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Eclipse (Português) Parte 6





Eclipse
STEPHENIE MEYER
Terceiro livro da série
 ‘Crepúsculo’.
esta é a Parte 6







entrava em posição novamente encarando ela. Alice ficou imóvel,
parecendo uma bonequinha depois de Emmett, sorrindo pra sí
mesma. Jasper se moveu pra frente, e aí escorregou pela
esquerda dela.
Alice fechou os olhos.
O meu coração batia descompassadamente enquanto Jasper
investia na direção de Alice.
Jasper saltou, desaparecendo. De repente, ele estava do outro
lado de Alice. Ela nem parecia ter se movido.
Jasper se virou e se lançou pra cima dela novamente, só pra cair
em um espaço atrás dela como da primeira vez; todo o tempo
Alice ficou sorrindo com os olhos fechados.
Eu observei Alice mais cuidadosamente agora.
Ela estava se movendo - só que eu estava perdendo isso,
distraída pelos ataques de Jasper. Ela deu um passo pra frente
no exato momento em que o corpo de Jasper passava voando pelo
lugar onde ela havia acabado de estar. Ela deu outro passo,
enquanto as mãos de Jasper agarravam o ar no lugar onde a
cintura dela havia estado.
Jasper fechou o espaço, e Alice começou a se mover mais rápido.
Ela estava dançando - fazendo espirais e rodopiando e se
curvando em sí mesma. Jasper era o seu parceiro, se lançando,
alcançando os padrões graciosos dela, sem nunca tocá-la, como se
todos os momentos fossem coreografados. Finalmente, Alice riu.
Do nada, ela estava agarrada nas costas de Jasper, com os lábios
no pescoço dele.
"Te peguei", ela disse, e beijou a garganta dele.
Jasper gargalhou, balançando a cabeça. "Você realmente é um
monstrinho assustador".
Os lobos murmuraram de novo. Dessa vez o som era cauteloso.
"Isso é bom pra eles aprenderem a ter algum respeito", Edward
murmurou, divertido. Aí ele falou mais alto, "Minha vez."
Ele apertou minha mão antes de soltá-la.
Alice veio tomar o lugar dele ao meu lado. "Legal, hein?", ela me
perguntou presumidamente.
"Muito", eu concordei, sem tirar os olhos de Edward enquanto ele
se movia sem nenhum ruído em direção a Jasper, os movimentos
dele eram leves e observadores como os de um gato selvagem.
"Eu estou de olho em você, Bella", ela sussurrou de repente, a
voz dela estava tão baixa que eu mal conseguí ouvir, apesar dos
lábios dela estarem no meu ouvido.
O meu olhar passou pra ela e depois voltou pra Edward. Ele
estava atento em Jasper, os dois estavam se encarando enquanto
ele fechava a distância.
A expressão de Alice estava cheia de repreensão.
"Eu vou avisar ele se os seus planos ficarem mais definidos", ela
ameaçou com o mesmo murmúrio baixo. "Não vai ajudar em nada
se você se colocar em perigo. Você acha que algum deles
desistiria se você morresse? Eles ainda iriam lutar, todos nós
iríamos. Você não pode mudar nada, então, seja boazinha, tudo
bem?"
Eu fiz uma careta, tentando ignorar ela.
"Eu estou de olho", ela repetiu.
Edward havia fechado o espaço de Jasper agora, e essa luta era
mais justa do que as outras. Jasper tinha um século de
experiência pra guiá-lo, e ele tentava se guiar apenas nos
instintos sempre que podia, mas os pensamentos dele sempre o
traíam uma fração de segundo antes que ele agisse. Edward era
um pouco mais rápido, mas os movimentos que Jasper usava eram
desconhecidos pra ele. Eles vinham pra cima um do outro de novo
e de novo, nenhum dos dois conseguia ganhar vantagem, rosnados
instintivos surgiam o tempo inteiro. Era difícil de assistir, mas
ainda mais difícil de desviar o olhar.
Eles se moviam rápido demais pra que eu údesse entender o que
estava acontecendo. De vez em quando, os olhos afiados dos
lobos chamavam a minha atenção. Eu tinha a sensação de que os
lobos estavam vendo mais disso do que eu - talvez mais do que
eles deviam.
Eventualmente, Carlisle limpou sua garganta.
Jasper riu e deu um passo pra trás. Edward ficou ereto e sorriu
pra ele.
"De volta ao trabalho", Jasper consentiu. "Todos nós vão ter uma
chance".
Todo mundo teve uma vez, Carlisle, depois Rosalie, Esme, e
Emmett de novo. Eu pisquei através dos meus cílios, me
encolhendo quando Jasper atacou Esme. Esse foi o mais difícil de
observar. Aí ele diminuiu a velocidade, ainda não o suficiente pra
que eu visse seus movimentos, e deu mais instruções.
"Vocês vêem o que eu estou fazendo aqui?", ele perguntava. "Sim,
exatamente assim", ele encorajava. "Se concentrem nos lados.
Não se esqueçam de qual será o alvo deles. Continuem se
movendo".
Edward estava sempre concentrado, observando e também
ouvindo o que os outros não podiam ver.
Ficou mais difícil de observar quando os meus olhos ficaram mais
pesados. De qualquer forma, eu não estive dormindo bem
ultimamente, e já estavam se aproximando umas sólidas vinte e
quatro horas desde que eu havia dormido pela última vez. Eu me
inclinei no lado de Edward, e deixei as minhas pálpebras
escorregarem.
"Estamos quase acabando", ele sussurrou.
Jasper confirmou isso, se virando na direção dos lobos pela
primeira vez, com uma expressão desconfortável de novo. "Nós
estaremos fazendo isso amanhã. Por favor sintam-se a vontade
de observar de novo".
"Sim" Edward respondeu com a voz tranquila de Sam. "Nós
estaremos aqui".
Aí Edward suspirou, deu um tapinha no meu braço, e se afastou
de mim. Ele se virou para a família dele.
"O bando acha que ajudaria se eles fossem familiares com cada
um dos nossos cheiros - pra que eles não cometam erroa mais
tarde. Se nós pudéssemos ficar bem imóveis, isso facilitaria pra
eles".
"Certamente", Carlisle disse pra Sam. "O que vocês precisarem".
Houve um rosnado obscuro, gutural do bando de lobos enquanto
eles se colocavam de pé.
Os meus olhos ficaram arregalados de novo, a exaustão estava
esquecida.
A escuridão profunda da noite estava começando a desaparecer -
o sol estava clareando as nuvens, apesar de que ele ainda não
havia clareado o horizonte, longe do outro lado da montanha.
Enquanto eles se aproximavam, foi possível de repente
diferenciar as formas... as cores.
Sam estava no comando, é claro. Inacreditavelmente enorme, tão
escuro quanto a meia-noite, um monstro saído direto dos meus
pesadelos - literalmente; depois da primeira vez que eu ví Sam e
os outros na clareira, eles foram as estrelas principais dos meus
pesadelos mais de uma vez.
Agora que eu podia ver todos eles, combinando o tamanho com
cara par de olhos, eles pareciam ser mais de dez. O bando era
assustador.
Pelo canto do meu olho, eu ví Edward me observando, avaliando
cuidadosamente a minha reação.
Sam se aproximou de Carlisle de onde ele estava na frente, o
enorme bando estava bem no rabo dele. Jasper enrijeceu, mas
Emmett, no outro lado de Carlisle, estava sorrindo e relaxado.
Sam cheirou Carlisle, parecendo estremecer um pouquinho
quando o fazia. Aí ele passou pra Jasper.
Os meus olhos correram pela linha cautelosa dos lobos. Eu tinha
certeza que podia identificar suas novas adições. Havia um lobo
cinza claro que era muito menor que os outros, os pelos na sua
nuca se ergueram de desgosto. Havia outro, com cor de areia do
deserto, que parecia desengonçado e descoordenado ao lado dos
outros.
Um pequeno choramingo escapou do controle do lobo cor de areia
quando o avanço de Sam o deixou isolado entre Carlisle e Jasper.
Eu parei no lobo que estava bem atrás de Sam. O pelo dele era
marrom-avermelhado e mais longo que os dos outros, mas
desarrumado em comparação. Ele era quase tão alto quanto Sam,
o segundo maior no grupo. A postura dele era casual, de alguma
forma demonstrando indiferença ao que para os outros parecia
ser uma provação.
O enorme lobo com pêlo ruivo pareceu sentir o meu olhar, e olhou
pra mim com familiares olhos pretos.
Eu o encarei de volta, tentando acreditar no que eu já sabia. Eu
podia sentir a maravilha e a fascinação no meu rosto.
A boca do lobo se abriu, mostrando seus dentes. Teriam sido uma
expressão assustadora, exceto por a língua dele ter rolado pra
fora num sorriso de lobo.
Eu gargalhei.
O sorriso de Jacob aumentou em cima de seus dentes afiados.
Ele abandounou seu lugar na fila, ignorando os olhos do bando
enquanto eles o seguiam. Ele passou por Edward e por Alice pra
ficar a menos de dois metros de distância de mim. Ela parou lá, o
olhar dele passando brevemente pra Edward.
Edward ficou imóvel, uma estátua, os olhos dele observando a
minha reação.
Jacob se inclinou nas patas da frente e deixou a cabeça cair até
que ela não estava mais alta do que a minha, olhando pra mim,
medindo a minha reação tanto quanto Edward.
"Jacob?", eu respirei.
A resposta foi um estrondo no fundo do peito dele que pareceu
ser uma gargalhada.
Eu levantei a minha mão, meus dedos tremendo um pouco, e
toquei o pêlo marrom-avermelhado no lado do rosto dele.
Os olhos pretos se fecharam, e Jacob inclinou sua enorme
cabeça na minha mão. Um zumbido trovejante ressoou na
garganta dele.
O pêlo era macio e áspero, e quente na minha mão. Eu passei os
meus dedos por ele com curiosidade, sentindo a textura, alisando
o seu pescoço, onde a textura se aprofundava. Eu não tinha me
dado conta do quanto havíamos nos aproximado; sem aviso, Jacob
lambeu o meu rosto de repente desde o queixo até a linha do
cabelo.
"Eca! Que nojo, Jake!" eu reclamei, pulando pra trás e batendo
nele, exatamente como eu teria feito se ele fosse humano. Ele
desviou do caminho, e o latido tossido saiu por entre os dentes
dele óbviamente era um riso.
Eu limpei o meu rosto com a manga da minha camisa, incapaz de
evitar rir dele.
Nesse ponto eu me dei conta de que estavam todos olhando pra
nós, os Cullen e os lobisomens - os Cullen com expressões
perplexas eu um pouco enojadas. Era difícil ver as expressões
dos lobos. Eu achei que Sam não parecia feliz.
E depois havia Edward, nervoso e claramente desapontado. Eu me
dei conta de que ele esperava outra reação da minha parte. Como
gritar ou sair correndo aterrorizada.
Jacob fez o som de risada de novo.
Os lobos estavam se afastando agora, sem tirar os olhos dos
Cullen enquanto iam embora. Jacob ficou ao meu lado,
observando eles irem embora. Em breve, eles desapareceram na
floresta escura. Apenas dois exitaram perto das árvores,
observando Jacob, suas posturas irradiando ansiedade.
Edward suspirou e - ignorando Jacob - veio ficar ao meu lado,
pegando a minha mão.
"Pronta pra ir?", ele me perguntou.
Antes que eu pudesse responder, ele estava olhando por cima de
mim pra Jacob.
"Eu ainda não entendí os detalhes", ele disse, respondendo à
pergunta nos pensamentos de Jacob.
O Jacob-lobo rosnou solenemente.
"É mais complicado que isso", Edward disse. "Não se preocupe; eu
vou ter certeza de que é seguro".
"Do que vocês estão falando?", eu quis saber.
"Nós estamos discutindo a estratégia", Edward disse.
A cabeça de Jacob se mexeu pra frente e pra trás, olhando os
nossos rostos. Então, de repente, ele saiu correndo para a
floresta. Enquanto ele ia embora, eu reparei pela primeira vez em
um quadrado de tecido preto dobrado amarrado na sua perna de
trás.
"Espere", eu chamei, levantando uma mão automaticamente pra
alcansá-lo. Mas ele desapareceu nas árvores em três segundos,
com os outros dois lobos acompanhando.
"Porque ele foi embora?", eu perguntei, magoada.
"Ele vai voltar", Edward respondeu. Ele suspirou. "Ele quer ser
capaz de falar ele mesmo com você".
Eu observei a beira da floresta por onde Jacob havia
desaparecido, me inclinando no lado de Edward. Eu estava a
ponto de ter um colapso, mas eu estava lutando.
Jacob apareceu de novo, dessa vez sobre duas pernas.
O peito largo dele estava nú, seu cabelo estava encaracolado e
desalinhado. Ele usava um par de calças de moletom, seus pés
estavam descalsos no chão frio. Agora ele estava sozinho, mas eu
suspeitava que os amigos dele permaneciam nas árvores,
invisíveis.
Ele não levou muito tempo pra cruzar o campo, apesar dele ter
dado um longo olhar para os Cullen, que estavam silenciosamente
em um círculo frouxo.
"Ok, sugador de sangue", Jacob disse quando estava a alguns
metros de nós, evidentemente continuando a conversa que eu
havia perdido. "O que há de tão complicado nisso?"
"Eu tenho que considerar todas as possibilidades", Edward disse,
sem se deixar abalar. "E se alguém for machucado por você?"
Jacob bufou com a ideia. "Tudo bem, então deixe ela na reserva.
Nós vamos fazer Collin e Brady ficar pra trás mesmo. Ela vai
ficar mais segura lá".
Eu fiz uma carranca. "Vocês estão falando sobre mim?"
"Eu só quero saber o que ele planeja fazer com você durante a
luta", Jacob explicou.
"Fazer comigo?"
"Você não pode ficar em Forks, Bella", a voz de Edward era
apaziguadora. "Lá eles sabem onde te procurar. E se alguém
passasse por nós?"
O meu estômago caiu e o sangue foi drenado do meu rosto.
"Charlie?", eu ofeguei.
"Ele vai ficar com Billy", Jacob me assegurou rapidamente. "Se o
meu pai tiver que cometer um assassinato pra levá-lo até lá, ele
vai fazer isso. Isso tudo provavelmente não será necessário. É
sábado, certo? Há um jogo".
"Esse sábado?", eu perguntei, minha cabeça girando. Eu estava
com a cabeça leve demais pra controlar os meus pensamentos
selvagemente randômicos. Eu fiz uma careta pra Edward. "Bem,
que droga! Lá se vai o meu presente de formatura".
Edward riu. "É o pensamento que conta", ele me lembrou. "Você
pode dar as entradas a outra pessoa".
A inspiração me veio rapidamente. "Angela e Ben", eu decidí
imediatamente. "Pelo menos isso vai tirá-los da cidade".
Ele tocou minha bochecha. "Você não pode evacuar todo mundo",
ele disse com uma voz gentil.
"Te esconder é só uma precaução. Eu te disse - agora nós não
teremos problemas. Não haverão suficiente deles pra nos manter
entretidos".
"Mas e quanto a deixar ela em La Push?", Jacob interrompeu,
impaciente.
"Ela ficou pra lá e pra cá demais", Edward disse. "Ela deixou
trilhas pelo lugar todo. Alice só vê vampiros muito jovens vindo
para a caçada, mas obviamente alguém os criou. Há alguém mais
experiente por trás disso. Quem quer que ele" - Edward parou
pra olhar pra mim - "ou ela seja, essa poderia ser uma distração.
Alice vai ver se ele decidir vir olhar por contra própria, mas nós
estaremos muito, muito ocupados na hora que a decisão for
tomada. Talvez alguém esteja contando com isso. Ela não posso
deixá-la em alguem lugar onde ela esteve frequentemente. Ela
tem que ser difícil de achar, só na dúvida. É uma chance pequena,
mas eu não vou contar com a sorte".
Eu olhei pra Edward enquanto ele explicava, com a minha testa
enrugando. Ele deu um tapinha no meu braço.
"Só sendo muito cuidadoso", ele prometeu.
Jacob fez um gesto para a floresta profunda à leste de nós, para
a vasta expansão das Montanhas Olímpicas.
"Então esconda ela lá", ele sugeriu. "Existe um milhão de
possibilidades - lugares onde tanto você quanto eu poderemos
estar em apenas alguns minutos, se ela precisar".
Edward balançou a cabeça. "O cheiro dela é forte demais e,
combinado com o meu, é especialmente distinto. Mesmo se eu
levasse ela, isso deixaria uma trilha. Nossa trilha é fora de
alcance, mas em conjunção com o cheiro de Bella, chamaria a
atenção deles. Nós não temos certeza absoluta de que caminho
eles vão tomar, porque eles não sabem disso ainda. Se eles
sentissem o cheiro dela antes de nos encontrarem..."
Os dois fizeram caretas ao mesmo tempo, suas sobrancelhas
ficando juntas.
"Você entende as dificuldades".
"Deve haver um jeito de fazer isso funcionar", Jacob murmurou.
Ele olhou na direção da floresta, torcendo os lábios.
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Eu me desequilibrei nos meus pés. Edward passou seu braço pela
minha cintura, me trazendo mais pra perto e sustentando o meu
peso.
"Eu preciso te levar pra casa - você está exausta. E Charlie vai
se acordar logo..."
"Espere um segundo", Jacob disse, se virando de volta pra nós,
com os olhos brilhando. "O meu cheiro te incomoda, certo?"
"Hmm, nada mal", Edward já estava dois passos à frente. "É
possível". Ele se virou em direção a sua família. "Jasper?", ele
chamou.
Jasper olhou pra cima curiosamente. Ele veio até nós com Alice
meio passo atrás. O rosto dela estava frustrado de novo.
"Ok, Jacob", Edward balançou a cabeça pra ele.
Jacob se virou pra mim com uma estranha mistura de emoções no
rosto. Ele claramente estava excitado por qualquer que fosse o
plano dele, mas também aninda estava um pouco intranquilo por
ter seus inimigos tão próximos como aliados. E foi minha vez de
ser cautelosa quando ele ergueu os braços na minha direção.
Edward respirou fundo.
"Nós vamos ver se conseguimos confundir suficientemente o
cheiro pra esconder a sua trilha", Jacob explicou.
Eu olhei para os braços abertos dele suspeitosamente.
"Você vai ter que deixar ele te carregar, Bella", Edward me
disse. A voz dele estava calma, mas eu conseguia ouvir o
desgosto escondido.
Eu fiz uma careta.
Jacob revirou os olhos, impaciente, e se abaixou pra me agarrar
nos seus braços.
"Não seja tão infantil", ele murmurou.
Mas os olhos dele passaram pra Edward, assim como os meus. O
rosto de Edward estava composto e suave. Ele falou com Jasper.
"O cheiro de Bella é muito mais potente pra mim - eu pensei que
seria um testa mais justo se outra pessoa tentasse".
Jacob deu as costas pra eles e se embrenhou rapidamente na
floresta. Eu não disse nada enquanto a escuridão se fechava ao
nosso redor. Eu estava fazendo biquinho, desconfortável nos
braços de Jacob. Ele parecia íntimo demais de mim - certamente
ele não precisava me segurar tão apertado - eu não podia deixar
de me perguntar como ele se sentia com isso.
Isso me lembrou da minha última tarde em La Push, e eu não
queria lembrar daquilo. Eu cruzei os meus braços, aborrecida
quando a tipóia no meu braço intensificou a memória.
Nós não fomos muito longe; ele fez uma volta larga e voltou para
a clareira por uma direção diferente, talvez meio campo de
futebol de distância do ponto de partida original. Edward estava
lá sozinho e Jacob foi em direção a ele.
"Você pode me colocar no chão agora".
"Eu não quero ter uma chance de arruinar a experiência" Ele
caminhou mais devagar e os braços dele se apertaram.
"Você é tão chato", eu murmurei.
"Obrigado".
Do nada, Alice e Jasper estavam de pé ao lado de Edward. Jacob
deu mais um passo, e me colocou no chão à uma meia dúzia de pés
de distância de Edward. Sem olhar de volta pra Jacob, eu
caminhei para o lado de Edward e peguei a mão dele.
"Bem?", eu perguntei.
"Contanto que você não toque nada, Bella, eu não posso imaginar
como alguém poderia colocar o nariz perto o suficiente da trilha
pra sentir o seu cheiro", Jasper disse, fazendo uma careta. "Ele
está quase completamente obscurecido".
"Um sucesso definitivo", Alice concordou, torcendo o nariz.
"E isso me deu uma idéia"
"Que vai dar certo", Alice acrescentou confiantemente.
"Inteligente", Edward concordou.
"Como você aguenta isso?", Jacob murmurou pra mim.
Edward ignorou Jacob e olhou pra mim enquanto explicava. "Nós
vamos - bem, você vai - deixar um trilha falsa até a clareira,
Bella. Os recém-nascidos estão caçando, o seu cheiro vai deixá-los excitados, e eles virão exatamente por onde nós queremos
que eles venham sem que tenhamos que ser cuidadosos sobre
isso. Alice já pode ver que isso vai funcionar. Quando eles
sentirem o nosso cheiro, eles vão se separar e tentar nos cercar
pelos dois lados. A metade irá para a floresta, onde as visões
dela desaparecem de repente..."
"Sim!", Jacob assobiou.
Edward sorriu pra ele, um sorriso de verdadeira camaradagem.
Eu me sentí doente. Como eles podiam estar tão ansiosos com
isso?
Como eu aguentaria ter ambos em perigo? Eu não podia.
Eu não iria.
"Sem chance", Edward disse de repente, com a voz enojada. Isso
me fez pular, me preocupando que ele de alguma forma tivesse
ouvido a minha resolução, mas os olhos dele estavam em Jasper.
"Eu sei, eu sei", Jasper disse rapidamente. "Eu nem considerei
isso, na verdade".
Alice pisou no pé dele.
"Se Bella estivesse de verdade na clareira", Jasper explicou pra
ela, "Isso os deixaria loucos. Eles não seriam capazes de se
concentrar em nada além dela. Isso deixaria bem fácil
acabarmos com eles..."
O olhar de Edward fez Jasper dar pra trás.
"É claro que é perigoso demais pra ela. Foi só um pensamento à
toa", ele disse rapidamente. Mas ele olhou pra mim pelo canto
dos seus olhos, e o olhar era saudoso.
"Não", Edward disse. A voz dele ecoava com finalidade.
"Você está certo", Jasper disse, pegando a mão de Alice e
voltando pra junto dos outros. "Vamos fazer um melhor de
três?", eu ouví ele perguntando a ela enquanto eles iam treinar
de novo.
Jacob encarou ele com desgosto.
"Jasper olha para as coisas por uma perspectiva militar", Edward
defendeu seu irmão baixinho. "Ele olha pra todas as opções - é
eficácia, não insensibilidade".
Jacob bufou.
Ele havia se inlinado mais pra perto inconscientemente,
mergulhado em sua absorção pelos planejamentos. Agora ele
estava a apenas três pés de Edward, e, estando entre eles dois,
eu podia sentir a tensão física no ar. Era como estática, uma
carga desconfortável.
Edward voltou aos negócios. "Eu vou trazê-la aqui a Sexta à
tarde pra espalhar a trilha falsa. Você pode nos encontrar
depois, e eu vou levá-la a um lugar que eu conheço.
Completamente fora do caminho e facilmente defensível, não que
nós cheguemos a isso. Eu vo pegar outra rota daqui".
"E depois o quê? Deixar ela com um celular?", Jacob perguntou
criticamente.
"Você tem uma idéia melhor?"
Jacob ficou presumido de repente. "Na verdade, eu tenho".
"Oh... De novo, cachorro, nada mal".
Jacob se virou rapidamente pra mim, como se estivesse
determinado a bancar o cara bonzinho por me passar a conversa.
"Nós tentamos convencer Seth a ficar pra trás com os dois mais
jovens. Ele ainda é novo demais, mas ele é teimoso e está
resistindo. Então eu pensei em uma tarefa nova pra ele - celular".
Eu tentei parecer que estava entendendo. Não enganei ninguém.
"Contanto que Seth Clearwater permaneça em sua forma de lobo,
ele fica conectado ao bando", Edward disse. "Distância é um
problema?", ele acrescentou, se virando pra Jacob.
"Não"
"Trezentas milhas?", Edward perguntou. "Isso é impressionante".
Jacob foi o cara bonzinho de novo. "Isso é o mais longe que nós
já experimentamos", ele me disse. "Claro como um sino".
Eu balancei a cabeça ausentemente; eu estava me revirando com
a idéia de que Seth Clearwater já era um lobisomem também, e
isso dificultou a minha concentração. Eu podia ver o seu sorriso
brilhante, tão mais jovem que Jacob na minha cabeça; ele não
podia ter mais de quinze anos, se é que ele tinha isso. O
entusiasmo dele no encontro do conselho na fogueira tomou um
significado de repente...
"Essa é um boa idéia", Edward pareceu relutante em admitir. "Eu
vou me sentir melhor com Seth lá, mesmo sem comunicação
instantânea. Eu não sei se eu seria capaz de deixar Bella lá
sozinha. No entanto, pensar nisso! Confiar em lobisomens!"
"Lutando com vampiros ao invés de contra eles!", Jacob imitou o
tom de desgosto de Edward.
"Bem , você aninda vai conseguir lutar contra alguns deles",
Edward disse.
Jacob sorriu. "Essa é a razão pela qual estamos aqui".
19. Egoísta
Edward me carregou pra casa em seus braços, esperando que eu
não fosse capaz de me segurar. Eu devo ter caído no sono no
caminho.
Quando eu acordei, eu estava na minha cama e a luz fraca
entrando pela minha janela estava vindo de um ângulo estranho.
Quase como se fosse se tarde.
Eu bocejei e me estiquei, meus dedos procurando por ele e
encontrando o vazio.
"Edward?", eu murmurei.
Meu dedos procurando encontraram alguma coisa fria e macia. A
mão dele.
"Você realmente está acordada dessa vez?", ele murmurou.
"Mmm", eu murmurei assentindo. "Houveram muitos falsos
alarmes?"
"Você esteve inquieta - falando o dia todo".
"O dia todo?", eu pisquei e olhei pelas janelas de novo.
"Você teve uma noite longa", ele disse me acalmando. "Você
mereceu um dia na cama".
Eu me sentei, e minha cabeça virou. A luz estava entrando pela
minha janela vinda do oeste. "Uau".
"Com fome?", ele adivinhou. "Você quer café da manhã na cama?"
"Eu vou pegar", eu gemi, me esticando de novo. "Eu preciso me
levantar e me mover".
Ele segurou minha mão no caminho para a cozinha, me olhando
cuidadosamente, como se eu estivesse prestes a cair. Ou talvez
ele pensasse que eu estava andando enquanto dormia.
Eu mantive as coisas simples, jogando dois Pop-Tarts na
torradeira. Eu dei uma olhada em mim mesma na reflexão do
cromado.
"Ugh, eu tô uma bagunça".
"Foi uma noite longa", ele disse de novo. "Você devia ter ficado
aqui e dormido".
"Certo! E ter perdido tudo. Sabe, você precisa começar a aceitar
o fato de que eu siu uma parte da família agora".
Ele sorriu. "Eu provavelmente poderia me acostumar com essa
idéia".
Eu me sentei com o meu café da manhã, e ele sentou ao meu lado.
Quando eu levantei o Pop-Tart pra dar a primeira mordida, eu
reparei ele olhando para a minha mão. Eu olhei pra baixo, e ví que
eu ainda estava usando o presente que Jacob havia me dado na
festa.
"Posso?", ele perguntou, pegando o pequeno lobo.
Eu engolí fazendo barulho. "Um, claro". 
Ele moveu sua mão embaixo do pingente da pulseira e equilibrou a
pequena figura na sua palma branca. Por um breve momento, eu
tive medo. Apenas o menor movimento dos seus dedos podia
quebrá-lo em pedaços.
Mas é claro que Edward não faria isso. Eu estava envergonhada
só de ter pensado nisso. Ele só pesou o lobo em sua palma por um
momento, e depois deixou ele cair. Ele balançou levemente no
meu pulso.
Eu tentei ler a expressão nos olhos dele. Tudo o que eu pude ver
foi pensamento; ele manteve todo o resto escondido, se é que
havia mais alguma coisa.
"Jacob Black pode te dar presentes".
Não era uma pergunta, era uma acusação. Só a atestação de um
fato. Mas eu sabia que ele estava se referindo ao meu último
aniversário e ao piti que eu dei por causa dos presentes; eu não
queria nenhum. Especialmente não de Edward. Isso não era
inteiramente lógico, e, é claro, todo mundo me ignorou do mesmo
jeito...
"Você me deu presentes", eu lembrei ele. "Você sabe que eu
gosto de coisas feitas em casa".
Ele torceu os lábios por um momento. "E quando a presentes
passados? Esses são aceitáveis?"
"O que você quer dizer?"
"Essa pulseira", ele passou um círculo no meu pulso com o dedo.
"Você vai usar muito isso?"
Eu levantei os ombros.
"Porque você não ia querer magoar os sentimentos dele", ele
sugeriu astutamente.
"Claro, eu acho que sim".
"Então, você não acha que é justo", ele perguntou, olhando para a
minha mão enquanto falava. Ele virou minha palma pra cima, e
correu seus dedos pelas veias dos meus pulsos. "Se eu tiver uma
pequena representação?"
"Representação?"
"Um pingente - alguma coisa que me mantenha na sua mente".
"Você está em todos os meus pensamentos. Eu não preciso de
lembretes".
"Se eu te der uma coisa, você vai usar?", ele pressionou.
"Um presente passado?", eu chequei.
"Sim, uma coisa que eu já tenho ha algum tempo" Ele sorriu seu
sorriso angelical.
Se essa era a única reação ao presente de Jacob, eu ia aceitar
alegremente. "O que te deixar feliz".
"Você reparou na desigualdade?", ele perguntou, e a voz dele se
tornou acusadora.
"Porque eu certamente reparei".
"Que desigualdade?"
Os olhos dele se estreitaram. "Todas as outras pessoas podem ir
em frente e te dar coisas. Todo mundo menos eu. Eu teria amado
te dar um presente de formatura, mas eu não dei. Eu sabia que
isso te incomodaria mais do que se outras pessoas te dessem.
Isso é absolutamente injusto. Como você se explica?"
"Fácil", eu levantei os ombros. "Você é mais importante do que as
outras pessoas. E você me deu você. Isso já é mais do que eu
mereço, e qualquer outra coisa que você me der só vai nos
colocar ainda mais fora de equilíbrio".
Ele processou isso por um momento, e depois revirou os olhos. "A
forma que você pensa de mim é ridícula".
Eu mastiguei o meu café da manhã calmamente. Eu sabia que ele
não ia me ouvir se eu disse que podia dizer o mesmo sobre ele.
O telefone de Edward vibrou.
Ele olhou para o número antes de abrí-lo. "O que foi, Alice?"
Ele escutou, e eu observei a reação dele, nervosa de repente.
Mas o que quer que ela tenha dito, não surpreendeu ele. Ele
suspirou algumas vezes.
"Eu meio que já esperava por isso",. ele disse pra ela, me olhando
nos olhos, com uma arco de desaprovação nas sobrancelhas. "Ela
estava falando durante o sono".
Eu corei. O que foi que eu disse agora?
"Eu vou cuidar disso", ele prometeu.
Ele me encarou enquanto fechava o telefone. "Há alguma coisa
sobre a qual você queira me falar?"
______________________2
Eu pensei por um momento. Tendo em vista o aviso de Alice na
noite passada, eu podia adivinhar porque ela tinha ligado. E isso
me lembrou dos sonhos problemáticos que eu tive enquanto
dormia durante o dia - sonhos onde eu corria atrás de Jasper,
tentando seguí-lo e encontrar a clareira no meio da floresta,
sabendo que eu iria encontrar Edward lá... Edward e os monstros
que queriam me matar, mas sem me importar com eles porque eu
já havia tomado a minha decisão - eu também já podia adivinhar o
que Edward havia ouvido enquanto eu dormia.
Eu torcí meus lábios por um momento, sem ser exatamente capaz
de encontrar os olhos dele. Ele esperou.
"Eu gosto da idéia de Jasper", eu disse finalmente.
Ele gemeu.
"Eu quero ajudar. Eu tenho que fazer alguma coisa", eu insistí.
"Te colocar em perigo não ia ajudar".
"Jasper acha que ajudaria. Nessa área ele é o expert".
Edward me encarou.
"Você não pode me manter afastada", eu ameacei. "Eu não vou
ficar escondida na floresta enquanto você se enfrenta todos os
riscos por mim".
De repente, ele estava lutando com um sorriso. "Alice não te viu
na clareira, Bella. Ela vê você tropeçando ao redor da floresta.
Você não vai conseguir nos encontrar; você só vai me fazer
consumir mais tempo te procurando depois".
Eu tentei me manter tão tranquila quanto ele estava. "Isso é
porque Alice não viu o fator Seth Clearwater", eu disse
educadamente. "Se ela tivesse, é claro, ela não teria sido capaz
de ver nada mais. Mas parece que Seth quer estar lá tanto
quanto eu. Não deve ser difícil persuadí-lo a me mostrar o
caminho".
Raiva faiscou no rosto dele, e aí ele respirou fundo pra se
recompor. "Isso podia ter dado certo... se você não tivesse me
contado. Agora eu simplesmente vou pedir a Sam que dê certas
ordens a Seth. Mesmo que ele possa querer muito, Seth não será
capaz de ignorar esse tipo de ordem.”
Eu mantive o meu sorriso agradável. “Mas porque Sam daria
essas ordens. Se eu dissesse a ele o quanto ajudaria se eu
estivesse lá? Eu aposto que Sam ia preferia fazer um favor pra
mim do que pra você”.
Ele havia se composto de novo. “Talvez você esteja certa. Mas eu
tenho certeza de que Jacob não estaria nada além de ansioso pra
dar essas mesmas ordens”.
Eu fiz uma careta. “Jacob?”
“Jacob está no segundo comando. Ele nunca te contou isso? As
ordens dele têm que ser seguidas também”.
Ele tinha ganhado, e pelo sorriso dele, ele também sabia disso. A
minha testa enrugou. Jacob ia ficar do lado dele – nesse caso –
eu tinha certeza. E Jacob nunca havia me contado isso.
Edward pegou vantagem no fato de que eu fiquei
momentaneamente embasbacada, continuando em sua voz
suspeitosamente macia e suave.
“Eu dei uma olhada fascinante nas mentes do bando na noite
passada. Era melhor que uma novela. Eu não fazia idéia de como a
dinâmica de uma bando tão grande era complicada. O empurrão
de um indivíduo contra o plural psíquico... Absolutamente
fascinante”.
Ele obviamente estava tentando me distrair. Eu encarei ele.
“Jacob esteve escondendo vários segredos”, ele disse com um
sorriso malicioso.
Eu não respondi, eu só continuei encarando, me segurando ao meu
argumento e esperando por uma abertura.
"Por exemplo, você reparou num lobo menor, cinza que estava lá
na noite passada?"
Eu balancei a cabeça num movimento rígido.
Ele gargalhou, "Eles levam todas aquelas lendas tão a sério.
Acontece que existem coisas para as quais as histórias deles não
os preparam".
Eu suspirei. "Tudo bem, eu vou morder essa. Sobre o que
estamos falando?"
"Eles sempre aceitaram sem questionar que apenas os bisnetos
diretos do lobo original tinham poder pra se transformar".
"Então alguém que não era descendente direto se transformou?"
"Não, ela realmente é uma descendente direta".
Eu pisquei, meu olhos arregalaram. "Ela?"
Ele balançou a cabeça. "Ela conhece você. O nome dela é Leah
Clearwater".
"Leah é um lobisomem!", eu gritei. "Oque? Por quanto tempo?
Porque Jacob não me disse?"
"Existem coisas que ele não tem permissão de dividir - o número
deles, por exemplo. Como eu disse antes, quando Sam dá uma
ordem, o bando não pode simplesmente ignorá-la. Jacob foi
cuidadoso pra pensar em outras coisas enquanto estava perto de
mim. É claro, depois da noite passada, tudo foi em vão".
"Eu não posso acreditar. Leah Clearwater!", de repente, eu me
lembrei de Jacob falando sobre Leah e Sam, e do jeito como ele
agiu, como se tivesse dito coisas demais - depois que ele disse
alguma coisa sobre Sam tendo que olhar nos olhos de Leah todos
os dias e saber que ele havia quebrado suas promessas...
Leah no penhasco, uma lágrima brilhando na bochecha dela
quando o Velho Quil falou sobre o fardo e o sacrifício que os
filhos Quileute dividiam... E Billy, passando o tempo com Sue que
estava tendo dificuldade com seus filhos... e o problema de
verdade era que agora eles dois eram lobisomens!
Eu nunca pensei muito em Leah Clearwater, a não ser pra sentir
pena dela quando Harry morreu, e depois pra sentir pena de novo
quando Jacob me contou a história dela, sobre a estranha
impressão que houve entre Sam e sua prima Emily que havia
quebrado o coração de Leah.
E agora ela era parte do bando de Sam, escutando os
pensamentos dele... e incapaz de esconder os dela.
Eu realmente odeio essa parte, Jacob havia dito, Todas as coisas
das quais você se envergonha, expostas pra todo mundo ver.
"Pobre Leah", eu sussurrei.
Edward bufou. "Ela está tornando a vida deles excessivamente
difícil. Eu não tenho certeza de que ela merece a sua simpatia".
"O que você quer dizer?"
"Já é difícil suficiente pra eles, terem que dividir todos os seus
pensamentos. A maioria deles tenta cooperar, fazer isso ser
mais fácil. Mesmo quando apenas um membro é deliberadamente
malicioso, isso é doloroso pra todos".
"Ela tem razões suficientes", eu murmurei, ainda do lado dela.
"Oh, eu sei", ele disse. "A compulsão da impressão é uma das
coisas mais estranhas que eu já testemunhei em minha vida, e eu
já ví algumas coisas estranhas" Ele balançou a cabeça
pensativamente. "A forma como Sam está ligado a Emily é
impossível de descrever - ou eu deveria dizer o Sam dela. Sam
realmente não teve escolha. Isso me lembra de Sonhos de Uma
Noite de Verão com todo aquele caos criado pelos feitiços de
amor das fadas... como mágica". Ele sorriu. "É realmente quase
tão forte quando o que eu sinto por você".
"Pobre Leah", eu disse de novo. "Mas o que você quer dizer com
malicioso?"
"Ela fica trazendo à tona constantemente coisas sobre as quais
eles não querem pensar," ele explicou. "Como Embry, por
exemplo".
"O que tem Embry?", eu perguntei, surpresa.
"A mão dele veio da reserva de Makah hà dezessete anos atrás,
quando ela estava grávida dele. Ela não é Quileute. Todos
presumiram que ela havia deixado o pai dele pra trás com os
Makah. Mas aí ele se juntou ao bando".
"Então?"
"Então, os principais candidatos pra pais são o Sr. Quil Ateara,
Joshua Uley, ou Billy Black, e todos eles eram casados nessa
época, é claro".
"Não!", eu fiquei ofegante. Edward estava certo - isso era
exatamente uma novela.
"Agora, Sam, Jacob e Quil todos ficam imaginando qual deles
têm um meio irmão. Todos eles gostariam de pensar que fosse
Sam, já que o pai dele nunca foi uma boa figura de pai. Mas
sempre existem dúvidas. Jacob nunca foi capaz de perguntar a
Billy sobre isso".
"Uau. Como é que você conseguiu pegar isso tudo em uma noite?"
"A mente do bando é hipnotisadora. Todos pensando
separadamente ao mesmo tempo. Hà tanta coisa pra ler!"
Ele pareceu levemente arrependido, como alguém que havia
fechado um livro em sua melhor parte. Eu rí.
"O bando é fascinante", eu concordei. "Quase tão fascinante
quanto você é quando está querendo me distrair".
A expressão dele ficou educada de novo - a expressão de um
jogador de pôquer.
"Eu tenho que estar naquela clareira, Edward".
"Não", ele disse num tom muito definitivo.
Uma certa saída clareou pra mim nesse momento.
Não era muito importante que eu estivesse na clareira. Eu só
tinha que estar onde Edward estava.
Cruel, eu acusei a mim mesma, Egoísta, egoísta, egoísta! Não faça
isso!"
Eu ignorei os meus melhores instintos. No entanto, eu não pude
olhar pra ele enquanto falava. A culpa colocou os meus olhos na
mesa.
"Tudo bem, olha, Edward", eu sussurrei. "Aqui está o negócio... Eu
já fiquei louca uma vez. Eu sei quais são os meus limites. Eu não
vou aguentar se você me deixar de novo".
Eu não olhei pra cima pra ver a reação dele, com medo da
quantidade de dor que eu estava inflingindo a ele.
Eu ouví ele sulgar o ar de repente e o silêncio que se seguiu. Eu
encarei o tampo de madeira escura da mesa, desejando pegar
aquelas palavras de volta. Mas sabendo que eu provavelmente não
faria isso. Nem se desse certo.
De repente, os braços dele estavam ao redor, as mãos dele
alisando o meu rosto, meus braços. Ele estava me confortando. A
culpa começou a girar em espiral. Mas o instinto de sobrevivência
era mais forte. Não havia dúvida de que ele era fundamental para
a minha sobrevivência.
"Você sabe que não é assim, Bella", ele murmurou. "Não vai ser
longe, e tudo estará rapidamente acabado".
"Eu não posso aguentar", eu insistí, olhando pra baixo. "Não sem
saber se você vai estar de volta ou não. Como eu sobrevivo a isso,
não importa o quão rapidamente isso acabe?"
Ele suspirou. "Isso vai ser fácil, Bella. Não existem razões para
os seus medos".
"Nenhum mesmo?"
"Nenhum".
"E todos vão ficar bem?"
"Todo mundo", ele prometeu.
"Então não jeito mesmo de que eu seva ser necessária na
clareira?"
"É claro não. Alice acabou de me dizer que eles foram diminuídos
a dezenove. Nós conseguiremos cuidar disso facilmente".
"É isso mesmo - você disse que ia ser tão fácil que alguém até
poderia ficar de fora.", eu repetí as palavras que ele disse na
noite passada. "Você realmente estava falando sério?"
"Sim".
Parecia simples demais - ele deiva saber onde isso estava
chegando.
"Tão fácil que você possa ficar de fora?"
Depois de um longo momento de silêncio, eu finalmente olhei para
a expressão dele.
O rosto do jogador de pôquer estava de volta.
Eu respirei fundo. "Então é de um jeito ou de outro. Ou isso é
mais perigoso do que o que você está querendo me contar, e
nesse caso seria certo que eu estivesse lá pra ajudar, pra fazer
o que eu puder pra ajudar. Ou... isso será tão fácil que ele serão
capazes de passar por isso sem você. De que jeito vai ser?"
Ele não falou.
Eu sabia o que ele estava pensando - a mesma coisa na qual eu
estava pensando.
Carlisle. Esme. Emmett. Rosalie. Jasper. E... eu me forcei a dizer
o último nome. E Alice.
Eu me perguntei se eu era um monstro. Não do tipo que ele
pensava que ele era, mas um de verdade. O tipo de verdade que
machuca as pessoas. O tipo que não tem limites quando se trata
do que eles querem.
O que eu queria era mantê-lo a salvo, a salvo comigo. Será que eu
tinha limites pra o que eu faria, o que eu sacrificaria por isso? Eu
não tinha certeza.
"Você está me pedindo pra ir deixá-los lutar sem a minha
ajuda?", ele perguntou com uma voz baixa.
"Sim", eu estava surpresa por conseguir manter a minha voz
uniforme, já que eu me sentia tão miserável por dentro. "Ou me
deixar estar lá. Qualquer um dos dois, contanto que estejamos
juntos".
Ele respirou fundo, e exalou lentamente. Ele colocou suas mãos
dos dois lados do meu rosto, me forçando a olhar pra ele. Ele me
olhou dentro dos olhos por um longo tempo. Eu me perguntei o
que ele estava procurando, e o que ele encontrou. Será que a
culpa estava tão aparente no meu rosto quanto estava no meu
estômago - me deixando enjoada?
Os olhos dele se apertaram por causa de alguma emoção que eu
conseguí ler, e ele baixou sua mão pra pegar o telefone de novo.
"Alice", ele suspirou. "Será que você pode vir tomar conta de
Bella por mim um pouco?" Ele ergueu uma sobrencelha, me
desafiando a me opor a isso. "Eu preciso falar com Jasper".
Ela evidentemente concordou. Ele guardou o telefone e voltou a
olhar para o meu rosto.
"O que você vai dizer pra Jasper?", eu sussurrei.
"Eu vou discutir... a minha saída".
Era fácil ver no rosto dele o quanto essas palavras eram difíceis
pra ele.
"Eu lamento".
Eu lamentava. Eu odiava ter que fazer isso com ele. Mas não o
suficiente pra dar um sorriso falso e dizer que ele seguisse em
frente sem mim. Definitivamente não tanto assim.
"Não se desculpe", ele disse, sorrindo só um pouquinho. "Nunca
tenha medo de me dizer como você se sente, Bella. Se isso é o
que você precisa..." ele levantou os ombros. "Você é minha
primeira prioridade"
"Eu não queria que parecesse desse jeito - como se você tivesse
que escolher entre mim e sua família".
"Eu sei disso. Além do mais, não foi isso o que você pediu. Você
me deu duas alternativas com as quais você podia conviver, e eu
escolhí a alternativa com a qual eu posso conviver. É assim que
um compromisso deve funcionar".
Eu me inclinei pra frente e encostei minha testa no peito dele.
"Obrigada", eu sussurrei.
"A qualquer hora", ele respondeu, beijando o meu cabelo.
"Qualquer coisa".
Nós não tivemos que nos mexer por um longo momento. Eu
mantive o meu rosto escondido, pressionado contra a camisa
dele. Duas vozes discutiam dentro de mim. Uma que queria ser
boa e corajosa, e uma que falava pra a boa que ficasse de bico
fechado.
"Quem é a terceira esposa?", ele me perguntou de repente.
"Huh?", eu perguntei, protelando. Eu não me lembrava de ter tido
aquele sonho de novo.
"Você estava murmurando alguma coisa sobre "a terceira esposa"
na noite passada. O resto fez um pouco de sentido, mas aí você
me deixou confuso".
"Oh. Um, é. Essa foi apenas uma das histórias que eu ouví na
fogueira na noite passada", eu levantei os ombros. "Eu acho que
ficou grudada em mim".
Edward se afastou de mim e deixou a cabeça pender pro lado,
provavelmente confuso pelo tom confuso da minha voz.
______________________3
Antes que ele pudesse pergunta, Alice apareceu na porta da
cozinha com uma expressão azeda.
"Você vai perder toda a diversão", ela murmurou.
"Olá, Alice", ele saudou de volta. Ele colocou um dedo embaixo do
meu queixo e levantou o meu rosto e me dar um beijo de adeus.
"Eu vou voltar mais tarde essa noite", ele prometeu. "Eu vou
trabalhar isso com os outros... rearrumar as coisas".
"Tudo bem".
"Não há muito pra rearrumar", Alice disse. "Eu já contei pra eles.
Emmett está contente".
Edward suspirou. "É claro que ele está".
Ele saiu pela porta, me deixando pra enfrentar Alice.
Ela me encarou.
"Eu lamento", eu me desculpei de novo. "Você acha que isso
tornará as coisas mais difíceis pra vocês?"
Alice bufou. "Você se preocupa demais, Bella. Você vai ficar
prematuramente grisalha".
"Então, porque você está aborrecida?"
"Edward é um resmungão quando não consegue fazer as coisas do
jeito que ele quer. Eu só estou antecipando como vai ser viver
com ele pelos próximos meses". Ela fez uma cara. "Eu acho que,
se isso te deixa sã, vale a pena. Mas eu queria que você pudesse
controlar o seu pessimismo, Bella. É tão desnecessário".
"Você deixaria Jasper ir sem você?", eu quis saber.
Alice fez uma careta. "Isso é diferente".
"Claro que é".
"Vá se limpar", ela me ordenou. "Charlie vai estar em casa em
quinze minutos, e se ele te encontrar acabada desse jeito, ele
não vai mais querer deixar você sair"
Uau, eu realmente tinha perdido o dia inteiro. Isso parecia um
desperdício. Eu estava feliz por não ter que perder o meu tempo
dormindo pra sempre.
Eu estava inteiramente apresentável quando Charlie chegou em
casa - totalmente vestida, com o cabelo decente, e na cozinha
colocando o jantar dele na mesa. Alice sentou no lugar de
costume de Edward, e isso pareceu iluminar o dia de Charlie.
"Olá, Alice! Como vai você, querida?"
"Eu estou bem, Charlie, obrigada"
"Eu vejo que você finalmente saiu da cama, dorminhoca", ele
disse pra mim enquanto eu me sentava ao lado dele, antes de se
virar de volta pra Alice. "Todo mundo está falando da festa que
os seus pais deram na noite passada. Eu aposto que vocês têm
uma baita limpeza pra fazer hoje".
Alice levantou os ombros. Conhecendo ela, já estava tudo feito".
"Valeu a pena", ela disse. "Foi uma festa ótima".
"Onde está Edward?", Charlie perguntou um pouco mal-humorado.
"Ele está ajudando com a limpeza?"
Alice suspirou e o rosto dela ficou trágico. Provavelmente era
uma atuação, mas era perfeita demais pra que eu fosse otimista.
"Não. Ele está planejando o fim de semana com Emmett e
Carlisle".
"Vão caminhar de novo?"
Alice balançou a cabeça, de repente com uma expressão
abandonada.
"Sim. Todos eles vão menos eu. Nós sempre vamos acampar no
final do ano escolar, um tipo de celebração, mas esse ano eu
decidí que preferia fazer compras do que caminhar, e nenhum
deles quis ficar pra trás comigo. Eu estou abandonada".
O rosto dela se contorceu, uma expressão tão devastada que
Charlie se inclinou em direção a ela automaticamente, com uma
mão erguida, procurando alguma forma de ajudar. Eu encarei ela
suspeitosamente. O que ela estava fazendo?
"Alice, querida, porque você não vem ficar conosco?", Charlie
ofereceu. "Eu odeio pensar que você vai ficar sozinha naquela
casa grande".
Ela suspirou. Alguma coisa chutou meu pé por debaixo da mesa.
"Ow!", eu protestei.
Charlie se virou pra mim. "O que?"
Alice me lançou um olhar frustrado. Eu podia notar que ela
estava pensando que eu estava muito lenta essa noite.
"Batí o meu dedão", eu murmurei.
"Oh", ele olhou de volta pra Alice. "Então, que tal?"
Ela chutou o meu pé de novo, dessa vez não com tanta força.
"Er, pai, sabe, nós realmente não temos as melhores
acomodações aqui. Eu aposto que Alice não quer dormir no
chão..."
Charlie torceu os lábios. Alice fez aquela expressão devastada
de novo.
"Talvez Bella devesse ficar lá com você", ele sugeriu. "Só até os
seus parentes voltarem".
"Oh, você faria isso, Bella?" Alice sorriu radiantemente pra mim.
"Você não se importaria em fazer comprar comigo, certo?"
"Claro", eu concordei. "Compras. Ok".
"Quando eles vão embora?" Charlie perguntou.
Alice fez outra cara. "Amanhã"
"Quando você quer que eu vá?", eu perguntei.
"Depois do jantar, eu acho", ela disse, colocando um dedo no
queixo, pensativa. "Você não tem nada pra fazer no Sábado, tem?
Eu quero sair da cidade pra fazer compras, e vai ser coisa de
uma tarde inteira".
"Seattle não", Charlie interviu, com as sobrancelhas se juntando.
"É claro que não", Alice concordou imediatamente, apesar de que
nós duas sabíamos que Seattle estaria bastante segura no
Sábado. "Eu estava pensando em Olympia, talvez..."
"Você vai gostar disso, Bella", Charlie disse, alegre de alívio.
"Passar algum tempo na cidade".
"É, pai, vai ser ótimo".
Com uma conversa fácil, Alice havia limpado a minha agenda para
a batalha.
Edward voltou não muito mais tarde. Ele aceitou os desejos de
Charlie para uma boa viagem sem surpresa. Ele disse que eles
estavam partindo cedo no dia seguinte, e disse boa noite mais
cedo que o normal. Alice foi embora com ele.
Eu pedí licença pouco tempo depois que eles foram embora.
"Você não pode estar cansada", Charlie protestou.
"Um pouco", eu mentí.
"Não é de estranhar que você gosta de escapar de festas", ele
murmurou. "Você demora bastante pra se recuperar".
Lá em cima, Edward estava deitado na minha cama.
"Que horas nós vamos encontrar os lobos?", eu murmurei
enquanto ia me juntar a ele.
"Em uma hora".
"Isso é bom. Jake e os amigos dele precisam descansar um
pouco".
"Eles não precisam disso tanto quanto você", Edward apontou.
Eu passei pra outro tópico, presumindo que ele estava prestes a
tentar me convencer a ficar em casa. "Alice te contou que ela vai
me sequestrar?"
Ele sorriu maliciosamente. "Na verdade, ela não vai".
Eu encarei ele, confusa, e ele riu baixinho da minha expressão.
"Sou eu que tem permissão pra te fazer de refém, lembra?", ele
disse. "Alice vai caçar com os outros". Ele suspirou. "Eu acho que
eu não preciso mais fazer isso".
"Você está me sequestrando?"
Ele balançou a cabeça.
Eu pensei nisso brevemente. Nada de Charlie ouvindo lá embaixo,
ou vindo me checar com certa frequência. E nada de uma casa
cheia de vampiros acordados com suas audições intromissívas...
Só ele e eu - realmente sozinhos.
"Isso está bem?", ele perguntou, preocupado com o meu silêncio.
"Bem... claro, exceto por uma coisa".
"Que coisa?" Os olhos dele estavam ansiosos. Era uma tremenda
bobagem, mas, de alguma forma, ele ainda parecia incerto quanto
ao poder sobre mim. Talvez eu precisasse me fazer mais clara.
"Porque Alice não disse a Charlie que vocês iam embora hoje à
noite?", eu perguntei.
Ele riu, aliviado.
Eu aproveitei mais a viagem até a clareira do que na noite
passada. Eu ainda me sentia culpada, mas eu já não estava mais
aterrorizada. Eu podia pensar. Eu podia olhar para o que estava
acontecendo, e quase acreditar que talvez as coisas poderiam
acabar bem. Aparentemente Edward estava bem com a idéia de
perder a luta... e isso fez ser muito difícil de acreditar quando
ele disse que seria fácil. Ele não abandonaria a família dele se ele
mesmo não acreditasse nisso. Talvez Alice estivesse certa, eu me
preocupava demais.
Nós fomos os últimos a chegar à clareira.
Jasper e Emmett já estavam lutando - pelo som das risadas
deles eles só estavam se aquecendo. Alice e Rosalie estavam
sentadas no chão duro, olhando. Esme e Carlisle estavam
conversando a alguns metros de distância, suas cabeças estavam
juntas, os dedos entrelaçados, sem prestar atenção.
Essa noite estava muito mais clara, a lua estava brilhando
através das nuvens grossas, e eu podia ver claramente os três
lobos sentados na beira da arena de luta, um pouco espaçados
pra observarem de ângulos diferentes.
Também foi fácil reconhecer Jacob; eu teria reconhecido ele
imediatamente, mesmo se ele não tivesse olhado pra cima e
olhado para a direção do som da nossa chegada.
"Onde está o resto dos lobos?", eu me perguntei.
"Eles não precisam estar todos aqui. Apenas um bastaria, mas
Sam não confia em nós o suficiente pra mandar apenas Jacob,
apesar disso ser o que Jacob queria. Quil e Embry como sempre
são seu... acho que você poderia dizer ajudantes".
"Jacob confia em você".
Edward balançou a cabeça. "Ele confia que nós não tentaremos
matar ele. No entanto, isso é tudo".
"Você vai participar essa noite?", eu perguntei a ele, hesitante.
Eu sabia que seria tão difícil pra ele ser deixado pra trás quanto
teria sido pra mim. Talvez mais difícil.
"Eu vou ajudar quando Jasper precisar. Ele quer tentar alguns
agrupamentos desiguais, ensiná-los a lidar com alguns ataques
múltiplos".
Ele levantou os ombros.
E uma onda de pânico lavou a minha breve sensação de confiança.
Eles ainda estavam em menor número. Eu estava piorando isso.
Eu olhei para o campo, tentando esconder a minha reação.
Esse era o lugar errado, lutando como eu estava comigo mesma,
pra me convercer de que tudo acabaria da forma como eu
precisava que acabasse. Porque quando eu forcei os meus olhos a
se afastarem dos Cullen - pra longe da imagem da luta de
brincadeira dele que seria real e mortal em alguns dias - Jacob
capturou os meus olhos e sorriu pra mim.
Era o mesmo sorriso de lobo de antes, os olhos dele se
estreitando como faziam quando ele era humano.
Era difícil de acreditar que, hà não muito tempo atrás, eu tinha
achado os lobisomens assustadores - perdia o sono com
pesadelos sobre eles.
Eu sabia, sem perguntar, qual deles era Embry e qual era Quil.
Porque Embry claramente era o lobo cinza mais magro com os
pontos escuros nas costas, que se sentava pacientemente
observando, enquanto Quil - cor de chocolate forte, mas clara no
rosto dele - se mexia constantemente, parecendo que ele estava
morrendo de vontade de se juntar à luta de brincadeira. Eles não
eram monstros, mesmo desse jeito. Eles eram amigos.
Amigos que nem de perto pareciam ser tão indestrutíveis quanto
Emmett e Jasper pareciam ser, se movendo mais rapidamente do
que ataques de cobra enquanto a luz da lua reluzia em suas peles
duras como granito. Amigos que não pareciam entender o perigo
envolvido aqui. Amigos que de certa forma ainda pareciam ser
mortais, amigos que podiam sangrar, amigos que podiam morrer...
A confiança de Edward era tranquilizadora, porque estava claro
que ele não estava realmente preocupado com a sua família. Mas
será que ele ficaria magoado se alguma coisa acontecesse com os
lobos? Será que haviam razões pra que ele ficassem ansioso,
sendo que provavelmente isso não incomodava ele?
A confiança de Edward só aplacava uma parte dos meus medos.
Eu tentei sorrir de volta pra Jacob, engolindo o caroço da minha
garganta. Eu parecia estar fazendo isso certo.
Jacob se pôs levemente de pé, a agilidade dele era um contraste
com a sua massa, e correu até onde Edward e eu estavamos só
observando as coisas.
"Jacob", Edward o saudou educadamente.
Jacob ignorou ele, seus olhos escuros estavam em mim. Ele
abaixou a cabeça até o meu nível, como tinha feito ontem,
pendendo ela pra um lado. Um chorinho baixo escapou pelo
fucinho dele.
"Eu estou bem", eu respondí, sem precisar da tradução que
Edward estava prestes a dar. "Só preocupada, sabe".
Jacob continuou a me encarar.
"Ele quer saber porque", Edward murmurou.
Jacob rosnou - um som ameaçador, um som aborrecido - e os
lábios de Edward se torceram.
"O quê?", eu perguntei.
"Ele acha que a minha tradução deixa algo a desejar. O que ele
pensou mesmo foi 'Isso é muito estúpido. O que há pra se
preocupar?' Eu editei, porque eu achei que era rude".
Eu dei um meio sorriso, ansiosa demais pra me divertir. "Têm
muitas coisas pra se preocupar", eu disse a Jacob. "Tipo um
monte de lobisomens idiotas se machucando".
Jacob sorriu o seu rosnado tossido.
Edward suspirou. "Jasper que ajuda. Você vai ficar bem sem
tradutor?"
"Eu consigo".
Edward me olhou saudosamente por um minuto, a expressão dele
era difícil de entender, e depois se virou e correu para onde
Jasper estava esperando.
Eu me sentei onde estava. O chão era frio e desconfortável.
Jacob deu um passo pra frente, aí olhou pra mim, um choro baixo
apareceu na garganta dele. Ele deu outro meio passo.
"Vá sem mim", eu disse a ele. "Eu não quero olhar".
Jacob inclinou sua cabeça para o lado por um momento, e depois
se curvou no chão ao meu lado com um suspiro ruidoso.
"De verdade, você pode ir em frente", eu assegurei ele. Ele não
respondeu, só colocou a cabeça nas patas da frente.
Eu olhei pra cima para as nuvens prateadas, sem querer ver a
luta.
A minha imaginação já tinha combustível mais que suficiente.
Uma brisa soprou na clareira, e eu estremecí.
Jacob se trouxe mais pra perto de mim, pressionando seu pêlo
quente no meu lado esquerdo.
"Er, obrigada", eu murmurei.
Depois de alguns minutos, eu estava encostada em seu ombro
largo. Era muito mais confortável desse jeito.
As nuvens se moviam lentamente pelo céu, escurecendo e ficando
mais claras enquanto as figuras grossas se aproximavam da lua e
passavam por ela.
Ausentemente, eu comecei a passar os meus dedos pelo pêlo do
pescoço dele. O mesmo som estranho de zumbido que ele havia
feito ontem resoou na garganta dele. Era um som familiar. Mais
áspero, maior do que o ronco de um gato, mas convinha do mesmo
contentamento.
"Sabe, eu nunca tive um cachorro", eu meditei. "Eu sempre quis
ter um, mas Renée é alérgica".
Jacob riu, o corpo dele estremeceu embaixo de mim.
"Você não está nem um pouco preocupado com Sábado?", eu
perguntei.
Ele virou sua cabeça enorme na minha direção, pra que eu
______________________4
pudesse ver os olhos dele se revirando.
"Eu queria poder ser tão positiva".
Ele encostou a cabeça na minha perna e começou a zumbir de
novo. E isso me fez ficar só um pouco melhor.
"Então nós temos um pouco de caminhada pra fazer amanhã, eu
acho".
Ele rosnou; o som estava entusiasmado.
"Essa pode ser uma longa caminhada", eu avisei a ele. "Edward
não julga distâncias do jeito que uma pessoa normal faz".
Jacob latiu outra risada.
Eu me afundei mais no pêlo dele, descansando a minha cabeça no
pêlo dele.
Era estranho. Mesmo quando ele estava nessa forma bizarra, ele
parecia ser mais parecido com o Jake que eu conhecia - a
amizade fácil, sem esforços que era tão natural quanto respirar
pra dentro e pra fora - do que nas poucas vezes em que eu
estava com Jacob enquanto ele era humano. Era estranho que eu
pudesse encontrar isso aqui, quando eu achava que toda essa
coisa de lobo foi o que causou sua perda.
Os jogos mortais continuaram na clareira, e eu olhava para a lua
nebulosa.
20. Compromisso
Tudo estava pronto.
Eu estava com as malas prontas para a minha visita de dois dias
com "Alice", e a minha mala esperava por mim no banco do
passageiro da minha caminhonete. Eu havia dado os ingressos do
show para Angela, Ben e Mike. Mike ia levar Jessica, que era
exatamente o que eu esperava. Billy havia pego o barco do Velho
Quil Ateara emprestado e convidou Charlie pra uma pescaria em
mar aberto à tarde antes que o jogo começasse. Collin e Brady,
os dois lobisomens mais jovens, foram deixados pra trás pra
proteger de La Push - eles eram apenas crianças, eles dois
tinham apenas treze anos. Mesmo assim, Charlie ainda estaria
mais seguro do que qualquer pessoa deixada em Forks.
Eu tinha feito tudo o que podia. E tentei aceitar isso, e colocar
coisas que estavam fora do meu controle pra trás na minha
cabeça, pelo menos por essa noite. De uma forma ou de outra,
tudo isso estaria acabado em quarenta e oito horas. Esse
pensamento era quase reconfortante.
Edward havia pedido que eu relaxasse, e eu ia fazer o melhor que
eu pudesse.
"Só por essa noite, será que podemos tentar esquecer tudo além
de simplesmente você e eu?", ele havia implorado, despejando
todo o poder dos seus olhos em mim. "Parece que eu nunca tenho
tempo assim suficiente. Eu preciso estar com você. Só você".
Esse não era um pedido dificil de se concordar, apesar de eu
saber que esquecer o meus medos era muito mais fácil de dizer
do que de fazer. Outras coisas estavam na minha cabeça agora,
sabendo que nós teríamos essa noite pra ficar sozinhos, e isso ia
ajudar.
Haviam algumas coisas que haviam mudado.
Por exemplo, eu estava pronta.
Eu estava pronta pra me juntar à família dele e ao seu mundo. O
medo e a culpa e a angústia que eu estava sentindo agora haviam
me ensinado isso. Eu tinha tido uma chance de me concentrar
nisso - eu tinha olhado para a lua através das nuvens e havia me
encostado em um lobisomem - e eu sabia que não entraria em
pânico de novo. Da próxima vez que alguma coisa estivesse vindo
pra nós, eu estaria pronta. 
Um recurso, não uma responsabilidade. Ele nunca mais teria que
escolher entre mim e sua família de novo. Nós seríamos
parceiros, como Alice e Jasper. Da próxima vez, eu faria a minha
parte.
Eu esperaria até que a espada fosse tirada de cima da minha
cabeça, pra que Edward ficasse satisfeito. Mas isso não era
necessário. Eu estava pronta.
Só havia um pedaço faltando.
Um pedaço, porque haviam coisas que não haviam mudado, e isso
incluía a forma desesperada como eu amava ele. Eu tive bastante
tempo pra pensar nas ramificações da aposta de Jasper e
Emmett - pra descobrir as coisas que eu estava querendo perder
com a minha humanidade, e na parte da qual eu não estava com
vontade de desistir. Eu sabia em qual experiência eu ia insistir
antes de me tornar não-humana.
Então nós tínhamos algumas coisas pra fazer essa noite. Depois
de tudo o que eu havia visto nos últimos dois anos, eu não
acreditava mais na palavra impossível. Ia ser necessário mais do
que isso pra me deter agora.
Ok, bem, honestamente, provavelmente isso ia ser muito mais
complicado que isso. Mas eu ia tentar.
Tão decidida quanto eu estava, eu não estava tão surpresa por
me sentir nervosa enquanto eu dirigia pelo longo caminho até a
casa dele - eu não sabia como fazer o que eu estava tentando
fazer, e isso me garantiu uma séria agitação. Ele estava sentado
no banco do passageiro, tentando não sorrir do meu passo lento.
Eu estava surpresa por ele não ter insistido em pegar o volante,
mas essa noite ele parecia contente em seguir a minha
velocidade.
Já estava escuro quando nós chegamos à casa dele. A despeito
disso, a clareira estava brilhando com as luzes que saiam de
todas as janelas.
Assim que eu desliguei o motor, ele estava na minha porta,
abrindo ela pra mim. Ele me levantou da cabine com um braço,
pegando a minha mala da caminhonete e jogando-a por cima do
ombro com a outra. Os lábios dele encontraram os meus enquanto
eu ouvia ele chutar a porta da caminhonete pra fechá-la atrás de
mim.
Sem quebrar o beijo, ele me levantou até que eu estava aninhada
em seus braços e me levou pra dentro de casa.
A porta já estava aberta? Eu não sabia. Contudo, nós já
estavamos dentro, e eu estava atordoada. Eu tive que me
lembrar de respirar.
Esse beijo não me assustou. Não foi como antes quando eu podia
sentir o medo e o pânico escapando do controle dele. Os lábios
dele não estavam mais ansiosos, mas agora estavam entusiásticos
- ele parecia tão feliz quanto eu por termos essa noite pra nos
concentrarmos um no outro. Ele continuou a me beijar por vários
minutos, parados na entrada; ele pareceu menos resguardado do
que o normal, a boca dele era fria e urgente na minha.
Eu comecei a me sentir cuidadosamente otimista. Talvez
conseguir o que eu queria não fosse tão difícil quanto eu estava
esperando.
Não, é claro que ia ser exatamente difícil desse jeito.
Com uma risadinha, ele me afastou, me segurando nos braços.
"Bem-vinda ao lar", ele disse, seus olhos estavam líquidos e
quentes.
"Isso parece legal", eu disse, sem ar.
Ele me colocou gentilmente de pé. Eu passei meus dois braços ao
redor dele, me recusando a deixar que algum espaço se formasse
entre nós.
"Eu tenho uma coisa pra você", ele disse, com um tom
conversional.
"Oh?"
"O seu presente passado, lembra? Você disse que isso era
permitido".
"Oh, é mesmo. Eu acho que disse isso".
Ele gargalhou com a minha relutância.
"Está lá no meu quarto. Vamos pegá-lo?"
O quarto dele? "Claro", eu concordei, me sentindo bastante
desviada enquanto entrelaçava os meus dedos com os dele.
"Vamos lá".
Ele devia estar ansioso pra me dar o meu não-presente, porque a
velocidade humana não foi suficiente pra ele. Ele me pegou nos
braços de novo e praticamente voou pelas escadas até o quarto
dele. Ele me colocou no chão na porta, e foi até o seu closet.
Ele já estava de volta antes que eu desse um passo, mas eu
ignorei ele e fui até a enorme cama dourada, me sentando na
beira e depois deslizando até o centro.
Eu me curvei em uma bola, meus braços ao redor dos meus
joelhos.
"Ok", eu murmurei. Agora que eu estava onde queria estar, eu
podia me dar ao luxo de relutar um pouco. "Pode me dar".
Edward riu.
Ele subiu na cama pra sentar ao meu lado, e o meu coração
disparou desigualmente. Eu tinha esperanças de que ele
interpretasse isso como algum tipo de reação a ele me dando
presentes.
"Um presente passado", ele me lembrou duramente. Ele puxou
meu pulso esquerdo pra longe da minha perna, e tocou a pulsei de
prata só por um momento. Aí ele devolveu meu braço.
Eu o examinei cuidadosamente. No lado oposto de onde estava o
lobo, agora balançava um cristal brilhante em formato de
coração. Ele estava cortado em milhões de facetas, então,
mesmo com a luz fraca de saia da luminária, ele brilhou. Eu inalei
em um ofego baixo.
"Era da minha mãe" Ele levantou os ombros num gesto
implorativo. "Eu herdei muitas coisinhas como essa. Eu dei
algumas pra Esme e Alice. Então, claramente, essa não é uma
grande coisa de qualquer maneira".
Eu sorri sentidamente com a garantia dele.
"Mas eu achei que essa era uma boa representação", ele
continuou. "É duro e frio" Ele riu. "E faz arco-íris na luz do sol".
"Você esqueceu da similaridade mais importante", eu murmurei.
"É lindo".
"O meu coração é igualmente silencioso", ele meditou. "E ele
também, agora é seu".
Eu virei o meu pulso pra que o coração reluzisse. "Obrigada. Pelos
dois".
"Não, obrigado você. É um alívio que você aceite um presente tão
facilmente. É bom pra você praticar também" Ele sorriu,
mostrando seus dentes.
Eu me inclinei pra ele, colocando minha cabeça embaixo do braço
dele e me aconchegando no lado dele. Isso provavelmente era
similar se aconchegar em David de Michelangelo, exceto que essa
criatura perfeita de mármore passou os braços ao meu redor e
me trouxe mais pra perto.
Esse pareceu ser um bom lugar pra começar.
"Podemos discutir uma coisa? Eu apreciaria se você começasse
com a mente aberta".
Ele hesitou por um momento. "Eu vou me esforçar o quanto
puder", ele concordou, agora cuidadoso.
"Eu não estou quebrando regra nenhuma", eu prometí. "Isso é
estritamente sobre eu e você". Eu limpei minha garganta.
"Então... eu fiquei impressionada de ver o quanto nós fomos
capazes de nos comprometer na outra noite. Eu estava pensando
que eu gostaria de aplicar o mesmo princípio para uma situação
diferente", eu me perguntei porque eu estava sendo tão formal.
Deviam ser os nervos.
"O que você gostaria de negociar?", ele perguntou, um sorriso em
sua voz.
Eu lutei, tentando encontrar as palavras certas pra começar.
"Ouça o seu coração voar", ele murmurou. "Ele está tremulando
como as asas de um bando de pássaros. Você está bem?"
"Eu estou ótima".
"Por favor vá em frente então", ele encorajou.
"Bem, eu acho, primeiro, eu queria falar sobre aquela coisa
ridícula da condição do casamento".
"Só é ridícula pra você. O que tem ela?"
"Eu estava me perguntando... essa é uma negociação aberta?".
Edward fez uma careta, sério agora. "Eu já fiz a maior concessão
por agora e por depois - eu concordei em tomar sua vida mesmo
contra o meu melhor julgamento. E isso devia me garantir alguns
compromissos da sua parte".
"Não", eu balancei minha cabeça, me concentrando em manter
meu rosto composto. "Essa parte já é um negócio fechado. Nós
não estamos negociando as minhas... renovações agora. Eu quero
martelar em alguns outros detalhes".
Ele me olhou suspeitosamente. "De que detalhes você fala
exatamente?"
Eu hesitei. "Primeiro vamos esclarecer os seus pré-requisitos".
"Você sabe o que eu quero".
"Matrimônio", eu fiz parecer que essa era uma palavra suja.
"Sim", ele deu um sorriso largo. "Pra começar".
O choque estragou a minha expressão composta. "Tem mais?"
"Bem", ele disse, e seus rosto estava calculando. "Se você é
minha esposa, então o que é meu é seu... como o dinheiro para a
faculdade. Então não haveria problema com Dartmouth".
"Mais alguma coisa? Já que você já está sendo absurdo?"
"Eu não me importaria com um pouco mais de tempo".
"Não. Tempo não. Só isso já quebraria o trato".
Ele suspirou desejando. "Só um ano ou dois?"
Eu balancei a cabeça, meus lábios faziam uma careta de teimosia.
"Passe para a próxima".
"Isso é tudo. A não ser que você queira falar sobre carros..."
Ele deu um largo sorriso quando eu fiz uma careta, e aí pegou
minha mão e começou a brincar com os meus dedos.
"Eu não tinha me dado conta de que havia mais alguma coisa que
você queria além de ser transformada em um monstro também.
Eu estou extremamente curioso" A voz dele era baixa e suave. O
pequeno nervosismo seria difícil de detectar se eu não o
conhecesse tão bem.
Eu pausei, olhando para as suas mãos nas minhas. Eu ainda não
sabia como começar. Eu sentia os olhos dele me observando e
estava com medo de olhar pra cima. O sangue começou a queimar
no meu rosto.
Os dedos frios dele alisaram a minha bochecha. "Você está
corando?" ele perguntou surpreso. Eu mantive os meus olhos
baixos. "Por favor, Bella, esse suspense é tão doloroso".
Eu mordí meu lábio.
"Bella". Agora o tom dele estava me repreendendo, me lembrando
que era difícil pra ele quando eu quardava os meus pensamentos
só pra mim.
"Bem, eu estou um pouco preocupada... sobre depois", eu admití,
finalmente olhando pra ele.
Eu sentí o corpo dele ficar tenso, mas a voz dele estava gentil e
parecia veludo. "O que te deixa preocupada?"
"Todos vocês parecem estar tão convencidos de que a única coisa
na qual eu vou estar interessada, depois, é em matar todos na
cidade", eu confessei, enquanto ele gemia com a minha escolha de
palavras. "E eu estou com medo de estar tão preocupada com o
caos que eu não serei mais eu mesma... e que eu não... eu não vou
te querer da mesma forma que eu quero agora."
"Bella, essa parte não dura pra sempre", ele me assegurou.
Ele não estava entendendo o ponto.
"Edward", eu disse, nervosa, olhando pra uma sarda no meu pulso.
"Tem uma coisa que eu quero fazer antes que eu não seja mais
humana".
Ele esperou que eu continuasse. Eu não continuei. O meu rosto
estava todo quente.
"Qualquer coisa que você quiser", ele encorajou, ansioso e
completamente sem pistas.
______________________5
"Você promete?", eu murmurei, sabendo que a minha tentativa de
criar uma armadilha com as palavras dele não iam funcionar, mas
incapaz de resistir.
"Sim", ele disse. Eu olhei pra cima pra ver que os olhos dele
estavam sérios e confusos. "Me diga o que você quer, e você
terá".
Eu não podia acreditar no quanto me sentia estranha e idiota. Eu
era inocente demais - que era, é claro, o centro da discussão. Eu
não tinha nem a mais breve idéia de como ser sedutora. Eu teria
que dar um jeito sendo corada e tímida.
"Você", eu murmurei quase incoerentemente.
"Eu sou seu". Ele sorriu, ainda inconsciente, tentando segurar o
meu olhar enquanto eu desviava os olhos.
Eu respirei fundo e me inclinei pra frente até que estava de
joelhos na cama. E aí eu passei meus braços pelo pescoço dele e o
beijei.
Ele me beijou de volta, desnorteado mas com vontade. Os lábios
dele eram gentís contra os meus, e eu podia notar que a mente
dele estava em outro lugar - tentando descobrir onde estava a
minha mente. Eu decidí que ele precisava de uma dica.
As minhas mãos estavam tremendo um pouco enquanto eu tirei os
meus braços do pescoço dele. Os meus dedos deslizaram até o
colarinho da camisa dele. A tremedeira não me ajudou enquanto
eu me apressava pra abrir os botões dele antes que ele me
parasse.
Os lábios congelarem, e eu quase pude ouvir o clique na cabeça
dele enquanto ele juntava as minhas palavras e ações.
Ele me afastou imediatamente, o rosto dele estava duramente
desaprovador.
"Seja razoável, Bella".
"Você me prometeu - tudo o que eu quisesse", eu lembrei ele sem
esperança.
"Nós não vamos ter essa discussão". Ele me encarou enquanto
fechava os dois botões que eu tinha conseguido abrir.
Meus dentes se apertaram.
"Eu digo que vamos", eu rosnei. Eu moví as minhas mãos para a
minha blusa e abrí o primeiro botão.
Ele agarrou os meus pulsos e os colocou dos meus lados.
"Eu digo que não vamos", ele disse numa voz vazia.
Nós nos encaramos.
"Você queria saber", eu apontei.
"Eu pensei que fosse uma coisa minimamente realista".
"Então, você pode pedir por qualquer coisa estúpida, ridícula que
você queira - tipo casar- mas eu nem sequer tenho permissão pra
discutir o que eu-"
Enquanto eu estava falando, ele havia colocado as minhas mãos
juntas pra restringí-las em um das dele, e ele colocou a outra
mão na minha boca.
"Não", o rosto dele estava duro.
Eu respirei fundo pra me acalmar. E, quando a raiva começou a
desaparecer, eu sentí outra coisa.
Me levou um minuto pra que eu reconhecesse porque eu estava
olhando pra baixo de novo, voltando a ficar corada - porque o
meu estômago estava inquieto, porque havia umidez demais nos
meus olhos, porque de repente eu queria sair saindo do quarto.
A rejeição passou por mim, instintiva e forte.
Eu sabia que era irracional. Ele foi bem claro em outras ocasiões
que a minha segurança era o único fator. Mesmo assim, eu nunca
havia estado tão vulnerável antes. Eu fiz uma careta para a
colcha que combinava com a cor dos olhos dele e tentei banir a
reação reflexiva que me dizia que ele não me desejava e que eu
não era desejada.
Edward suspirou. A mão que estava em cima da minha boca se
moveu pra debaixo do meu queixo, e ele puxou o meu rosto pra
cima até que eu tive que eu tivesse que olhar pra ele.
"O que foi agora?"
"Nada", eu murmurei.
Ele estudou o meu rosto por um longo momento enquanto eu
tentava sem sucesso me afastar do olhar dele. As sobrancelhas
dele se juntaram, e a expressão dele ficou horrorizada.
"Eu magoei os seus sentimentos?", ele me perguntou, chocado.
"Não", eu mentí.
Tão rápido que eu nem tive certeza de como isso tinha
acontecido, eu estava nos braços dele, meu rosto aninhado entre
seu ombro e sua mão, enquanto o polegar dele alisava a minha
bochecha me acalmando.
"Você sabe porque eu tenho que dizer não", ele murmurou. "Você
sabe que eu te quero também".
"Quer?", eu sussurrei, minha voz cheia de dúvida.
"É claro que eu quero, sua garota boba, linda, super sensível." Ele
riu uma vez, e aí a voz dele ficou vazia. "Todo mundo não quer?
Eu sinto como se houvesse uma linha atrás de mim, correndo pra
chegar na frente, esperando que eu cometa um erro grande o
suficiente... Você é desejável demais pro seu próprio bem".
"Quem está sendo bobo agora?" Eu me perguntei se estranha,
tímida, e inapta eram considerados desejáveis no livro de alguém.
"Você que eu faça uma petição pra te fazer acreditar? Será que
eu devo te dizer quais os nomes que estariam no topo da lista?
Você sabe de alguns deles, alguns iam te surpreender".
Eu balancei a minha cabeça contra o peito dele, fazendo uma
careta. "Você só está tentando me distrair. Vamos voltar ao
assunto".
Ele suspirou.
"Me diga se há algo errado comigo", eu tentei soar como se não
me importasse. "As sua demanda é o casamento" - eu não
conseguí dizer a palavra sem fazer uma cara -
"pagar a minha faculdade, mais tempo, e você não se incomodaria
se o meu veículo fosse um pouco mais rápido". Eu erguí as minhas
sobrancelhas. "Eu disse tudo? Essa é uma lista comprida".
"Só a primeira é uma demanda". Ele parecia estar tendo
dificuldades em manter um rosto sério. "Os outros são meros
pedidos".
"E a minha única demanda, solitária, é -"
"Demanda?", ele perguntou, de repente sério de novo.
"Sim. Demanda".
Os olhos dele se estreitaram.
"Casamento é uma extensão pra mim. Eu não vou dizer sim a não
ser que eu ganhe alguma coisa em troca".
Ele se inclinou pra sussurrar no meu ouvido. "Não", ele murmurou
suavemente. "Agora não é possível. Depois, quando você for
menos quebrável. Seja paciente, Bella".
Eu tentei manter minha voz firme a razoável. "Mas esse é o
problema. Não será a mesma coisa quando eu for menos
quebrável. Não será o mesmo! Eu não sei quem eu serei até lá".
"Você ainda será Bella", ele prometeu.
Eu fiz uma careta. "Eu serei tão diferente que eu iria querer
matar Charlie - eu iria querer beber o sangue de Jacob ou de
Angela se eu tivesse a chance - como é que isso pode ser
verdade?"
"Isso vai passar. E eu duvido que você vá querer beber o sangue
do cachorro". Ele fingiu estremecer com o pensamento. "Mesmo
sendo uma recém-nascida você vai ter um gosto melhor que isso".
Eu ignorei a tentativa dele de me distrair. "Mais isso sempre
será o que eu vou querer mais, não é?", eu desafiei. "Sangue,
sangue e mais sangue!"
"O fato de que você ainda está viva prova que isso não é
verdade", ele apontou.
"Mais de oitenta anos depois", eu lembrei ele. "De qualquer
forma, eu quis dizer fisicamente. Intelectualmente, eu sei que
serei capaz de ser eu mesma... depois de algum tempo. Mas
puramente fisicamente - eu sempre sentirei mais sede do que
qualquer outra coisa"
Ele não respondeu.
"Então eu serei diferente", eu concluí sem me opor. "Porque
agora mesmo, fisicamente, não hà nada que eu queira mais do que
você. Mais do que comida ou água ou oxigênio. Intelectualmente,
eu tenho as minhas prioridades em uma ordem um pouco mais
sensível. Mas fisicamente..."
Eu virei a minha cabeça pra beijar a palma da mão dele.
Ele respirou fundo. Eu fiquei surpresa de notar que isso foi um
pouco instável.
"Bella, eu podia te matar", ele sussurrou.
"Eu não acho que você poderia".
Os olhos de Edward estreitaram. Ele levantou sua mão e pegou
rapidamente atrás de sí mesmo alguma coisa que eu não podia
ver. Houve um som apafado de alguma coisa partindo, e a cama
estremeceu embaixo de nós.
Alguma coisa escura estava na mão dele; ele a levantou para o
meu curioso exame. Era uma flor de metal, uma das rosas que
adornavam o poste de metal e o pálio da armação da cama dele. A
mão dele se fechou por um breve segundo, os dedos dele se
contraindo suavemente, e aí se abriu de novo.
Sem uma palavra, ele me ofereceu a bola de metal preto
amassada, desigual.
Havia uma marca do interior da mão dele, como um pedaço de
massa de modelar espremida na mão de uma criança. Meio
segundo se passou, e a forma se transformou em areia preta na
mão dele.
Eu encarei ele. "Não foi isso que eu quis dizer. Eu já sei o quanto
você é forte. Você não precisava quebrar o móvel".
"O que você quis dizer, então?", ele perguntou com uma voz
sombria, jogando os vestígios da areia preta no canto do quarto;
eles bateram na parece e soaram como chuva.
Os olhos dele estavam atentos no meu rosto enquanto eu tentava
explicar.
"Obviamente não era que você não é capaz de me machucar
fisicamente, se você quisesse... Mais isso, você não quer me
machucar... é tanto que eu não acho você um dia pudesse".
Ele começou a balançar a cabeça antes que eu tivesse acabado.
"Isso pode não funcionar assim, Bella"
"Pode", eu bufei. "Você não faz mais idéia do que está falando do
que eu".
"Exatamente. Você acha que eu ia expor você a esse tipo de
risco?"
Eu olhei nos olhos dele por um longo minuto. Não havia nenhum
sinal de compromisso, nenhuma ponta de indecisão neles.
"Por favor", eu sussurrei finalmente, sem esperanças. "Isso é
tudo o que eu quero. Por favor". Eu fechei os meus olhos,
vencida, esperando por um não rápido e final.
Mas ele não respondeu imediatamente. Eu hesitei sem
acreditar,aturdida ao descobrir que a respiraçãp dele estava
ínstavel de novo.
Eu abri os meus olhos, e o rosto dele estava arrasado.
"Por favor?",eu sussurrei de novo,meu coração começando a
bater mais rápido. As minhas palavras tropaçaram umas nas
outras enquanto eu me apressava pra tirar vantagem da
incerteza repentina nos olhos dele. "Você não tem que me dar
nenhuma garantia. Se isso não der certo,bem, então é isso.
Vamos só tentar... só tentar. E eu vou te dar o que você quer",eu
prometí rapidamente. "Eu caso com você. Eu deixo você pagar por
Dartmouth, e eu não vou reclamar dos subornos que você me der.
Você pode me comprar um carro veloz se isso te deixa feliz! Só...
por favor"
Os braços gelados dele se apertaram ao me redor, e os lábios
dele estavam na minha orelha; a respiração fria dele me fez
estremecer. "Isso é insuportável. Tantas coisas que eu queria
dar pra você - e isso é o que você decide pedir. Você tem idéia do
quanto é doloroso, tentar te recusar quando você me implora
desse jeito?"
"Então não recuse", eu sugerí, sem fôlego.
Ele não respondeu.
"Por favor", eu tentei de novo.
"Bella", ele balançou a cabeça lentamente, mas não parecia ser
uma negação enquanto o rosto dele, seus lábios, se moviam pra
frente e pra trás na minha garganta. Parecia mais uma redenção.
O meu coração, já correndo, batia freneticamente.
De novo, eu tomei toda a vantagem que podia. Quando o rosto
dele virou em direção ao meu com o leve movimento da sua
indecisão, eu me virei rapidamente nos braços dele até que os
meus lábios alcançaram os dele. As mãos dele seguraram o meu
rosto, e eu pensei que ele fosse me afastar de novo.
Eu estava errada.
A boca dele não estava gentil; havia uma nova extremidade de
conflito e desespero na forma como os seus lábios de moviam. Eu
travei os meus braços no pescoço dele, e, para a minha pele
repentinamente mais quente, a pele dele parecia mais fria do que
nunca. Eu estremecí, mas não era pelo frio.
Ela não parou de me beijar. Fui eu quem teve que parar, ofegando
por ar. Mesmo assim os lábios dele não saíram da minha pele, eles
só se moveram para a minha garganta. A sensação de vitória deu
uma alta estranha; isso me fez poderosa. Corajosa. As minhas
mãos agora estavam inquietas; eu passei pelos botões da camisa
dele com facilidade dessa vez, e os meus dedos traçaram as
formas perfeitas do peito gelado dele. Ele era lindo demais. Qual
era a palavra que ele havia acabado de usar? Insuportável - isso
é o que era. A beleza dele era demais pra suportar...
Ele colocou a sua boca de volta na minha, e ele pareceu estar tão
ansioso quanto eu estava.
Uma das mãos dele ainda segurava o meu rosto, seu outro braço
estava apertado na minha cintura, me trazendo mais pra perto.
Isso tornou as coisas um pouco mais difíceis enquanto eu tentava
alcançar a frente da minha camisa, mas não impossível.
Algemas frias como metal se fecharam nos meus pulsos, e
puxaram as minhas mãos pra cima da minha cabeça, que de
repente estava em cima de um travesseiro.
Os lábios dele estavam no meu ouvido de novo. "Bella", ele
murmurou, a voz dele era quente e macia. "Você pode por favor
parar de tentar tirar as suas roupas?"
"Você quer fazer essa parte?", eu perguntei, confusa.
"Essa noite não", ele respondeu suavemente. Agora os lábios dele
estavam mais devagar na minha bochecha e na minha mandíbula,
toda a urgência havia desaparecido.
"Edward, não -", eu comecei a discutir.
"Eu não estou dizendo não", ele me assegurou. "Eu estou dizendo
não essa noite".
Eu pensei nisso por um momento e a minha respiração se acalmou.
"Me dê uma razão pela qual essa noite não é tão boa quanto
qualquer outra noite", eu ainda estava sem fôlego; isso deixou a
frustração na minha voz menos impressionante.
"Eu não nasci ontem" Ele gargalhou no meu ouvido. "Entre nós
dois qual é aquele que está com mais vontade de dar ao outro o
que ele quer? Você só prometeu se casar comigo antes de
qualquer mudança, mas se eu fizer isso essa noite, o que me
garante que você não vai sair correndo pra Carlisle de manhã? Eu
sou - claramente - muito menos relutante em te dar o que você
quer. Portanto... você primeiro".
Eu exalei num alto acesso de ira. "Você vai me fazer casar com
você antes?", eu perguntei sem acreditar.
"Esse é o acordo - é pegar ou largar. Compromisso, lembra?"
Os braços dele se entrelaçaram ao meu redor, e ele começou a
me beijar de uma forma que devia ser ilegal. Muito persuasiva -
isso era compulsão, coerção. Eu tentei manter minha cabeça
limpa... e falhei rapidamente e absolutamente.
"Eu realmente acho que essa é uma má idéia", eu ofeguei quando
ele me deixou respirar.
"Eu não estou surpreso que você se sinta assim" Ele deu um
sorriso malicioso. "Você tem uma cabeça pouco aberta".
"Como foi que isso aconteceu?", eu murmurei. "Eu pensei que ia
fazer as coisas do meu jeito essa noite - pra variar - e agora, do
nada -"
"Você está noiva", ele terminou.
"Eca! Por favor não diga isso em voz alta".
"Você vai voltar com a palavra?", ele quis saber. Ele se afastou
pra ler o meu rosto. A expressão dele estava divertida. Ele
estava se divertindo.
______________________6
Eu encarei ele, tentando ignorar a forma como o sorriso dele
fazia o meu coração reagir.
"Você vai?", ele pressionou.
"Ugh!", eu gemí. "Não. Eu não vou. Você está feliz agora?"
O sorriso dele era dominante. "Exepcionalmente".
Eu gemí de novo.
"Você não está nem um pouco feliz?"
Ele me beijou de novo antes que eu pudesse responder. Outro
beijo persuasivo demais.
"Um pouco", eu admití quando pude falar. "Mas não por estar me
casando".
Ele me beijou outra vez. "Você está com a sensação de que tudo
está ao contrário?", ele riu no meu ouvido. "Tradicionalmente,
não era você que devia estar discutindo no meu lugar, e eu no
seu?"
"Não tem muita coisa tradicional entre você e eu".
"Verdade".
Ele me beijou de novo, e continuou até que o meu coração estava
disparado e a minha pele estava corando.
"Olha, Edward", eu murmurei, minha voz lisonjeando, quando ele
parou pra beijar a palma da minha mão. "Eu disse que me casaria
com você, e eu vou. Eu prometo. Eu juro. Se você quiser, eu
assino um contrato com o meu próprio sangue".
"Isso não foi engraçado", ele murmurou na parte de dentro do
meu pulso.
"O que eu estou dizendo é isso - Eu não vou te enganar nem nada.
Você me conhece melhor que isso. Então não hà razão pra
esperar. Nós estamos completamente sozinhos - com que
frequência isso acontece? - e você arrumou essa cama tão
grande e confortável..."
"Essa noite não", ele disse de novo.
"Você não confia em mim?"
"É claro que eu confio"
Usando a mão que ele ainda estava beijando, eu puxei o rosto
dele de volta pra onde eu podia ver a expressão dele.
"Então qual é o problema? Não é como se você não soubesse que
vai vencer no final". Eu fiz uma careta e murmurei. "Você sempre
ganha".
"Só estou garantindo as minhas apostas", ele disse calmamente.
"Há mais alguma coisa", eu adivinhei, meus olhos estreitando.
Havia uma defesa no rosto dele, uma leve pista de um motivo
secreto que ele estava tentando esconder com o seu jeito casual.
"Você está planejando dar pra trás na sua palavra?"
"Não", ele prometeu solenemente. "Eu juro pra você, nós vamos
tentar. Depois que você casar comigo".
Eu balancei a minha cabeça, e rí bobamente. "Você está me
fazendo parecer um vilão de um melodrama - revirando o bigode
enquanto tenta roubar a virtude de uma pobre garotinha".
Os olhos dele estavam cautelosos enquanto passaram pelo meu
rosto, aí ele rapidamente se abaixou pra pressionar seus lábios
na minha clavícula.
"É isso, não é?", o riso curto que escapou de mim era mais
chocado que divertido. "Você está tentando proteger a sua
virtude!", eu cobri a minha boca com a minha mão pra abafar as
gargalhadas que se seguiram. As palavras eram tão... antiquadas.
"Não, garota boba", ele murmurou contra o meu ombro. "Eu estou
tentando proteger a sua. Você está tornando isso chocantemente
difícil".
"Entre todas as ridículas -"
"Me deixe te perguntar uma coisa", ele me interrompeu
rapidamente. "Nós já tivemos essa discussão antes, mas me
distraia. Quantas pessoas nesse quarto têm uma alma? Uma
chance no céu, ou o que quer que haja depois dessa vida?"
"Duas", eu respondi imediatamente, minha voz furiosa.
"Tudo bem. Talvez isso seja verdade. Agora, existe um mundo
cheio de dissenções sobre isso, mas a vasta maioria acha que
existem algumas regras que precisam ser seguidas".
"As regras dos vampiros não são suficientes pra você? Você tem
que se preocupar com as dos humanos também?"
"Isso não pode fazer mal", ele levantou os ombros. "Só na
dúvida".
Eu encarei ele através de olhos apertados.
"Agora, é claro, pode ser tarde demais pra mim, mesmo se você
estiver certa sobre a minha alma".
"Não, não é", eu discutí, com raiva.
"'Não matarás' é comumente aceito pelos maiores sistemas de
crenças. E eu já matei muitas pessoas, Bella".
"Só pessoas más".
Ele levantou os ombros. "Talvez isso conte, mas talvez não conte.
Mas você não matou ninguém -"
"Que você saiba", eu murmurei.
Ele sorriu, mas de outra forma, ignorou a interrupção. "E eu vou
fazer o meu melhor pra te manter fora do caminho da tentação".
"Ok. Mas nós não estávamos brigando por cometer assassinatos",
eu lembrei ele.
"O mesmo princípio se aplica - a única diferença é que nessa área
eu sou tão imaculado quanto você. Será que eu não posso ter uma
regra que não quebrei?"
"Uma?"
"Você sabe que eu já roubei, eu já mentí, eu já cobicei... a minha
virtude é tudo o que me sobra". Ele deu um sorriso torto.
"Eu minto o tempo todo".
"Sim, mas você mente mente tão mal que isso nem conta.
Ninguém acredita em você".
"Eu realmente espero que você esteja errado quanto a isso -
porque senão Charlie pode estar prestes a invadir essa quarto
com uma arma carregada".
"Charlie fica mais feliz quando ele finge engolir as suas histórias.
Ele prefere menti pra sí mesmo do que olhar muito de perto", ele
sorriu pra mim.
"Mas o que você já cobiçou?", eu perguntei duvidosamente. "Você
tem tudo".
"Eu cobicei você", o sorriso dele escureceu. "Eu não tinha o
direito de querer você - mas eu fui lá e te peguei do mesmo jeito.
E agora veja o que você se tornou! Tentando seduzir um vampiro"
Ele balançou a cabeça com horror de brincadeira.
"Você pode cobiçar o que já é seu", eu informei ele. "Além do
mais, eu pensei que era com a minha virtude que você estava
preocupado".
"E é. Se é tarde demais pra mim... Bem, eu serei amaldiçoado -
sem pretenção de trocadilho - se eu deixar eles te pegarem
também".
"Você não pode me fazer ir pra um lugar onde você não vai
estar", eu jurei. "Essa é a minha definição de inferno. De
qualquer forma, eu tenho uma solução fácil pra isso: não vamos
morrer nunca, tá certo?"
"Isso parece fácil o suficiente. Porque eu não pensei nisso?"
Ele sorriu pra mim e eu desistí com um humph raivoso. "Então é
isso. Você não vai dormir comigo até que estejamos casados".
"Tecnicamente, eu não posso dormir com você nunca".
Eu revirei os meus olhos. "Muito maduro, Edward".
"Mas, todos os outros detalhes, sim, você os entendeu
corretamente".
"Eu acho que você tem um motivo escondido".
Os olhos dele se arregalaram inocentemente. "Mais um?"
"Você sabe que isso vai apressar as coisas", eu acusei.
Ele tentou não sorrir. "Só hà uma coisa que eu quero apressar, o
resto pode esperar pra sempre... mas por isso, é verdade, os seus
hormônios humanos impaciêntes são os meus maiores aliados
nesse momento".
"Eu não posso acreditar que estou caindo nessa. Quando eu penso
em Charlie... e Renée! Você consegue imaginar o que Angela vai
pensar? Ou Jessica? Ugh. Eu já posso ouvir a fofoca agora".
Ele ergueu uma sobrancelha pra mim, e eu sabia porque. O que
importava o que eles dissessem sobre mim quando eu estaria indo
embora em breve pra nunca mais voltar? Será que realmente eu
era tão sensível que eu não poderia aguentar umas semanas de
olhares de lado e de ser motivo de perguntas?
Talvez isso não me incomodasse tanto se eu não soubesse que eu
estaria fofocando tão condescendentemente quanto eles se
outra pessoa estivesse se casando nesse verão.
Gah. Casada esse verão! Eu estremecí.
E depois, talvez isso não me incomodasse tanto se eu não
estremecesse só de pensar em casamento.
Edward interrompeu as minhas irritações. "Não tem que ser uma
grande produção. Eu não preciso de festa. Você não precisa dizer
a ninguém e nem mudar nada. Nós vamos à Las Vegas - você pode
usar jeans velhos e nós iremos à uma capela com uma janela
drive-thru. "
"Eu só quero que seja oficial - que você pertença a mim e a mais
ninguém".
"Isso não podia ser mais oficial do que já é", eu murmurei. Mas a
descrição dele não soava tão mal. Só Alice ficaria desapontada.
"Nós veremos isso" Ele sorriu complacentemente. "Eu suponho
que você não queira o seu anel agora?"
Eu tive que engolir antes de poder falar. "Você supôs
corretamente".
Ele riu da minha expressão. "Está bem. Eu vou colocá-lo no seu
dedo em breve."
Eu encarei ele. "Você fala como se já tivesse um".
"Eu tenho", ele disse, sem vergonha. "Pronto pra ser forçado em
você ao menor sinal de fraqueza."
"Você é inacreditável".
"Você quer vê-lo?", ele perguntou. Seus olhos líquidos de topázio
estavam brilhando de repente com excitação.
"Não!", eu quase gritei, uma reação em reflexo. Eu me arrependí
imediatamente. O rosto dele ficou um pouco abatido. "A não ser
que você realmente queira me mostrar", eu emendei. Eu apertei
os meus dentes pra evitar que o horror ilógico aparecesse.
"Está tudo bem", ele levantou os ombros. "Eu posso esperar".
Eu suspirei. "Me mostra a droga do anel, Edward".
Ele balançou a cabeça. "Não".
Eu estudei a expressão dele por um longo minuto.
"Por favor?", eu pedí baixinho, experimentando essa minha nova
arma recém-descoberta. Eu toquei o rosto dele levemente com
as pontas dos meus dedos. "Por favor, eu posso vê-lo?"
Os olhos dele se estreitaram. "Você é a criatura mais perigosa
que eu já conhecí", ele murmurou. Mas ele se levantou e se moveu
com uma graça inconsciente pra se ajoelhar perto do pequeno
criado da cama. Ele estava de volta á sua cama em uma instante,
se sentando ao meu lado com um braço nos meus ombros. Na sua
outra mão havia uma caixinha preta. Ele a equilibrou no meu
joelho esquerdo.
"Vá em frente e olhe, então", ele disse bruscamente.
Pegar a caixinha inofensiva foi mais difícil do que deveria ser,
mas eu não queria magoá-lo de novo, então eu tentei evitar que as
minhas mãos tremessem. A superficie era de um cetim preto
macio.
Eu alisei ele com os dedos, hesitando.
"Você não gastou muito dinheiro, gastou? Minta pra mim, se você
gastou".
"Eu não gastei nada", ele me assegurou. "É só outro presente
passado. Esse é o anel que o meu pai deu para a minha mãe".
"Oh", a surpresa coloriu a minha voz. Eu peguei a tampa entre o
meu polegar e indicador, mas não a abrí.
"Eu acho que está um pouco ultrapassado" O tom dele estava
apologético de brincadeira. "Ultrapassado, exatamente como eu.
Eu posso te dar alguma coisa mais moderna. Alguma coisa da
Tiffany's?"
"Eu gosto de coisas ultrapassadas", eu murmurei hesitantemente
enquanto levantava a tampa.
Enfiado no cetim preto, o anel de Elizabeth Masen resplandeceu
na luz fraca. A face era de um longo oval, cercado de pedras
brilhantes arredondadas enfileiradas. A faixa era de ouro -
delicada e estreita. O ouro fazia uma delicada teia ao redor dos
diamantes. Eu nunca tinha visto nada parecido.
Sem pensar, eu alisei as gemas brilhantes.
"É tão bonito, eu murmurei pra mim mesma, surpresa.
"Você gostou?"
"É lindo", eu levantei os ombros, fingindo falta de interesse. "O
que hà pra não gostar?"
Ele gargalhou. "Veja se cabe".
A minha mão esquerda se curvou num punho.
"Bella", ele suspirou. "Eu não vou soldá-lo no seu dedo. Só
experimente pra ver se o tamanho precisa ser ajustado. Depois
você pode tirá-lo".
"Tá bom", eu murmurei.
Eu fui pegar o anel, mas os dedos longos dele ganharam de mim.
Ele pegou a minha mão esquerda na dele, e deslizou o anel no meu
terceiro dedo. Ele segurou minha mão, e nós dois examinamos o
brilho oval contra a minha pele. Não era tão horrível quanto eu
havia temido, ter ele lá.
"Serve perfeitamente", ele disse indiferentemente. "Isso é bom
- me poupa de uma viagem até o joalheiro".
Eu podia ouvir alguma emoção forte queimando por baixo do tom
casual dele, e eu olhei pra cima pra ver o rosto dele. Estava nos
olhos dele também, apesar da cuidadosa indiferença da
expressão dele.
"Você gostou dele, não gostou?", eu perguntei suspeitosamente,
tremulando os meus dedos e pensando que realmente era uma
pena que eu não tivesse quebrado a mão esquerda.
Ele ergueu os ombros. "Claro", ele disse, ainda casual. "Ele fica
muito bem em você".
Eu olhei nos olhos dele, tentando decifrar a emoção que
borbulhava bem embaixo da superfície. Ele olhou de volta, a falsa
pretensão casual escorregou de repente. Ele estava cintilando -
seu rosto de anjo estava brilhando com alegria e vitória. Ele
estava tão glorioso que me deixou sem fôlego.
Antes que eu recuperasse o fôlego, ele estava me beijando, os
lábios dele estavam exultantes. Eu estava com a cabeça leve
quando ele moveu seus lábios pra falar em meu ouvido - mas a
respiração dele estava tão abalada quanto a minha.
"Sim, eu gosto disso. Você não faz idéia".
Eu rí, refolegando um pouco. "Eu acredito em você".
"Você se importa se eu fizer uma coisa?", ele murmurou, seus
braços se apertaram ao meu redor.
"O que você quiser".
Mas ele me soltou e se afastou.
"Qualquer coisa menos isso", eu reclamei.
Ele me ignorou, pegando a minha mão e me puxando da cama
também. Ele ficou na minha frente, mãos nos meus ombros, o
rosto sério.
"Agora, eu quero fazer isso. Por favor, por favor, mantenha em
mente que você já concordou com isso, e não arruine o momento
pra mim".
"Oh, não", eu resfoleguei enquanto ele se pôs em um joelho.
"Seja boazinha", ele murmurou.
Eu respirei fundo.

"Isabella Swan?", ele olhou pra mim através daqueles cílios
impossivelmente grandes, os olhos dele estavam suaves mas, de
alguma forma, chamuscando. "Eu prometo te amar pra sempre -
todos os dias do pra sempre. Você quer se casar comigo?"

Haviam muitas coisas que eu queria dizer, algumas delas não
eram nem um pouco legais, e algumas delas eram mais
pasmamente apaixonadas e românticas do que ele provavelmente
sonhava que eu era capaz. Ao invés de me envergonhar com
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alguma dessas coisas, eu sussurrei. "Sim".

"Obrigado", ele disse simplesmente. Ele pegou minha mão
esquerda e beijou todas as pontas dos meus dedos antes de
beijar o anel que já era meu.
21. Rastros
Eu odiava perder alguma parte da noite domindo, mas isso era
inevitável. O sol estava brilhante fora da parede-janela quando
eu acordei, com pequenas nuvens fugindo rapidamente no céu. O
vento balançava o topo das árvores até que parecia que a
floresta inteira ia se partir.
Ele me deixou sozinha pra se vestir, e eu aproveitei essa chance
pra pensar. De alguma forma, o meu plano da noite passada havia
saído horrivelmente distorcido, e eu precisava ter algumas idéias
das consequências. Apesar de eu ter dado o anel herdado de
voltar assim que eu pude fazer isso sem machucar os
sentimentos dele, a minha mão esquerda parecia mais pesada,
como se ele ainda estivesse no lugar, só que invisível.
Isso não devia me incomodar, eu raciocinei. Não era uma coisa
tão grande - uma viagem de carro à Las Vegas. Eu usaria uma
coisa melhor que jeans velhos - eu usaria moletons velhos. A
cerimônia certamente não demoraria muito tempo; não mais que
quinze minutos no máximo, certo? Então eu podia lidar com isso.
E aí, quando estivesse acabado, ele teria que cumprir com a sua
parte na barganha. Eu ia me concentrar nisso, e esquecer o
resto.
Ele disse que eu não precisava contar pra ninguém, e eu estava
tentando forçá-lo ao mesmo. É claro, foi muito estúpido da minha
parte não pensar em Alice.
Os Cullen chegaram em casa por volta do meio dia. Havia uma
nova atmosfera, toda profissional, cercando eles, e isso me
puxou de volta para a enormidade do que estava prestes a
acontecer.
Alice parecia estar incomumente mal humorada. Eu engolí a
frustração dela até que pareceu normal, porque as primeiras
palavras dela pra Edward eram uma reclamação sobre trabalhar
junto com os lobos.
"Eu acho" - ela fez uma cara enquanto usava a palavra incerta -
"que você vai querer os lobos por perto para o clima frio,
Edward. Eu não posso ver exatamente onde você está, porque
você vai sair com aquele cachorro hoje à tarde. Mas a
tempestade que está vindo parece particularmente ruim naquela
àrea em geral".
Edward balançou a cabeça. 
"Vai nevar nas montanhas", ela avisou ele.
"Eca, neve", eu murmurei pra mim mesma. Era Junho, pra dizer o
mínimo.
"Use um casaco", Alice disse. A voz dela não estava amigável, e
isso me surpreendeu. Eu tentei ler o rosto dela, mas ela desviou.
Eu olhei pra Edward, ele estava sorrindo; o que quer que
estivesse incomodando Alice estava divertindo ele.
Edward tinha utensílios de camping mais do que sufícientes -
benefícios na farsa de serem humanos; os Cullen eram bons
clientes da loja dos Newton. Ele pegou um saco de dormir, uma
pequena barraca, e vários pacotes de comida desidratada - dando
um sorriso malicioso quando eu fiz uma careta pra eles - e enfiou
todos eles em uma mochila.
Alice ficou vagando pela garagem enquanto nós estávamos lá,
observando as preparações de Edward sem dizer uma palavra.
Ele ignorou ela.
Quando ele acabou de empacotar as coisas, Edward me deu seu
telefone. "Ligue pra Jacob e diga a ele que estaremos prontos
em mais ou menos uma hora. Ele sabe onde nos encontrar".
Jacob não estava em casa, mas Billy prometeu que ia sair
procurando até encontrar um lobisomem disponível pra passar as
notícias.
"Não se preocupe com Charlie, Bella", Billy disse. "Eu estou com a
minha parte disso sob controle".
"É, eu sei que Charlie estará bem" Eu não me sentia tão
confiante sobre a segurança do filho dele, mas eu não queria
acrescentar isso.
"Eu queria poder estar com o resto deles amanhã", Billy
gargalhou ressentidamente. "Ser um velho é dureza, Bella"
A necessidade de brigar definitivamente devia ser uma
característica entre o cromossomo Y. Eles eram todos os
mesmos. 
"Se divirta com Charlie".
"Boa sorte, Bella", ele disse. "E... passe isso para os, er, Cullen
por mim"
"Eu passo", eu prometí, surpresa pelo gesto.
Enquanto eu passava o telefone de volta pra Edward, eu ví que
ele e Alice estavam tendo algum tipo de discussão silenciosa. Ela
estava encarando ele, implorando com os olhos. Ele estava
fazendo uma careta de volta, infeliz com o que quer que ela
quisesse.
"Billy desejou 'boa sorte'".
"Isso foi generoso da parte dele", Edward disse, desviando dela.
"Bella, será que eu poderia por favor falar com você sozinha?",
Alice pediu rapidamente.
"Você está prestes a fazer a minha vida ser mais dura do que o
necessário, Alice" Edward avisou ela por entre os dentes. "Eu
realmente preferiria se você não fizesse isso".
"Isso não é sobre você, Edward", ela disparou de volta.
Ele riu. Alguma coisa na resposta dela era engraçada pra ele.
"Não é", Alice insistiu. "É uma coisa feminina".
Ele fez uma careta.
"Deixe ela falar comigo", eu disse a ele. Eu estava curiosa.
"Foi você quem pediu", ele murmurou. Ele riu de novo - meio com
raiva, meio divertido - e saiu marchando da garagem.
Eu me virei pra Alice, preocupada agora, mas ela não olhou pra
mim. O mal humor dela ainda não havia passado.
Ela foi se sentar no capô do Porsche dela, com o rosto abatido.
Eu a segui, e me encostei no carro ao lado dela.
"Bella?", Alice chamou numa voz triste, mudando de posição e se
curvando no meu lado. A voz dela parecia tão miserável que eu
passei o meu braço ao redor dos ombros dela pra confortá-la.
"O que hà de errado, Alice?"
"Você não me ama?", ela perguntou com o mesmo tom triste.
"É claro que amo. Você sabe disso".
"Então porque você está escapulindo pra Las Vegas pra se casar
sem me convidar?"
"Oh", eu murmurei, minhas bochechas ficando cor-de-rosa. Eu
podia notar que havia magoado seriamente os sentimentos dela, e
eu corri pra me defender. "Você sabe que eu odeio fazer um
grande evento com as coisas. De qualquer jeito, foi idéia de
Edward".
"Não me importa de quem é a idéia. Como você pôde fazer isso
comigo? Eu esperava esse tipo de coisa de Edward, mas não de
você. Eu te amo como se você fosse minha própria irmã".
"Pra mim, Alice, você é uma irmã".
"Palavras!" ela rosnou.
"Tá bom, você pode vir. Não haverá muito pra ver".
Ela ainda estava fazendo careta.
"O que?", eu quis saber.
"O quanto você me ama, Bella?"
"Porque?"
Ela me olhou com seus olhos implorativos, as longas sobrancelas
dela estavam se aproximando do meio e se juntando, os lábios
dela estavam tremendo nos cantos. Era uma expressão de partir
o coração.
"Por favor, por favor, por favor", ela sussurrou. "Por favor, Bella
- se você realmente me ama... Por favor me deixe fazer o seu
casamento".
"Aw, Alice!", eu gemí, me afastando e ficando de pé. "Não! Não
faça isso comigo!"
"Se você realmente, verdadeiramente me ama, Bella".
Eu cruzei os braços no peito. "Isso é tão injusto. E Edward meio
que já usou isso pra cima de mim".
"Eu aposto que Edward preferiria fazer isso tradicionalmente,
apesar de que ele nunca te diria isso. E Esme - pense no que isso
significaria pra ela!"
Eu gemí. "Eu preferiria enfrentar os recém-nascidos sozinha".
"Eu vou te dever por uma década".
"Você me deveria por um século!"
Os olhos dela brilharam. "Isso é um sim?"
"Não! Eu não quero fazer isso!"
"Você não tem que fazer nada além de andar alguns metros e
repetir as palavras do juíz de paz".
"Ugh! Ugh, ugh!"
"Por favor?", ela começou a saltitar no mesmo lugar. "Por favor,
por favor, por favor, por favor, por favor?"
"Eu nunca, nunca vou te perdoar por isso, Alice".
"Yay!", ela esguichou, batendo as mãos.
"Isso não é um sim!"
"Mas será", ela cantou.
"Edward!", eu gritei, saindo da garagem. "Eu sei que você está
escutando. Venha aqui." Alice estava bem atrás de mim, ainda
batendo palmas.
"Muito obrigado, Alice", Edward disse acidamente, vindo por trás
de mim. Eu me virei pra despejar nele, mas a expressão dele
estava tão preocupada e aborrecida que eu não conseguí fazer
minhas reclamações. Ao invés disso, eu atirei os meus braços ao
redor dele, escondendo o meu rosto, só no caso de a umidade
raivosa dos meus olhos fizesse parecer que eu estava chorando.
"Vegas", Edward prometeu no meu ouvido.
"Sem chance", Alice rosnou. "Bella jamais faria isso comigo.
Sabe, Edward, como irmão, as vezes você é uma decepção".
"Não seja má", eu murmurei pra ela. "Ele está tentando me fazer
feliz, diferente de você".
"Eu também estou tentando te fazer feliz, Bella. Só que eu sei
melhor o que te deixará feliz... a longo prazo. Você vai me
agradecer por isso. Talvez não daqui a quinze anos, mas algum
dia".
"Eu nunca pensei que veria o dia em que eu estaria disposta a
apostar contra você, Alice, mas esse dia chegou".
Ele riu o seu sorriso prateado. "Então, você vai me mostrar o
anel?"
Eu fiz uma careta de horror quando ela agarrou a minha mão e a
soltou igualmente rápido.
"Huh. Eu ví ele colocando-o em você... Eu perdí alguma coisa?",
ela perguntou. Ela se concentrou por meio segundo, apertando as
sobrancelhas, antes de responder às suas próprias perguntas.
"Não. O casamento ainda está de pé".
"Bella tem um problema com jóias", Edward explicou.
"O que é mais um diamante? Eu acho que o anel tem muitos
diamantes, mas o meu ponto é que ele já colocou um -"
"Basta, Alice!" Edward cortou ela de repente. O jeito que ele
encarava ela... ele parecia com um vampiro de novo. "Nós estamos
com pressa".
"Eu não entendo. O que têm os diamantes?", eu perguntei.
"Nós vamos falar sobre isso depois", Alice disse. "Edward está
certo - é melhor vocês irem. Vocês têm que armar uma armadilha
e fazer acampamento antes que a tempestade chegue". Ela fez
uma careta, e a expressão dela estava ansiosa, quase nervosa.
"Não esqueça o seu casaco, Bella. Parece que... estará frio demais
para a estação".
"Eu já cuidei disso", Edward assegurou ela.
"Tenham uma boa noite", ela nos disse como adeus.
A distância até a clareira foi duas vezes maior que o normal;
Edward fez um longo desvio, pra ter certeza de que o meu cheiro
não chegasse nem perto da trilha onde Jacob se esconderia essa
noite. Ele me carregou nos braços, a mochila lotada estava no
meu lugar de costume.
Ele parou na ponta mais distante da clareira, me colocando de pé.
"Tudo bem. Só ande pelo norte, tocando o que você puder. Alice
me deu uma imagem clara do caminho deles, e não vamos demorar
a interceptá-los".
"Norte?"
Ele sorriu e apontou a direção certa.
Eu vaguei pela floresta, deixando a luz amarela do dia
estranhamente ensolarado na clareira pra trás de mim. Talvez a
visão nebolosa de Alice com a neve estivesse errada. Eu esperei
que sim. O céu em grande parte estava limpo, apesar de que o
vento soprava furiosamente nos espaços abertos. Nas árvores
estava mais calmo, mas estava frio demais para Junho - mesmo
usando uma camisa de mangas longas com um suéter mais grosso
por cima, os meus braços estavam arrepiados. Eu caminhei
lentamente, passando os meus dedos em tudo que estivesse
perto o suficiente: a casca grossa da árvore, as samambaias
molhadas, as pedras cobertas de musgos.
Edward ficou comigo, caminhando em uma linha paralela a cerca
de vinte metros de distância.
"Eu estou fazendo isso direito?", eu chamei.
"Perfeitamente".
Eu tive uma idéia. "Isso vai ajudar?" eu perguntei enquanto
passava as mãos pelos meus cabelos e pegava alguns fios soltos.
Eu os soltei em cima das samambaias.
"Sim, isso deixa o rastro mais forte. Mas você não tem que
arrancar seus cabelos, Bella. Vai ficar tudo bem".
"Eu tenho algns fios extras dos quais posso me dispor".
Estava nebuloso embaixo das árvores, e eu desejei poder andar
mais perto de Edward e segurar a sua mão.
Eu coloquei outro cabelo meu em um tronco quebrado que
fechava o meu caminho.
"Você não precisa fazer as coisas do jeito de Alice, sabe",
Edward disse.
"Não se preocupe com isso, Edward. Aconteça o que acontecer,
eu não vou te deixar no altar", eu tinha um forte pressentimento
de que Alice ia conseguir o que queria, em grande parte porque
ela era totalmente inescrupulosa quando se tratava de conseguir
o que ela queria, e também porque eu era uma perdedora quando
se tratava de sentir culpa.
"Não é com isso que eu estou preocupado. Eu quero que isso seja
do jeito como você quer que seja".
Eu reprimí um suspiro. Saber a verdade ia magoar os sentimentos
dele - que isso realmente não importava, que eram só graus de
variações de algo horrível do mesmo jeito.
"Mesmo se ela fizer as coisas do jeito dela, nós podemos fazer
uma coisa pequena. Só nós. Emmett pode arrumar uma licença de
clérigo na internet".
Eu gargalhei. "Isso soa melhor". Não soaria muito oficial se
Emmett lesse os votos, o que era uma ponto a favor. Mas eu ia
ter dificuldades em ficar séria.
"Veja", ele disse sorrindo. "Sempre hà um compromisso".
Me levou algum tempo pra chegar até o local onde os recém-nascidos certamente cruzariam com o meu rastro, mas Edward
nunca ficou impaciente com a minha velocidade.
Ele teve que guiar um pouco mais no caminho de volta, pra me
manter no mesmo caminho. Tudo isso era a minha cara.
Nós estávamos quase na clareira quando eu caí. Eu podia ver a
grande abertura logo em frente, e provavelmente foi por isso
que eu fiquei ansiosa demais pra cuidar dos meus pés. Eu me
segurei antes que a minha cabeça batesse na árvore mais
próxima, mas um pequeno graveto escapuliu embaixo da minha
mão esquerda e cortou a minha palma.
"Ouch! Oh, fabuloso", eu murmurei.
"Você está bem?"
"Eu estou bem. Fique onde está. Eu estou sangrando. Eu vou
parar em um minuto".
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Ele me ignorou. Ele já estava lá antes que eu pudesse terminar.
"Eu estou com um kit de primeiros socorros", ele disse, puxando
a mochila. "Eu estava com o pressentimento de que precisaria
dele".
"Não é tão ruim. Eu posso cuidar disso - você não precisa ficar
desconfortável".
"Eu não estou desconfortável," ele disse calmamente. "Aqui - me
deixe limpar isso".
"Espere um segundo, eu acabei de ter outra idéia".
Sem olhar para o sangue e respirando pela minha boca, só pra o
caso do meu estômago começar a reagir, eu pressionei a minha
mão em uma rocha que estava ao meu alcance.
"O que você está fazendo?"
"Jasper vai amar isso", eu murmurei pra mim mesma.
Eu comecei a ir para a clareira de novo, pressionando a minha
palma em tudo no meu caminho. "Eu aposto que isso vai
enlouquecê-los".
Edward suspirou.
"Segure o fôlego", eu disse a ele.
"Eu estou bem. Eu só acho que você está indo longe demais."
"Isso é tudo o que eu posso fazer. Eu quero fazer um trabalho".
Nós passamos pelas últimas árvores enquanto eu falava. Eu deixei
minha mão ferida passar pelas samambaias.
"Bem, você fez", Edward me assegurou. "Os recém-nascidos
ficarão frenéticos, e Jasper ficará bastante impressionado com
a sua dedicação. Agora me deixe tratar a sua mão - você sujou o
corte".
"Me deixe fazer isso, por favor".
Ele pegou a minha mão e sorriu enquanto a examinava. "Isso não
me incomoda mais".
Eu o observei cuidadosamente enquanto ele limpava a ferida,
procurando por algum sinal de angústia. Ele continuou a respirar
uniformemente pra dentro e pra fora, o mesmo sorriso pequeno
em seus lábios.
"Porque não?", eu perguntei finalmente enquanto ele amaciava o
curativo na minha palma.
Ele levantou os ombros. "Eu superei isso".
"Você... superou isso? Quando? Como?" Eu tentei me lembrar da
última vez que ele havia prendido a respiração perto de mim.
Tudo em que eu pude pensar foi na minha festa de aniversário
catastrófica do Setembro passado.
Edward torceu os lábios, parecendo tentar encontrar as
palavras. "Eu viví por vinte e quatro horas inteiras pensando que
você estivesse morta, Bella. Isso mudou a minha forma de ver as
coisas".
"Isso mudou o jeito como eu cheiro pra você?"
"Nem um pouco. Mas... tendo experimentado a sensação de
pensar que eu tinha perdido você... as minhas reações mudaram.
Todo o meu ser se protege de qualquer curso que possa inspirar
aquele tipo de dor novamente".
Eu não sabia o que dizer a isso.
Ele sorriu da minha expressão. "Eu acho que você poderia chamar
isso de uma experiência muito educacional".
O vento invadiu a clareira de novo, lançando o meu cabelo no meu
rosto e me fazendo estremecer.
"Tudo bem", ele disse, pegando a mochila dele de novo. "Você fez
a sua parte". Ele puxou o meu casaco de inverno pesado e o
segurou pra que eu deslizasse meus braços nele. "Agora não está
mais nas suas mãos. Vamos acampar!"
Eu rí com o entusiasmo de brincadeira na voz dele.
Ele pegou a minha mão com o curativo - a outra estava pior, ainda
na tipóia - e começou a ir para o outro lado da clareira.
"Onde nós vamos encontrar Jacob?", eu perguntei.
"Bem aqui", ele fez um gesto para as árvores na nossa frente
exatamente quando Jacob saiu cautelosamente das sombras.
Eu não devia ter ficado surpresa por vê-lo humano. Eu não tinha
certeza de porque eu estava procurando o lobo grande marrom-avermelhado.
Jacob pareceu maior de novo - sem dúvida isso era produto das
minhas expectativas; eu devia estar esperando
inconscientemente pelo Jacob menor das minhas memórias, o
amigo fácil que não havia tornado as coisas tão difíceis. Ele
estava com os braços cruzados no peito nú, um casaco preso no
pulso. Ele estava sem expressão enquanto nos observava.
Os lábios de Edward caíram nos cantos. "Tinha que haver um
jeito melhor de fazer isso".
"Agora é tarde demais", eu murmurei mal humorada.
Ele suspirou.
"Oi, Jake", eu o cumprimentei quando nós nos aproximamos.
"Oi, Bella".
"Olá, Jacob", Edward disse.
Jacob ignorou a delicadeza, todo profissionalismo. "Onde eu levo
ela?"
Edward puxou um mapa de dentro de um bolso lateral da mochila
e o ofereceu a ele. Jacob o desdobrou.
"Nós estamos aqui agora", Edward se aproximou pra tocar o
ponto certo. Jacob se afstou da mão dele automaticamente, e aí
se endireitou. Edward fingiu não reparar.
"E você vai levá-la até aqui" Edward continuou, traçando uma
serpentina nas linhas elevadas do papel. "Dificilmente chega a
ser nove milhas".
Jacob balançou a cabeça uma vez.
"Quando você estiver a cerca de uma milha de distância, você vai
cruzar com o meu rastro. Isso vai te guiar até lá. Você precisa do
mapa?"
"Não, obrigado. Eu conheço muito bem essa área. Eu já que sei
pra onde eu estou indo".
Jacob parecia lutar mais do que Edward pra manter o tom
educado.
"Eu vou pegar uma rota mais longa", Edward disse. "E eu vou
encontrar vocês em algumas horas".
Edward olhou pra mim infeliz. Ele não gostava dessa parte do
plano dele.
"A gente se vê", eu murmurei.
Edward desapareceu entre as árvores, indo para a direção
oposta.
Assim que ele foi embora, Jacob se tornou alegre.
"E aí, Bella?", ele me perguntou com um grande sorriso.
Eu revirei os meus olhos. "Tudo velho, tudo velho".
"É", ele concordou. "Um monte de vampiros tentando matar você.
O de sempre".
"O de sempre".
"Bem", ele disse, vestindo o seucasaco pra liberar os seus braços.
"Vamos indo".
Fazendo uma cara, eu dei um passo pra me aproximar dele.
Ele se abaixou e passou o braço por trás dos meus joelhos,
tirando eles de baixo de mim. O outro braço dele me agarrou
antes que a minha cabeça batesse no chão.
"Estúpido", eu murmurei.
Jacob gargalhou, já correndo pelas árvores. Ele manteve um
passo fixo, uma corrida viva cujo ritmo um humano normal
poderia acompanhar... em um terreno plano... se eles não
estivessem carregando uma trouxa de cinquenta e três quilos,
como ele estava.
"Você nã precisa correr. Você vai ficar cansado".
"Correr não me deixa cansado", ele disse. A respiração dele
estava uniforme - como se ele tivesse ajustado o ritmo de um
maratonista. "Além do mais, vai esfriar em breve. Eu espero que
ele consiga arrumar o acampamento antes de chagarmos lá".
Eu batí os dedos acolchoado grosso do casaco de pele dele. "Eu
pensei que você não ficasse com frio".
"Eu não fico. Eu só trouxe isso pra você, só pro caso de você não
estar preparada" Ele olhou para o meu casaco, quase como se
estivesse decepcionado por eu estar preparada. "Eu não gosto do
inverno. Ele me deixa nervoso. Você reparou em como nós não
vimos nenhum animal?"
"Um, na verdade não".
"Eu podia imaginar que você não tinha. Os seus sentidos são
entorpecidos demais".
Eu deixei essa passar. "Alice também estava preocupada com a
tempestade".
"É preciso muita coisa pra silênciar a floresta desse jeito. Você
escolheu uma noite dos infernos pra acampar"
"A idéia não foi inteiramente minha".
O caminho sem trilhas que ele tomou começou a declinar mais e
mais abruptamente, mas isso não o fez diminuir a velocidade. Ele
saltava facilmente de pedra pra pedra, sem parecer precisar
absolutamente das suas mãos. O equilíbrio perfeito dele me fez
lembrar de uma cabra da montanha.
"Qual é a dessa adição na sua pulseira?", ele perguntou.
Eu olhei pra baixo, e me dei conta de que o coração de cristal
estava na face de cima do meu pulso.
Eu erguí os ombros sentindo culpa. "Outro presente formatura".
Ele bufou. "Uma rocha. Não é de estranhar".
Uma pedra? De repente eu me lembrei da frase inacabada de
Alice na garagem. Eu olhei para o cristal branco brilhante e
tentei me lembrar do que Alice estivera dizendo antes... sobre
diamantes.
Será que ela estava tentando dizer ele já te deu um? Como em,
eu já estava usando um diamante de Edward? Não, isso era
impossível. Ocoração teria uns cinco quilates ou alguma coisa
louca como essas! Edward não iria -
"Então já faz um tempo que você não vem até La Push", Jacob
disse, interrompendo as minhas conjecturas perturbadoras.
"Eu estive ocupada", eu disse a ele. "E... provavelmente eu não
teria ido visitar, do mesmo jeito"
Ele fez uma careta. "Eu achei que era pra você ser aquela que
perdoava, e que eu era aquele que quardava rancores"
Eu dei de ombros.
"Você esteve pensando bastante naquela última vez, não é?"
"Não".
Ele riu. "Ou você está mentindo, ou você é a pessoa mais teimosa
viva".
"Eu não sei sobre a segunda parte, mas eu não estou mentindo".
Eu não gostava de ter essa conversa sob as presentes condições
-com os braços dele presos com força ao meu redor sem que
houvesse nada que eu pudesse fazer sobre isso. O rosto dele
estava mais próximo do que eu queria que estivesse. Eu queria
poder dar um passo pra trás.
"Uma pessoa inteligente olha para todos os lados de uma
decisão".
"Eu olhei", eu retorquí.
"Se você não pensou na nossa... er, conversa que nós tivemos da
última vez que você apareceu, então isso não é verdade".
"Aquela conversa não é relevante para a minha decisão".
"Algumas pessoas fazer qualquer coisa para iludirem a sí
mesmas".
"Eu reparei que os lobisomens em particular têm uma propenção
a cometer esse erro - você acha que é uma coisa genética?"
"Isso significa que ele beija melhor que eu?", Jacob perguntou,
mal humorado de repente.
"Eu realmente não sei dizer, Jake. Edward é a única pessoa que
eu já beijei".
"Além de mim".
"Mas eu não conto aquilo como um beijo, Jacob. Eu penso naquilo
mais como um assédio".
"Ouch! Isso foi frio"
Eu erguí os ombros. Eu não ia retirar aquilo.
"Eu me desculpei por aquilo", ele me lembrou.
"E eu te perdoei... em grande parte. Isso não muda a forma como
eu me lembro daquilo".
Ele murmurou alguma coisa impossível de entender.
Depois, tudo ficou quieto por um tempo; só havia o som da
respiração comedida dele e do vento soprando acima de nós no
topo das árvores. Uma face de penhasco apareceu
completamente na nossa frente, uma pedra cinza, nua, áspera.
Nós seguimos a base enquanto ela se curvava pra cima na
floresta.
"Eu acho que isso é bem irresponsável", Jacob disse se repente.
"O que quer que você esteja pensando, você está errado".
"Pense nisso, Bella. De acordo com você, você só beijou uma
pessoa - que nem sequer é uma pessoa de verdade - na sua vida
inteira, e você está chamando isso de quite? Como é que você
sabe que isso é o que você quer? Será que voc~e não devia
explorar as possibilidades um pouco?"
Eu mantive a minha voz calma. "Eu sei exatamente o que eu
quero".
"Então não vai machucar checar mais uma vez. Talvez você
devesse tentar beijar outra pessoa - só pra fazer uma
comparação... já que o que aconteceu no outro dia não conta.
Você podia me beijar, por exemplo. Eu não vou me incomodar se
você me usar como cobáia".
Ele me segurou mais apertado em seu peito, até que o meu rosto
estava perto do dele. Ele estava sorrindo da sua piada, mas eu
não ia contar com a sorte.
"Não mexa comigo, Jake. Eu juro que não vou impedí-lo se ele
quiser quebrar a sua mandíbula".
O tom de pânico na minha voz fez o sorriso dele crescer. "Se
você me pedir um beijo, ele não terá nenhuma razão pra ficar
aborrecido. Ele disse que isso estava bem".
"Não segure o fôlego, Jake - não, espere, eu mudei de idéia. Vá
em frente. Segure a respiração até que eu te peça pra me
beijar".
"Você está de mal humor hoje"
"Eu me pergunto, porque?"
"As vezes eu penso que você gosta mais de mim como lobo".
"As vezes eu gosto. Isso provavelmente tem a ver com o fato de
que você não pode falar".
Ele torceu seus lábios largos pensativamente. "Não. Eu não acho
que seja isso. Eu acho que é mais fácil pra você ficar perto de
mim quando eu não sou humano, porque você não precisa fingir
que não está atraída por mim".
Aminha boca se abriu com um pequeno som de algo espoucando.
Eu a fechei imediatamente, apertando os meus dentes.
Ele ouviu isso. Os lábios dele se abriram largamente em seu rosto
em um sorriso triunfante.
Eu respirei fundo lentamente antes de falar. "Não. Eu estou
certa de que é porque você não fala".
Ele suspirou. "Você nunca se cansa de mentir pra sí mesma? Você
tem que saber o quão consciente de mim você é. Fisicamente, eu
quero dizer".
"Como alguém pode não ser cônscio de você fisicamente, Jacob?"
eu quis saber. "Você é um monstro enorme que se recusa a
respeitar o espaço pessoal dos outros".
"Eu te deixo nervosa. Mas só quando eu sou humano. Quando eu
sou lobo, você fica mais confortável ao meu lado".
"Nervosismo e irritação não são a mesma coisa".
Ele olhou pra mim por um minuto, diminuindo até estar
caminhando, a diversão estava desaparecendo do rosto dele. Os
olhos dele se estreitaram, ficaram pretos na sombra das
sobrancelhas dele. A respiração dele, tão regular enquanto ele
corria, começou a acelerar.
Lentamente, ele inlinou o seu rosto mais pra perto do meu.
Eu encarei ele, sabendo exatamente o que ele estava tentando
fazer.
"O rosto é seu", eu lembrei ele.
Ele riu alto e começou a fazer piada de novo. "Eu realmente não
quero brigar com o seu vampiro essa noite - quer dizer, qualquer
outra noite, com certeza. Mas nós dois temos um trabalho a
fazer amanhã, e eu não gostaria de deixar os Cullen com um a
menos".
De repente, uma inesperada onda de vergonha distorceu a minha
expressão.
"Eu sei, eu sei", ele respondeu, sem entender. "Você acha que ele
pode me enfrentar".
Eu não podia falar. Eu estava deixando-os com um a menos. E se
alguém se machucasse por eu ser tão fraca? Mas e se eu fosse
corajosa e Edward... eu não podia nem pensar nisso.
"Qual é o problema com você, Bella?" a máscara de comédia
desapareceu do rosto dele, revelando o meu Jacob na superfície,
como se estivesse retirando a máscara. "Se alguma coisa que eu
disse te aborreceu, você sabe que eu só estava brincando. Eu não
estava falando sério - ei, você está bem? Não chore, Bella", ele
implorou.
Eu tentei me recompor. "Eu não vou chorar".
"O que eu disse?"
"Não é nadda que você disse. É, bem, sou eu. Eu fiz uma coisa...
má".
Ele me encarou, os olhos dele arregalados de confusão.
"Edward não vai lutar amanhã" eu sussurrei a explicação. "Eu
estou fazendo ele ficar comigo. Eu sou uma enorme covarde".
Ele fez uma careta. "Você acha que isso não vai dar certo? Que
eles vão te encontrar aqui? Você sabe de alguma coisa que eu não
sei?"
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"Não, não. Eu não estou com medo disso. Eu só... não posso deixá-lo ir. Se ele não voltasse..." eu estremecí, fechando os meus olhos
pra escapar do pensamento.
Jacob estava quieto.
Eu continuei sussurrando, meus olhos fechados. "Se alguém se
machucar, isso será minha culpa. E mesmo se ninguém se
machucar... eu fui horrível. Eu tive que ser, pra convencê-lo a
ficar comigo. Ele jamais usaria isso contra mim, mas eu sempre
saberei o que eu fui capaz de fazer".
Eu me sentí um pouco melhor, tirando isso do meu peito. Mesmo
se eu só pudesse confessar isso a Jacob.
Ele bufou, meus olhos se abriram lentamente, e eu fiquei triste
de ver que a máscara dura estava de volta nele.
"Eu não consigo acreditar que ele deixou você convencê-lo a ficar
de fora. Eu não perderia isso por nada".
Eu suspirei. "Eu sei".
"Isso não significa nada, porém" Ele estava devolvendo de
repente. "Isso não significa que ele te ama mais do que eu".
"Mas você não teria ficado comigo, nem se eu implorasse".
Ele torceu os lábios por um momento, e eu me perguntei se ele
tentaria negar isso. Nós dois sabíamos a verdade. "Isso é só
porque você sabe melhor", ele disse finalmente. "Tudo vai dar
certo sem dúvida. Mesmo se você me pedisse e eu disesse não,
você não ficaria brava comigo depois"
"Se tudo der certo, você provavelmente está certo. Eu não
ficaria com raiva. Mas durante todo o tempo que você estivesse
longe, eu estaria doente de preocupação, Jake. Eu
enlouqueceria".
"Porque?", ele perguntou mal humorado. "Porque você se importa
se alguma coisa acontecer comigo?"
"Não diga isso. Você sabe o quanto significa pra mim. Eu lamento
que não seja do jeito como você quer, mas é assim que é. Você é
meu melhor amigo. Pelo menos, você costumava ser. E algumas
vezes é... quando você baixa a guarda".
Ele sorriu aquele velho sorriso que eu amava. "Eu sempre sou
isso", ele prometeu. "Mesmo quando eu... me comporto tão bem
quanto eu deveria. Por baixo, eu estou sempre aqui".
"Eu sei. Porque senão porque mais eu te aguentaria?"
Ele riu comigo, e aí os olhos dele ficaram tristes. "Quando você
vai se dar conta finalmente de que você está apaixonada por mim
também?"
"Deixe você arruinar o momento".
"Eu não estou dizendo que você não ama ele. Eu não sou burro.
Mas é possível amar mais de uma pessoa de cada vez, Bella. Eu já
ví isso em ação".
"Eu não sou um lobisomem esquisito, Jacob".
Ele entortou o nariz, e eu estava prestes a pedir desculpas pela
última baboseira, mas ele mudou de assunto.
"Não estamos longe agora, eu sinto o cheiro dele".
Eu suspirei aliviada.
Ele se enganou na interpretação. "Eu diminuiria a velocidade com
alegria, Bella, mas você vai gostar de estar em um abrigo antes
que aquilo caia".
Nós dois olhamos para o céu.
Uma nuvem sólida de uma cor roxo-enegrecida estava correndo
do oeste, escurecendo a floresta embaixo dela enquanto
passávamos.
"Uau", eu murmurei. "É melhor você se apressar. Você vai querer
estar em casa antes que ela chegue aqui".
"Eu não vou pra casa".
Eu encarei ele, exasperada. "Você não vai acampar conosco"
"Não tecnicamente - como em, dividindo uma tenda ou qualquer
coisa. Eu refiro a temprestade ao cheiro. Mas eu tenho certeza
que o seu sugador de sangue vai querer manter contato com o
bando por propósitos de coordenação, então, eu graciosamente
vou prover esses serviços".
"Eu pensei que esse era o trabalho de Seth".
"Ele vai me substituir amanhã, durante a luta".
Essa lembrança me silênciou por alguns segundos. Eu encarei ele,
preocupação aparecendo com uma penetrância repentina.
"Eu não acho que há uma forma de te fazer ficar, já que você já
está aqui?", eu sugerí. "Se eu implorasse? Ou se trocasse uma
vida de servidão ou alguma coisa assim?"
"Tentador, mais não. De novo, implorar pode ser interessante pra
que você veja. Você pode se dar uma tentativa se você quiser".
"Realmente não hà nada, absolutamente nada que eu posso
dizer?"
"Não. A não ser que você possa me prometer uma luta melhor. De
qualquer jeito, Sam faz as convocações, não eu".
Isso me lembrou.
"Edward me disse uma coisa no outro dia... sobre você"
Ele ficou eriçado. "Provavelmente é mentira".
"Oh, mesmo? Você não é o segundo no comando do bando, então?"
Ele piscou, o rosto dele ficando branco de surpresa. ""Oh. Isso".
"Como é que você nunca me contou isso?"
"Porque eu contaria? Não é nada importante".
"Eu não sei. Porque não? É interessante. Então, como é que isso
funciona? Como Sam acabou sendo o Alpha, e você como... o
Beta?"
Jacob gargalhou com o meu termo inventado. "Sam foi o
primeiro, o mais velho. Fazia sentido que ele ficasse no comando".
Eu fiz uma careta. "Mas então não seriam Jared ou Paul a ser o
segundo? Eles foram os próximos a se transformar".
"Bem... é difícil de explicar", Jacob disse evasivamente.
"Tente".
Ele suspirou. "É mais uma coisa de linhagem, sabe? Meio
ultrapassado. Porque devia importar quem foi o seu avô, certo?"
Eu me lembrei de uma coisa que Jacob havia me dito ha um longo
tempo atrás, antes que qualquer um de nós soubesse sobre os
lobisomens.
"Você não disse que Ephraim Black foi o último chefe que os
Quileute tiveram?"
"É, é isso mesmo. Porque ele era o Alpha. Você sabia que,
tecnicamente, Sam é o chefe da tribo inteira agora?" Ele riu.
"Tradições loucas".
Eu pensei nisso por um segundo, tentando fazer pedaços se
encaixarem. "Mas você também disse que eles ouviam ao seu pai
mais do que a qualquer outra pessoa no conselho, porque ele era o
neto de Ephraim?"
"O que tem isso?"
"Bem, se isso é sobre a linhagem... você não devia ser o chefe,
então?"
Jacob não me respondeu. Ele olhou para a floresta escurecendo,
como se de repente ele precisasse se concentrar em pra onde ele
estava indo.
"Jake?"
"Não. Esse é o trabalho de Sam" Ele manteve os olhos no
caminho não demarcado.
"Porque? O tataravô dele era Levi Uley, certo? Levi era Alpha
também?"
"Só hà um Alpha", ele respondeu automaticamente.
"Então o que Levi era?"
"Meio que o Beta, eu acho" He bufou com o meu termo. "Como
eu".
"Isso não faz sentido".
"Isso não importa".
"Eu só quero entender".
Finalmente Jacob encontrou meu olhar confuso, e aí suspirou. "É.
Era pra eu ser o Alpha".
As minhas sobrancelhas se juntaram. "Sam não quis descer do
posto?"
"Dificilmente. Eu não quis subir".
"Porque não?"
Ele fez uma careta, desconfortavel com as minhas perguntas.
Bem, era a vez dele de se sentir desconfortavel.
"Eu não quis nada daquilo, Bella. Eu não queria que nada mais
mudasse. Eu não queria ser um chefe lendário".
"Eu nem queria ser parte de um bando de lobisomens, quanto
mais liderá-los. Eu não aceitei quando Sam ofereceu".
Eu pensei nisso por um longo momento. Jacob não interrompeu.
Ele estava encarando a floresta de novo.
"Mas eu pensei que você estava mais feliz. Que você estava se
dando bem com isso", eu sussurrei finalmente.
Jacob sorriu me reassegurando. "É. Realmente não é tão ruim. É
excitante as vezes, como essa coisa de amanhã. Mas no início
parecia que eu estava sendo convocado pra uma guerra que eu
nem sabia que existia. Não havia escolha, sabe? E foi tão
definitivo" Ele levantou os ombros. "De qualquer jeito, eu acho
que estou alegre agora. Tinha que ser feito, e será que eu
poderia confiar em mais alguém pra fazer isso direito? É melhor
que eu mesmo tenha certeza".
Eu encarei ele, sentindo um inexperado tipo de admiração pelo
meu amigo. Ele era mais adulto do que eu havia acreditado que
ele fosse. Como com Billy na outra noite na fogueira, havia uma
realeza lá que eu não estava esperando.
"Chefe Jacob", eu sussurrei, sorrindo pelo jeito que as palavras
soavam juntas.
Ele revirou os olhos.
Bem aí, o vento balançou mais ferozmente através das florestas
ao nosso redor, e parecia que ele estava soprando diretamente
de um congelador. O som agudo de madeira se partindo ecoou nas
montanhas. Apesar da luz estar desaparendo enquanto as nuvens
nebulosas cobriam o céu, eu ainda pude ver os pequenos flocos
brancos que flutuavam entre nós.
Jacob apressou o passo, mantendo os olhos dele no chão agora,
enquanto ele corria. Eu me curvei com mais vontade no peito
dele, me protegendo da neve mal-vinda.
Foram apenas dez minutos desde que ele havia começado a
correr ao redor do lado do pico de pedra e eu já podia ver a
pequena tenda erguida contra uma face que a abrigava. Mais
flocos fltuaram ao nosso redor, mas o vento estava violento
demais pra deixá-los cair em um lugar.
"Bella!", Edward chamou em um alívio agudo. Nós o encontramos
no meio de um movimento de andar pra frente e pra trás.
Ele veio rapidamente para o meu lado, meio que se
transformando num vulto quando ele se movia tão rápido. Jacob
enrijeceu, e aí ele me colocou de pé. Edward ignorou a reação
dele e me pegou num abraço apertado.
"Obrigado", Edward disse por cima da minha cabeça. O tom dele
era inequivocavelmente sincero. "Isso foi mais rápido do que eu
esperava, e eu realmente aprecio isso".
Eu me virei pra ver a reação de Jacob.
Jacob meramente levantou os ombros, toda a amigabilidade havia
sido limpa do rosto dele. "Leve ela pra dentro. Isso vai ser feito
- o meu cabelo está arrepiando no meu crânio. Essa tenda é
segura?"
"Eu a crevei na rocha".
"Bom".
Jacob olhou para o céu - agora preto com a tempestade,
manchado com os pedacinhos de neve. As narinas dele inflaram.
"Eu vou trocar de roupa", ele disse. "Eu quero saber o que está
acontecendo lá em casa".
Ele pendurou o seu casaco em um arbusto baixo, grosso, e
caminhou para a floresta obscura sem olhar pra trás.
22- Fogo e Gelo
O vento estremeceu a tenda de novo, e eu estremecí junto com
ela.
A temperatura estava caindo. Eu podia sentir isso através do
saco, através da minha jaqueta. Eu estava completamente
vestida, as minhas botas de caminhada ainda estavam no lugar.
Isso não fez nenhuma diferença. Como é que podia estar tão
frio? Como é que podia continuar esfriando. Ele tinha que
estabilizar alguma hora, não tinha?
"Q-q-q-q-q-que h-h-h-h-horas são?" Eu forcei as palavras a sair
pelos meus dentes se batendo.
"Duas", Edward respondeu.
Edward estava sentado tão longe de mim quanto era possível em
um espaço apertado, com medo até de respirar em cima de mim
quando eu já estava com tanto frio. Estava escuro demais pra
que eu visse seu rosto, mas a voz dele estava selvagem de
preocupação, indecisão e frustração.
"Talvez..."
"Não, eu tô b-b-b-b-b-bem, m-m-m-mesmo. Eu não q-q-q-quero i-i-ir lá fora".
Ele já tinha tentado me convencer a fazer uma corrida uma dúzia
de vezes, mas eu estava morta de medo de deixar o meu abrigo.
Se estava tão frio aqui, protegido do vendo rajante, eu podia
imaginar o quão ruim seria se estivéssemos correndo por ele.
E isso ia estragar todos os esforços dessa tarde. Será que nós
teríamos tempo de recomeçar tudo depois que a tempestade
tivesse acabado? E se ela não acabasse?
Não fazia sentido me mexer agora. Eu podia ficar tremendo por
uma noite.
Eu estava preocupada que o rastro que eu tinha deixado pudesse
ter se perdido, mas ele me prometeu que isso ainda seria
suficiente pra os monstros que estavam pra chegar.
"O que eu posso fazer?", ele quase implorou.
Eu só balancei a minha cabeça.
Lá fora na neve, Jacob choramingou infeliz.
"S-s-s-sai d-d-d-daqui", eu ordenei de novo.
"Ele só está preocupado com você", Edward traduziu. "Ele está
bem. O corpo dele é equipado pra lidar com isso".
"E-e-e-e-e-e", eu queria dizer que ele devia ir embora mesmo
assim, mas eu não conseguí fazer isso passar pelos meus dentes.
Eu quase arranquei a minha língua fora. 
Pelo menos, Jake parecia estar bem equipado para a neve, melhor
até do que os outros do bando com o seu pelo ruivo mais grosso,
mais longo, desarrumado. Eu me perguntei o porque disso.
Jacob choramingou, um rugido alto, um incômodo de reclamação.
"O que você quer que eu faça?", Edward rosnou, ansioso demais
pra continuar se incomodando em ser educado.
"Carregá-la em meio a isso? Eu não estou vendo você se fazer
útil. Porque você não vai pescar um aquecedor ou alguma coisa
assim?"
"Eu tô b-b-b-b-b-bem", eu protestei. Julgando pelo gemido de
Edward e pelo rosnado murmurado do lado de fora da tenda, eu
não tinha convencido ninguém. O vento balançou a tendo com
força, e eu estremecí em harmonia com ela.
Um rugido repentino soou pelo ronco do vento, e eu cobrí os meus
ouvidos com o barulho. Edward fez uma careta.
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