por cima da
cabeça e
empurrando a massa de roupas amarelas. As famílias estavam
começando a se juntar, se apertando com força uns aos
outros.
Eu dei uma olhada em Angela e Ben, mas eles estavam cercados
por suas famílias. Seria bom dar os parabéns a eles.
Eu virei a minha cabeça, procurando por Alice.
"Parabéns", Edward cochichou no meu ouvido, os
braços dele
passando pela minha cintura. A voz dele estava subjulgada;
ele
não estava com pressa de me ver atingir esse marco em
particular.
"Um, obrigada".
"Parece que você ainda não superou os nervos", ele
reparou.
"Ainda não".
"O que mais te preocupa? A festa? Não vai ser tão
horrível".
"Provavelmente você está certo".
"Por quem você está procurando?"
A minha procura não era tão subta quanto eu pensava.
"Alice -
onde ela está?"
"Ela saiu correndo assim que pegou o diploma
dela".
A voz dele tomou um novo tom. Eu olhei pra cima pra ver a
expressão confusa dele enquanto ele olhava na direção das
portas de trás do ginásio, e eu tomei uma decisão impulsiva
- o
tipo de coisa na qual eu devia pensar duas vezes antes de
fazer,
mas reramente pensava.
"Você está preocupado com Alice?", eu perguntei.
"Er..." ele não queria responder a isso.
"O que ela estava pensando afinal? Quer dizer, pra te
manter do
lado de fora".
Os olhos dele desceram para o meu rosto, e se estreitaram
com
suspeita. "Ela estava traduzindo o Hino de Batalha da
República
pra Árabe, na verdade. Quando ela acabou com isso, ela
passou
para a linguagem dos sinais Coreana".
Eu rí nervosamente. "Eu acho que isso manteria a cabeça
dela
ocupada o suficiente".
"Você sabe o que ela estava escondendo de mim",
ele acusou.
"Claro", eu disse com um sorriso fraco. "Fui
eu que inventei isso
tudo".
Ele esperou, confuso.
Eu olhei ao redor. Charlie devia estar à caminho no meio da
multidão agora.
"Conhecendo Alice", eu disse apressadamente.
"provavelmente
ela está tentando esconder isso de você até o final da
festa. Mas
já que eu estou a fim de que a festa seja cancelada - bem,
não
fique frenético, não importa o que acontecer, tudo bem? É
sempre melhor saber o máximo que for possível. Isso tem que
ajudar de alguma forma".
"Do que você está falando?"
Eu ví a cabeça de Charlie aparecer por cima das outras
enquanto
ele procurava por mim. Ele me viu e acenou.
"Só fique calmo, tudo bem?"
Ela balançou a cabeça uma vez, a boca dele era uma linha
fina.
Em sussurros apressados, eu expliquei meu raciocínio pra
ele. "Eu
acho que você está errado que diz que as coisas estão vindo
pra
nós de todos os lados. Eu acho que a maioria está vindo de
um
lado... e eu acho que está vindo atrás de mim, na verdade.
Tudo
está conectado, tem de estar. É apenas uma pessoa que está
______________________6
confundindo as visões de Alice. O estranho no meu quarto era
um
teste, pra ver se alguém desconfiaria dela. Essa tem que ser
a
mesma pessoa que continua mudando de idéia, e os
recém-nascidos, e roubando as minhas roupas - tudo isso vai junto. O
meu cheiro é pra eles".
O rosto dele ficou tão branco que eu tive dificuldade em
terminar.
"Mas ninguém está vindo por vocês, você não vê? Isso é
bom -
Esme e Alice e Carlisle, ninguém quer machucar eles!"
Os olhos dele estavam enormes, arregalados de pânico,
ofuscados e horrorizados. Ele podia ver que eu estava certa,
assim como Alice tinha visto.
Eu pus a minha mão na bochecha dele. "Calma", eu
implorei.
"Bella!", Charlie sorriu de felicidade, empurrando
as famílias
apertadas pelo caminho.
"Parabéns, bebê!" Ele ainda estava gritando, mesmo
estando bem
no meu ouvido agora. Ele passou os braços ao meu redor,
empurrando Edward levemente de lado quando fez isso.
"Obrigada", eu murmurei, preocupada com a
expressão no rosto
de Edward. Ele ainda não tinha restabelecido o controle. As
mãos
dele estavam meio estendidas pra mim, como se ele estivesse
prestes a me agarrar e sair correndo. Estando apenas um
pouco
mais sob controle do que ele estava, sair correndo não
parecia
ser uma idéia tão terrível pra mim.
"Jacob e Billy tiveram que ir embora - você viu que
eles estavam
aqui?" Charlie perguntou, dando um passo pra trás, mas
deixando
suas mãos nos meus ombros. Ele estava de costas pra Edward -
provavelmente um esforço pra excluí-lo, mas no momento isso
estava bem. A boca de Edward estava aberta, os olhos dele
ainda
arregalados de medo.
"É", eu assegurei o meu pai, tentando prestar
atenção suficiente.
"E ouví eles também".
"Foi legal da parte deles aparecer", Charlie
disse.
"Mm-hmm"
Tudo bem, então dizer pra Edward não foi uma boa idéia.
Alice
estava certa por ter mantido seus pensamentos nublados. Eu
devia ter esperado até que estivéssemos sozinhos em algum
lugar, talvez com o resto da família dele. E perto de nada
que
fosse quebrável - como janelas... ou carros... prédios
escolares. O
rosto dele trouxe de volta todo o meu medo e um pouco mais.
A
expressão dele agora estava além do medo - era fúria pura
que
estava visível nas feições dele.
"Então, onde você quer jantar?", Charlie
perguntou. "O céu é o
limite".
"Eu posso cozinhar".
"Não seja boba. Você quer ir ao Lodge?", ele
perguntou com um
sorriso ansioso.
Eu não gostava particularmente do restaurante favorito de
Charlie, mas, nesse ponto, qual era a diferença? Eu não ia
conseguir comer do mesmo jeito.
"Claro, o Lodge, legal", eu disse.
Charlie deu um sorriso maior, e depois suspirou.
Ele virou a cabeça meio na direção de Edward, sem realmente
olhar pra ele.
"Você vem também, Edward?"
Eu encarei ele, meus olhos estavam pedintes. Edward arrumou
a
sua expressão bem antes de Charlie se virar pra ver porque
não
havia recebido uma resposta.
"Não, obrigado", Edward disse ríspidamente, seu
rosto duro e
frio.
"Você tem planos com seus pais?", Charlie
perguntou, com uma
careta no rosto. Edward sempre foi mais educado do que
Charlie
merecia; essa hostilidade repentina o surpreendeu.
"Sim. Se você me der licença...", Edward se virou
abruptamente e
foi embora por entre a multidão que diminuía.
"O que foi que eu disse?" Charlie perguntou com
uma expressão
de culpa.
"Não se preocupe com isso, pai", eu o assegurei.
"Eu não acho que
seja você".
"Vocês dois brigaram de novo?"
"Ninguém está brigando. Cuide dos seus assuntos".
"Você é meu assunto".
Eu revirei meus olhos. "Vamos comer".
O Lodge estava lotado. O lugar era, na minha opinião, caro e
de
baixa qualidade, mas era a única coisa aproximada de um
restaurante formal que havia na cidade, então era popular
pra
eventos. Eu olhei bobamente pra uma cabeça de alce empalhada
e
com um olhar deprimido enquanto Charlie comia costelas no
prato
principal e olhava por trás do seu assento para os pais de
Tyler
Crowley. Estava barulhento - todo mundo havia ido pra lá
depois
da formatura, e a maioria deles estava fofocando entre os
corredores e por cima das cabines, como Charlie.
Eu estava de costas para as janelas da frente, e resistí a
vontade de me virar e olhar para os olhos que eu sentia
cravados
em mim agora. Eu sabia que não seria capaz de ver nada.
Assim
como sabia que não tinha chance dele me deixar desprotegida,
mesmo que por um segundo. Não depois disso.
O jantar foi uma droga. Charlie, ocupado se socializando,
comeu
devagar demais. Eu mexí com o meu hamburger, enfiando
pedaçoes dele no meu guardanapo quando eu tinha que a
atenção
dele estava em outro lugar.
Tudo isso pareceu levar um longo tempo, mas quando eu olhei
pra
o relógio - o que eu fazia mais do que o necessário - os
ponteiros
não haviam de movido muito.
Finalmente Charlie recebeu seu troco de volta e colocou uma
gorjeta na mesa. Eu levantei.
"Com pressa?", ele me perguntou.
"Eu quero ajudar Alice a arrumar as coisas", eu
disse.
"Tudo bem", ele se virou de costas pra mim pra
dizer boa noite a
todo mundo. Eu fui pra fora pra esperar perto da viatura.
Eu me encostei na porta do passageiro, esperando que Charlie
se
arrastasse pra fora da festa improvisada. Estava quase
escuro
no estacionamento, as nuvens estavam tão grossas que era
impossível dizer se o sol havia se posto ou não. O ar estava
pesado, como se estivesse prestes a chover.
Alguma coisa se moveu entre as sombras.
A minha falta de ar se transformou em alívio quando Edward
apareceu na escuridão.
Sem uma palavra, ele me apertou com força contra seu peito.
Uma mão fria encontrou o meu queixo, e ele puxou o meu rosto
pra cima pra poder pressionar seus lábios com força nos
meus.
Eu podia sentir a tensão na mandíbula dele.
"Como você está?", eu perguntei, assim que ele me
deixou
respirar.
"Não muito bem", ele murmurou. "Mas eu me
controlo. Eu lamento
por ter perdido a cabeça lá atrás".
"Foi minha culpa. Eu devia ter esperado pra te
contar."
"Não", ele discordou. "Isso é uma coisa que
eu precisava saber.
Eu não consigo acreditar que não tinha visto isso!"
"Você tem muita coisa na cabeça".
"E você não tem?"
De repente ele me beijou de novo, sem me deixar responder.
Ele
se afastou depois de apenas um segundo. "Charlie está
vindo".
"Eu vou deixar ele em casa"
"Eu te sigo até lá".
"Isso realmente não é necessário", eu tentei
dizer, mas ele já
tinha ido embora.
"Bella?", Charlie chamou da porta do restaurante,
tentando
enxergar na escuridão.
"Eu estou aqui".
Charlie entrou no carro, murmurando sobre impaciência.
"Então, como você se sente?", ele perguntou
enquanto dirigia
para o norte em direção à estrada. "Esse foi um grande
dia".
"Eu estou bem", eu mentí.
Ele riu, olhando através de mim com facilidade.
"Preocupada com
a festa?", ele adivinhou.
"É", eu mentí de novo.
Dessa vez ele não percebeu. "Você nunca gostou de festas".
"Eu me perguntou de onde foi que eu peguei isso",
eu murmurei.
Charlie gargalhou. "Bem, você realmente está bonita. Eu
queria
ter pensado em te comprar alguma coisa. Desculpa".
"Não seja bobo, pai".
"Não é bobagem. Eu sinto que eu não faço sempre por
você o que
devia fazer".
"Isso é ridículo. Você faz um trabalho fantástico. O
melhor pai
do mundo. E..." Não era fácil falar sobre sentimentos
com
Charlie, mas eu continuei depois de limpar minha garganta.
"E eu
realmente estou feliz por ter vindo morar com você, pai. Foi
a
melhor idéia que eu já tive. Então, não se preocupe - você
só está
experimentando o pessimismo pós-formatura."
Ele roncou. "Talvez. Mas eu tenho certeza que
escorreguei em
alguns lugares. Quer dizer, olha a sua mão!"
Eu olhei pra baixo vaziamente para as minhas mãos. A minha
mão
estava descansando levemente na tipóia sobre a qual eu
raramente pensava. A minha mão quebrada já não doía tanto.
"Eu nunca pensei que precisava te ensinar a dar um
soco. Eu acho
que estava errado sobre isso".
"Você não estava do lado de Jacob?"
"Não importa de que lado eu estou. Se alguém te beija
sem a sua
permissão, você devia esclarecer os seus sentimentos sem se
machucar. Você não deixou o polegar dentro do seu pulso,
deixou?"
"Não, pai. Isso é muito doce de uma maneira esquisita,
mas eu
não acho que as suas aulas teriam ajudado. A cabeça de Jacob
é
muito dura".
Charlie riu. "Da próxima vez bata no estômago
dele".
"Da próxima vez?", eu perguntei incredulamente.
"Aw, não seja tão dura com o garoto. Ele é jovem".
"Ele é um idiota".
"Ele ainda é seu amigo".
"Eu sei", eu suspirei. "Eu realmente não sei
a coisa certa a fazer
aqui, pai".
Charlie balançou a cabeça lentamente.
"É. A coisa certa nem sempre é óbvia. As vezes a coisa
certa pra
uma pessoa é a coisa errada pra outra pessoa. Então... boa
sorte
tentando descobrir isso".
"Obrigada", eu murmurei secamente.
Charlie riu de novo, e depois fez uma careta. "Se essa
festa
ficar selvagem demais..." ele começou.
"Não se preocupe com isso, pai. Carlisle e Esme estarão
lá. Eu
tenho certeza que você pode vir também, se quiser".
Charlie fez uma careta enquanto olhava para a noite através
do
pára-brisa. Charlie gostava tanto de uma boa festa quanto
eu.
"Onde é a curva, de novo?", ele perguntou.
"Eles devem ter
limpado a entrada deles - é impossível encontrar no
escuro".
"Bem ao redor da próxima curva, eu acho", eu torcí
os lábios.
"Sabe, você está certo - é impossível encontrar. Alice
disse que
colocou um mapa nos convites, mas mesmo assim, talvez todo
mundo se perca". Eu fiquei levemente alegre com a
idéia.
"Talvez", Charlie disse quando a estrada virou
para o leste.
"Talvez não".
A escuridão de veludo negro desaparecia à frente, bem onde a
entrada dos Cullen devia ser. Alguém havia prendido milhares
de
pequenas luzes nas árvores de ambos os lados. Era impossível
não
ver.
"Alice", eu disse amargamente.
"Uau", Charlie disse enquanto nós viramos na
entrada. As suas
árvores na entrada eram as únicas que não estavam
iluminadas. A
cerca de um vinte metros, outra baliza iluminada nos guiava
em
direção à grande casa branca. Em todo o caminho - todos os
três
metros do caminho.
"Ela não faz as coisas pela metade, faz?" Charlie
murmurou
deslumbrado.
"Tem certeza que você não quer entrar?"
"Extremamente certo. Se divirta, guria".
"Muito obrigada, pai"
Ele estava rindo pra sí mesmo enquanto eu saía e fechava a
porta. Eu observei ele ir embora, ainda sorrindo. Com um
suspiro,
eu marchei escadas à cima para suportar a minha festa.
17. Aliança
"Bella?"
A voz suave de Edward veio por trás de mim. Eu me virei pra
ver
ele saltando levemente os degraus da varanda e o cabelo dele
estava assanhado com o vento da corrida. Ele me puxou pros
seus
braços imediatamente, exatamente como ele havia feito no
estacionamento, e me beijou de novo.
Esse beijo me assustou. Havia muita tensão, uma linha muito
forte na forma como os seus lábios apertavam os meus - como
se
ele estivesse com medo de que não tivéssemos mais muito
tempo
pra nós.
Eu não podia me deixar pensar nisso. Não se eu ia ter que
agir
como humana pelas próximas horas. Eu me afastei dele.
"Vamos acabar logo com essa festa estúpida", eu
murmurei, sem
encontrar os olhos dele.
Ele colocou as mãos em ambos os lados do meu rosto,
esperando
até que eu olhei pra cima.
"Eu não vou deixar nada acontecer com você".
Eu toquei os lábios dele com os dedos da minha mão boa.
"Eu não
estou tão preocupada comigo mesma".
"Porque eu não estou tão surpreso com isso?", ele
murmurou pra
si mesmo. Ele respirou fundo, e depois sorriu um pouco.
"Pronta pra celebrar?", ele perguntou.
Eu rosnei.
Ele segurou a porta pra mim, mantendo seu braço seguramente
ao redor da minha cintura. Eu fiquei lá congelada por um
minuto,
depois eu balancei minha cabeça lentamente.
"Inacreditável".
Edward ergueu os ombros. "Alice sempre será
Alice".
O interior da casa dos Cullen havia se transformado em uma
boate - daquele tipo que não existe na vida real, só na TV.
"Edward!", Alice chamou do lado de um auto-falante
gigante. "Eu
preciso do seu conselho" Ela fez um gesto para uma
torre de
CD's empilhados. "Nós devemos dar a eles o familiar e
reconfortante? Ou" - ela fez um gesto para pilha uma
pilha
diferente - "educar o gosto deles pra música?"
"Mantenha reconfortante", Edward recomendou.
"Você só pode
guiar o cavalo até a água".
Alice balançou a cabeça seriamente, e começou a jogar os
CD's
educacionais em uma caixa. Eu reparei que ela havia trocado
de
roupa e estava usando um top e uma calça de couro
vermelha.
A pele nua dela reagia estranhamente às luzes pulsantes
vermelhas e roxas.
"Eu acho que estou desarrumada"
"Você está perfeita", Edward disse.
"Você consegue", Alice emendou.
"Obrigada", eu suspirei. "Você acha mesmo que
as pessoas vão
vir?" Qualquer um podia ouvir a esperança na minha voz.
Alice
fez uma cara pra mim.
"Todo mundo vai vir", Edward respondeu.
"Todos estão morrendo
pra ver o interior da casa dos mistérios dos reclusos
Cullen".
"Fabuloso", eu gemí.
Não havia nada que eu pudesse fazer pra ajudar. Eu duvidava
que
- mesmo quando eu não precisasse mais dormir e me movesse em
uma velocidade muito maior - eu fosse capaz de fazer alguma
coisa do jeito que Alice fazia.
Edward se recusou a me soltar por um segundo, me arrastando
junto dele enquanto ele caçava Jasper e Carlisle pra contar
a
eles sobre a minha epifânia. Eu escutei horrorizada em
silêncio
enquanto ele descutiam o seu ataque ao exército de Seattle.
Eu
______________________7
podia notar que Jasper não estava feliz com os números, mas
eles não haviam sido capazes de entrar em contato com
ninguém
além da família desinteressada de Tânia. Jasper não tentou
esconder o seu desespero como Edward teria feito. Era fácil
reparar que ele não gostava de apostar quando os riscos eram
tão grandes.
Eu não podia ficar pra trás, esperando e rezando pra que
eles
voltassem pra casa. Eu não faria isso. Eu enlouqueceria.
A campainha da porta tocou.
Tudo de uma vez, tudo ficou surrealmente normal. Um sorriso
perfeito, genuíno e cálido, tomou o lugar do estresse no
rosto de
Carlisle. Alice aumentou o volume da música, e dançou pra ir
atender a porta.
Era um Suburban lotado com os meus amigos, que estavam
nervosos ou intimidados demais pra chegarem sozinhos.
Jessica
era a primeira na porta, com Mike bem atrás dela. Tyler,
Conner,
Austin, Lee, Samantha... e até Lauren que chegou por último,
com
seus olhos críticos iluminados de curiosidade. Todos eles
estavam curiosos, e depois ficaram dominados quando viram a
enorme sala decorada como uma rave chique.
A sala não estava vazia; todos os Cullen haviam tomado seus
lugares, prontos pra colocarem seus disfarces humanos de
sempre. Hoje a noite eu estava sentindo que estava atuando
tanto quanto eles.
Eu fui falar com Jess e Mike, esperando que o tom na minha
voz
parecesse o tipo certo de excitação. Antes que eu pudesse
falar
com mais alguém, a campainha tocou de novo. Eu deixei Angela
e
Ben entrarem, deixando a porta aberta, porque Eric e Katie
estavam quase nos degraus.
Eu não tive outra chance de entrar em pânico. Eu tinha que
falar
com todo mundo, concentrada em estar animada, uma anfitriã.
Apesar da festa ter sido taxada como um evento de
comemoração pra Alice, Edward, e eu, não haviam dúvidas de
que
eu era o alvo mais popular pra as parabenizações e os
agradecimentos. Talvez porque os Cullen pareciam um pouco
errados embaixo das luzes da festa de Alice. Talvez porque
as
luzes deixavam a sala obscura e misteriosa. Essa não era uma
atmosfera que fazia um humano normal se sentir relaxado ao
lado de alguém como Emmett. Eu ví Emmett dar um sorriso
malicioso pra Mike por cima da mesa de comidas, as luzes
vermelhas cintilando nos dentes dele, e observei quando Mike
deu um passo involuntário pra trás.
Talvez Alice tenha feito isso de propósito, pra me forçar a
ser o
centro das atenções - um lugar do qual ela achava que eu
devia
gostar mais. Ela estava eternamente tentando me fazer ser
humana do jeito como ela achava que humanos deveriam ser.
A festa claramente era um sucesso, apesar do resguardo
instintivo por causa da presença dos Cullen - ou talvez isso
apenas aderisse mais emoção à atmosfera. A música era
contagiante, as luzes eram quase hipnóticas. Pelo jeito que
a
comida havia desaparecido, ela deve ter estado boa também.
Logo, a sala estava lotada, apesar de nunca ficar
claustrofóbica.
A classe inteira dos último-anistas parecia estar lá, junto
com a
maioria dos calouros.
Os corpos se mexiam de acordo com a batida que vibrava
embaixo das solas dos pés deles, a festa estava
constantemente
no ponto de virar um baile.
Não foi tão difícil quanto eu pensei que seria. Eu seguí a
liderança de Alice, me misturando e conversando por um
segundo
com todo mundo. Eles pareceram suficientemente fáceis de
agradar. Eu tinha certeza de que essa festa era de longe bem
mais legal do que qualquer outra coisa que a cidade de Forks
já
tenha experimentado antes. Alice estava quase ronronando -
ninguém por aqui esqueceria essa noite.
Eu circulei a sala uma vez, e voltei pra Jessica. Ela
tagarelou
excitadamente, e não era necessário prestar muita atenção,
porque as chances eram de que eu não precisaria responder a
ela
muito cedo. Edward estava ao meu lado - se recusando a se
separar de mim. Ele manteve uma mão seguramente na minha
cintura, me puxando mais pra perto de vez em quando em
respostas a pensamentos que eu provavelmente não ia querer
ouvir.
Então, eu fiquei imediatamente suspeita quando ele retirou o
braço e se afastou de mim.
"Fique aqui", ele murmurou pra mim. "Eu volto
já".
Ele passou graciosamente pela multidão sem parecer sequer
encostar em nenhum dos corpos apertados, e foi embora rápido
demais pra que eu tivesse tempo de perguntar porque ele
estava
indo embora. Eu olhei pra ele com os olhos apertados
enquanto
Jessica gritava ansiosamente por cima da música, segurando o
meu cotovelo, sem se dar conta da minha distração.
Eu observei ele quando ele se aproximou da sombra grande ao
lado da porta da cozinha, onde as luzes só iluminavam
fracamente. Ele estava se inclinando na direção de alguém,
mas
eu não conseguia ver por cima das cabeças entre nós.
Eu me coloquei na ponta dos pés, esticando o pescoço. Bem
aí,
uma luz passou pelas costas dele e cintilou nos cequins
vermelhos
da camiseta de Alice. As luzes só tocaram o rosto dela por
um
segundo, mas isso foi suficiente.
"Me dê licença por um minuto, Jess", eu murmurei,
puxando meu
braço.
Eu não parei pra ver a reação dela, nem pra ver se eu havia
machucado os sentimentos dela com a minha abruptidão.
Eu abri o meu caminho entre os corpos, sendo um pouco
empurrada. Algumas pessoas estavam dançando agora. Eu me
apressei até a porta da cozinha.
Edward tinha sumido, mas Alice ainda estava na escuridão,
seu
rosto vazio - o tipo de olhar inexpressivo que você vê no
rosto de
alguém que acabou de testemunhar um acidente horrível. Uma
das mãos dela estavam agarrando o arco da porta, como se ela
precisasse de apoio.
"O que, Alice, o que? O que você viu?" As minhas
mãos estavam
entrelaçadas na minha frente - implorando.
Ela não olhou pra mim, ela estava olhando em outra direção.
Eu
segui o olhar dela e ví quando ela encontrou o olhar de
Edward do
outro lado da sala. O rosto dele estava vazio como uma
pedra. Ele
se virou e desapareceu nas sombras embaixo da escada.
Bem aí a campainha tocou, horas depois da última vez, e
Alice
olhou pra cima com uma expressão confusa que se transformou
rapidamente em uma de desgosto.
"Quem convidou o lobisomem?", ela me apertou.
Eu fiz uma carranca. "Culpada".
Eu pensei ter desfeito esse convite - não que eu tenha imaginado
que Jacob viria aqui, de qualquer jeito.
"Bem, você vá tomar conta deles, então. Eu tenho que
falar com
Carlisle".
"Não, Alice, espere!" eu tentei agarrar o braço
dela, mas ela já
tinha ido embora e a minha mão só agarrou o ar vazio.
"Maldição!", eu rosnei.
Eu sabia que era isso. Alice tinha visto aquilo pelo que ela
esteve
esperando, e honestamente eu não aguentei segurar o suspense
por tempo suficiente pra atender a porta. A campainha da
porta
tocou de novo, por tempo demais, alguém estava segurando o
botão. Eu me virei de costas para a porta resolutamente, e
procurei na escuridão da sala por Alice.
Eu não conseguia ver nada. Eu comecei a me empurrar para a
escada.
"Ei, Bella!".
A voz profunda de Jacob pegou uma pausa na música, e eu
olhei
pra cima mesmo sem querer ao som do meu nome.
Eu fiz uma cara.
Não era apenas um lobisomem, eram três. Jacob se deu
permissão pra entrar, acompanhado em cada um dos lados por
Quil e Embry. Eles dois pareciam horrivelmente tensos, os
olhos
deles passavam pela sala como se eles tivessem acabado de
entrar em uma cripta assombrada. A mão tremendo de Embry
ainda estava segurando a porta, o corpo dele estava meio
preparado pra sair correndo.
Jacob estava acenando pra mim, mais calmo que os outros,
apesar do nariz dele estar enrugado de desgosto. Eu acenei
de
volta - dizendo adeus - e me virei pra procurar por Alice.
Eu me
apertei no espaço entre as costas de Conner e Lauren.
Ele apareceu do nada, a mão dele estava no meu ombro me
puxando de volta na direção das sombras da cozinha. Eu me
afastei dele, mas ele agarrou o meu pulso bom e me afastou
da
multidão.
"Recepção amigável", ele notou.
Eu soltei a minha mão e fiz uma carranca pra ele. "O
que você
está fazendoaqui?"
"Você me convidou, lembra?"
"No meu caso do meu soco de direita ter sido subto
demais pra
você, me deixe traduzir: aquela era eu desconvidando
você".
"Não seja má esportista. Eu te trouxe um presente de
formatura
e tudo".
Eu cruzei os meus braços no peito. Eu não queria briga com
Jacob agora. Eu queria saber o que Alice tinha visto e o que
Edward e Carlisle estavam dizendo sobre isso. Eu desviei a
minha
cabeça ao redor de Jacob, procurando por eles.
"Leve de volta para a loja, Jake. Eu tenho que fazer
uma coisa..."
Ele ficou na frente da minha linha de visão, exigindo minha
atenção.
"Eu não posso devolver. Eu não peguei numa loja - eu
mesmo fiz. E
também me levou bastante tempo".
Eu me inclinei ao redor dele de novo, mas eu não podia ver
nenhum dos Cullen. Pra onde eles haviam ido? Os meus olhos
procuraram pela sala escurecida.
"Oh, vamos, Bell. Não finja que eu não estou
aqui!"
"Eu não estou", eu não podia vê-los em lugar
nenhum. "Olha, Jake,
eu tenho muita coisa na minha cabeça agora".
Ele colocou a mão embaixo do meu queixo e puxou meu rosto
pra
cima.
"Será que eu posso por favor ter alguns minutos de sua
inteira
atenção, Senhorita Swan?"
Eu me afastei do toque dele. "Mantenha as suas mãos pra
sí
mesmo, Jacob", eu assobiei.
"Desculpa!", ele disse imediatamente, levantando
as mãos em
redenção. "Eu realmente lamento. Também, eu falo do
outro dia.
Eu não devia ter te beijado daquele jeito. Eu estava errado.
Eu
acho... bem, eu acho que me iludí pensando que você queria
que eu
fizesse aquilo".
"Iludido - que descrição perfeita!"
"Seja boazinha. Você podia aceitar as minhas desculpas,
sabe".
"Tá. Desculpas aceitas. Agora, se você me der licensa
por um
momento..."
"Ok", ele murmurou, voz dele estava tão diferente
de antes que
eu deixei de procurar por Alice pra estudar o rosto dele.
Ele
estava olhando pra o chão, escondendo os olhos. O lábio
inferior
dele estava só um pouquinho pra fora.
"Eu acho que você prefere estar com os seus amigos de
verdade", ele disse com o mesmo tom abatido. "Eu
entendo".
Eu rosnei. "Aw, Jake, você sabe que isso não é
justo".
"Sei?"
"Você devia", eu me inclinei para a frente, me
esticando,
tentando olhar nos olhos dele. Ai ele olhou pra cima, por
cima da
minha cabeça, evitando o meu olhar.
"Jake?"
Ele se recusou a olhar pra mim.
"Ei, você disse que tinha feito alguma coisa pra mim,
certo?", eu
perguntei. "Aquilo era só conversa? Onde está o meu
presente?"
A minha tentativa de fingir entusiasmo era bem triste, mas
deu
certo. Ele revirou os olhos e fez uma careta pra mim.
Eu mantive o fingimento barato, segurando a minha mão aberta
na minha frente. "Eu estou esperando".
"Certo", ele murmurou sarcasticamente. Mas ele
também enfiou
a mão no bolso de trás do seu jeans e puxou um saquinho de
um
material folgado, com um tecido multi-colorido. Ele estava
amarrado com uma tira de couro. Ele colocou na minha palma.
"Ei, isso é bonito, Jake. Obrigada!"
Ele suspirou. "O presente está dentro, Bella"
"Oh".
Eu tive alguns problemas com as amarras.
Ele suspirou de novo e o tomou de mim, abrindo as amarras
com
facilidade apenas deslizando a corda certa. Eu levantei
minha
mão pra pegá-lo, mas ele virou o saquinho de cabeça pra
baixo e
balançou alguma coisa de prata nas minhas mãos. Os metais
tilitaram baixinho uns contra os outros.
"Eu não fiz a pulseira", ele admitiu. "Só o
pingente".
Agarrado a uma das pontas da pulseira de prata estava uma
pequena escultura de madeira. Eu a segurei entre os meus
dedos
pra olhá-lo mais de perto. Havia uma quantidade incrivel de
detalhes involvidos na pequena figura - a minuatura de lobo
era
absolutamente realista. Ela havia sido cravada em alguma
madeira marrom avermelhada que combinava com a cor da pele
dele.
"É lindo", eu sussurrei. "Você fez isso?
Como?"
Ele levantou os ombros. "É uma coisa que Billy me
ensinou. Ele é
melhor nisso do que eu".
"Isso é difícil de acreditar", eu murmurei,
virando o pequeno lobo
pra lé e pra cá entre os meus dedos.
"Você gostou mesmo?"
"Sim! É inacreditável, Jake"
Ele sorriu, feliz no início, mas depois a expressão dele
ficou
azeda. "Bem, eu achei que talvez isso pudesse fazer
você
lembrar de mim de vez em quando. Você sabe como é, longe da
cabeça, longe do coração".
Eu ignorei a atitude. "Aqui, me ajude a colocar"
Eu estendí o meu pulso esquerdo, já que o direito estava
enfiado
na tipóia. Ele soltou o trinco facilmente, apesar dele parecer
delicado demais para o uso dos dedos grandes dele.
"Você vai usar?", ele perguntou.
"É claro que eu vou".
Ele sorriu pra mim - era o sorriso feliz que eu adorava ver
ele
usar.
Eu só retornei por um momento, mas aí os meus olhos olharam
reflexivamente ao redor da sala de novo, procurando
ansiosamente pela multidão por um sinal de Edward ou Alice.
"Porque você está tão distraida?", Jacob se
perguntou.
"Não é nada", eu mentí, tentando me concentrar.
"Obrigada pelo
presente, mesmo. Eu amei."
"Bella", as sobrancelhas dele se juntaram, jogando
seus olhos
profundos em suas sombras. "Alguma coisa está
acontecendo, não
está?"
"Jake, eu... não, não hà nada".
"Não minta pra mim, você mente muito mal. Você devia me
contar
o que está acontecendo. Nós queremos saber essas
coisas", ele
disse, passando pro plural no final.
Provavelmente ele estava certo; os lobos certamente estariam
interessados no que estava acontecendo. Só que eu ainda não
tinha certeza do que isso era ainda. Eu não saberia com
certeza
até que eu encontrasse Alice.
"Jacob, eu vou te contar. Só me deixe descobrir o que
está
acontecendo, ok? Eu preciso falar com Alice".
Compreesão iluminou o rosto dele. "A vidente viu alguma
coisa".
"Sim, bem quando você apareceu".
"Isso é sobre o sugador de sangue no seu quarto?",
ele
murmurou, fazendo seu tom ficar abaixo do som da música.
"É relacionado", eu admití.
Ele processou isso por um minuto, deixando a cabeça inclinar
pra
o lado enquanto ele lia o meu rosto. "Você sabe de
alguma coisa
que não está me contando... alguma coisa grande".
Qual era o ponto em mentir de novo? Ele me conhecia bem
demais. "Sim".
Jacob me encarou por um breve segundo, e aí se virou pra
olhar
os olhos dos seus irmãos de bando que ainda estavam na
porta,
estranhos e desconfortáveis. Quando eles olharam para a
expressão dele, eles começaram a se mover, passando
agilmente
pelos festeiros, quase como se estivessem dançando também.
Em
meio minuto, eles estavam em cada lado de Jacob, parecendo
uma torre sobre mim.
______________________8
"Agora. Explique", Jacob ordenou.
Embry e Quil olharam pra frente e pra trás entre os nossos
rostos, confusos e cautelosos.
"Jacob, eu não sei de tudo", eu continuei
procurando na sala, por
socorro. Eles tinham me colocando contra a parede, em todos
os
sentidos.
"O que você sabe, então".
Todos eles cruzaram os braços nos seus peitos ao mesmo
tempo.
Foi um pouco engraçado, mas era ameaçador.
E aí eu ví Alice descendo as escadas, a sua pele branca
brilhando
na luz roxa.
"Alice!" eu esguichei, aliviada.
Ela olhou diretamente pra mim quando eu chamei o nome dela,
apesar dos baixos altos que deviam ter abafado a minha voz.
Eu
acenei ansiosamente, e observei o rosto dela quando ela viu
os
três lobisomens de inclinando na minha direção. Os olhos
dela se
estreitaram.
Mas, antes dessa reação, o rosto dela estava cheio de
estresse e
medo. Eu mordí o meu lábio enquanto ela deslizava para o meu
lado.
Jacob, Quil e Embry se inclinaram todos pra longe dela com
expressões inquietas. Ela colocou uma braço ao redor da
minha
cintura.
"Eu preciso falar com você", ela murmurou no meu
ouvido.
"Er, Jake, eu te vejo depois..." eu murmurei
enquanto passavamos
por eles.
Jacob jogou seu longo braço pra bloquear o caminho,
colocando a
mão contra a parede. "Ei, não tão rápido".
Alice encarou ele, os olhos arregalados e incrédulos.
"Dá
licença?"
"Nos diga o que está acontecendo", ele ordenou com
um rugido.
Jasper literalmente apareceu do nada. Em um segundo éramos
apenas Alice e eu contra a parede, Jacob bloqueando a nossa
saída, e aí Jasper estava de pé ao lado do braço de Jacob,
com
uma expressão aterrorizadora.
Jacob puxou seu braço de volta lentamente. Esse parecia ser
o
melhor movimento, levando em consideração que ele queria
continuar com aquele braço.
"Nós temos o direito de saber", Jacob murmurou,
ainda
encarando Alice.
Jasper se meteu entre eles, e os três lobisomens se
resguardaram.
"Ei, ei", eu disse, acrescentando uma gargalhada
histérica. "Isso
é uma festa, lembram?"
Ninguém prestou atenção em mim. Jacob encarava Alice
enquanto Jasper encarava Jacob. O rosto de Alice ficou
pensativo de repente.
"Está tudo bem, Jasper. Na verdade, ele tem um
ponto".
Jasper não relaxou de sua posição.
Eu tinha certeza de que o suspense ia fazer a minha cabeça
explodir em cerca de um segundo. "O que você viu,
Alice?"
Ela encarou Jacob por um segundo, e se virou pra mim,
evidentemente escolhendo deixá-los ouvir.
"A decisão foi tomada".
"Você estão indo pra Seattle?"
"Não".
Eu sentí a cor escapar do meu rosto. Meu estômago girou.
"Eles
estão vindo pra cá", eu botei pra fora.
Os garotos Quileute observavam em silêncio, observando todas
as mudanças inconscientes de emoção nos nossos rostos. Eles
estavam enrraizados nos lugar, e mesmo assim não estavam
completamente imóveis. Todos os três pares de mãos estavam
tremendo.
"Sim".
"Pra Forks", eu sussurrei.
"Sim".
"Para?"
Ela balançou a cabeça, entendendo a minha pergunta. "Um
deles
estava carregando a sua blusa vermelha".
Eu tentei engolir.
A expressão de Jasper era desaprovadora. Eu podia notar que
ela não estava gostando que discutíssemos isso na frente dos
lobisomens, mas ele tinha algo mais que ele precisava dizer.
"Nós
não podemos deixar eles chegarem tão longe. Nós não somos
suficientes pra proteger a cidade".
"Eu sei", Alice disse, o rosto dela estava
desolado de repente.
"Mas não importa onde paremos eles. Nós ainda não somos
suficientes, e alguns deles vão vir aqui pra procurar".
"Não!" eu sussurrei.
O som da festa abafou o som da minha negação. Ao redor de
nós,
os meus amigos e vizinhos e inimigos insignificantes comiam
e
riam e dançavam com a música, ignorantes para o fato de que
eles estavam prestes a encarrar o horror, talvez perigo,
talvez
morte. Por minha causa.
"Alice", eu fiz seu nome com a boca. "Eu
tenho que ir, eu tenho
que sair daqui".
"Isso não vai ajudar. Não é como se estivéssemos
lidando com um
perseguidor. Eles virão aqui pra procurar primeiro".
"Então eu tenho que ir encontrá-los!", se a minha
voz não
estivesse tão rouca e distorcida, ela poderia ter sido um
esgicho.
"Se eles acharem o que estão procurando, talvez eles
vão embora
e não machuquem mais ninguém!"
"Bella!", Alice protestou.
"Espere", Jacob ordenou numa voz baixa, poderosa.
"O que está
vindo?"
Alice passou seu olhar de gelo pra ele. "Nossa espécie.
Muitos
deles".
"Porque?"
"Por Bella. Isso é tudo o que sabemos".
"Existem muitos de vocês?", Jacob perguntou.
Jasper bridou.
"Nós temos algumas vantagens, cachorro. Será uma luta
justa".
"Não", Jacob disse, um meio sorriso estranho,
penetrante se
abriu no rosto dele. "Não será justa".
"Excelente!", Alice assobiou.
Eu olhei, congelada de horror, para a nova expressão de
Alice. O
rosto dela estava vivo com exultação, todo o desespero foi
limpo
das suas feições perfeitas.
Ela riu maliciosamente pra Jacob, e ele sorriu de volta.
"Tudo desapareceu, é claro", ela disse com uma voz
presumida.
"Isso é incoveniente, mas, considerando todas as
coisas, eu
aceito".
"Nós vamos ter que nos coordenar", Jacob disse.
"Isso não será
fácil pra nós. Mesmo assim, esse é mais o nosso trabalho do
que o
de vocês".
"Eu não iria tão longe, mas nós precisamos de ajuda.
Nós não
vamos ficar escolhendo".
"Espere, espere, espere, espere", eu interrompí
eles.
Alice estava na ponta dos pés, Jacob estava abaixado se
inclinando na direção dela, os rostos dos dois estavam
iluminados
de excitação, mas os narizes deles estava enrugados por
causa
do cheiro. Eles olharam pra mim impacientemente.
"Coordenar?", eu repetí por entre meus dentes
trincados.
"Você não pensou realmente que poderia nos manter de
fora
disso?", Jacob perguntou.
"Você vai ficar fora disso."
"A sua vidente diz que não".
"Alice - diga a eles que não!" eu insistí.
"Eles vão acabar
morrendo!"
Jacob, Quil e Embry todos riram alto.
"Bella", Alice chamou, a voz dela era suave,
calmante "separados
todos nós vamos acabar morrendo. Juntos -"
"Isso não vai ser problema", Jacob terminou a
frase dela. Quil
riu de novo.
"Quantos?" Quil perguntou ansiosamente.
"Não!" eu gritei.
Alice nem olhou pra mim. "Isso varia - vinte e um hoje,
mas os
números estão diminuindo".
"Porque?", Jacob perguntou, curioso.
"Longa história" Alice disse, de repente olhando
ao redor da sala.
"E esse não é o lugar pra isso".
"Mais tarde essa noite?", Jacob pressionou.
"Sim", Jasper respondeu pra ele. "Nós já
estamos planejando
um... encontro estratégico. Se vocês vão lutar com a gente,
vocês
vão precisar de algumas instruções".
Todos os lobos fizeram uma cara de desgosto na última parte.
"Não!", eu gemí.
"Isso vai ser estranho", Jasper disse, pensativo.
"Eu nunca
considerei trabalhar junto. Essa tem que ser a primeira
vez".
"Sem dúvida sobre isso", Jacob concordou. Agora
ele estava com
pressa. "Nós temos que voltar pra Sam. A que
horas?"
"Que horas é tarde demais pra vocês?"
Todos os três reviraram os olhos. "Que horas?",
Jacob repetiu.
"Três em ponto?"
"Onde?"
"Cerca de dez milhas ao norte da estação de guarda da
Floresta
de Hoh. Venham pelo leste e vocês poderão seguir o nosso
cheiro
até lá".
"Nós estaremos lá".
Eles se viraram pra ir embora.
"Espere, Jake!", eu chamei ele. "Por favor!
Não faça isso!"
Ele parou, se virando pra sorrir pra mim, enquanto Quil e
Embry
seguiam impacientemente para a porta. "Não seja
ridícula, Bells.
Você está me dando um presente muito melhor do que o que eu
te dei".
"Não!", eu gritei de novo. O som de uma guitarra
abafou o meu
choro.
Ele não respondeu; ele se apressou pra acompanhar os seus
amigos, que já tinham ido embora. Eu observei sem poder
fazer
nada enquanto Jacob desaparecia.
18. Instruções
"Essa tem que ter sido a festa mais longa da história
do mundo",
eu reclamei no caminho pra casa.
Edward não pareceu discordar. "Está acabado
agora", ele disse,
esfregando o meu braço de forma calmante.
Porque eu era a única que precisava ser acalmada. Edward
estava
bem agora - todos os Cullen estavam bem.
Todos eles me reasseguraram; Alice se erguendo pra dar um
tapinha na minha cabeça enquanto eu ia embora, olhando
Jasper
significantemente até que uma onda de paz me rodeou, Esme
beijando a minha testa e me prometendo que tudo estava bem,
Emmett rindo tumultuosamente e me perguntando porque eu era
a única que tinha permissão pra brigar com lobisomens... a
solução de Jacob acalmou todos eles, quase eufóricos depois
de
longas semanas de estresse. A dúvida foi trocada por
confiança.
A festa havia acabado em um verdadeiro clima de celebração.
Não pra mim.
Já era ruim o suficiente - horrível - que os Cullen teriam
que
lutar por mim. Já era demais que eu teria que permitir isso.
Eu já
sentia mais do que eu podia aguentar.
Jacob também não. Não seus irmãos bobos, ansiosos - a
maioria
deles mais nova do que eu era. Eles só eram muito grandes,
crianças muito musculosas, e eles estavam ansiosos com isso
como se fosse um piquenique na praia. Eu não podia
colocá-los em
perigo também. Os meus nervos pareciam estar desfiados e
expostos. Eu não sabia por quanto tempo mais eu seria capaz
de
restringir a vontade de gritar alto.
Eu sussurrava agora, pra manter minha voz sob controle.
"Você
vai me levar junto essa noite".
"Bella, você está exausta".
"Você acha que eu poderia dormir?"
Ele fez uma careta. "Isso é uma experiência. Eu não
estou certo
de que será possível pra nós... cooperar. Eu não quero você
no
meio daquilo".
Como se isso não me fizesse ainda mais ansiosa pra ir.
"Se você
não me levar, eu vou ligar pra Jacob".
Os olhos dele se estreitaram. Isso era golpe baixo, e eu
sabia.
Mas não tinha jeito de eu ser deixada pra trás.
Ele não respondeu; estávamos na casa de Charlie agora. A luz
da
frente estava acesa.
"Te vejo lá em cima", eu murmurei.
Eu fui na porta dos pés até a porta da frente. Charlie
estava
adormecido na sala de estar, super-populando o sofá pequeno
demais, e roncando tão alto que eu podia ter ligado uma
serra-elétrica e isso não teria acordado ele.
Eu balancei o ombro dele vigorosamente.
"Pai! Charlie!"
Ele murmurou, ainda com os olhos fechados.
"Eu estou em casa agora - você vai machucar as suas
costas
dormindo desse jeito. Vamos, hora de se mexer".
Foram precisas mais algumas sacudidas, e os olhos dele nunca
se
abriram completamente, mas eu conseguí tirar ele do sofá. Eu
ajudei ele a ir até a sua cama, onde ele desabou no topo das
cebertas, totalmente vestido, e começou a roncar de novo.
Ele não ia procurar por mim tão cedo.
Edward me esperou no meu quarto enquanto eu lavava o meu
rosto e colocava um jeans e uma camisa de flanela. Ele me
observou infeliz na cadeira de balanço enquanto eu estendia
a
roupa que Alice havia me dado no armário.
"Venha aqui", eu disse, pegando a mão dele e
puxando ele para a
minha cama.
Eu puxei ele para a cama e me curvei no peito dele. Talvez
ele
estivesse certo e eu estivesse cansada suficiente pra
dormir. Eu
não ia deixar ele escapar sem mim.
Ele colocou a colcha ao meu redor, aí me segurou mais perto.
"Por favor relaxe"
"Claro"
"Isso vai dar certo, Bella. Eu posso sentir".
Os meus dentes travaram.
Ele estava irradiando alívio. Ninguém além de mim se
importava
se Jacob e seus amigos se machucassem. Nem mesmo Jacob e
seus amigos. Especialmente não eles.
Ele podia reparar que eu estava prestes a perder o controle.
"Me
escute, Bella. Isso vai ser fácil. Os recém-nascidos serão
pegos
completamente de surpresa. Eles nem sequer terão mais
certeza
de que os lobisomens podiam existir mais do que você tinha.
Eu já
ví como eles agem em grupos, pelo jeito que Jasper se
lembra. Eu
realmente acredito que as técnicas de caça dos lobisomens
vão
funcionar perfeitamente contra eles".
"E com eles divididos e confusos, eles não serão
suficientes pra
lidar com o resto de nós. Alguém vai ter que ficar
descansando",
ele zombou.
"Uma moleza", eu murmurei sem tom contra o peito
dele.
"Shhhh", ele alisou a minha bochecha. "Você
vai ver. Não se
preocupe agora".
Ele começou a sofejar a minha canção de ninar, mas, pela
primeira vez, ela não me acalmou.
Pessoas - bem, na verdade, vampiros e lobisomens, na
verdade,
______________________9
mas mesmo assim - pessoas que eu amava iam se machucar. Se
machucar por minha causa. De novo. Eu queria que a minha
falta
de sorte focasse um pouco mais cuidadosamente. Eu tinha
vontade de gritar para o céu vazio: sou eu que você quer -
bem
aqui! Só eu!
Eu pensei em uma forma de fazer exatamente isso - forçar a
minha falta de sorte a focar apenas em mim. Não ia ser
fácil. Eu
teria que esperar, contar o meu tempo...
Eu não caí no sono. Os minutos se passaram rapidamente, para
a
minha surpresa, e eu ainda estava alerta quando Edward puxou
nós dois em uma posição sentada.
"Você tem certeza que não quer ficar e dormir?"
Eu dei um olhar amargo pra ele.
Ele suspirou, e me pegou nos braços antes de pular pela
minha
janela.
Ele correu pela floresta quieta, escura, comigo em suas
costas, e
mesmo na corrida dele eu sentia a elação. Ele estava
correndo
como fazia quando éramos só nós, só por diversão, só pra
sentir o
vento no cabelo dele. Esse era o tipo de coisas que, em
tempos
de menos ansiosidade, teria me deixado muito feliz.
Quando nós chegamos no grande campo aberto, a família dele
estava lá, conversando casualmente, relaxada. A risada
estrondosa de Emmett ecoava no espaço largo de vez em
quando.
Edward me colocou no chão e nós caminhamos de mãos dadas na
direção deles.
Me levou um minuto, porque estava escuro demais com as
nuvens
escondidas atrás das nuvens, mas eu me dei conta de que
estávamos na clareira de baseball. Era o mesmo lugar onde, mais
de um ano atrás, aquela tarde tranquila com os Cullen havia
sido
interrompida por James e seu grupo.
Era estranho estar aqui de novo - como se essa cena não
estivesse completa até que James e Laurent e Victoria se
juntassem a nós. Mas James e Laurent não iam voltar nunca
mais.
O padrão não ia mais se repetir. Talvez todos os padrões
estivessem quebrados.
Sim, alguém havia quebrado os padrões deles. Seria possível
que
os Volturi fossem os flexíveis nessa equação?
Eu duvidava.
Victoria sempre pareceu ser uma força da natureza pra mim -
como um furacão se movendo em direção à costa em linha reta
-
inevitável, implacável, mas previsível. Talvez fosse errado
limitá-la dessa forma. Ela tinha de ser capaz de se adaptar.
"Sabe o que eu penso?", eu perguntei a Edward.
Ele riu. "Não"
Eu quase sorrí.
"O que você pensa?"
"Eu acho que está tudo conectado. Não apenas dois, mas
todos os
três".
"Eu estou perdido".
"Três coisas ruins aconteceram desde que você
voltou", eu as
contei nos meus dedos.
"Os recém-nascidos em Seattle. O estranho no meu
quarto. E -
primeiro de tudo - Victoria voltou pra me procurar".
Os olhos dele se estreitaram quanto ele pensou nisso.
"Porque
você acha isso?"
"Porque eu concordo com Jasper - os Volturi amam as
regras
deles. Provavelmente eles fariam um trabalho melhor, de
qualquer jeito". E eu já estaria morta se eles me
quisessem
morta, eu acrescentei mentalmente. "Lembra de quando
você
estava caçando a Victoria no ano passado?"
"Sim", ele fez uma careta. "Eu não fui muito
bom nisso".
"Alice disse que você estava no Texas. Você a seguiu
até lá?"
As sobrancelhas dele se juntaram. "Sim. Hmm..."
"Veja - ela pode ter tido a idéia lá. Mas ela não sabe
o que está
fazendo, então os recém-nascidos estão fora de controle.
Ele começou a balançar a cabeça. "Somente Aro sabe como
as
visões de Alice funcionam".
"Aro sabia melhor, mas será que Tânia e Irina e o resto
dos seus
amigos de Denali não sabiam o suficiente?"
"Laurent viveu com eles durante muito tempo. E ele
ainda estava
amigado o suficiente com Victoria pra fazer favores pra ela,
porque ele também não podia ter dito a ela tudo o que
sabia?"
Edward fez uma careta. "Não era Victoria no seu
quarto".
"Ela não pode fazer amigos novos? Pense nisso, Edward.
Se for
Victoria fazendo isso em Seattle, ela fez um monte de amigos
novos. Ela os criou".
Ele considerou isso, a testa dele enrugada de concentração.
"Hmm", ele disse finalmente. "É possível. Eu
ainda acho que é
mais provavel que sejam os Volturi... Mas a sua teoria - tem
alguma coisa aí. A personalidade de Victória. A sua teoria
combina perfeitamente com ela. Ela demonstrou um talento
extraordinário por auto-preservação desde o início - talvez
seja
o dom dela. Em qualquer caso, esse plano não a colocaria me
perigo com todos nós, se ela se sentasse seguramente nos
fundos
e deixasse que os recém-nascidos criassem um caos lá. E
talvez
pouco risco por parte dos Volturi também. Talvez ela esteja
contando com que a gente ganhe, no final, apesar de que
certamente isso não seria sem suas casualidades pra nós
mesmo.
Mas não haveriam sobreviventes em seu pequeno exército pra
testemunhar contra ela. De fato", ele continuou,
pensando nisso,
"se houvessem sobreviventes, eu aposto que ela mesma
está
planejando destruí-los... Hmm. Ainda assim, ela teria que
ter pelo
menos um amigo com mais maturidade. Nenhum recém-nascido
fresco deixa o seu pai vivo..."
Ele fez uma careta para o espaço por um momento, e depois de
repente ele sorriu pra mim, voltando de seu devaneio.
"Definitivamente possível. De qualquer maneira, nós
temos que
estar preparedos pra qualquer coisa até termos certeza. Você
está muito perceptiva hoje", ele adicionou. "É
impressionante".
Eu suspirei. "Talvez eu só esteja reagindo a esse
lugar. Ele me
faz sentir como se ela estivesse por perto... como se ela
estivesse me vendo agora".
Os músculos da mandíbula dele ficaram tensos com a idéia.
"Ela
nunca vai tocar você, Bella", ele disse.
Apesar das palavras dele, seus olhos passaram cuidadosamente
pelas árvores escuras. Enquanto ele vasculhava suas sombras,
a
expressão mais estranha passou pelo rosto dele. Ele puxou
seus
lábios pra cima de seus dentes e os olhos dele brilharam com
uma
luz estranha - uma esperança selvagem, feroz.
"Mesmo assim, o que eu não daria pra ter ela tão
perto", ele
murmurou. "Victoria e qualquer outra pessoa que tenha
pensado
em machucar você. Ter a chance de acabar com isso eu mesmo.
Acabar com isso com as minhas próprias mãos dessa vez".
Eu estremecí com a vontade feroz na voz dele, e apertei os
dedos dele com mais força entre os meus, desejando ser forte
o
suficiente pra fechar as nossas mãos juntas permanentemente.
Nós estávamos quase perto da família dele, e eu percebí pela
primeira vez que Alice não parecia tão otimista quanto o
resto
deles. Ela estava um pouco de lado, observando Jasper
esticar os
braços como se estivesse se aquecendo pra um exercício, os
lábios dela estavam fazendo biquinho.
"Hà algo errado com Alice?", eu sussurrei.
Edward gargalhou, era ele mesmo de novo. "Os lobisomens
estão
a caminho, então ela não pode ver o que vai acontecer agora.
Ela
fica desconfortável por estar cega".
Alice, apesar de ser a mais distante de nós, ouviu a voz
baixa
dele. Ela olhou pra cima e mostrou a língua pra ele. Ele riu
de
novo.
"Ei, Edward", Emmett saudou ele. "Ei, Bella.
Ele vai deixar você
praticar também?"
Edward rosnou pra o irmão dele. "Por favor, Emmett, não
fique
dando idéias a ela".
"Quando os nossos convidados vão chegar?" Carlisle
perguntou a
Edward.
Edward se concentrou por um momento, e depois suspirou.
"Um
minuto e meio. Mas eu vou ter que traduzir. Eles não confiam
em
nós o suficiente pra usarem suas formas humanas".
Carlisle balançou a cabeça. "É difícil pra eles. Eu
estou grato por
eles estarem todos vindo".
Eu encarei Edward, meus olhos se abriram muito. "Eles
vão vir
como lobos?"
Ele balançou a cabeça, tomando cuidado com a minha reação.
Eu engolí uma vez, me lembrando das duas vezes que eu havia
visto Jacob em sua forma de lobo - a primeira vez na
clareira
com Laurent, a segunda vez na estrada da floresta onde Paul
ficou com raiva de mim... as duas eram memórias de terror.
Um brilho estranho apareceu nos olhos de Edward, como se
alguma coisa tivesse acabado de ocorrer a ele, alguma coisa
que
não era nem um pouco agradavel. Ele se virou rapidamente,
antes
que eu pudesse ver mais, de volta pra Carlisle e os outros.
"Preparem-se - eles estão esperando por nós".
"O que você quer dizer?", Alice quis saber.
"Shh", ele precaviu, e olhou por cima dela para a
escuridão.
O círculo informal dos Cullen se abriu de repente, formando uma
linha solta, com Jasper e Emmett em cada ponta. Pelo jeito
que
Edward se inclinava pra frente ao meu lado, eu podia dizer
que
ele queria estar lá com eles. Eu apertei a minha mão na
dele.
Eu olhei na direção da floresta, sem ver nada.
"Droga", Emmett disse por baixo do fôlego.
"Vocês já viram uma
coisa como essas?"
Esme e Rosalie trocaram um olhar arregalado.
"O que é?", eu sussurrei tão baixo quanto pude.
"Eu não consigo
ver".
"O bando cresceu", Edward murmurou no meu ouvido.
Eu não havia dito a ele que Quil havia se juntado ao bando?
Eu me
estiquei pra ver seis lobos na escuridão. Finalmente, alguma
coisa
brilhou no escuro - os olhos deles, mais altos do que
deveriam
ser. Eu tinha me esquecido do quanto os lobos eram altos.
Como
cavalos, só que mais grossos com os músculos e com os pêlos
- e
os dentes como facas, impossíveis de não ver.
Eu só podia ver os olhos. E enquanto eu procurava, me
esforçando
pra ver mais, me ocorreu que haviam mais de seis pares de
olhos
nos encarando. Um, dois, três... Eu contei os pares
rapidamente
na minha cabeça. O dobro.
Haviam dez deles.
"Fascinante", Edward murmurou quase
silenciosamente.
Carlisle seu um passo lento, deliberadamente para a frente.
Foi
um movimento cuidadoso, designado pra reassegurar.
"Bem vindos", ele saudou os lobisomens invisíveis.
"Obrigado", Edward respondeu num tom estranho,
vazio, e eu me
dei conta imediatamente que as palavras vinham de Sam. Eu
olhei
para os olhos brilhando no centro da linha, o mais à frente,
o
mais alto de todos eles. Era impossível separar o formato do
grande lobo negro da escuridão.
Edward falou de novo com a mesma voz destacada, falando as
palavras de Sam. "Nós vamos observar e escutar, mas
nada mais.
Isso é o máximo que vocês podem pedir do nosso
auto-controle".
"Isso é mais do que suficiente", Carlisle
respondeu. " Meu filho,
Jasper" - ele fez um gesto pra onde Jasper estava,
tenso e
pronto -" tem experiência nessa área. Ele irá nos
ensinar como
eles lutam, como eles devem ser derrotados. Eu tenho certeza
de que vocês podem continuar com o seu próprio estilo de
caça".
"Eles são diferentes de vocês?" Edward perguntou
pra Sam.
Carlisle balançou a cabeça. "Eles são todos muito novos
- têm
apenas meses nessa vida. Crianças, de certa forma. Eles não
terão habilidades e nem estratégia, apenas força bruta. Essa
noite o número deles é de vinte. Dez pra nós, dez pra vocês
- não
deve ser difícil. Os números podem cair. Os novos brigam
entre
sí".
Um estrondo passou pela linha sombria dos lobos, uma baixo
murmurio de rosnados que de alguma forma parecia
entusiasmado.
"Nós estamos dispostos a ter mais na nossa metade, se
for
necessário", Edward traduziu. O tom dele agora estava
indiferente.
Carlisle sorriu. "Nós veremos como as coisas vão".
"Vocês sabem quando e como eles vão chegar?"
"Eles virão pelas montanhas daqui a quatro dias, tarde
da manhã.
Enquanto eles se aproximam, Alice nos ajudará a interceptar
o
caminho deles".
"Obrigado pela informação. Nós vamos observar".
Com um som de suspiro, os olhos foram mais pra perto do chão
um de cada vez.
Tudo ficou em silêncio por duas batidas de coração, e aí
Jasper
deu um passo até o espaço vazio entre os vampiros e os
lobos.
Não foi difícil pra mim ver ele - a pele dele era tão clara
contra a
escuridão quanto os olhos dos lobos. Jasper lançou um olhar
cauteloso na direção de Edward, que balançou a cabeça, e aí
Jasper virou suas costas para os lobisomens. Ele suspirou,
claramente desconfortável.
"Carlisle está certo", Jasper falou apenas pra
nós; ele pareceu
estar tentando ignorar a platéia atrás dele. "Eles irão
lutar como
crianças. As duas coisas mais importantes que vocês precisam
lembrar são, primeiro, não deixem eles passaram os braços ao
redor de vocês e, segundo, não tente matar de forma óbvia. É
pra isso que eles estão preparados. Contanto que vocês os
peguem pelos lados e continuem se movendo, eles ficaram
confusos e responderão efetivamente. Emmett?"
Emmett saiu da linha com um enorme sorriso.
Jasper foi para a direção norte da abertura entre as duas
linhas
inimigas. Ele acenou que Emmett viesse pra frente.
"Ok, Emmett primeiro. Ele é o melhor exemplo de um
ataque de
recém-nascido".
Os olhos de Emmett se estreitaram. "Eu vou tentar não
quebrar
nada", ele murmurou.
Jasper riu maliciosamente. "O que eu quis dizer é que
Emmett
confia em sua força. Ele é muito ansioso em relação ao
ataque.
Os recém-nascidos também não vão tentar nada subto. Vá com a
forma de morte mais fácil, Emmett".
Jasper retrocedeu mais alguns passos, o corpo dele ficando
tenso.
"Ok, Emmett - tente me pegar".
Eu não conseguí mais ver Jasper - ele era como um vulto
enquanto Emmett partiu pra cima dele como um urso, sorrindo
enquanto rosnava. Emmett era impossívelmente rápido também,
mas não como Jasper. Não parecia que Jasper tinha mais
substância do que um fantasma - toda vez que parecia que as
mãos de Emmett tinham agarrado ele com certeza, os dedos de
Emmett apertavam nada além de ar. Ao meu lado, Edward se
inclinou pra frente atentamente, os olhos dele presos na
luta. Aí
Emmett congelou.
Jasper agarrou ele por trás, com os dentes a apenas alguns
centímetros de seu pescoço.
Emmett xingou.
Houve um rosnado de apreciação entre os lobos que estavam
assistindo.
"De novo", Emmett insistiu, o sorriso dele tinha
desaparecido.
"É a minha vez", Edward protestou. Os meus dedos
ficaram
tensos ao redor dos dele.
"Em um minuto", Jasper sorriu, dando um passo pra
trás.
"Primeiro eu quero mostrar uma coisa pra Bella".
Eu observei com olhos ansiosos enquanto ele fazia um gesto
pra
Alice se aproximar.
"Eu sei que você se preocupa com ela", ele
explicou enquanto ela
dançava despreocupadamente na arena. "Eu quero te
mostrar
porque isso não é necessário".
Apesar de eu saber que Jasper jamais permitiria que alguma
coisa machucasse Alice, ainda assim era difícil olhar
enquanto ele
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