Pesquisar

Sol Da Meia Noite (rascunho) PARTE4


Eata é a Parte 4









como Jessica assumiu. Ela não poderia querer aquilo. Sem saber o que ela sabe. Ela não
poderia querer estar perto de meus dentes. Por tudo que ela sabia, eu tinha presas.
Eu estremeci.
“”Você acha que Sábado…?” Jessica continuou.
Bella pareceu mais frustrada do que ela dissse, “Eu realmente duvido.”
É, ela realmente desejava. Que droga para ela.
Seria porque eu estava ouvindo isso pelo “filtro” das percepções de Jessica que pareceu
que ela estava certa?
Por um segundo eu me distraí pela idéia, o impossível, sobre como eu gostaria de beijá-la.
Meu lábios em seus lábios…
E então ela morre.
Eu balancei minha cabeça, e me mandei prestar atenção na conversa.
“Sobre o que foi que vocês conversaram?” Você conversou com ele, ou você fez ele falar
cada informação sobre ele que você queria saber?
Eu sorri. Jessica não estava longe.
Eu não sei, Jess, um monte de coisas. Nós falamos um pouco sobre o trabalho de inglês.”
Só um pouquinho. Eu sorri, animal.
Oh, fala sério. “Por favor, Bella. Me dê alguns detalhes.”
Bella pensou por um minuto.
“Bom…tudo bem, eu te digo um. Você precisava ter visto a garçonete flertando com ele -
foi até um pouco demais. Mas ele não estava prestando nem um pouco de atenção”.
Que detalhe estranho para contar. Eu estava surpresa que Bella havia percebido. Pareceu
uma coisa bem inconseqüente.
Interessante… “Isso é um bom sinal. Ela era bonita?”
Hmm, Jéssica deu mais atenção do que eu. Devia ser coisa feminina.
- “Muito” - Bella disse a ela - “E devia ter uns 19 ou 20 anos”.
Jéssica ficou momentaneamente distraída pela memória de Mike e ela no encontro de
segunda à noite - Mike sendo amigável demais com a garçonete que Jessica não tinha
considerado nem um pouco bonita. Ela espantou a memória e voltou, oprimindo sua
irritação, para perguntar os detalhes.
- “Melhor ainda. Ele deve gostar de você”.
- “Eu acho que sim” - Bella disse, e eu estava na beirada na cadeira, meu corpo rígido. -
“Mas é difícil saber. Ele é sempre tão misterioso”.
Eu não devia ter sido tão transparentemente óbvio e fora de controle quanto tinha
pensado. Ainda… observadora como ela era… Como não podia perceber que estava
apaixonado por ela? Eu procurei por nossa conversa, quase surpreso de não ter dito as
palavras em voz alta. Parecia que esse fato estava implícito em cada palavra entre nós.
“Uau. Como você senta na frente de um modelo e conversa normalmente? - Não sei como
você tem coragem de ficar sozinha com ele”. - Jessica disse.
Choque passou pelo rosto de Bella. - “Por quê?”
Reação estranha. O que ela acha que eu quero dizer? - “Ele é tão…” - qual é a palavra
certa? - “intimidador. Eu não saberia o que dizer a ele” - Nem consegui falar inglês com ele
hoje, e tudo que ele disse foi bom dia. Devo ter parecido uma idiota.
Bella sorriu. - “Tenho uns problemas de incoerência quando estou perto dele”.
Ela devia estar tentando fazer com que Jessica se sentisse melhor. Ela era quase
anormalmente possuída quando estávamos juntos
- “Ah, sim”. - Jessica suspirou. - “Ele é mesmo incrivelmente bonito”.
O rosto de Bella ficou mais frio. Seus olhos brilharam do mesmo jeito que eles faziam
quando ela sentia alguma injustiça. Jessica não reconheceu a mudança na expressão dela.
- “Há muito mais nele do que isso.” - Bella repreendeu.
Aaaah, agora estamos chegando a algum lugar. - “É mesmo? Tipo o quê?”
Bella mordeu o lábio por um momento. - “Não posso explicar muito bem…” - ela finalmente
disse. - “Mas ele é ainda mais inacreditável por trás daquele rosto.” - Ela desviou os olhos
de Jessica, seus olhos ligeiramente desfocados como se estivesse vendo algo muito longe.
A emoção que senti agora era remotamente familiar àquela que sentia quando Carlisle ou
Esme me exaltavam além do que eu merecia. Similar, mas mais intenso, mais consumidor.
Conta essa para outra pessoa - não tem nada melhor que aquele rosto! A não ser o corpo.
- Será possível? - Jessica deu um sorriso falso.
Bella não se virou. Ela continuou a olhar a distância, ignorando Jessica.
Uma pessoa normal estaria triunfante. Talvez se eu mantivesse as perguntas simples. Ha
ha. Como se estivesse falando com alguém do jardim de infância. - “Então gosta dele, né?”
Fiquei rígido de novo.
Bella não olhou para Jessica. - “Sim.”
- “Quer dizer, você realmente gosta dele?”
- “Sim.”
Olha esse rubor!
Estava olhando.
- “O quanto você gosta dele?”
A sala de inglês podia estar em chamas e eu não iria notar.
O rosto de Bella estava vermelho vivo agora - quase conseguia sentir o calor da imagem
mental.
- “Demais.” - ela sussurrou. - “Mais do que ele gosta de mim. Mas não vejo como evitar
isso.”
Droga! O que o Sr. Varner perguntou agora? - “Hm, que número Sr. Varner?”
Foi bom que a Jessica não pudesse mais interrogar Bella. Precisava de um minuto.
Que diabos que essa menina estava pensando agora? Mais do que ele gosta de mim?
Como ela inventou isso? Mas não vejo como evitar isso? O que isso queria dizer? Não
conseguia achar uma explicação racional para as palavras. Era praticamente sem sentido.
Parecia que eu não podia ter certeza de nada. Coisas óbvias, coisas que faziam perfeito
sentido, de algum jeito se deformavam e viravam ao contrário naquele cérebro bizarro
dela. Mais do que ele gosta de mim? Talvez eu não devesse desistir da instituição ainda.
Olhei para o relógio, batendo os dentes. Como meros minutos são tão impossivelmente
longos para um imortal? Onde estava minha perspectiva?
Meu queixo estava fechado por toda a aula de trigonometria do Sr. Varner. Ouvi mais dela
do que da minha própria aula. Bella e Jessica não falaram outra vez, mas Jessica espiou
Bella várias vezes, e uma vez o rosto dela estava escarlate de novo sem razão aparente.
O almoço não ia chegar rápido o suficiente.
Não tinha certeza se Jessica iria ter algumas das respostas que eu queria quando a classe
terminasse, mas Bella foi mais rápida do que ela.
Assim que o sinal tocou, Bella se virou para Jessica.
- “Na aula de inglês, o Mike me perguntou se você disse alguma coisa sobre a noite de
segunda.” - Bella disse, um sorriso nos cantos dos lábios. Eu entendi isso - o ataque era a
melhor defesa.
“Mike perguntou sobre mim?” A felicidade deixou a mente de Jessica repentinamente
desprotegida, gentil, sem o tom falso de costume. - “Tá brincando! O que você disse?”
- “Disse a ele que você falou que se divertiu muito… Ele pareceu satisfeito.”
- “Me conta exatamente o que ele disse, e a sua resposta exata!”
Claramente isso era tudo o que eu ia arrancar de Jessica hoje. Bella estava sorrindo como
se estivesse pensando a mesma coisa. Como se tivesse ganhado a rodada.
Bom, o almoço seria outra história. Teria mais sucesso em ter as respostas dela do que de
Jessica, ia ter certeza disso.
Mas pude suportar espiar os pensamentos da Jessica pela quarta aula. Não tinha paciência
para seus pensamentos obsessivos de Mike Newton. Já tinha o agüentado o suficiente nas
últimas duas semanas. Ele tinha sorte em estar vivo.
Me mexi apaticamente na aula de educação física com Alice, do modo que sempre nos
movíamos quando se tratava de atividade física com os humanos. Ela era minha
companheira de time, naturalmente. Era o primeiro dia de badminton. Suspirei de tédio,
girando a raquete em câmera lenta para acertar a bola e mandá-la para o outro lado.
Lauren Mallory estava no outro time; ela errou. Alice rodava sua raquete como um bastão,
olhando o teto.
Todos nós detestávamos educação física, principalmente Emmett. Fingir jogar era um
insulto a sua filosofia. Educação física hoje era pior que o normal - me senti tão irritado
quanto Emmett sempre se sentia.
Antes que minha cabeça pudesse explodir de impaciência, o treinador Clapp terminou os
jogos e nos dispensou mais cedo. Fiquei ridiculamente agradecido que ele tivesse pulado o
café-da-manhã - uma nova tentativa de dieta - e a fome conseqüente o tinha deixado com
pressa para deixar o campus e encontrar um sanduíche engordurado em algum lugar. Ele
prometeu a si mesmo que começaria amanhã de novo…
Isto me deu tempo suficiente para chegar ao prédio de matemática antes que a aula de
Bella terminasse.
Se divirta, Alice pensou enquanto se afastava para encontrar Jasper. Só mais alguns dias
para ser paciente. Acho que não vai dizer oi para a Bella por mim, não é?
Sacudi a cabeça, exasperado. Todos os que tinham poderes psíquicos eram tão metidos?
Só para você saber, vai estar sol dos dois lados da baía esse fim-de-semana. Talvez queira
refazer seus planos.
Eu suspirei enquanto continuava para a direção oposta. Meditar, mas útil.
Apoiei-me na parede perto da porta, esperando. Estava tão perto que podia escutar a voz
de Jessica através dos tijolos, assim como seus pensamentos.
- “Não vai se sentar com a gente hoje, não é?” Ela parece… animada. Aposto que tem um
monte de coisas que não me falou.
- “Acho que não.” - Bella respondeu, estranhamente insegura.
Não tinha prometido almoçar com ela? O que ela estava pensando?
Elas saíram da sala juntas, e os olhos das duas garotas se arregalaram quando me viram.
Mas eu só podia ouvir a Jessica.
Ótimo. Uau. Ah, com certeza tem mais coisa acontecendo por aqui do que ela me contou.
Talvez eu ligue para ela hoje à noite… Ou talvez não deva encorajá-la. Argh. Espero que
ele a supere rápido. O Mike é bonitinho, mas… uau.
- “A gente se vê depois, Bella.”
Bella andou na minha direção, parando a um passo de distância, ainda insegura. Sua pele
estava rosa nas bochechas.
Eu a conhecia bem o suficiente a essa altura para ter certeza que não havia medo por trás
de sua hesitação. Aparentemente, isso era sobre algum abismo que ela tinha imaginado
entre os sentimentos dela e os meus. Mais do que ele gosta de mim. Absurdo!
- “Oi.” - eu disse, minha voz estava um pouco seca.
O rosto dela ficou mais brilhante. - “Oi.”
Não parecia que ela ia falar outra coisa, então eu abri caminho até o refeitório e ela andou
silenciosamente ao meu lado.
A jaqueta tinha funcionado - o cheiro dela não foi o golpe que geralmente era. Só era uma
intensificação da dor que eu já sentia. Conseguia ignorar mais facilmente do que uma vez
teria acreditado ser possível.
Bella estava inquieta enquanto esperávamos na fila, brincando distraída com o zíper de sua
jaqueta e mudando o peso, nervosa, de um pé para o outro. Ela me olhou algumas vezes,
mas sempre que encontrava meu olhar, olhava para baixo como se estivesse
envergonhada. Isso era por que todo mundo estava nos olhando? Talvez ela conseguisse
escutar os cochichos - a fofoca era tão verbal quanto mental hoje.
Ou talvez ela tenha percebido, pela minha expressão, que estava enrascada.
Ela não disse nada até que eu estava reunindo seu almoço. Não sabia do que ela gostava -
ainda não - então apanhei um de cada.
- “O que está fazendo?” - ela sibilou em uma voz baixa. - “Não está pegando tudo isso
para mim, não é?”
Sacudi a cabeça, e entreguei a bandeja para o caixa. - “Metade é para mim, é claro.”
Ela ergueu uma sobrancelha ceticamente, mas não disse mais nada enquanto eu pagava
pela comida e a acompanhava à mesa que nós nos sentamos na semana passada antes da
experiência desastrosa com a coleta de sangue. Parecia que tinha sido a mais tempo do
que há alguns dias. Tudo estava diferente agora.
Ela sentou-se de frente para mim novamente. Eu empurrei a bandeja em sua direção.
“Pegue o que quiser”, eu encorajei.
Ela escolheu uma maçã, virando ela em suas mãos, um olhar pensativo em seu rosto.
“Eu estou curiosa”.
Que surpresa.
“O que você faria se uma pessoa te desafiasse a comer alguma coisa?” ela continuou em
uma voz baixa que não alcançaria os ouvidos humanos. Ouvidos imortais eram um outro
caso, se esses ouvidos estivessem prestando atenção. Eu provavelmente devia ter
mencionado alguma coisa para eles mais cedo…
“Você está sempre curiosa”, eu me queixei. Oh, bem. Não era como se eu nunca tivesse
comido antes. Isso fazia parte da charada. Uma parte nem um pouco prazerosa.
Eu procurei pela coisa mais próxima e a segurei nas mãos enquanto eu mordia um pedaço
do que quer que fosse. Sem olhar, eu não podia dizer. Era repugnante e espesso e
repulsivo como qualquer comida humana. Eu mastiguei rapidamente e engoli, tentando
manter as caretas fora do meu rosto. O bolo de comida se moveu lenta e
desconfortavelmente goela abaixo. Eu suspirei e imaginei em como eu iria ter que colocar
isso para fora depois. Nojento.
A expressão de Bella estava chocada. Impressionada.
Eu quis revirar meus olhos. É claro que nós tínhamos causado algumas decepções.
“Se alguém te desafiasse a comer areia, você poderia, não poderia?”
O seu nariz se enrugou e ela sorriu. “Eu já fiz isso uma vez…num desafio. Não foi tão
ruim”.
Eu ri “Eu acho que não estou muito surpreso”
Eles parecem à vontade, não parecem? Boa linguagem corporal. Eu vou falar com Bella
depois. Ele está se inclinando em direção à ela como se deve, se ele estiver interesse. Ele
parece interessado. Ele parece… perfeito. Jessica suspirou. Aiai.
Eu encontrei com os olhos curiosos de Jessica, e ela olhou para longe nervosa, dando
risadinhas com a garota ao seu lado.
Hmmm. Melhor eu ficar com Mike. Realidade, não fantasia…
“Jessica está analisado tudo que eu faço,” Eu informei à Bella “Ela vai falar com você sobre
isso depois.”
Eu empurrei o prato de comida de volta em direção à ela - pizza, eu percebi - imaginando
a melhor forma de começar. Minha frustração de antes queimou novamente com as
palavras se repetindo em minha cabeça: Muito mais do que ele gosta de mim. Mas eu não
sei como posso evitar isso.
Ela deu uma mordida no mesmo pedaço de pizza. É impressionante como ela confiava em
mim agora. É claro, ela não sabia que eu era venenoso - não que aquele pedaço de comida
pudesse machucá-la. Ainda assim, eu esperava que ela me tratasse diferente. Como outra
coisa. Ela nunca fez isso - pelo menos, não de uma forma negativa…
Eu devia começar de forma gentil.
“Então a garçonete era bonita, não era?”
Ela ergueu uma sobrancelha de novo. “Você realmente não reparou?”
Como se qualquer outra mulher pudesse tirar a minha atenção de Bella. Absurda, de novo.
“Não. Eu não estava prestando atenção. Eu tinha muitas coisas na cabeça”. Não pior do
que as que haviam sido envolvidas pela sua blusinha fina.
Ao menos ela não teria que usar aquele suéter horrível hoje.
“Pobre garota” Bella disse, sorrindo.
Ela gostou que eu não tivesse achado a garçonete interessante de qualquer forma. Eu
podia entender isso. Quantas vezes eu tinha me imaginando mutilando Mike Newton na
sala de biologia?
Ela não conseguiria compreender honestamente que esses seus sentimentos humanos,
fruto de dezessete anos humanos, podiam ser mais fortes que as minhas paixões imortais
que tinham se construído por um século.
“Algo que você disse pra Jessica…” Eu não conseguia manter a minha voz casual. “Bem,
me incomodou”.
Ela se colocou imediatamente na defensiva.
“Eu não estou surpresa que você tenha ouvido algo de que não tenha gostado. Você sabe
o que as pessoa dizem sobre espionar”.
Os bisbilhoteiros nunca ouvem bem deles, esse era o ditado.
“Eu te disse que estaria ouvindo” eu a lembrei.
“E eu te avisei que você não ia querer saber tudo o que eu pensava”.
Ah, ela estava pensando de quando eu a fiz chorar. O remorso fez minha voz endurecer.
“Você avisou. Porém, você não estava precisamente certa. Eu quero saber o que você
pensa - tudo. Eu só queria que você não estivesse pensando em… algumas coisas”.
Mais meias-verdades. Eu sabia que eu não podia querer que ela se importasse comigo.
Mas eu queria. É claro que eu queria.
“Isso é uma distinção”. Ela rosnou, fazendo cara feia para mim.
“Mas não é isso que importa no momento”.
“Então o que é?”
Ela se inclinou em minha direção, sua mão ao redor de seu pescoço. Isso atraiu meus
olhos - me distraindo. Como sua pele devia ser suave…
Se concentre, eu me ordenei.
“Você realmente acredita que gosta de mim mais do que eu gosto de você?” eu perguntei.
A pergunta parecia ridícula para mim, como se as palavras estivessem trocadas.
Seus olhos se arregalaram, sua respiração parou. Então ela olhou para longe, piscando
rapidamente. Sua respiração saiu em um baixo suspiro.
“Você está fazendo isso de novo”, ela murmurou.
“O que?”
“Me deixando deslumbrada”, ela admitiu, encontrando meus olhos cuidadosamente.
_______________________________________1
“Oh” Hmm. Eu não tinha muita certeza do que fazer quanto a isso. Nem eu tinha certeza
se eu não queria deslumbrá-la. Eu ainda estava emocionado por eu poder deslumbrá-la.
Mas isso não estava ajudando o progresso da conversa.
“Não é sua culpa”, ela suspirou “Você não consegue evitar”.
“Você vai responder a pergunta?” eu exigi.
Ela encarou a mesa. “Sim.”
Isso foi tudo que ela disse.
“Sim, você vai responder; ou sim, você realmente acha isso?” eu perguntei
impacientemente.
“Sim, eu realmente acho isso”, ela disse sem olhar para cima. Tinha um fraco tom de
tristeza em sua voz. Ela corou de novo, e seus dentes se moveram inconscientemente para
mordiscar seu lábio.
Abruptamente, eu percebi que isso era muito difícil para ela admitir, porque ela realmente
acreditava nisso. E eu não era melhor do que aquele covarde, Mike, pedindo para ela
confirmar seus sentimentos antes que eu confirmasse os meus próprios. Não importava
que o que eu sentisse estivesse totalmente claro para mim. Eu ainda não os tinha
esclarecido para ela, e isso não tinha perdão.
“Você está errada”, eu prometi. Ela deve ter ouvido a ternura em minha voz.
Bella olhou para mim, seus olhos opacos, não dizendo nada. “Você não tem como saber
isso” ela murmurou.
Ela achava que eu estava subestimando seus sentimentos porque eu não podia ouvir seus
pensamentos. Mas, na verdade, o problema é que ela estava subestimando os meus.
“O que te faz pensar isso?” eu me admirei.
Ela me encarou, as rugas entre suas sobrancelhas, mordendo seus lábios. Pela milionésima
vez, eu desejava desesperadamente que eu pudesse ouvi-la.
Eu estava prestes a implorar para que ela me dissesse sobre o que ela tanto pensava, mas
ela ergueu um dedo para não me deixar falar.
“Me deixe pensar” ela pediu.
Enquanto ela estava simplesmente organizando os seus pensamentos, eu podia me manter
paciente.
Ou podia fingir que mantinha.
Ela pressionou suas mãos juntas, cruzando e descruzando seus finos dedos. Ela estava
olhando suas mãos como se elas pertencessem à outra pessoa enquanto ela falava.
“Bem, tirando o óbvio” ela murmurou. “Às vezes… Eu não posso ter certeza - eu não leio
mentes - mas às vezes parece que você está querendo dizer adeus, mas diz outra coisa”,
ela não olhou para cima.
Ela percebeu, não percebeu? Ela percebeu que foi somente fraqueza e egoísmo que me
mantiveram aqui? Ela pensa pior de mim por isso?
“É uma questão de perspectiva” eu soltei, então olhei com horror a dor que cruzava a sua
expressão. Eu me apressei para contradizer a sua suposição.
“Porém, é exatamente por isso que você está errada, no entanto -”, eu comecei, então eu
parei, me lembrando das primeiras palavras de sua explicação “O que você quis dizer com
‘o óbvio’?”
“Bem, olhe pra mim” ela disse.
Eu estava olhando. Tudo o que eu fazia era olhar para ela. O que ela quis dizer?
“Eu sou absolutamente normal,” ela explicou. “Bem, com exceção das experiências de
quase-morte e de ser tão atrapalhada que eu quase chego a ser uma inválida. E olhe pra
você”. Ela abanou o ar em minha direção, como se ela estivesse explicando coisa tão óbvia
que não era necessário de se dizer.
Ela pensava que era normal? Ela pensou que eu era de alguma forma melhor do que ela?
Na avaliação de quem? Pessoas tolas, de mente pequena, humanos cegos como Jessica ou
Sra. Cope? Como que ela não percebeu que ela era a mais bela… mais delicada… essas
palavras não eram o suficiente.
E ela não tinha nem idéia.
“Você não se vê muito claramente, sabe” eu disse a ela. Eu tenho que admitir que você
estava certa sobre as experiências de quase-morte…” eu ri sem humor. Eu não achava
cômico o destino miserável que a assombrava. A falta de jeito, no entanto, era um pouco
engraçado. Amável. Ela acreditaria em mim se eu dissesse a ela que ela era linda por
dentro e por fora? Apesar de que ela acharia uma corroboração mais persuasiva. “Mas
você não ouviu o que todos os seres humanos do sexo masculino nessa escola pensaram
de você no seu primeiro dia”.
Ah, a esperança, a vibração, a ansiedade daqueles pensamentos. A velocidade com que
eles se tornaram em fantasias impossíveis. Impossíveis, porque ela não queria nenhum
deles.
Eu fui o único a quem ela disse sim.
Meu sorriso devia estar parecendo presunçoso.
Ela ficou inexpressiva com surpresa. “Eu não acredito nisso,” ela resmungou.
“Acredite em mim apenas dessa vez - você é o oposto do comum.”
Sua existência era justificativa suficiente pra criação de todo o mundo.
Ela não estava acostumada com elogios, eu podia ver isso. Outra coisa a qual ela apenas
tinha que se acostumar. Ela se esguichou, e mudou de assunto. “Mas eu não estou dizendo
adeus.”
“Você não vê? Isso é o que prova que eu estou certo. Eu me preocupo mais, porque se eu
tenho que fazer isso…” Algum dia eu seria bondoso o suficiente para fazer a coisa certa?
Eu mexi a cabeça sem esperança. Eu teria que encontrar força. Ela merecia uma vida. Não
o que Alice tinha visto vindo pra ela. “Se ir embora é a coisa certa a fazer…” E tinha que
ser a coisa certa, não tinha? Não havia anjo imprudente. Bella não me pertencia. “Então eu
me machucarei para mantê-la sem se machucar, para mantê-la salva.”
Enquanto eu dizia as palavras, eu desejava que fosse verdade.
Seus olhos cintilaram pra mim. De alguma forma, minhas palavras a irritaram. “E você não
acha que eu faria o mesmo?” ela demandou furiosa.
Tão furiosa - tão macia e tão frágil. Como ela poderia machucar alguém? “Você nunca teria
que fazer essa escolha,” eu disse a ela, novamente triste pela grande diferença entre nós.
Ela me fitou, o carinho substituindo a raiva em seus olhos e vindo a tona a pequena dobra
entre eles.
Havia algo verdadeiramente errado com a ordem do universo se alguém tão bom e tão
quebrável não merecia um anjo da guarda para mantê-la fora de problemas.
Bem, eu pensei com um humor negro, pelo menos ela tinha um vampiro da guarda.
Eu sorri. Como eu gostava da minha desculpa para ficar. “Claro, manter você segura está
começando a parecer uma ocupação de tempo integral que requer minha presença
constante.”
Ela sorriu, também. “Ninguém tentou me matar hoje,” ela disse levemente, e então sua
expressão se tornou especulativa por metade de um segundo antes que seus olhos
ficassem opacos novamente.
“Ainda,” eu adicionei secamente.
“Ainda,” ela concordou para minha surpresa. Eu esperava que ela negasse qualquer
necessidade de proteção.
Como ele pôde? Aquele burro egoísta! Como ele pôde nos fazer isso? O grito da mente
pungente de Rosalie quebrou minha concentração.
“Fácil, Rose,” eu ouvi Emmett sussurrar do outro lado da cantina. Seus braços estavam a
redor dos ombros dela, segurando-a firme a seu lado - restringindo-a.
Desculpe, Edward, Alice pensou se culpando. Ela poderia dizer que Bella sabia muito pela
conversa de vocês… e, bem, seria pior se eu não a tivesse contado a verdade antes. Confie
em mim.
Eu estremeci pela figura mental seguinte, do que teria acontecido se eu dissesse a Rosalie
que Bella sabia que eu era um vampiro em casa, onde Rosalie não tinha uma fachada a
manter. Eu teria que esconder meu Aston Martin em algum lugar fora do estado se ela não
se acalmasse até que o tempo escolar acabasse. A visão do meu carro preferido,
estropiado e queimando, foi perturbadora - embora eu soubesse que ganharia a
retribuição.
Jasper não estava muito mais feliz.
Eu negociaria com os outros mais tarde. Eu tinha muito pouco tempo permitido pra ficar
com Bella, e eu não ia desperdiçá-lo. E ouvir Alice me lembrando que eu tinha alguns
trabalhos a fazer.
“Eu tenho outra pergunta para você,” eu disse evitando os ataques histéricos mentais de
Rosalie.
“Diga,” Bella disse sorrindo.
“Você realmente precisa ir a Seattle esse sábado, ou é só uma desculpa para fugir de todos
os seus admiradores?”
Ela fez uma careta para mim. “Você sabe que eu ainda não te perdoei pela coisa com o
Tyler. É sua culpa, ele se iludir pensando que eu vou ao baile com ele.”
“Oh, ele encontraria uma chance de te convidar sem minha ajuda - eu só queria ver sua
cara.”
Eu ri nesse momento, lembrando da sua expressão consternada. Nada que eu tinha dito
para ela sobre a minha própria história negra tinha feito ela parecer tão aterrorizada. A
verdade não a deixava aterrorizada. Ela queria estar comigo. Espantoso.
“Se eu tivesse te convidado, você teria recusado?”
“Provavelmente não,” ela disse. “Mas eu teria cancelado mais tarde - fingindo estar doente
ou ter torcido o tornozelo.”
Que estranho. “Por que você faria isso?”
Ela balançou a cabeça desapontada que eu não tivesse entendido de primeira.
“Você nunca me viu na educação física, eu suponho, eu acho que você entenderia.”
Ah. “Você está se referindo ao fato de que você não consiga atravessar uma superfície
estável sem achar algo para tropeçar?”
“Obviamente.”
“Isso não seria um problema. Tudo depende de quem está guiando.”
Por uma fração de segundos, eu estava imerso na idéia de segura-la em meus braços em
uma dança - onde ela usaria algo bonito e delicado, e não aquele horrível suéter.
Com perfeita clareza, eu me lembrei de como o corpo dela se sentiu embaixo do meu logo
após tirá-la do caminho da van desgovernada. Mais forte que o pânico ou o desespero ou a
mortificação, eu podia lembrar-me daquela sensação. Ela era tão quente e tão macia, se
encaixando perfeitamente em minha própria forma de pedra…
Eu me libertei da memória.
“Mas você ainda não me disse -” eu disse rapidamente, impedindo ela de discutir comigo
sobre o seu desajeitamento, como ela claramente pretendeu fazer.
“Você está decidida a ir pra Seattle, ou se importaria de fazermos algo diferente?”
Divergente - dando a ela uma escolha, sem dar a ela a possibilidade de fugir de mim por
um dia. Dificilmente justo da minha parte. Mas eu fiz uma promessa a ela noite passada…
E eu gostei da idéia de poder cumpri-la - quase tanto quanto a idéia me aterrorizava.
O sol deveria estar brilhando no sábado. Eu poderia mostrar para ela o verdadeiro eu, se
eu fosse bravo o suficiente para suportar o seu horror e a repugnância. Eu conhecia
apenas um lugar para correr tal risco…
“Eu estou aberta a alternativas,” Bella disse.” Mas eu tenho um favor a pedir.”
Uma qualificação, sim. O que será que ela queria de mim?
“O que?”
“Posso dirigir?”
Era essa a idéia dela de diversão? “Por quê?”
“Bem, é por que quando eu disse a Charlie que iria a Seattle, ele especificamente
perguntou se eu iria sozinha, e até o momento eu ia. Se ele perguntar novamente, eu
provavelmente não vou mentir, mas não acho que ele perguntar de novo, e deixar
minha picape em casa só levantaria o assunto sem nenhuma necessidade. E, além disso,
porque você dirige de um jeito que me dá medo.”
Virei meus olhos para ela. - “De todas as coisas sobre mim que podem te dar medo, você
se preocupa com minha direção.” - Realmente, o cérebro dela funcionava de trás para
frente. Sacudi a cabeça, desgostoso.
Edward, Alice chamou urgentemente.
De repente eu estava olhando para um círculo de luz do sol, distraído por uma das visões
de Alice.
Era um lugar que eu conhecia bem, um lugar que eu tinha considerado levar Bella - uma
pequena clareira aonde ninguém ia além de mim. Um lugar bonito e quieto eu podia ficar
sozinho - longe de qualquer trilha ou habitação humana, que até minha mente podia ficar
calma e ter paz.
Alice reconheceu também, porque ela já tinha me visto lá não fazia muito tempo, em outra
visão - uma dessas visões rápidas e indistintas que Alice tinha me mostrado no dia em que
salvei Bella da van.
Nessa visão vacilante, eu não tinha estado sozinho. E agora estava claro - Bella estava lá
comigo. Então eu era corajoso o suficiente. Ela olhava para mim, arco-íris dançando em
seu rosto, seus olhos insondáveis.
É o mesmo lugar, Alice pensou, sua mente cheia de um horror que não combinava com a
visão. Tensão, talvez, mas horror? O que ela quis dizer, é o mesmo lugar?
E então eu vi.
Edward! Alice protestou, estridente. Eu a amo, Edward!
Eu a ignorei sem dó.
Ela não amava a Bella do jeito que eu amava. A visão dela era impossível. Errada. Ela
estava cega, de algum jeito, vendo coisas impossíveis.
Nem meio segundo havia se passado. Bella estava olhando curiosamente para meu rosto,
esperando que eu concordasse com seu pedido.
Ela tinha visto o lampejo de terror, ou tinha sido rápido demais para ela?
Me concentrei nela, em nossa conversa inacabada, empurrando Alice e suas visões falhas
de meus pensamentos. Elas não mereciam minha atenção.
Não consegui manter o tom alegre da brincadeira.
- “Não quer contar a seu pai que vai passar o dia comigo?” - eu perguntei, um tom sombrio
cobrindo minha voz.
- “Com Charlie é melhor não pecar pelo excesso.” - disse Bella, certa deste fato. - “Aonde
vamos, aliás?”
Alice estava errada. Muito errada. Não tinha chance disso acontecer. E era só uma visão
antiga, inválida. As coisas tinham mudado.
- “O tempo estará bom” - eu disse a ela lentamente, lutando contra o pânico e a indecisão.
Alice estava errada. Eu continuaria como se não tivesse escutado ou visto nada. - “Então
vou ficar longe dos olhares públicos… E você pode ficar comigo, se quiser.”
Bella entendeu o significado na hora; seus olhos estavam brilhantes e ansiosos. - “E vai me
mostrar o que quis dizer, sobre o sol?”
Talvez, como tantas vezes antes, a reação dela seria oposta ao que eu esperava. Eu sorri
com essa possibilidade, lutando para voltar ao momento mais leve. - “Vou. Mas…” - ela
ainda não tinha tido sim. - “se não quiser ficar… só comigo, ainda prefiro que não vá a
Seattle sozinha. Eu tremo só de pensar nos problemas que você pode arranjar numa
cidade daquele tamanho.”
Os lábios dela se juntaram; estava ofendida.
- “Phoenix é três vezes maior do que Seattle - só em termos de população. Em tamanho…”
- “Mas ao que parece sua hora não ia chegar em Phoenix” - eu disse, cortando suas
justificações. - “Então é melhor ficar perto de mim.”
Ela podia ficar para sempre e ainda não seria o suficiente.
Não devia pensar desse jeito. Nós não tínhamos para sempre. Os segundos que passavam
contavam mais do que já haviam contado antes; cada segundo a mudava enquanto eu
continuava o mesmo.
- “Por acaso, eu não me importo de ficar sozinha com você.” - ela disse.
Não - porque seus instintos eram de trás para frente.
- “Eu sei.” - suspirei. - “Mas devia contar ao Charlie.”
- “Por que diabos eu faria isso?” - ela perguntou, parecendo horrorizada.
Olhei para ela, as visões que ainda não conseguia reprimir girando, nauseantes pela minha
cabeça.
- “Para me dar um pequeno incentivo para leva-la de volta.” - eu sibilei. Ela devia me dar
isso - “Uma testemunha para me obrigar a ser cauteloso.”
Por que Alice tinha que forçar esse conhecimento para mim justo agora?
Bella engoliu ruidosamente, e me encarou com um longo momento. O que ela tinha visto?
- “Acho que vou correr o risco.” - ela disse.
Argh! Ela ficava animada em arriscar a vida? Alguma dose de adrenalina que ansiava?
Eu fiz uma careta para Alice, que encontrou meu olhar com uma expressão de advertência.
Ao lado dela, Rosalie estava encarando furiosamente, mas eu não podia ter me importando
menos. Deixa que ela destrua o carro. Era só um brinquedo.
- “Vamos falar de outra coisa.” - Bella sugeriu de repente.
Olhei de volta para ela, me perguntando como ela podia ser tão alheia ao que importava
de verdade. Por que ela não me via pelo mostro que eu era?
- “Do que você quer falar?”
Seus olhos se viraram para a esquerda e então para a direita, como se estivesse checando
que ninguém estava escutando. Ela devia estar planejando conversar sobre outro tópico
relacionado a mitos. Os olhos congelaram por um segundo e seu corpo enrijeceu, e então
ela olhou para mim.
- “Por que foi àquele lugar nas Goat Rocks no fim de semana passado… para caçar? Charlie
disse que não era um bom lugar para caminhadas, por causa dos ursos.”
Tão alheia. Continuei olhando para ela, com uma sobrancelha erguida.
- “Ursos?” - ela ofegou.
Eu sorri ironicamente, prestando atenção enquanto ela absorvia o fato. Isso a faria me
levar a sério? Alguma coisa faria?
Ela recompôs a expressão. - “Sabe, ursos não estão na temporada.” - ela disse
severamente, estreitando os olhos.
-” Se ler com cuidado, as leis só diz respeito a caça com armas.”
Ela perdeu o controle de seu rosto por um momento. Sua boca se abriu.
_______________________________________2
- “Ursos?” - ela disse outra vez, uma pergunta experimental dessa vez, não um ofego de
choque.
- “Os pardos são os preferidos de Emmett.”
Eu observei seus olhos, vendo-a se organizar.
- “Hmmm “- ela murmurou. Pegou um pedaço de pizza, olhando para baixo. Ela mastigou
pensativamente, então tomou um gole da bebida.
- “E aí” - ela disse, finalmente olhando para cima. - “Qual é o seu preferido?”
Eu achei que devia ter esperado algo assim, mas não tinha. Bella era sempre interessante,
no mínimo.
- “O leão da montanha.” - eu respondi bruscamente.
- “Ah.” - ela disse em uma voz neutra. Seus batimentos cardíacos continuaram estáveis e
regulares, como se estivéssemos discutindo um restaurante preferido.
Ótimo, então. Se ela queria agir como se isso não fosse nada incomum…
- “É claro que precisamos ter o cuidado de não causa impacto ambiental com uma caçada
imprudente.” - Eu disse a ela, minha voz desatada e sem emoção. - “Tentamos nos
concentrar em áreas com uma superpopulação de predadores… na maior extensão que
precisarmos. Sempre há muitos cervos e veados por aqui, e eles vão servir, mas que
diversão há nisso?”
Ela escutou com uma expressão educadamente interessada, como se eu estivesse
passando uma lição de casa. Tive que sorrir.
- “Que diversão?” - ela murmurou calmamente, mordendo outro pedaço de pizza.
- “O início da primavera é a temporada de ursos preferida de Emmett…” - Eu disse,
continuando com a lição. - “Eles estão saindo da hibernação, então são mais irritadiços.”
Setenta anos depois, e ele ainda não tinha superado o fato de ter perdido aquela primeira
briga.
- “Não há nada mais divertido do que um urso pardo irritado.” - Bella concordou, acenando
solenemente.
Não consegui reprimir uma risadinha quando sacudi a cabeça com a calma ilógica dela.
Tinha que ser fingida. - “Me diga o que realmente está pensando, por favor.”
- “Estou tentando imaginar… mas não consigo” - ela disse, a pequena ruga aparecendo
entre seus olhos. - “Como vocês caçam um urso sem armas?”
- “Ah, nós temos armas” - eu disse a ela, então abri um largo sorriso. Esperava que ela se
encolhesse, mas ela ficou parada, me olhando. - “Mas não do tipo que consideram quando
redigem as leis de caça. Se já viu um ataque de urso pela televisão, deve poder visualizar
Emmett caçando.”
Ela espirou em direção a mesa onde os outros sentavam, e tremeu.
Finalmente. Então eu ri comigo mesmo, porque parte de mim queria que ela continuasse
alheia.
Seus olhos escuros estavam arregalados e profundos quando voltou a me olhar. - “Você
também é como um urso?” - ela perguntou, quase sussurrando.
- “Mais como o leão, ou é o que me dizem.” - disse a ela, lutando para parecer desatado
novamente. Talvez nossas preferências sejam indicativas.
Os lábios dela se levantaram um pouco nos lados. - “Talvez.” - ela repetiu. E então a
cabeça dela pendeu para o lado, e curiosidade estava inesperadamente clara em seus
olhos. - “É uma coisa que eu poderia ver?”
Eu não precisava das imagens de Alice para ilustrar esse horror - minha imaginação já era
boa o suficiente.
- “Claro que não!” - rosnei para ela.
Ela se desviou para longe de mim, seus olhos surpresos e assustados.
Eu me afastei também, querendo deixar algum espaço entre nós. Ela nunca iria ver, iria?
Ela não faria nenhuma coisa para me ajudar a mantê-la viva.
- “É assustador demais para mim?” - ela perguntou a voz composta. Seu coração, no
entanto, ainda estava se movimentando em tempo dobrado.
- “Se fosse assim, eu levaria você esta noite” - eu revidei pelos dentes. - “Você precisa de
uma dose saudável de medo. Nada pode ser mais benéfico para você.”
- “Então por quê?” - ela pediu, sem recuar.
A encarei sombriamente, esperando que ela ficasse com medo. Eu estava com medo. Podia
imaginar muito claramente Bella enquanto eu caçava…
Os olhos delas continuaram curiosos, impacientes, nada mais. Ela esperou por sua
resposta, sem desistir.
Mas nossa hora tinha terminado.
- “Depois.” - eu repreendi, e me pus de pé. - “Vamos nos atrasar.”
Ela olhou ao seu redor, desorientada, como tivesse esquecido de que estava no almoço.
Como se tivesse esquecido que estávamos na escola - surpresa que nãos estivéssemos
sozinhos em algum lugar particular. Eu entendia exatamente esse sentimento. Era difícil
lembrar do resto do mundo quando eu estava com ela.
Ela se levantou rapidamente, sacudindo a cabeça uma vez, e então jogou a mochila no
ombro.
- “Depois, então.” - ela disse, e eu pude ver a determinação se formar em sua boca; ela ia
me segurar nesse assunto.
12. Complicações
Bella e eu andamos silenciosamente até a aula de biologia. Eu estava tentando me focar no
momento, na garota ao meu lado, no que era real e sólido, em qualquer coisa que
mantivesse as visões enganosas e sem sentido da Alice longe de minha cabeça.
Nós passamos por Angela Weber, lentamente na calçada, discutindo um exercício com um
garoto de sua aula de trigonometria. Eu vistoriei os pensamentos dela mecanicamente,
esperando mais desapontamentos, somente para ser surpreendido por seu teor
melancólico.
Ah, então havia alguma coisa que Angela queria. Infelizmente, não era algo que podia ser
facilmente embrulhado para presente.
Eu me senti estranhamente confortável por um momento, ouvindo a falta de esperança
gritante de Angela. Um senso de afinidade de que Angela nunca tomaria conhecimento
passou por mim, e eu estava, naquele segundo, quite com aquela garota humana. Eu
estava estranhamente consolado em saber que eu não era o único a viver uma trágica
história de amor. Corações quebrados estavam por toda parte.
No segundo seguinte, eu estava abruptamente e completamente irritado. Porque a história
de Angela não tinha que ser trágica. Ela era humana e ele era humano e a diferença que
parecia tão intransponível em sua cabeça era ridícula, realmente ridícula comparada à
minha própria situação. Não havia razão em seu coração quebrado.
Que tristeza mais sem sentido, quando não havia nenhuma razão válida para ela não estar
com quem ela queria. Por que ela não tinha o que ela queria? Por que essa história não
tinha um final feliz?
Eu queria dar a ela um presente… Bem, eu devia dar a ela o que ela queria. Sabendo o
meu efeito sob a natureza humana, isso provavelmente não devia ser muito difícil. Eu
analisei cuidadosamente a consciência do garoto ao seu lado, o objeto de sua afeição, e
ele não pareceu relutante, ele somente estava bloqueado pela mesma dificuldade que ela
estava. Falta de esperança e submisso, assim como ela.
Tudo que eu tinha que fazer era implantar a sugestão…
O plano se formou facilmente, o script se escreveu sozinho sem esforço algum de minha
parte. Eu precisaria da ajuda de Emmet - convencê-lo a ir adiante com isso era a única
dificuldade de verdade. A natureza humana era muito mais fácil de se manipular do que a
natureza vampírica.
Eu estava satisfeito com a minha solução, com o meu presente para Angela. Era uma boa
distração de meus próprios problemas. Gostaria que os meus fossem tão fáceis de serem
resolvidos.
Meu humor estava lentamente melhorando enquanto eu e Bella nos sentávamos em
nossos lugares. Talvez eu devesse ser mais positivo. Talvez existisse alguma solução para
nós que estava me escapando, do mesmo jeito que a solução óbvia para Angela não
estava visível para ela. Não é muito provável… mas por que perder tempo com falta de
esperança? Eu não tinha tempo a perder quando se tratava de Bella. Cada segundo
importava.
O Senhor Banner centralizou uma velha TV e vídeo. Ele estava pulando uma sessão que ele
não estava particularmente interessado - doenças genéticas - mostrando um vídeo nos
próximos três dias. O Óleo de Lorenzo não era uma peça muito alegre, mas isso não parou
a excitação na sala. Sem anotações, sem materiais de teste. Três dias livres. Os humanos
exultavam.
Isso não me importava muito, de qualquer forma. Eu não tinha planejado em prestar
atenção em nada além de Bella.
Eu não puxei a minha cadeira para longe dela hoje, para me dar espaço para respirar. Ao
invés disso, eu sentei perto, ao lado dela, como qualquer humano normal faria. Mais perto
do que nós sentamos dentro do carro, perto o suficiente para que o lado esquerdo do meu
corpo submergisse no calor que saía de sua pele.
Era uma experiência estranha, tanto agradável quanto extremamente irritante, mas eu
preferia isso a sentar de frente para ela na mesa. Isso era mais do que eu estava
acostumado, e ainda eu rapidamente percebi que não era o suficiente. Eu não estava
satisfeito. Estando tão perto assim dela eu queria estar mais perto. A força era maior
quanto mais perto eu estava.
Eu tinha a acusado de ser um imã para o perigo. Agora mesmo, eu sentia que isso era
literalmente verdade. Eu era o perigo, e, cada centímetro que eu me permitia ficar mais
próximo dela, sua força de atração aumentava.
E então o Senhor Banner desligou as luzes.
Foi diferente, quanto de diferença isto fez, considerando que a falta da luz significa pouco
aos meus olhos. Eu podia ver perfeitamente quanto antes. Cada detalhe da sala era claro.
Então por que o súbito choque de eletricidade no ar, na sala escura que não era escura  
para mim? Era porque eu sabia que eu era o único que podia ver claramente? Ambos, Bella
e eu éramos invisíveis para os outros? Como se estivéssemos sozinhos, somente nós dois,
escondidos em uma sala escura, sentados tão perto um do outro…
Minha mão se moveu na direção dela sem a minha permissão. Somente para tocar a sua
mão, segurá-la na escuridão. Isso teria sido um engano horrível? Se a minha pele a
incomodasse, ela só teria que puxar sua mão para longe…
Eu puxei rapidamente minha mão de volta, cruzando meus braços firmemente contra o
meu peito e cerrei minhas mãos. Sem erros. Eu tinha prometido a mim mesmo que eu não
cometeria erros, não importassem quão mínimos eles parecessem. Se eu segurasse a sua
mão, eu iria querer mais - outro toque insignificante, outro movimento para mais perto
dela. Eu podia sentir isso. Um novo tipo de desejo estava crescendo em mim, lutando para
superar meu auto-controle.
Sem erros.
Bella cruzou seus braços com segurança sob seu próprio peito, e suas mãos estavam
travadas como bolas, assim como as minhas.
O que você está pensando? Eu estava morrendo para murmurar as palavras para ela, mas
a sala estava quieta o suficiente para se ouvir a mínima conversação.
O filme começou, iluminando a escuridão um pouco. Bella olhou para mim. Ela notou a
maneira rígida que eu mantinha meu corpo - assim como ela - e sorriu. Seus lábios se
repartiram lentamente, e seus olhos pareciam cheios de calorosos convites.
Ou eu estava vendo o que eu queria ver.
Eu sorri de volta; sua respiração saiu em um baixo ofego e ela olhou rapidamente para
longe. Isso piorou as coisas. Eu não conhecia seus pensamentos, mas eu estava
repentinamente positivo de que eu estava certo antes, e ela queria me tocar. Ela sentia
esse desejo perigoso assim como eu.
Entre o seu corpo e o meu, a intensa eletricidade.
Ela não se moveu pelo resto da hora, mantendo-se rígida, postura controlada enquanto eu
me segurava.
Ocasionalmente, ela me espiava de novo, e a eletricidade se agitava como se um raio
passasse por mim de forma repentina.
A hora passou - mesmo assim suficientemente lenta. Isso era tão novo, eu poderia ficar
sentado aqui ao lado dela por todo o dia, só para experimentar esse sentimento por
completo.
Eu tinha dúzias de diferentes argumentos para discutir comigo mesmo enquanto os
minutos passaram. Racionalidade lutando contra desejo enquanto eu tentava justificar tê-la
tocado.
Finalmente, Sr. Banner ligou as luzes novamente.
Na brilhante luz fluorescente, a atmosfera do quarto voltou ao normal.
Bella suspirou e se espreguiçou, esticando os braços na sua frente. Isto deve ter sido
desconfortável para ela se manter naquela posição por muito tempo. Era mais fácil para
mim - a imobilidade vinha naturalmente.
Eu soltei um risinho pela expressão de alivio em sua face. “Bem, aquilo foi interessante.”
“Hmm,” ela murmurou, claramente entendendo sobre o que eu me referi, mas sem fazer
comentários. Eu daria tudo para ouvir o que ela estava pensando naquele instante.
Eu suspirei. Nem toda a vontade do mundo me ajudaria com aquilo.
“Devemos?” Eu perguntei, me levantando.
Ela fez uma careta e se pôs de pé de uma maneira instável, com suas mãos espalmadas
como se ela estivesse com medo de que fosse cair.
Eu poderia oferecer minha mão. Ou poderia colocar minha mão por baixo de seu cotovelo -
bem sutilmente - e apoiá-la. Claramente não seria uma infração horrível…
Sem equívocos.
Ela estava muito quieta enquanto caminhávamos através do ginásio. Entre seus olhos uma
ruga se fazia evidente, um sinal de que ela não havia dormido muito. Eu, também, estivera
pensando profundamente.
Um toque em sua pele não iria machucá-la, argumentava meu lado egoísta.
Eu poderia facilmente moderar a pressão de minhas mãos. Isso não era algo dificil,
enquanto eu conseguisse me controlar. Meu senso tátil era melhor desenvolvido do que o
de um humano. Eu poderia fazer malabarismos com uma dúzia de cristais sem quebrar
nenhum. Eu poderia tocar uma bolha de sabão sem estourá-la. Enquanto eu estivesse em
meu pleno controle…
Bella era como uma bolha de sabão - frágil e efêmera. Temporária.
Por quanto tempo eu seria capaz de justificar a minha presença em sua vida? Quanto
tempo eu ainda tinha? Eu teria outra chance, como esta, como este momento, este
segundo?
Ela não estaria sempre ao alcance de meus braços…
Bella virou-se para olhar-me à porta do ginásio, seus olhos arregalaram-se diante da
expressão de meu rosto. Ela nada falou. Eu olhei para mim mesmo através do reflexo de
_______________________________________3
seus olhos e vi o conflito dentro de mim. Assisti a minha face se alterar enquanto meu
melhor lado perdia o argumento.
Minha mão se levantou, sem um comando consciente para que isso acontecesse. Tão
gentilmente como se ela fosse feita do mais fino vidro, como se ela fosse tão frágil como
uma bolha, meus dedos tocaram a pele quente que cobria sua bochecha. Ela esquentou ao
meu toque e eu pude sentir seu sangue pulsar por baixo de sua pele alva.
Já chega, eu ordenei, apesar de minha mão estar lutando para acariciar sua face.
chega.
Foi dificil de trazer minha mão de volta, de me fazer parar de me mover mais próximo a ela
do que eu já mais havia estado. Milhares de diferentes possibilidades explodiram em minha
mente em um átmo - milhares de maneiras de tocá-la. A ponta do meu dedo traçando o
contorno de seus lábios. Minha palma acariando seu queixo. Puxando a presília de seus
cabelos e deixando ele se espalhar em minha mão. Meus braços envolvendo-a pela cintura,
segurando-a contra a extensão de meu corpo.
Já chega.
Eu forcei-me a virar, para mover-me para longe dela. Meu corpo moveu-se pesadamente,
sem vontade.
Deixei minha mente hesitante para olhá-la enquanto eu caminhava apressadamente para
longe, quase correndo da tentação. Eu capturei os pensamentos de Mike Newton - eram os
mais audíveis - enquanto ele via Bella passar por ele sem notá-lo, seus olhos sem foco e
suas bochechas coradas. Ele se enfureceu e de repente meu nome se misturava a
maldições em sua mente. Eu não ajudei muito, sorrindo sarcásticamente em resposta.
Minhas mãos estavam formigando. Eu as flexionei e então cerrei os punhos, mas elas
continuaram a me aferroar de forma indolor.
Não, eu não havia machucado ela - mas ainda assim, tocá-la havia sido um erro.
Eu me sentia em chamas - como se a sede ardente em minha garganta tivesse se
espalhado por todo o meu corpo.
Na próxima vez que eu estivesse próximo a ela, seria eu capaz de me impedir de tocá-la
novamente? E se eu a toquei uma vez, seria eu capaz de parar por aí?
Sem mais equívocos. Era isso. Contenta-te com a memória, Edward, eu disse para mim
mesmo, rindo, e guarda tuas mãos para ti mesmo. Era isso ou eu teria que forçar-me a
partir, de alguma forma. Pois eu não poderia permitir a mim mesmo de estar perto dela se
eu insistisse em cometer estes erros.
Eu respirei profundamente e tentei afirmar meus pensamentos.
Emmet me encontrou do lado de fora do prédio de Inglês.
“Ei, Edward.” Ele parece melhor, estranho, mas melhor. Feliz.
“Ei, Em.” Pareço feliz? Creio que sim, apesar do caos em minha mente, eu me sentia dessa
forma.
É melhor você manter a boca fechada, garoto. Rosalie quer arrancar sua língua fora.
Eu suspirei. “Me desculpe por tê-lo deixado encarregado disso. Está bravo comigo?”
“Naw. Rose vai superar isto. Era algo que estava destinado a acontecer de qualquer jeito.”
Assim como o que Alice viu…
As visões de Alice são algo que eu não quero pensar nesse instante. Eu olhei para o vazio,
meus dentes travados juntos.
Enquanto eu procurava por alguma distração, eu capturei um pensamento de Ben Cheney,
entrando na sala de Espanhol na nossa frente. Ah - aqui estava minha chance de dar a
Angela Weber o seu presente.
Eu parei de andar e peguei no braço de Emmet. “Espere um segundo.”
Que foi?
“Eu sei que não mereço, mas você me faria um favor?”
“O que é?” ele me perguntou, curioso.
Sussurradamente - e numa velocidade que faria as palavras incompreensíveis para
qualquer humano, não importasse quão audíveis elas fossem ditas - eu expliquei a ele o
que eu queria.
Ele me fitou, pasmo, quando eu terminei. Seus pensamentos tão confusos quanto a sua
expressão.
“E então?” eu perguntei. “Vai me ajudar a fazê-lo?”
Levou um minuto para que ele respondesse. “Mas, por que?”
“Qual é, Emmet. Por que não?”
Quem diabos é você e o que fez com o meu irmão?
“Não é você que sempre reclama da escola ser sempre igual? Isto é algo um tanto
diferente, não acha? Considere isto um experimento - um experimento sobre a natureza
humana.”
Ele me fitou por mais um momento antes de dizer. “Bem, isto é diferente, eu o farei…
Okay, ótimo.” Emmet bufou e encolheu os ombros. “Eu vou te ajudar.”
Eu sorri para ele, me sentindo mais entusiasmado sobre o meu plano, agora que ele estava
a bordo. Rosalie era um saco, mas eu sempre devia a ela por ter escolhido Emmet,
ninguém tinha um irmão melhor que o meu.
Emmet não precisaria praticar. Eu sussurrei as instruções para ele, por sob a minha
respiração enquanto entravamos na sala de aula.
Ben já estava em sua cadeira, atrás da minha, ajeitando seu dever de casa para entregar.
Emmet e eu, ambos sentamos e fizemos o mesmo. A classe ainda não estava em silêncio;
o burburinho de conversas paralelas continuaria até que a senhora Goff chamasse a
atenção.
Ela não tinha pressa, estava contemplando os questionários da aula passada.
“Então,” Emmet disse, sua voz mais alta que o necessário - se ele estivesse realmente
falando apenas para mim. “Você já convidou a Angela Weber para sair?”
O som de papéis farfalhado atrás de mim cessou abruptmente enquanto Ben congelava,
sua atenção repentinamente cravada na nossa conversa.
Angela? Eles estão falando de Angela?
Bom. Eu tinha a sua atenção.
“Não,” eu disse, balançando minha cabeça lentamente para parecer arrependido.
“Por que não?” Emmet improvisou. “Está com medo?”
Eu sorri para ele. “Não, eu ouvi dizer que ela está interessada em outra pessoa.”
Edward Cullen vai chamar Angela para sair? Mas… Não. Eu não gosto disto. Eu não o
quero perto dela. Ele não… não é bom para ela. Não é… seguro.
Eu não havia previsto o cavalheirismo, o instinto protetor. Eu queria a inveja. Mas qualquer
coisa funcionaria.
“Você vai deixar isso impedir você?” Emmet perguntou, improvisando novamente. “Não
está a fim de competição?”
Eu me espantei com ele mas fiz uso do que ele me deu. “Olha, eu acho que ela realmente
gosta desse tal de Ben. Eu não vou tentar persuadi-la do contrário. Há outras garotas.”
A reação na cadeira atrás da minha foi elétrica.
“Quem?” Emmet perguntou, de volta ao script.
“Meu parceiro de laboratório disse que é algum garoto chamado Cheney. Eu acho que não
sei quem é.”
Eu mordi meus lábios para não sorrir. Apenas os poderosos Cullens poderiam convencer
alguém com esse fingimento de não conhecer cada aluno dessa escola simplória.
A cabeça de Ben estava rodando em parafuso. Eu? Acima de Edward Cullen? Mas porque
ela iria gostar de mim?
“Edward,” Emmet murmurou em um tom baixo, indicando o garoto com os olhos. “Ele está
bem atrás de você,” ele mexeu os lábios, de uma maneira tão óbvia que o humano
facilmente pode ler as palavras.
“Oh,” eu murmurei de volta.
Eu virei meu acento e olhei uma vez para o garoto atrás de mim. Por um segundo, os
olhos negros, atrás dos óculos, estavam amedrontados, mas então ele enrijeceu e alinhou
seus ombros estreitos, afrontado pela minha clara e depreciativa avaliação. Seu queixo se
projetou e uma vermelhidão de raiva escureceu sua pele bronzeada.
“Huh,” eu disse arrogantemente enquanto me voltava para Emmet.
Ele pensa que é melhor que eu. Mas Angela não. Eu mostrarei a ele.
Perfeito.
“Você não disse que ela levaria Yorkie para o baile?” Emmet perguntou, roncando ao dizer
o nome do garoto demonstrando o quanto desprezava sua esquisitice.
“Aparentemente esta foi uma decisão tomada pelo grupo.” Eu queria ter certeza de que
Ben estava escutando claramente. “Angela é tímida. Se B - se um garoto não tiver coragem
de chamá-la, ela nunca chamaria”.
“Você gosta de garotas tímidas,” Emmet disse improvisando. Garotas quietas. Garotas
tipo… hmm, eu não sei. Talvez Bella Swan?
Eu sorri para ele. “Exatamente.” Depois eu voltei para a encenação. “Talvez Angela se
canse de esperar. Talvez eu a chame para o baile.”
Não, você não vai. Ben pensou, sentando-se em sua cadeira. E daí que ela é muito maior
que eu? Se ela não se importar, eu também não me importo. Ela é a garota mais legal,
mais esperta e mais bonita dessa escola. E ela me quer.
Eu gostei desse Ben. Ele parecia brilhante e bem esclarecido. Talvez até merecesse uma
garota como Angela.
Eu mostrei meu polegar para Emmet por debaixo da carteira enquanto a Sra. Goff parou e
saudou a classe.
Ok, eu admito - isso foi um tanto engraçado, Emmet pensou.
Eu sorri para mim mesmo, feliz por ter sido capaz de fazer uma história de amor ter um
final feliz. Eu sabia que Ben ia cair na armadilha e que Angela iria receber meu presente
anônimo. Minha dívida foi paga.
Que tolos eram os humanos, deixar um diferencial de 15 centímetros confundir sua
felicidade.
Meu sucesso me deixou de bom humor. Eu sorri novamente enquanto me arrumava em
minha cadeira para ser entretido. Afinal de contas, como Bella disse no almoço, eu nunca a
havia visto em ação em uma aula de educação física antes.
Os pensamentos de Mike eram os mais fáceis de encontrar no monte de vozes que havia
pela quadra. Sua mente tinha se tornado bem familiar nas últimas semanas. Com um
suspiro eu me renunciei para ouvir através dele. Pelo menos eu poderia ter certeza que ele
estaria prestando atenção em Bella.
Eu estava quase pronto para ouvir ele se oferecendo para ser o parceiro de Bella. Meu
sorriso se fechou, meus dentes se apertaram e eu tive que lembrar a mim mesmo que
matar Mike Newton não era uma opção permissível.
“Obrigada, Mike - você não precisa fazer isso, sabe?”
“Não se preocupe, eu ficarei fora de seu caminho.”
Eles sorriram um para o outro, e flashes de numerosos acidentes - todos conectados a
Bella de alguma forma - se passando pela cabeça de Mike.
Mike jogou sozinho primeiro, enquanto Bella hesitava na metade de trás do pátio,
segurando sua raquete cautelosamente, como se ela fosse alguma espécie de arma. Então
o treinador bateu palmas enquanto caminhava e disse a Mike para deixar Bella jogar.
Uh oh, Mike pensou enquanto Bella caminhava com um suspiro, segurando sua raquete em
um ângulo estranho.
Jennifer Ford jogou diretamente na direção de Bella com uma satisfação rondando seus
pensamentos. Mike viu Bella dar uma guinada, batendo a raquete muito longe de seu alvo,
e ele entrou para tentar salvar a jogada.
Eu observei a trajetória da raquete de Bella com atenção. Com certeza ela tinha acertado a
rede esticada e saltou de volta para ela, dando uma pancada em sua testa antes de quicar
para acertar o braço de Mike com um ressonante “thwack”.
Ow. Ow. Uhm. Isso vai deixar um hematoma.
Bella estava esfregando sua testa. Era difícil para mim ficar parando no lugar onde eu
estava, sabendo que ela estava machucada. Mas o que eu poderia fazer se estivesse lá? E
não parecia ser algo sério… eu hesitei, assistindo. Se ela tentasse continuar a jogar, eu
teria que arrumar uma desculpa para tirá-la da aula.
O treinador riu. “Desculpe, Newton.” Essa garota era a mais azarada que eu já tinha visto.
Não devia infligir sua presença aos outros.
Ele virou suas costas deliberadamente e se moveu para assistir a outro jogo para que Bella
pudesse voltar ao seu lugar de espectadora.
Oh, Mike pensou de novo, massageando seu braço. Ele se virou para Bella. “Você está
bem?”
“Sim, e você?” ela perguntou timidamente, corando.
“Acho que posso superar.” Não queria parecer um bebê chorão. Mas, cara, aquilo doía!
Mike balançou seu braço em um círculo, retrocedendo.
_______________________________________4
“Eu ficarei aqui atrás,” Bella disse, além de dor, vergonha e desgosto em sua expressão.
Talvez Mike tivesse feito o pior. Eu certamente esperava que esse fosse o caso. Pelo
menos ela não estava mais jogando. Ela segurou sua raquete com tanto cuidado atrás de
suas costas, seus olhos grandes com remorso… eu tive que disfarçar a risada em uma
tossida.
O que é engraçado? Emmet quis saber.
“Te digo depois,” eu murmurei.
Bella não se aventurou a jogar de novo. O treinador a ignorou e deixou Mike jogar sozinho.
Eu fiz os exames rapidamente, ao final de uma hora e Sra. Goff me deixou sair mais cedo.
Eu estava ouvindo Mike atentamente enquanto cruzava o campus. Ele havia decidido
confrontar Bella a meu respeito.
Jessica jura que eles estão se vendo. Por que? Por que ele tinha que escolhe-la?
Ele não havia reconhecido o fenômeno real - que ela me escolheu.
“Então.”
“Então o que?” ela perguntou.
“Você e Cullen, hein?” Você e o esquisitão. Eu me pergunto, se um cara rico é tão
importante para você.
Eu cerrei os dentes sob sua degradante suposição.
“Isso não é da sua conta, Mike.”
Defensiva. Então é verdade. Droga. “Eu não gosto disso.”
“Você não precisa gostar.” ela rebateu.
Por que ela não podia ver o show de circo que ele era? Como eles todos são. O jeito que
ele fica perto dela. Me dá até calafrios de ver. “Ele olha para você como… como se você
fosse algo comestível.”
Eu me encolhi, esperando pela resposta dela.
Seu rosto se tornou vermelho brilhante, e seus lábios se fecharam com força, como se ela
estivesse segurando a respiração. Então, subitamente, um riso falso saiu de seus lábios.
Agora ela está rindo de mim. Ótimo.
Mike se virou, com pensamentos sombrios e foi se trocar.
Eu me encostei na parede da quadra e tentei me recompor.
Como ela poderia ter rido da acusação de Mike - uma acusação tão certa que comecei a
pensar que Forks tinha se tornado muito percebido… Por que ela riria da acusação de que
eu poderia matá-la, quando ela sabia que isso era inteiramente verdade? Onde estava o
humor nisso?
O que havia de errado com ela?
Ela tinha um senso de humor mórbido? Que não se encaixava com a idéia que eu tinha de
seu caráter, mas como eu poderia ter certeza? Ou talvez meu sonho de que o tolo anjo
estava certo sobre uma coisa, que ela não sentia medo. Corajosa - essa era uma palavra
para isso. Outros poderiam dizer estúpida, mas eu sabia quão inteligente ela era. Não
importa por que razão, essa falta de medo ou senso de humor retorcido não era bom para
ela. Era essa estranha falta de medo que a colocava em perigo tão constantemente? Talvez
ela precisasse de mim aqui para sempre…
De repente, meu humor estava aceso.
Se eu pudesse simplesmente me disciplinar, me fazer seguro, então talvez fosse certo para
mim ficar com ela.
Quando ela saiu pelas portas da quadra, seus ombros estavam duros e seu lábio inferior
estava entre seus dentes de novo - um sinal de ansiedade. Mas assim que seus olhos
encontraram os meus, seus ombros rígidos relaxaram e um largo sorriso apareceu em seu
rosto. Essa era uma estranha expressão de paz. Ela caminhou em minha direção sem
hesitar, só parando quando ela estava tão perto que a temperatura de seu corpo bateu em
mim como uma onda de maré.
“Oi,” ela sussurrou.
A felicidade que eu senti nesse momento era, novamente, sem precedentes.
“Olá,” eu disse, e depois - porque com meu humor subitamente tão leve eu não podia
resistir em importuná-la - eu adicionei “Como foi a educação física?”
Seu sorriso hesitou. “Bem.”
Ela era uma péssima mentirosa.
“Sério?” eu perguntei, pressionando-a - eu ainda estava preocupado com sua cabeça; ela
estava sentindo dor? - mas então os pensamentos de Mike Newton estavam tão altos que
quebraram minha concentração.
Eu o odeio. Eu queria que ele morresse. Eu desejo que ele bata aquele carro brilhante
diretamente contra um penhasco. Por que ele não pode simplesmente deixá-la em paz?
Debandar para seu próprio tipo - para os esquisitos.
“O que?” Bella exigiu.
Meus olhos se refocaram em seu rosto. Ela olhou para as costas de Mike e depois de volta
para mim.
“Newton me deixa nos nervos,” eu admiti.
Sua boca se abriu e seu sorriso desapareceu. Ela devia ter se esquecido que eu tinha o
poder de assistir sua última hora calamitosa, ou tinha esperança de que eu não o tivesse
utilizado. “Você estava ouvindo de novo?”
“Como está sua cabeça?”
“Você é inacreditável!” ela disse através dos dentes e então me deu as costas e cruzou
furiosamente o estacionamento. Sua pele ruborizou e ficou vermelho-escura - ela estava
envergonhada.
Eu continuei andando com ela, esperando que sua raiva passasse logo. Ela normalmente
era rápida para me perdoar.
“Foi você quem disse que eu nunca tinha visto você na educação física,” eu expliquei. “Isso
me deixou curioso.”
Ela não respondeu; suas sobrancelhas se juntaram.
Ela parou subitamente no estacionamento quando ela percebeu que o caminho para o meu
carro estava bloqueado por uma multidão de estudantes do sexo masculino.
Eu me pergunto quão rápido eles andam nisso.
Olhe só a marcha SMG paddles. Eu nunca os havia visto fora das páginas de revista.
Belos side grills.
Com certeza eu queria ter 60 mil dólares para passear…
Esse era exatamente o motivo pelo qual era melhor que usássemos apenas o carro de
Rosalie.
Eu caminhei da multidão de garotos cheios de luxúria para o meu carro; depois de um
momento de hesitação, Bella me seguiu.
“Ostentação,” eu murmurei quando ela entrou no carro.
“Que tipo de carro é esse?” ela se perguntou.
“Um M3.”
“Eu não leio a Carro e Motorista.”
“É um BMW.” Eu rolei meus olhos e os foquei na ré para não passar por cima de ninguém.
Eu tive de encarar alguns meninos que não pareciam querer sair do meu caminho. Meio
segundo encarando meu olhar pareceu ser suficiente para convencê-los.
“Você ainda está brava?” eu perguntei a ela. Sua expressão estava relaxada.
“Definitivamente,” ela respondeu brevemente.
Eu suspirei. Talvez eu não devesse ter contado a ela. Oh, bem, eu poderia dar uma
recompensa, eu supunha. “Você me perdoará se eu pedir desculpas?”
Ela pensou sobre isso por um momento. “Talvez… se você realmente estiver arrependido,”
ela decidiu. “E se você prometer não fazer isso de novo.”
Eu não ia mentir para ela, mas não havia jeito de prometer isso a ela. Talvez se eu
oferecesse uma boa troca.
“Que tal se eu realmente estiver arrependido e eu concordar em deixar você dirigir no
sábado?” Eu contraí os músculos com esse pensamento.
A ruga entre seus olhos enquanto ela considerava a nova barganha. “Feito,” ela disse
depois de um momento pensando.
Agora, para minhas desculpas… eu nunca tinha tentado deslumbrar Bella de propósito
antes, mas agora parecia ser uma boa hora. Eu olhei no fundo de seus olhos enquanto eu
dirigia para longe da escola, me perguntando se eu estava fazendo o caminho correto. Eu
usei meu tom mais persuasivo.
“Então, eu sinto muitíssimo por ter deixado você triste.”
Seu batimento cardíaco acelerou e ficou mais alto que antes e o ritmo ficou abruptamente
destacado (Referente à musica. Modo de executar destacando nitidamente cada nota.)
Seus olhos se abriram um pouco, parecendo atordoados.
Eu dei um meio-sorriso. Pareceu que eu tinha feito corretamente. É claro que eu estava
tendo um pouco de dificuldade olhando através de seus olhos também. Eu estava
igualmente deslumbrado. Ter essa estrada memorizada era uma boa coisa.
“E eu estarei à sua porta cedo no sábado de manhã,” eu adicionei, finalizando o acordo.
Ela piscou rapidamente, balançando a cabeça como se para clareá-la. “Uh,” ela disse “Não
ajudaria muito com a história para o Charlie se eu não explicar um Volvo deixado na
garagem.”
Ah, como ela me conhecia pouco. “Eu não pretendia levar um carro.”
“Como-” ela começou a perguntar.
Eu a interrompi. A resposta seria difícil de explicar sem uma demonstração, e agora não
era o momento certo. “Não se preocupe com isso. Eu estarei lá. Sem carro.”
Ela entortou um pouco a cabeça para o lado, e me olhou por um segundo como se fosse
me pressionar para saber mais, mas depois pareceu mudar de idéia.
“Já está muito tarde?” ela perguntou, me lembrando da conversa interminada na cafeteria
mais cedo; ela esqueceria uma pergunta difícil apenas para se lembrar de outra pior.
“Eu acho que está tarde,” eu concordei sem vontade.
Eu estacionei em frente à sua casa, tenso em pensar em como explicar… sem deixar muito
evidente minha monstruosa natureza, sem assustá-la novamente.
Ela esperou com a mesma máscara educadamente interessada que ela havia usado no
almoço. Se eu tivesse sido menos ansioso, sua calma teria me feito rir.
“E você ainda quer saber por que não pode me ver caçar?” eu perguntei.
“Bem, na verdade eu estava imaginando sua reação,” ela disse.
“Eu assustei você?” eu perguntei, certo de que ela negaria.
“Não.”
Eu tentei não rir. E falhei. “Peço desculpas por ter assustado você.” E então meu sorriso se
desfez com o humor momentâneo. “Foi só o pensamento de ter você lá… enquanto nós
caçamos.”
“Isso seria ruim?”
A figura mental era demais - tão vulnerável na escuridão vazia; eu, fora de controle. Eu
tentei banir isso da minha cabeça. “Extremamente.”
“Por que…?”
Eu respirei fundo, me concentrando por um momento na sede que queimava. Sentindo-a,
monitorando-a, provando minha dominação sobre ela. Ela nunca me controlaria novamente
- eu desejei que isso fosse verdade. Eu seria seguro por ela. Eu olhei para as nuvens bem
vindas sem realmente vê-las, desejando que minha determinação fizesse alguma diferença
se eu estivesse caçando quando sentisse seu cheiro.
“Quando caçamos… nos entregamos aos nossos instintos,” eu disse a ela, pensando em
cada palavra antes de dizê-las. “Governamos menos a mente. Especialmente o olfato. Se
você estivesse em algum lugar por perto enquanto eu estivesse fora de controle desse
jeito…”
eu balancei minha cabeça com agonia ao pensar no que iria - não no que poderia, mas no
que iria - certamente acontecer.
Eu ouvi o espigão em seus batimentos e depois me voltei, sem descanso, para ler seus
olhos.
Sua face estava composta, seus olhos graves. Sua boca estava levemente cerrada, o que
eu pensava ser preocupação. Mas preocupação com o quê? Sua própria segurança? Ou
minha angústia? Eu continuei a olhar para ela, tentando traduzir sua expressão ambígua
em fato concreto.
Ela olhou de volta. Seus olhos ficaram maiores por um instante e suas pupilas se dilataram,
embora a luz não tivesse mudado.
Minha respiração acelerou e, de repente, o silêncio no carro parecia zunir, como na escura
sala de biologia naquela tarde. A pulsação corrente passou entre nós novamente, e meu
desejo de tocá-la era, brevemente, mais forte que a demanda da minha sede.
A pulsante eletricidade me fez sentir como se eu tivesse pulsação de novo. Meu corpo
cantou com isso. Eu me senti quase… humano. Mais que qualquer coisa no mundo, eu
queria sentir os lábios dela contra os meus. Por um segundo, eu lutei desesperadamente
para encontrar a força, o controle, para poder colocar minha boca tão perto de sua pele.
Ela sugou uma quantidade enorme de ar e só então eu percebi que quando minha
respiração acelerou, ela parou de respirar no mesmo momento.
Eu fechei meus olhos, tentando quebrar a conexão entre nós.
Sem mais erros.
_______________________________________5
A existência de Bella estava atada a milhões de delicados processos químicos, todos tão
facilmente rompidos. A rítmica expansão de seus pulmões, a passagem de oxigênio, era
vida ou morte para ela. A cadência agitada de seu frágil coração poderia ser parada por
tantos acidentes idiotas, ou doenças, ou… por mim.
Nenhum membro de minha família hesitaria se lhes fosse dada uma chance de voltar atrás
- se imortalidade pudesse ser trocada pela mortalidade de novo. Qualquer um no nosso
mundo ficaria no fogo por isso. Queimaria por quantos anos ou séculos fosse necessário.
A maioria de nossa espécie prezava a imortalidade mais que qualquer coisa. Existiam até
certos humanos que buscavam isso, que procuravam em lugares escuros alguém que
pudesse lhes dar o mais sombrio dos presentes…
Não nós. Não minha família. Nós poderíamos trocar qualquer coisa para sermos humanos.
Mas nenhum de nós já esteve desesperado por um caminho de volta como eu estava
agora.
Eu olhei para as microscópicas fossas e defeitos no pára-brisas, como se houvesse alguma
solução escondida no vidro. A eletricidade não havia desaparecido, e eu tive que me
concentrar para manter minhas mãos no volante.
Minha mão direita começou a latejar sem dor de novo, de quando eu a havia tocado antes.
“Bella, eu acho que você devia entrar agora.”
Ela obedeceu de primeira, sem comentar, saindo do carro e batendo a porta atrás dela. Ela
havia sentido o potencial de desastre tão claramente quanto eu?
Sair a machucou tanto quanto a mim por deixá-la ir? O único consolo é que eu a veria em
breve. Antes do que ela pudesse me ver. Eu sorri ao pensar nisso e então desci o vidro e
me debrucei para falar com ela mais uma vez - era seguro agora com o calor de seu corpo
fora do carro.
Ela se virou para ver o que eu queria, curiosa.
Ainda curiosa, embora ela tivesse me feito tantas perguntas hoje. Minha própria
curiosidade estava inteiramente insatisfeita; responder as perguntas dela hoje só haviam
me feito revelar meus segredos - eu tinha tirado pouco dela a não ser por minhas
suposições. Isso não era justo.
“Oh, Bella.”
“Sim?”
“Amanhã é minha vez.”
Sua testa se enrugou. “Sua vez de quê?”
“Fazer perguntas.” Amanhã, quando estivéssemos em um lugar mais seguro, cercado de
testemunhas, eu conseguiria minhas próprias respostas. Eu sorri com esse pensamento e
depois eu me virei, porque ela não fez sinal de se afastar. Mesmo com ela fora do carro, o
eco da eletricidade moveu-se rapidamente no ar. Eu queria sair também ir com ela até a
porta, para ter uma desculpa para ficar ao seu lado.
Sem mais erros. Eu liguei o carro e depois suspirei enquanto ela desaparecia atrás de mim.
Parecia que eu estava sempre correndo em direção à Bella ou correndo dela, nunca ficando
no lugar. Eu tinha que achar um jeito de me segurar se algum dia nós tivéssemos um
pouco de paz.

Aguardando a continuação de Stephenie Meyer. Lembrando que isso é somente
um rascunho.
__________________

Nenhum comentário:

Postar um comentário