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Lua Nova PARTE4


LUA NOVA
(NEW MOON)
STEPHENIE MEYER
Segundo livro da série
 ‘Crepúsculo’.  
ESTA É A PARTE 4





Embry no banco do passageiro. Eu entendí o que isso queria dizer: eles estavam com
medo de deixar ele vir sozinho. Isso me deixou triste, e um pouco aborrecida. Os Cullen
não eram daquele jeito.
"Oi", eu finalmente disse quando ele não falou.
Jake torceu os lábios, ainda permanecendo longe da porta. Os olhos dele estavam
revistando a frente da casa.
Eu tranquei os dentes. "Ela não está aqui. Você precisa de alguma coisa?"
Ele hesitou. "Você está sozinha?"
"Sim", eu suspirei.
"Eu posso falar com você por um minuto?"
claro que você pode, Jacob. Entre".
Jacob olhou por cima do ombro para os seus amigos no carro. Eu ví Embry balançar a
cabeça só um pouquinho. Por alguma razão, isso me incomodou imensamente.
Meus dentes se apertaram de novo. "Covarde", eu murmurei por baixo do meu fôlego.
Os olhos de Jake voltaram pra mim, as suas sobrancelhas grossa, pretas se juntando
num ângulo furioso em cima dos seus olhos fundos.
A mandíbula dele se apertou e ele marchou - não há putro jeito de descrever o jeito que
ele se moveu - pela calçada e levantou os ombros pra passar por mim e entrar na casa.
Eu prendi o olhar primeiro com Jared e depois com Embry - eu não gostava do jeito
como eles me olhavam; será que eles realmente achavam que eu ia deixar alguma coisa
machucar Jacob? - antes de fechar a porta pra eles.
Jacob estava na sala atrás de mim, olhando para a bagnça de lençóis na sala de estar.
"Festa do pijama?", ele perguntou, seu tom sarcástico.
"É", eu respondi no mesmo tom de voz ácido. Eu não gostava quando Jacob agia dessa
forma. "O que você tem com isso?"
Ele torceu o nariz de novo e cheirou alguma coisa desagradável. "Onde está a sua
'amiga'?", eu podia ouvir o tom o tom de citação na voz dele.
"Ela foi dar uma corrida sem rumo. Olha, Jacob, o que você quer?"
Alguma coisa na sala pareceu deixar ele mais nervoso - seus longos braços estavam
tremendo. Ele não respondeu a minha pergunta. Ao invés disso ele foi até a cozinha,
seus olhos se mexiam por todo lugar sem descanso.
Eu segui ele. Ele andou pra cima e pra baixo pelo pequeno balcão.
"Ei", eu disse me colocando no caminho dele. Ele parou de caminhar e olhou pra mim.
"Qual é o seu problema?"
"Eu não gosto de ter que estar aqui".
Essa doeu. Eu estremecí e os olhos dele se apertaram.
"Então eu lamento que você tivesse que vir", eu murmurei. "Porque você não me diz o
que você precisa pra que aí você possa ir embora?"
"Eu só tenho que te perguntar algumas coisas. Não vai demorar muito.
Nós temos que voltar para o funeral".
"Ok. Então acabe logo com isso", eu provavelmente estava exagerando no antagonismo,
mas eu não queria que ele visse o quanto isso estava doendo. Eu sabia que não estava
sendo justa. Afinal, eu havia escolhido a sugadora de sangue a ele na noite passada.
Eu havia machucado ele primeiro.
Ele respirou fundo, e de repente seus dedos tremendo estavam parados. O rosto dele se
suavisou e se transformou numa máscara de serenidade.
"Um dos Cullen está ficando aqui com você", ele declarou.
"Sim. Alice Cullen".
Ele balançou a cabeça pensativo. "Por quanto tempo ela vai ficar?"
"Até quando ela quiser ficar". A beligerância ainda estava no meu tom. "É um convite
em aberto".
"Será que você acha que podia... por favor... explicar pra ela sobre aquela outra -
Victória?"
Eu fiquei pálida. "Eu contei pra ela".
Ele balançou a cabeça. "Você já deve saber que nós só podemos vigiar as nossas terras
com um Cullen aqui. Você só vai estar a salvo em La Push. Eu não posso mais te
proteger aqui".
"Ok", eu disse com uma voz pequena.
Nessa hora ele desviou o olhar, pra fora pelas janelas. Ele não continuou.
"Isso é tudo?"
Ele continuou com os olhos no vidro enquanto respondeu. "Só mais uma coisa".
Eu esperei, mas ele não continuou. "Sim", eu finalmente incitei.
"O resto deles também vai voltar agora?", ele perguntou numa voz gelada, quieta. Isso
me lembrou do jeito calmo de Sam. Jacob estava ficando mais parecido com Sam... eu
me perguntei porque isso me incomodava tanto.
Agora eu não falei. Ele olhou de volta pro meu rosto com olhos provadores.
"Bem?", ele perguntou. Ele lutou pra conciliar a tensão atrás da sua expressão serena.
"Não", eu disse finalmente. Mal humorada. "Eles não vão voltar".
A expressão dele não mudou. "Tudo bem. Isso é tudo".
Eu olhei pra ele, minha irritação cintilando. "Bem, pode correr agora. Pode ir dizer pra
Sam que os monstros assustadores não vão vir pegar vocês".
"Tudo bem", ele repetiu, ainda calmo.
Isso parecia ser tudo. Jacob caminhou rapidamente saindo da cozinha.
Eu esperei pra ouvir a porta da frente, mas eu não ouví nada. Eu podia ouvir o tique
taque do relógio na parede, e fiquei mais uma vez impressionada de ver o quanto ele
havia ficado silincioso.
Que disastre. Como é que eu posso ter alienado ele tão completamente num espaço tão
curto de tempo?
Será que ele ia me perdoar quando Alice fosse embora? E se ele não perdoasse?
Eu me joguei no balcão e coloquei o rosto nas mãos. Como é que eu tinha bagunçado
tudo desse jeito? Mas o que eu podia ter feito diferente? Mesmo olhando para a
situação, eu não vejo uma saida melhor, em nenhum dos caminhos da situação.
"Bella...?", Jacob perguntou com uma voz perturbada.
Eu tirei o meu rosto das mãos pra ver Jacob hesitante na porta da cozinha; ele não havia
ido embora como eu pensei.
Foi só quando eu ví as gotas claras pingando nas minhas mãos que eu ví que eu percebí
que estava chorando.
A expressão calma de Jacob havia desaparecido; o rosto dele estava ansioso e incerto.
Ele caminhou silenciosamente de volta e ficou na minha frente, abaixando a cabeça pra
que seus olhos ficassem na mesma altura dos meus.
"Eu fiz de novo, não fiz?"
"Fez o que?", eu perguntei, minha voz falhando.
"Quebrei minha promessa. Desculpe".
"Tudo bem", eu murmurei. "Fui eu quem começou dessa vez".
O rosto dele se torceu. "Eu sabia como você se sentia em relação a eles. Isso não devia
ter me pego de surpresa desse jeito".
Eu podia ver a repulsa nos olhos dele. Eu queria explicar como Alice realmente era, pra
defender ela do julgamento que ele fazia, mas alguma coisa me avisou que essa não era
a hora.
Então eu só disse "Desculpa", de novo.
"Não vamos nos preocupar com isso, tá bom? Ela só está visitando, certo? Ela vai
embora, e as coisas vão voltar ao normal."
"Será que eu não posso ser amiga dos dois ao mesmo tempo?", eu perguntei, minha voz
não escondia a dor que eu sentia.
Ele balançou a cabeça lentamente. "Não, eu não acho que pode".
Ele respirei e olhei para os pés grandes dele. "Mas você vai esperar, certo? Você ainda
vai ser meu amigo, mesmo que eu ame Alice também?"
Eu não olhei pra cima, com medo de ver o que ele pensaria sobre essa última parte. Ele
levou um minuto pra responder, então eu provavelmente estava certa por não olhar.
"É, eu sempre vou ser seu amigo", ele disse mal humorado. "Não importa o que você
ame".
"Promete?"
"Prometo".
Eu senti os braços dele ao meu redor, e eu me inclinei para o peito dele, ainda inalando.
"Isso é uma droga".
"É", então ele cheirou o meu cabelo e disse, "Eca".
"O que?" eu quis saber. Eu olhei pra cima pra ver que o nariz dele estava torcido de
novo. "Porque que todo mundo fica fazendo isso? Eu não cheiro mal!"
Ele sorriu um pouquinho. "Cheira sim - você cheira como eles. Eca. Muito doce -
doentemente doce. E... gelada. Queima meu nariz".
"Mesmo?" Isso era estranho. Alice tinha um cheiro inacreditavelmente maravilhoso. Pra
um humano, pelo menos. "Mas, porque Alice achou que eu estava cheirando mal
também?"
Isso levou o sorriso dele embora. "Huh. Talvez eu também não cheire muito bem pra
ela. Huh".
"Bem, vocês dois cheiram bem pra mim", eu descansei a minha cabeça nele de novo. Eu
ia sentir terrivelmente a falta dele quando ele saisse pela porta. Eu era uma péssima
pessoa - por um lado, eu queria que Alice ficasse pra sempre. Eu ia morrer -
metaforicamente - quando ela fosse embora. Mas como era que eu podia ficar sem ver
Jake por qualquer espaço de tempo? Que bagunça, eu pensei de novo.
"Eu vou sentir sua falta", Jacob cochichou, ecoando os meus pensamentos. "A cada
minuto. Eu espero que ela vá embora logo".
"Isso realmente não precisa ser desse jeito, Jake".
Ele suspirou. "Sim. Tem sim. Bella. Você... ama ela. Então é melhor eu não chegar nem
perto dela. Eu não tenho certeza de que sou controlado o suficiente pra lidar com isso.
Sam ficaria louco se eu quebrasse o acordo, e-" a voz dele ficou sarcástica "- você
provavelmente não ia gostar muito de mim se eu matasse a sua amiga".
Eu me apartei dele quando ele disse isso, mas ele me apertou mais forte, se recusando a
me deixar escapar. "Não há necessidade de esconder a verdade. As coisas são do jeito
que são, Bells".
"Eu não gosto do jeito que elas são".
Jacob me soltou com um braço pra que ele pudesse usar a mão pra levantar o meu
queixo pra me fazer olhar pra ele. "É. Era mais fácil quando nós dois eramos humanos,
não era?"
Eu suspirei.
Nós olhamos um pra o outro por um longo momento. A mão dele queimava na minha
pele. No meu rosto, eu sabia que não havia nada além de uma tristeza saudosa - eu não
queria ter que dizer adeus agora, não importava por quão pouco tempo fosse. No início
o rosto dele refletia o meu, mas depois, quando nenhum de nós desviou o olhar, a
expressão dele mudou.
Ele me soltou, usando a outra mão pra alisar a minha bochecha com a pontas dos dedos,
trilhando com eles até a minha mandíbula. Eu podia sentir os dedos dele tremendo -
dessa vez não era com raiva.
Ele pressionou a palma na minha bochecha, pra que assim o meu rosto ficasse preso
entre suas mãos que pegavam fogo.
"Bella", ele sussurrou.
Eu estava congelada.
Não! Eu ainda não havia tomado essa decisão. Eu não sabia se poderia fazer isso, e
agora eu estava sem tempo pra pensar nisso. Mas eu seria uma boba se eu pensasse que
rejeitá-lo não teria nenhuma consequência.
Eu encarei ele de volta. Ele não era o meu Jacob, mas ele podia ser. O rosto dele era
familiar e amado. De muitas maneiras verdadeiras, eu amava ele. Ele era meu conforto,
meu porto seguro.
Agora mesmo, eu podia escolher que ele pertenceria a mim.
Alice estava de volta por um momento, mas isso não mudava nada. O amor verdadeiro
estava perdido pra sempre. O príncipe nunca mais ia voltar pra me beijar e me acordar
do meu sono encantado. Eu não era uma princesa, afinal. Então qual era o protocolo dos
contos de fadas contra outros beijos? Ele eram de uma espécie mundana que não
quebravam nenhum feitiço?
Talvez isso fosse fácil - como segurar a mão dele ou sentir os braços dele ao meu redor.
Talvez fosse uma sensação boa. Talvez eu não me sentisse como uma traidora. Além do
mais, quem eu estava traindo, afinal? Só eu mesma.
Mantendo os olhos dele nos meus, Jacob começou a inclinar seu rosto na direção de
meu. E eu estava absolutamente indecisa.
O toque estridente do telefone fez a gente pular, mas isso não quebrou a concentração
dele. Ele tirou a mão dele que estava em baixo do meu queixo e alcançou pra pegar o
aparelho, mas ele ainda segurava o meu rosto seguramente com uma das mãos em
minha bochecha. Os olhos escuros dele não libertaram os meus. Eu estava confusa
demais pra reagir, mesmo pra tomar vantagem da distração.
"Residência dos Swan", Jaco disse, sua voz rouca estava baixa e intensa.
Alguém respondeu, e Jacob se alterou num instante. Ele se enrigeceu, e a mão dele caiu
do meu rosto. Os olhos dele ficaram vazios, o rosto dele ficou branco, e eu podia
apostar qualquer coisa de que era Alice.
Eu me recuperei e estiquei minha mão pra pegar o telefone. Jacob me ignorou.
"Ele não está aqui", Jacob disse, e as palavras eram ameaçadoras.
Houve uma resposta muito curta, pareceu ser um pedido de mais informação, porque ele
respondeu sem vontade. "Ele está no funeral".
Então Jacob desligou o telefone. "Sugador de sangue sujo", ele murmurou por baixo do
fôlego. O rosto dele havia voltado para aquela máscara azeda de novo.
"Com quem foi que você acabou de falar?", eu asfixiei, furiosa.
"Na minha casa, no meu telefone?"
"Calma! Ele desligou na minha cara!"
"Ele? Quem era?!"
Ele zombou do título. "Dr. Carlisle Cullen".
"Porque você não me deixou falar com ele?!"
"Ele não perguntou por você", Jacob disse friamente. O rosto dele estava suave, sem
expressão, mas mãos dele estavam tremendo. "Ele perguntou onde Charlie estava e eu
disse. Eu não quebrei nenhuma regra de etiqueta".
"Me escute aqui, Jacob Black -"
Mas ele obviamente não estava me escutando, ele olhou rapidamente por cima do
ombro, como se alguém tivesse chamado o nome dele na outra sala. Os dele ficaram
arregalados e o corpo dele ficou rígido, e aí ele começou a tremer. Eu escutei também,
automaticamente, mas eu não ouvia nada.
"Tchau, Bells", ele soltou, e se virou na direção da porta da frente.
Eu corrí atrás dele. "O que foi?"
E aí eu esbarrei nele, quando ele se virou nos calcanhares, xingando por baixo do
fôlego. Ele girou de novo, me colocando de lado. Eu me prendi e caí no chão, minhas
pernas entrelaçadas com as dele.
"Droga, ow!", eu protestei enquanto ele rapidamente desentrelaçava as suas pernas das
minhas.
Eu lutei pra me colocar de pé enquanto ele se apressava para a porta da frente; de
repente ele congelou de novo.
Alice ficou imóvel no pé das escadas.
"Bella", ela gaguejou.
Eu me atrapalhei ficando de pé e corrí para o lado dela. Os olhos dela estavam confusos
e distantes, o rosto dela estava cansado e mais branco que osso. O pequeno corpo dela
tremia como se houve um redemoinho dentro dela.
"Alice, qual é o problema?", eu perguntei. Eu coloquei minhas mãos no rosto dela,
tentando acalmá-la.
Os olhos dela se focaram nos meus abruptamente, arregalados de dor.
"Edward", ela sussurrou.
O meu corpo reagiu mais rápido do que a minha mente foi capaz de captar as
implicações das palavras dela.
No começo eu não entendia porque a sala estava rodando ou de de onde o zumbido
vazio dos meus ouvidos estava vindo.
Minha mente trabalhou, incapaz de tirar um sentido do rosto esbranquiçado de Alice e o
que Edward poderia ter a ver com isso, enquanto meu corpo já estava balançando,
procurando o alívio na inconsciencia antes mesmo que ela me encontrasse.
As escadas ficaram num ângulo estranho.
A voz furiosa de Jacob de repente estava no meu ouvido, soltando uma fileira de
palavras profanas. Eu sentí uma vaga desaprovação. Os novos amigos dele claramente
eram uma má influência.
Eu estava no sofá sem entender como havia chegado lá, e Jacob ainda estava xingando.
Eu podia sentir que estava havendo um terremoto - o sofá estava tremendo embaixo de
mim.
"O que você disse pra ela?", ele quis saber.
Alice ignorou ele. "Bella? Bella, sai dessa. Nós temos que nos apressar".
"Afaste-se", Jacob avisou.
"Acalme-se, Jacob Black", Alice ordenou. "Você não quer fazer isso tão perto dela".
"Eu não acho que vou ter nenhum problema pra encontrar meu alvo", ele respondeu,
mas a voz dele parecia um pouco mais calma.
"Alice?", minha voz estava fraca. "O que aconteceu?", eu perguntei, mesmo sem querer
ouvir a resposta.
"Eu não sei", ela gemeu de repente. "O que ele está pensando?!"
Eu trabalhei pra me colocar de pé apesar da tontura. Eu me dei conta de que era no
braço de Jacob que eu estava me agarrando pra ter apoio. Era ele quem estava tremendo,
não o sofá.
Alice estava tirando um pequeno celular prateado da bolsa quando eu a relocalizei. Os
dedos dela discaram os numeros tão rapidamente que eram só um vulto.
"Rose, eu preciso falar com Carlisle agora", a voz dela chicoteava as palavras. "Tá,
assim que ele estiver de volta. Não, eu vou estar num avião. Olha, você tiveram alguma
notícia de Edward?"
Alice pausou agora, escutando com uma expressão que ficava mais e mais pasma a cada
segundo. A boca dela se abriu em um pequeno O de tão horrorizada, e o telefone tremia
na mão dela.
"Porque?", ela asfixiou. "Porque você faria isso, Rosalie?"
Qualquer que tenha sido a resposta, ela fez a mandíbula dela trincar de raiva. Os olhos
dela brilharam e se estreitaram.
"Bem, no entanto, você está errada nas duas situações, Rosalie, então isso deve ser um
problema, você não acha?" ela perguntou acidamente. "Sim, é isso mesmo. Ela está
absolutamente bem - eu estava errada... É uma longa história... Mas você está errada
nessa parte também, foi por isso que eu liguei... Sim, foi exatamente isso o que eu ví".
A voz de Alice estava muito dura e seus lábios estavam curvados em cima dos dentes.
"É um pouco tarde demais pra isso, Rose. Guarde o seu remorso pra alguém que
acredite nele". Alice fechou o telefone com um rápido movimento dos dedos.
Os olhos dela estavam torturados quando ela olhou pro meu rosto.
"Alice", eu soltei rapidamente. Eu não podia deixar ela falar ainda. Eu precisava de
mais alguns segundos antes que ela falasse e as palavras dela destruíssem o que havia
restado da minha vida.
"Alice, mas Carlisle está de volta. Ele acabou de ligar antes de..."
Ela olhou pra mim com um olhar vazio. "A quanto tempo?" ela perguntou com uma voz
confusa.
"Meio minuto antes de você aparecer".
"O que foi que ele disse?" Ela realmente estava prestando atenção agora, esperando pela
minha resposta.
"Eu não falei com ele", meus olhos voaram pra Jacob.
Alice virou o seu olhar penetrante pra ele. Ele tremeu, mas continuou sentado ao meu
lado.
Ele sentou de um jeito estranho, quase como se fosse usar seu corpo como um escudo
pra mim.
"Ele perguntou por Charlie, e eu disse que Charlie não estava aqui", Jacob murmurou
resentido.
"Isso é tudo?", Alice quis saber, a voz dela era como gelo.
"Depois ele desligou na minha cara", Jacob mandou de volta. Um tremor desceu a
espinha dele, me fazendo tremer junto.
"Você disse pra ele que Charlie estava no funeral", eu lembrei ele.
Alice jogou a cabeça dela de volta pra mim. "Quais foram as palavras exatas dele?"
"Ele disse 'Ele não está aqui' e Carlisle perguntou onde Charlie estava, Jacob disse 'No
funeral'".
Alice gemeu e caiu e joelhos.
"Me conte Alice", eu sussurrei.
"Aquele não era Carlisle no telefone", ela disse desesperançosa.
"Você está me chamando de mentiroso?" Jacob rosnou do meu lado.
Alice ignorou ele, focando em meu rosto desnorteado.
"Era Edward", as palavras eram só um soluço sussurrado. "Ele acha que você está
morta".
Minha mente começou a trabalhar de novo. Essas não eram as palavras que eu estava
esperando, e o alívio clareou minha cabeça.
"Rosalie disse a ele que eu me matei, não disse?", eu perguntei, suspirando enquanto
relaxava.
"Sim", Alice admitiu, seus olhos brilhavam duramente de novo.
"Em defesa dela, ela realmente pensava isso. Eles confiam demais nas minhas visões
pra uma coisa que funciona tão imperfeitamente. Mas pra fazer ela rastrear ele desse
jeito! Será que ele não se dava conta... ou se importa...?" A voz dela desapareceu de
horror.
"E quando Edward ligou pra cá, ele pensou que Jacob estava se referindo ao meu
funeral", eu me dei conta. Me machucou saber o quanto eu estive perto, a apenas alguns
centímetros da voz dele. As minhas unhas cravaram no braço de Jacob, mas ele nem se
mexeu.
Alice olhou pra mim estranhamente. "Você não está triste", ela sussurrou.
"Bem, esse não é um senso de timing muito bom, mas tudo vai se esclarecer. Da
próxima vez que ele ligar, alguém vai dizer pra ele... o que... realmente", minha voz
falhou.
O olhar dela estrangulou as palavras na minha garganta.
Porque ela estava tão apavorada? Porque o rosto dela estava se torcendo com piedade e
com horror? O que foi isso que ela havia acabado de dizer á Rosalie no telefone?
Alguma coisa relacionada ao que ela viu... e o remorso de Rosalie; Rosalie jamais
sentiria remorso por alguma coisa que acontecesse comigo. Mas se ela machucasse a
sua família, o seu irmão...
"Bella," Alice cochichou. "Edward não vai ligar de novo. Ele acreditou nela."
"Eu. Não. Entendo", minha boca formou cada palavra silenciosamente. Eu não
conseguia soltar o ar pra realmente dizer as palavras e fazer ela me explicar.
"Ele vai para a Itália".
Me levou a velocidade de um pulsar do meu coração pra entender.
Quando a voz de Edward voltou naminha cabeça agora, ela não era a perfeita imitação
das minhas ilusões. Era só o tom fraco, vazio, das minhas memórias. Mas só as palavras
já foram suficientes pra atingir o meu peito e fazê-lo se abrir de novo. Palavras de um
tempo quando eu podia ter apostado tudo o que eu tinha e tudo que podia pegar
emprestado no fato de que ele me amava.
Bem, eu não ia viver sem você, ele disse enquanto assistíamos Romeu e Julieta juntos,
aqui nessa mesma sala. Mas eu não tinha certeza de como fazer isso... eu sabia que
Emmett e Jasper jamais iriam me ajudar... então eu pensei que talvez eu pudesse ir para
a Itália e fazer alguma coisa pra provocar os Volturi... Você não deve irritá-los. Não a
menos que você queira morrer.
Não a menos que você queira morrer.
"NÃO!" Essa negação meio gritada foi tão alta, depois das palavras sussurradas, que fez
todo mundo pular. Eu sentí o sangue correndo para o meu rosto enquanto me dava conta
do que ela havia visto.
"Não! Não, não, não! Ele não pode! Ele não pode fazer isso!"
"Ele se convenceu assim que o seu amigo o convenceu que era tarde demais pra te
salvar".
"Mas ele... ele foi embora! Ele não me queria mais! Que diferença isso faz agora? Ele
sabia que eu ia morrer alguma hora!"
"Eu não acho que ele estava planejando viver muito mais que você", Alice disse
baixinho.
"Como ele se atreve!", eu gritei. Agora eu estava de pé, e Jacob se levantou sem muita
certeza pra se colocar entre Alice e eu.
"Oh, saia do caminho, Jacob!" eu acotovelei o seu corpo tremendo com uma
ansiosidade desesperada. "O que nós faremos?" eu implorei pra Alice. Tinha que haver
alguma coisa. "Não podemos ligar pra ele? Ligar pra Carlisle?"
Ela estava balançando a cabeça. "Essa foi a primeira coisa que eu tentei. Ele deixou o
telefone numa lata de lixo no Rio - Alguém atendeu..." ela cochichou.
"Você disse antes que tínhamos que nos apressar. Apressar como? Vamos fazer isso,
seja lá o que for!"
"Bella eu - eu não acho que posso te pedir pra..." Ela parou indecisa.
"Me peça!", eu comandei.
Ela colocou a mão no meu ombro, me segurando no lugar, seus dedos se flexionavam
esporádicamente pra dar ênfase ás suas palavras. "Nós podemos já estar atrasadas. Eu ví
ele indo para os Volturi... e pedindo pra morrer". Nós suas vacilamos, e meus olhos
ficaram cegos de repente. Eu pisquei fervorosamente com as lágrimas.
"Tudo depende do que eles escolherem. Eu não posso ver isso até que eles tomem a
decisão.
"Mas se eles disserem não, e eles podem fazer isso - Aro sente afeição por Carlisle, e
não ia querer ofendê-lo - Edward tem um plano reserva. Eles são muito protetores de
sua cidade. Se Edward fizer alguma coisa pra perturbar a paz, ele acha que isso vai fazer
eles o pararem. E ele está certo. Eles vão."
Eu encarei ela com a mandíbula apertada de frustração. Eu ainda não tinha ouvido nada
que explicasse porque ainda estávamos aqui.
"Então se eles concordarem em acatar o seu pedido, nós chegaremos tarde. Se eles
disserem não, e ele inventar um plano que os aborreça rápido o suficiente, chegaremos
tarde. Se ele começar a se deixar levar pelas suas tendências mais teatrais... podemos ter
tempo."
"Vamos logo!"
"Escute, Bella! Chegando em tempo ou não, estaremos no coração da cidade dos
Volturi. Eu vou ser considerada cúmplisse dele se ele conseguir o que quer. Você será
uma humana que não apenas sabe demais, como também cheira bem demais. Há uma
chance muito boa de eles eliminarem todos nós - apesar de no seu caso o castigo não
durar mais que a hora do jantar".
"É isso que ainda tá segurando a gente aqui?", eu perguntei sem acreditar. "Eu vou
sozinha se você estiver com medo". Eu mentalmente contabilizei o dinheiro que ainda
havia na minha conta, e me perguntei se Alice me emprestaria o resto.
"Eu só estou com medo que você acabe morta".
Eu bufei de desgosto. "Eu quase me mato todos os dias! Me diga o que eu tenho que
fazer!"
"Escreva um bilhete pra Charlie. Eu vou ligar para a compania de vôo".
"Charlie", eu asfixiei.
Não que a minha presença aqui estivesse protegendo ele, mas eu não podia deixá-lo
aqui pra encarar...
"Eu não vou deixar nada acontecer com Charlie", a voz baixa de Jacob estava mal
humorada e com raiva. "Dane-se o acordo".
Eu olhei pra ele e ele fez escárnio com a minha expressão assustada.
"Se apresse, Bella!", Alice interrompeu urgentemente.
Eu corrí para a cozinha, arrancando as gavetas dos armários e jogando tudo que havia
dentro delas no chão enquanto eu procurava uma caneta. Uma mão macia, marrom,
passou uma pra mim.
"Obrigada", eu murmurei, arrancando o bocal com os dentes. Ele silenciosamente me
passou o bloco de papéis no qual eu escreví o meu bilhete. Eu arranquei a capa e a
joguei por cima do meu ombro.
Pai, eu escreví. Eu estou com Alice. Edward está com problemas. Você pode me colocar
de castigo quando eu voltar pra casa. Eu sei que é uma má hora. Lamento muito. Te
amo demais. Bella.
"Não vá", Jacob cochichou. A raiva havia desaparecido agora que Alice estava fora de
vista.
Eu não ia perder meu tempo discutindo isso com ele. "Por favor, por favor, por favor
tome conta de Charlie", eu disse enquanto corria de volta para a porta da frente.
Alice estava esperando na porta com uma mala no ombro.
"Pegue a sua carteira - vamos precisar da sua identidade.Por favor me diga que você
tem um passaporte. Eu não tenho tempo pra falsificar um agora".
Eu balancia a cabeça e corrí lá pra cima, meus joelhos fracos de gratidão por minha mãe
ter tido vontade de se casar com Phil numa praia no México.
É claro, como todos os planos dela, esse não deu certo. Mas não antes que eu tivesse
tempo de lidar com todos os preparativos práticos pra ela.
Eu invadí meu quarto. Eu enfiei minha carteira velha, uma camiseta limpa, e uma calças
na minha mochila, e depois joguei a minha escova de dentes no topo. Eu corri lá pra
baixo. A sensação de deja vu já estava me batendo nesse ponto. Pelo menos, diferente

da última vez - quando eu tive que fugir de Forks pra escapar de vampiros e não pra
encontrá-los - eu não teria que me despedir de Charlie pessoalmente.
Jacob e Alice estavam presos em alguma espécie de confrontação na frente da porta
aberta, tão distantes um do outro que eu não podia presumir no início que eles estavam
tendo uma conversa. Nenhum dos dois pareceu reparar na minha aparição barulhenta.
"Você pode se controlar na ocasião, mas esses sanguessugas pra quem você está a
levando -", Jacob estava a acusando furiosamente.
"Sim. Você está certo. Cachorro". Alice estava rosnando também.
"Os Volturi são a verdadeira ecênssia da nossa espécie - eles são a razão pela qual os
cabelos do seu braço se arrepiam quando você me cheira. Eles são a substância dos seus
pesadelos, o pavor por trás dos seus instintos. Eu não estou mal informada nesse
aspecto".
"E você leva ela até eles como se fosse uma garrafa de vinho para um festa!", ele gritou.
"Você acha que seria melhor se eu deixasse ela aqui sozinha, com Victória perseguindo
ela?"
"Nós podemos cuidar da ruiva".
"Então porque é que ela ainda está caçando?"
Jacob rosnou, e um estremecimento passou pelo seu tórax.
"Parem com isso!", eu gritei para os dois, com uma impaciência selvagem.
"Discutam quando nós voltarmos, vamos!"
Alice se virou para o carro, desaparecendo na sua pressa. Eu corrí atrás dela, parando
automaticamente pra trancar a porta.
Jacob agarrou meu braço com a mão tremendo.
"Por favor, Bella. Eu estou implorando".
Os olhos escuros dele estavam brilhando com lágrimas. Um caroço preencheu minha
garganta.
"Jake, eu preciso-".
"Mas você não precisa. Você realmente não precisa. Você podia ficar aqui comigo.
Você podia ficar viva. Por Charlie. Por mim".
O motor da Mercedes de Carlisle ronronou; o ritmo do ronco se intensificou quando
Alice acelerou impacientemente.
Eu balancei minha cabeça, lágrimas saltando dos meus olhos com uma emoção
devastadora. Eu puxei meu braço, e ele não lutou comigo.
"Não morra, Bella", ele gaguejou. "Não vá. Não".
E se eu nunca mais visse ele?
O pensamento me afastou das lágrimas silenciosas, um soluço escapou do meu peito. Eu
joguei meus braços ao redor do seu tórax e o abracei por um momento curto demais,
enterrando o meu rosto molhado de lágrimas no peito dele. Ele colocou sua mão grande
na parte de trás do meu cabelo, como que pra me segurar lá.
"Adeus, Jake". Eu tirei a mão dele do meu cabelo, e beijei a palma dele. Eu não
consegui olhar para o rosto dele. "Me desculpe", eu cochichei.
Então eu me virei e corri para o carro. A porta do lado do passageiro estava aberta e me
esperando. Eu joguei minha mochila por cima do encosto de cabeça e entrei, batendo a
porta atrás de mim.
"Tome conta de Charlie", eu me virei pra gritar pela janela, mas Jacob não estava em
nenhum lugar á vista. Enquanto Alice acelerava e - com os pneus cantando como se
fossem gritos humanos - nos virava pra o lado da estrada, eu ví um pedaço de trapo
perto de onde começavam as árvores.
Um pedaço de sapato.
19. Ódio
Nós chegamos pra o nosso vôo com apenas segundos pra gastar, e então a tortura
começou. O avião ficou inativo no portão enquanto as comissárias de bordo - muito
casualmente - andavam pra cima e pra baixo no corredor, apalpando as bolsas nos
compartimentos pra ter certeza de que elas cabiam. Os pilotos se inclinavam pra fora da
cabine, conversando com elas enquanto elas passavam. Amão de Alice estava dura no
meu ombro, me segurando no ascento enquanto eu saltava ansiosamente pra cima e pra
baixo.
"Isso é mais rápido que ir correndo", ela me lembrou em uma voz baixa.
Eu só balancei a cabeça no ritmo dos meus pulos.
Enfim o avião se separava lentamente do portão aumentando a velocidade gradualmente
com uma estabilidade que me torturava ainda mais. Eu esperava sentir alguma espécie
de alívio quando finalmente começamos a decolar, mas o meu frenesí de impaciência
não cessou.
Alice levantou o telefone nas costas do ascento na frente dela assim que paramos de
subir, dando as costas para a comissária de bordo que olhou pra ela com um olhar de
desaprovação. Alguma coisa na minha expressão impedia a comissária de vir protestar.
Eu tentei não prestar atenção no que Alice estava murmurando pra Jasper; eu não queria
ouvir as palavras de novo, mas alguma coisa escapou.
"Eu não posso ter certeza, e fico vendo ele fazer coisas diferentes, ele fica mudando de
idéia... Uma matança pela cidade, atacando um guarda, levantando um carro por cima
da cabeça na praça principal... um monte de coisas que poderiam expor eles - ele sabe
que essa é a forma mais rápida de forçar uma reação..."
"Não, você não pode", a voz de Alice baixou até que já estava quase inaudível, apesar
de eu estar sentada a apenas alguns centímetros dela. Contrariada, eu prestei mais
atenção. "Diga a Emmett que não... Bem, vá atrás de Emmett e Rosalie e os traga de
volta... Pense nisso, Jasper. Se ele vir qualquer um de nós, o que você acha que ele vai
fazer?"
Ela balançou a cabeça. "Exatamente. Eu acho que Bella é a única chance - se houver
uma chance... Eu farei tudo o que puder ser feito, mas prepare Carlisle; as chances não
são boas".
Ela sorriu então, e havia um tom diferente na voz dela. "Eu pensei nisso... Sim, eu
prometo" A voz dela se tornou implorativa. "Não me siga. Eu prometo, Jasper. De um
jeito ou de outro, eu me viro... E eu te amo".
Ela desligou, e se inclinou no ascento dela com os olhos fechados. "Eu odeio mentir pra
ele."
"Me diga tudo, Alice", eu implorei. "Eu não entendo. Porque você disse a Jasper pra
parar Emmett, porque eles não podem vir nos ajudar?"
"Duas razões", ela cochichou, ainda com os olhos fechados. "A primeira eu disse pra
ele. Nós podemos tentar parar Edward sozinhas - se Emmett colocar as mãos em cima
dele, nós podemos ser capazes de pará-lo por tempo suficiente pra convencê-lo de que
você está viva. Mas não dá pra enganar Edward. Se eles vir qualquer um de nós se
aproximando, ele simplesmente vai agir muito mais rápido.
Ele vai jogar um carro contra uma parede ou alguma coisa assim, e os Volturi vão
agarram ele.
"E tem a segunda razão é claro, a razão que eu não consegui dizer pra Jasper. Porque se
eles estiverem lá e os Volturi matarem Edward, eles vão lutar com eles. Bella", ela me
encarou e abriu os olhos, suplicando. "Se houvesse alguma chance de nós vencermos...
se houvesse uma forma de nós quatro podermos lutar pra salvar o meu irmão, talvez
isso fosse diferente. Mas nós não podemos, e, Bella, eu não posso perder Japer desse
jeito".
Eu me dei conta do porque de os olhos dela estarem implorando pela minha
compreensão. Ela estava protegendo Jasper, á nossas custas, e talvez as custas de
Edward também. Eu entendí, e não pensei mal dela. Eu balancei a cabeça.
"Contudo, será que Edward não poderia ouvir seus pensamentos?", eu perguntei. "Ele
não ia saber, assim que ouvisse seus pensamentos, que eu estou viva, que não havia
necessidade pra isso?"
Não que isso fosse uma justificativa, de qualquer jeito. Eu ainda não acreditava que ele
fosse capaz de reagir dessa forma. Isso não fazia nenhum sentido! Eu me lambrava com
dolorosa clareza das suas palavras naquele dia no sofá, enquanto nós assistíamos Romeu
e Julieta se matarem. Eu não ia viver sem você, ele havia dito, como se isso fosse uma
coclusão muito óbvia. Mas as palavras que ele havia dito na floresta quando ele me
deixou haviam cancelado essa coisa toda - forçadamente.
"Se ele estivesse ouvindo", ela explicou. "Mas acredite ou não, é possível mentir em
pensamento. Se você tivesse morrido, eu ainda tentaria impedir ele. E eu estaria
pensando 'Ela está viva, ela está viva' o máximo que eu pudesse. Ele sabe disso".
Eu tranquei os dentes com uma frustração muda.
"Se houvesse uma forma de fazer isso sem você, Bella, eu não estaria te colocando em
risco dessa forma. É muito errado da minha parte".
"Não seja estúpida. Eu sou a última coisa com a qual você deve se preocupar". Eu
balancei a cabeça impacientemente. "Me diga o que você quis dizer quando disse que
odiava mentir pra Jasper".
Ela deu um sorriso tímido. "Eu prometí a ele que ia me mandar antes que eles me
matassem também. Não é uma coisa que eu posso garantir - não por muito tempo". Ela
ergueu as sobrancelhas, como se estivesse desejando que eu levasse o perigo mais a
sério.
"Quem são esses Volturi?", eu quis saber em um suspiro. "O que os torna tão mais
perigosos do que Emmett, Jasper, Rosalie e você?", era difícil imaginar uma coisa mais
assustadora do que isso.
Ela respirou fundo, e então abruptamente deu uma olhada obscura por cima do meu
ombro. Eu me virei a tempo de ver um homem sentado na poltrona ao lado se virando
como se estivesse nos escutando. Ele aparentava ser um homem de negócios, em um
terno escuro e uma gravata poderosa e um laptop nos joelhos. Enquanto eu o encarava
irritada, ele abriu o computador e muito notavelmente colocou fones de ouvido.
Eu me inclinei pra mais perto de Alice. Os lábios dela estavam no meu ouvido enquanto
ela cochichava a história.
"Eu estava surpresa por você ter reconhecido o nome", ela disse. "Que você tenha
reconhecido tão imediatamente o que ele significava - quando eu disse que ele estava
indo para a Itália. Eu pensei que fosse ter que explicar. O quanto Edward te contou?"
"Ele só disse que eles era uma família antiga, poderosa - como a realeza. Que você não
devia chateá-los a menos que você quisesse... morrer". Eu sussurrei. Essa última palavra
foi difícil de botar pra fora.
"Você precisa entender", ela disse, com a voz lenta, mais comedida agora. "Nós Cullen
somos únicos em mais maneiras do que você imagina. É... anormal tantos de nós
vivendo juntos e em paz. Isso é o mesmo para a família de Tânia vivendo no norte, e
Carlisle especula que a nossa abstinência facilita a nossa civilização, de forma que os
nossos laços são mais de amor do que de sobrevivência ou de conveniência. Mesmo o
pequeno grupo de três de James era extraordinariamente grande - e você viu como foi
fácil pra Laurent abandoná-los. A nossa espécie viaja sozinha, ou em pares, como se
fosse uma regra geral. A família de Carlisle até onde eu sei é a maior em existência,
com uma excessão. Os Volturi.
"Haviam três deles originalmente, Aro, Caius, e Marcus".
"Eu ví eles", eu murmurei. "Numa tela na sala de estudos de Carlisle".
Alice balançou a cabeça. "Duas fêmeas se juntaram a eles com o tempo, e eles cinco
formavam a família. Eu não tenho certeza, mas eu acho que é a idade deles que dá a eles
a habilidade de viverem juntos e em paz. Eles todos têm mais de trezentos anos. Ou
talvez sejam os dons deles que os dá tolerância extra. Como Edward e eu, Aro e Marcus
são... talentosos".
Ela continuou antes que eu pudesse perguntar. "Ou talvez seja apenas o amor deles por
poder que os mantêm unidos. Realeza é uma descrição apta".
"Mas se só são cinco -"
"Cinco que formam a família", ela me corrigiu. "Isso não inclui os guardas".
Eu respirei fundo. "Isso parece... sério".
"Oh, e é", ela me assegurou. "Haviam nove membros da guarda que eram permanentes,
da última vez que ouvimos falar. Os outros são mais... transitórios. Isso muda. E muitos
deles tem dons também - com dons formidáveis, que fazem os meus parecerem um
truque de circo. Os Volturi os escolhem pelas suas habilidades, físicas ou de outra
espécie".
Minha boca se abriu, e depois se fechou de novo. Eu acho que não queria muito saber
quanto as nossas chances eram ruins.
Ela balançou a cabeça de novo, como se soubesse exatamente o que eu estava pensando.
"Eles não se envolvem em muitos confrontos. Ninguém é estúpido o suficiente pra se
meter com eles. Eles ficam na cidade deles, e só saem quando o dever os chama".
"O dever?", eu imaginei.
"Edward não te disse o que eles fazem?"
"Não", eu disse, sentindo o meu rosto branco como papel.
Alice olhou por cima da minha cabeça de novo, para o homem de negócios, e colocou
seus lábios gelados no meus ouvido de novo.
"Há uma razão pela qual ele os chamou de realeza... as regras de governo. Através do
milênio, eles assumiram a posição de forçar as nossas regras - que na verdade,
traduzindo significa que eles punem os transgressores. Eles cumprem esse dever
decisivamente".
Meus olhos se arregalaram com o choque. "Existem regras?" Eu perguntei numa voz
que era alta demais.
"Shh!"
"Será que alguém não devia ter mencionado isso pra mim antes?" eu cochichei
raivosamente. "Quer dizer, eu queria ser uma... ser uma de vocês! Será que alguém não
devia ter explicado as regras pra mim?"
Alice gargalhou uma vez com a minha reação. “Não é tão complicado, Bella. Só há um
caroço de restrição - e se você pensar nisso, você provavelmente vai descobrir qual é
sozinha".
Eu pensei nisso. "Não. Eu não faço idéia".
Ela balançou a cabeça, desapontada. "Talvez seja óbvio demais. Nós só temos que
manter a nossa existência em segredo".
"Oh", eu murmurei. Era óbvio.
"Faz sentido, e a maioria de nós não precisa ser policiada", ela continuou.
"Mas, depois de alguns séculos, ás vezes um de nós fica de saco cheio. Ou louco. Eu
não sei. E aí os Volturi se intrometem antes que comprometam eles, ou o resto de nós..."
"Então Edward..."
"Está pretendendo desconsiderar isso na cidade deles - a cidade que eles têm protegido
secretamente por trezentos anos, desde o tempo dos etruscos. Eles protegem tanto
aquela cidade que não permitem que haja caça dentro de seus limites. Volterra é
provavelmente a cidade mais segura do mundo - pelo menos de ataques de vampiros".
"Mas você disse que eles não saem. Como é que eles saem?"
"Eles não saem. Eles trazem a comida deles de fora, de bem longe as vezes. Isso dá aos
guardas deles alguma coisa pra fazer quando eles não estão aniquilando aves. Ou
protegendo Volterra da exposição..."
"De situações como essa, como Edward", eu terminei a frase dela. Era incrivelmente
fácil dizer o nome dele agora. Eu não tinha a certeza de qual era a diferença. Talvez
fosse porque eu não estivesse planejando viver mais muito tempo sem ver ele. Ou sem
vê-lo absolutamente, se fosse tarde demais. Era reconfortante saber que eu podia acabar
facilmente com as coisas.
"Eu duvido que eles já tenham tido que lidar com uma situação como essa", ela
murmurou, enojada. "Você não encontra muitos vampiros suicidas por aí".
O som que escapou da minha boca era muito baixo, mas Alice pareceu compreender
que era um choro de dor. Ela passou o seu braço magro, forte ao redor do meus ombros.
"Nós faremos o que pudermos, Bella. Ainda não está acabado".
"Ainda não". Eu deixei ela me confortar, apesar de saber o quanto as chances eram
pequenas. "E os Volturi vão nos pegar se estrarmos as coisas".
Alice enrigeceu. "Você diz isso como se fosse uma coisa boa".
Eu levantei os ombros.
"Sai dessa, Bella, se não a gente desce em Nova York e eu te levo de volta pra Forks"
"O que?"
"Você sabe o que. Se chegarmos tarde demais pra Edward, eu vou fazer o máximo que
puder pra te levar de volta pra Charlie, e eu não quero ter problemas com você. Você
entendeu isso?"
"Claro, Alice".
Ela se afalstou um pouquinho pra que pudesse me olhar. "Nada de problemas".
"Palavras de escoteira", eu murmurei.
Ela revirou os olhos.
"Deixe eu me concentrar, agora. Eu estou tentando ver o que ele está planejando".
Ela deixou o braço ao meu redor, mas a cabeça dela encostou no ascento e ela fechou os
olhos. Ela pressionou a mão livre no lado do rosto, esfregando as pontas dos dedos nas
têmporas.
Eu observei ela fascinadamente por algum tempo.
Eventualmente, ela ficou extremamente imóvel, o rosto dela parecia uma escultura de
mármore. Os minutos se passaram, e se eu não soubesse melhor, eu acharia que ela
havia pego no sono. Eu não me atrevi a interrompê-la pra perguntar o que estava
acontecendo.
Eu desejei que houvesse uma coisa segura pra eu pensar. Eu não podia me permitir a
pensar nos horrores que estavam á frente, ou, mais horroroso ainda, na chance de que
pudessemos falhar - eu não podia pensar nisso se quisesse me impedir de gritar.
Eu também não podia antecipar nada. Talvez, se tivessemos muita, muita, muita sorte,
nós seriamos de alguma forma capazes de salvar Edward. Mas eu não era tão estúpida a
ponto de pensar que salvar ele significava que eu ficaria com ele. Isso não era diferente,
nenhum pouco mais especial do que era antes. Não havia nenhum motivo pra ele me
querer agora. Ver ele e perdê-lo de novo...
Eu lutei contra a dor. Esse era o preço que eu tinha que pagar para salvar a vida dele. E
eu ia pagar.
Ele passaram um filme, e o meu vizinho colocou os fones. As vezes eu olhava as figuras
se movendo na pequena tela, mas eu nem podia dizer se o filme era de romance ou de
terror.
Depois de uma eternidade, o avião começou a descer na direção da cidade de Nova
York. Alice permaneceu no seu transe. Eu me arrepiei, me aproximando para tocá-la, só
pra colocar minha mão de volta. Isso aconteceu uma dúzia de vezes antes que o avião
tocasse o chão com um leve impacto.
"Alice", eu finalmente disse. "Alice, temos que ir".
Eu toquei o braço dela.
Seus olhos se abriram muito lentamente. Ela balançou a cabeça lentamente de um lado
pro outro por um momento.
"Algo novo?", eu perguntei numa voz baixa, consciente do homem que estava ouvindo
do meu lado.
"Não extamente", ela respirou numa voz que eu mal conseguí entender.
"Ele está chegando perto. Ele está decidindo como vai pedir".
Nós tivemos que correr pra pegar o próximo vôo, mas isso foi bom - melhor que ter que
esperar.
Assim que o avião estava no ar, Alice fechou os olhos e deslizou para aquele mesmo
estado de letargia de antes. Eu esperei tão pacientemente quanto pude. Quando já estava
escuro de novo, eu abri a janela pra olhar pra o escuro lá fora que não era nenhum
pouco melhor do que quando a janela estava fechada.
Eu estava agradecida por ter tido tanto tempo pra praticar com os controles dos meus
pensamentos. Ao invés de duelar com as horríveis possibilidades de que, não importava
o que Alice disesse, eu não ia sobreviver, eu me concentrei em problemas menores.
Como, o que eu ia dizer pra Charlie quando eu voltasse. Isso era problemático o
suficiente pra me ocupar algumas horas. E Jacob? Ele havia prometido esperar por mim,
mas será que essa promessa ainda estava de pé? Será que eu ia acabar sozinha em minha
casa em Forks, sem absolutamente ninguém? Talvez eu não quisesse sobreviver,
independente do que acontecesse.
Parecia que só haviam se passado alguns segundos quando Alice balançou num ombro -
eu não me dei conta de que havia caído no sono.
"Bella", ela assobiou, a voz dela um pouco alta demais numa cabine escura cheia de
humanos adormecidos.
Eu não estava desorientada - eu não estive dormindo por tempo suficiente pra isso.
"Qual o problema?"
Os olhos de Alice brilhavam na luz fraca de uma luz acesa na fileira atrás da nossa.
"Não é errado", ela sorriu impetuosamente. "Eles estão deliberando, mas eles decidiram
dizer não".
"Os Volturi?", eu eu murmurei, confusa.
"É claro, Bella, me acompanhe. Eu consigo ver o que els vão dizer".
"Me diga".
Um atendente veio na ponta dos pés pelo corredor até nós. "Posso pegar um travesseiro
para as senhoritas?", ele disse com um cochicho que era uma repreensão em
comparação com a nossa conversa alta.
"Não, obrigada", Alice brilhou pra ele, com um sorriso chocantemente amável. A
expressão do atendente estava deslumbrada quando ele se virou e foi tropeçando de
volta para o seu lugar.
"Me diga", eu respirei quase silenciosamente.
Ela sussurrou no meu ouvido. "Eles estão interessados nele - eles acham que o talento
dele pode ser útil. Eles vão oferecê-lo um lugar com eles".
"O que ele vai dizer?"
"Isso eu ainda não sei dizer, mas eu aposto que vai ser mal educada" ela riu de novo.
"Essas são as primeiras boas notícias - o primeiro intervalo. Eles estão intrigados; eles
realmente não querem destruí-lo - 'desperdício' essa é a palavra que Aro vai usar - e isso
deve ser o suficiente pra forçá-lo a ser criativo. Quanto mais tempo ele gastar me seus
planos, melhor pra nós".
Isso não era o suficiente pra me deixar esperançosa, pra me fazer sentir o alívio que ela
obviamente sentia. Ainda existem tantas formas de nois atrasarmos. E se eu não
conseguisse entrar na cidade dos Volturi, eu não seria capaz de impedir que Alice me
arrastasse de volta pra casa.
"Alice?"
"O que?"
"Eu estou confusa. Como é que você está vendo isso tão claramente? E depois outras
vezes, você vê coisas tão distantes - coisas que não acontecem".
Os olhos dela se estreitaram. Eu me perguntei se ela havia adivinhado o que eu estava
pensando.
"É claro porque é próximo e imediato, e eu realmente estou me concentrando. As coisas
mais distantes que acontecem por sí próprias - essas são só suposições, meros talvez.
Além do mais, eu enxergo a minha espécie muito mais claramente do que a sua. Edward
é mais fácil porque eu estou tão ligada a ele".
"Você me vê as vezes", eu lembrei ela.
Ela balançou a cabeça. "Não tão claramente".
Eu suspirei.
"Eu realmente queria que você estivesse certa sobre mim. No começo, quando você viu
coisas sobre mim, mesmo antes de termos nos conhecido..."
"O que você quer dizer?"
"Você viu eu me tornar uma de vocês", eu mal murmurei as palavras.
Ela suspirou. "Era uma possibilidade naquela época".
"Naquela época", eu repetí.
"Na verdade, Bella", ela hesitou, e depois pareceu fazer uma escolha. "Honestamente,
eu acho que isso é mais que ridículo. Eu estou debatendo a idéia de eu mesma
transformar você".
Eu olhei pra ela, congelada pelo choque. Instantemente, minha mente registrou as
palavras dela. Eu não podia me dar ao luxo de ter esperanças caso ela mudasse de idéia.
"Eu te assustei?", ela imaginou. "Eu pensei que era isso que você queria".
"Eu quero!", eu asfixiei. "Oh, Alice, faça isso agora! Eu podia te ajudar tanto - e assim
eu não ia te atrapalhar. Me morda!"
"Shh!", ela precaviu. O atendente estava olhando na nossa direção de novo. "Tente ser
razoável", ela sussurrou. "Nós não temos tempo suficiente. Nós temos que chegar em
Volterra até amanhã. Você ficaria se contorcendo de dor por dias". Ela fez uma cara. "E
eu não acho que os outros passageiros iam reagir bem".
Eu mordí meu lábio. "Se você não fizer isso agora, você vai mudar de idéia".
"Não", ela fez uma carranca, a expressão infeliz. "Eu não acho que vou. Ele vai ficar
furioso, mas o que é que ele vai poder fazer?"
Meu coração bateu mais rápido. "Absolutamente nada".
Ela sorriu baixinho, e depois suspirou. "Você tem muita fé em mim, Bella. Eu não tenho
muita certeza de que posso. Eu provavelmente vou acabar te matando".
"Eu vou me arriscar".
"Você é muito bizarra, mesmo pra uma humana".
"Obrigada".
"Oh bem, isso é puramente hipotético até esse ponto, afinal. Primeiro nós temos que
sobreviver a amanhã".
"Bem lembrado". Mas pelo menos eu podia ter esperança de alguma coisa se
sobrevivêssemos.
Se Alice cumprisse a sua promessa - e não acabasse me matando - então Edward
poderia correr atrás de suas distrações o quanto ele quisesse, e eu poderia seguir. Eu não
deixaria ele se distrair. Talvez, quando eu fosse linda e forte, ele nem quisesse
distrações.
"Volte a dormir", ela me encorajou. "Eu te acordo quando houver algo novo".
"Certo", eu rosnei, certa de que dormir era uma causa perdida agora.
Alice puxou as pernas pra cima do ascento, agarrando elas com os braços e encostando
a testa nos joelhos. Ela se balançava pra frente e pra trás enquanto se concentrava.
Eu descansei minha cabeça no ascento, observando ela, e a próxima coisa que eu soube,
ela estava fechando cortina para o leve brilho do sol lá fora.
"O que está acontecendo?" eu murmurei.
"Eles disseram não pra ele", ela disse baixinho. Eu notei que todo o seu entusiasmo
havia desaparecido.
Minha voz ficou estrangulada na minha garganta com o pânico. "O que ele vai fazer?"
"Era muito caótico no início. Eu só estava pegando umas partes, ele estava mudando de
plano tão rapidamente".
"Que tipo de planos?", eu pressionei.
"Houve uma hora ruim", ela sussurrou. "Ele decidiu que ia caçar".
Ela olhou pra mim, vendo a compreensão nos meus olhos.
"Na cidade", ela explicou. "Ele chegou muito perto. Ele mudou de idéia no último
minuto".
"Ele não ia querer desapontar Carlisle", eu murmurei. Não no final.
"Provavelmente", ela concordou.
"Vai haver tempo suficiente?" Enquanto eu falava, houve uma mudança na pressão da
cabine. Eu podia sentia o avião se preparando pra aterissar.
"Eu estou esperando que sim - se ele continuar com a última decisão, pode ser".
"O que foi?"
"Ele vai se manter simples. Ele só vai caminhar no sol".
Só caminhar no sol. Isso era tudo.
Isso seria o suficiente. A imagem de Edward na clareira - brilhando, cintilando como se
a pele dele fosse feita de milhões de diamantes - estava gravada na minha memória.
Nenhum humano que visse aquilo iria esquecer. Os Volturi não iam permitir isso.
Não se eles quisessem manter a cidade acima de qualquer suspeita.
Eu olhei para o leve brilho cinza que brilhava através das janelas abertas. "Chegaremos
tarde demais", eu sussurrei, minha garganta se fechando de pânico.
Ela balançou a cabeça. "Messe meomento, ele está se inclinando para o melodrama. Ele
quer o maior público possível, então ele vai escolher a praça principal, embaixo da torre
do relógio. As paredes de lá são altas. Ele vai esperar para que o sol esteja bem
centrado".
"Então temos até o meio dia?"
"Se tivermos sorte. Se ele permanecer com essa decisão".
O piloto apareceu no intercomunicador, anunciando, primeiro em Francês, depois em
Inglês, a nossa aterissagem eminente. As luzes dos avisos dos cintos de segurança
tocaram e piscaram.
"Qual é a distância entre Florença e Volterra?"
"Isso depende da velocidade que você dirige... Bella?"
"Sim?"
Ela me olhou especulativamente. "O quanto você se opõe a roubar um carro?"
Um Porshe amarelo brilhante nos chamou a atenção á alguns passos de onde estávamos.
A palavra TURBO estava pregada em letras prateadas na parte de trás. Todo mundo
além de mim na calçada cheia do aeroporto parou pra olhar.
"Corre, Bella!", Alice gritou impacientemente pela janela aberta do passageiro.
Eu corrí para a porta e me joguei pra dentro, sentindo que eu podia muito bem estar
usando uma meia clça preta na cabeça.
"Nossa, Alice", eu reclamei. "Será que você poderia escolher um carro mais suspeito
pra roubar?"
O interior era de couro preto, e as janelas eram de fumê escuro. Eu me sentí mais segura
do lado de dentro, como se fosse noite.
Alice já estava se movendo, rápido demais, pelo engarrafamento no aeroporto -
passando por espaços muito pequenos enquanto eu me procurava e apertava o meu cinto
de segurança.
"A pergunta importante", ela corrigiu. "É se eu não podia ter roubado um carro mais
rápido, e eu não acho que poderia. Eu tive sorte".
"Eu tenho certeza de que ele será muito confortável se houver algum obstáculo na
estrada".
Ela vibrou com uma risada. "Confie em mim, Bella. Se algum colocar algum obstáculo
na pista, será depois que passarmos". Ela pisou no acelerador nessa hora, como se fosse
pra provar a teoria dela.
Eu provavelmente devia ter olhado pela janela pra ver as cidades de Florença e depois
de Toscana passavam por nós com uma velocidade incrível. Essa era a minha primeira
visita aqui, e talvez fosse a última também. Mas Alice na direção me assustava, apesar
do fato de eu saber que podia confiar nela atrás do volante.
Eu eu estava muito torturada com a ansiedade pra realmente ver as colinas ou as cidades
amuradas que pareciam com castelos á distância.
"Você vê algo mais?"
"Tem alguma coisa acontecendo", Alice murmurou. "Algum tipo de festival. As ruas
estão cheias de pessoas e bandeiras vermelhas. Que data é hoje?"
Eu não tinha inteiramente certeza. "Dezenove, talvez?"
"Bem, isso é irônico. Hoje é dia de São Marcos".
"Que significa?"
Ela gargalhou obscuramente. "A cidade faz uma celebração todo ano. Até onde a lenda
conta, um Cristão missionário, um Padre Marcus - Marcus de Voltun, na verdade -
expulsou os vampiros de Volterra a quinhentos anos atrás. A história diz que ele virou
mártir na Romênia, ainda tentando expulsar a corja dos vampiros. É claro que isso é
tudo bobagem- ele nunca deixou a cidade. Mas é daí que vêm as superstições sobre
cruzes e alho. O Padre Marcus usou eles e teve tanto sucesso. E os vampiros não
incomodam Volterra, então eles devem funcionar", o sorriso dela sardônico. "Isso se
tornou uma celebração para a cidade, e ganhou o reconhecimento da força policial -
afinal, Volterra é uma cidade extremamente segura. É a polícia quem leva o crédito".
Eu estava me dando conta do que ela quis dizer quando disse irônico. "Eles não vão
ficar muito felizes se Edward estragar a coisa toda do Dia de São Marcus, vão?"
Ela balançou a cabeça, sua expressão severa. "Não. Eles vão agir rapidamente".
Eu desviei os olhos, lutando contra os meus dentes quando eles começaram a tentar
arrebentar a pele do meu lábio inferior. Sangrar não era a melhor idéia agora.
O sol estava aterrorizadamente alto, no pálido céu azul.
"Ele ainda está no plano de meio dia?", eu chequei.
"Sim. Ele deciciu esperar. E eles estão esperando por ele".
"Me diga o que eu tenho que fazer".
Ela manteve os olhos na estrada - a agulha do medidor de velocidade já estava
alcansando o máximo da capacidade.
"Você não tem que fazer nada. Ele só tem que ver você antes de andar para a luz. E ele
tem que ver você antes que ele me veja".
"Como é que vamos fazer isso?"
Um pequeno carro vermelho parecia estar andando pra trás quando Alice o ultrapassou.
"Eu vou te levar até o mais próximo possível, e depois você vai correr na direção que eu
te apontar".
Eu balancei a cabeça.
"Tente não tropeçar", ele adicionou. "Nós não temos tempo para uma concussão hoje".
Eu gemí. Isso seria a minha cara - arruinar tudo, destruir o mundo, em um momento de
trapalhadas.
O sol continuou a subir no céu enquanto Alice corria contra ele. Ele estava brilhando
demais, e isso me fez entrar em pânico. Talvez no fim das contas ele não visse
necessidade em esperar até o meio dia.
"Ali", Alice disse abruptamente, apontando para o castelo no topo da colina mais
próxima.
Eu olhei pra ele, sentindo a primeira pontada do meu novo tipo de medo. Todos os
minutos desde ontem de manhã - parecia ter se passado uma semana - quando Alice
falou o nome dele no pé da escada, só houve um medo. E ainda assim, agora, enquanto
eu olhava para aquelas paredes ansiãs e para as torres se equilibrando no topo das
colinas, eu sentí outro, uma espécie mais egoísta de alegria passou por mim.
Eu achei que a cidade era muito bonita. Isso me deixou aterrorizada.
"Volterra", Alice disse numa voz vazia, gelada.
20. Volterra
Nós começamos a subir a entrada íngreme,e a estrada ficou congestionada. Quando nós
chegamos mais alto, os carros estavam muito próximos uns dos outros então Alice não
podia mais atravessar entre eles como uma insana. Nós paramos uma fila atrás de um
pequeno Peugeot.
"Alice", eu gemí. O relógio na torre parecia estar correndo mais rápido.
"É o único jeito de entrar", ela tentou me acalmar. Mas a voz dela estava muito tensa
pra confortar.
Os carros continuaram a andar pra frente, uma carro lentamente de cada vez. O sol
brilhou com força, parecendo que já estava no centro do céu.
Os carros entraram um a um na cidade. Enquanto nos aproximávamos, eu podia ver os
carros sendo estacionados de um dos lados da estrada e pessoas saindo pra fazer seu
caminho a pé. Primeiro eu achei que isso fosse só impaciencia - coisa que eu podia
entender facilmente. Mas depois nós entramos numa rua, e eu podia ver o
estacionamento cheio, do lado de fora da cidade, as multidões de pessoas entrando pelos
portões. Ninguém estava tendo permissão pra entrar de carro.
"Alice", eu sussurrei urgentemente.
"Eu sei", ela disse. O rosto dela parecia esculpido no gelo.
Não que eu estivesse olhando, e nós estavamos rastejando lentamente o suficiente pra
que eu visse, mas eu podia dizer que estava ventando muito.
As pessoas se aglomerando na direção do portão agarravam seus chapéus e tiravam os
cabelos da frente do rosto. Suas roupas estavam grudando em seus corpos. Eu também
percebí que a cor vermelha estava em todo lugar. Camisas vermelhas, chapéus
vermelhos, bandeiras vermelhas balançando como laços ao lado da ponte, balançando
com o vento - enquanto eu estava observando, uma brilhante echarpe escarlate que uma
mulher havia amarrado na cabeça foi levada numa rajada repentina. Ela balançou no ar
em cima da mulher, se movendo como se estivesse viva.
A mulher tentou alcansar, pulando no ar, mas ela continuou subindo mais alto, uma
rastro de sangue nas paredes sombrias, ansiãs.
"Bella", Alice falou rapidamente numa voz feroz, lenta.
"Eu não consigo ver aqui o que o guarda vai decidir - se isso não funcionar, você vai ter
que ir sozinha. Você vai ter que correr. Continue perguntando pelo Palazzo dei Priori, e
correndo na direção que eles te apontarem. Não se perca".
"Palazzo dei Priori, Palazzo dei Priori", eu repeti o nome de novo e de novo, tentando
decorar.
"Ou 'a torre do relógio' se eles falarem Inglês. Eu vou dar a volta e tentar encontrar um
lugar vazio atrás da cidade onde eu posso pular os muros".
Eu balancei a cabeça. "Palazzo dei Priori".
Edward vai estar embaixo da torre do relógio, ao norte da praça. La ha uma ruela
estreita na direita, e ele estará nas sombras lá. Você tem que atrair a atençaõ dele antes
que ele saia para o sol".
Eu balancei a cabeça furiosamente.
Alice estava perto do fim da fila. Um homem num uniforme azul marinho estava
direcionando a fluência do trânsito, afastando os carros do estacionamento vazio. Eles
faziam uma curva em U e tentavam encontrar uma vaga perto da estrada. E então era a
vez de Alice.
O homem uniformizado acenou preguiçosamente, sem prestar atenção. Alice acelerou,
cercando ele e indo na direção do portão. Ele gritou alguma coisa pra nós, mas
continuou no lugar, acenando freneticamente pra evitar que o próximo carro seguisse o
mal exemplo.
O homem no portão usava um uniforme combinando. Enquanto nos aproximamos dele,
as multidões de turistas passavam, enchendo as calçadas, olhando curiosamente para o
Porshe chamativo, brilhante.
O guarda pisou no meio da estrada. Alice fez um ângulo com o carro antes de pará-lo
completamente. O sol batia na minha janela, e ela estava numa sombra. Ela rapidamente
alcançou a parte de trás do banco e tirou alguma coisa de dentro da bolsa dela.
O guarda se aproximou do carro com uma expressão irritada, e deu umas batidinhas
raivosas na janela dela.
Ela abriu a janela até a metade, e eu observei ele olhar duas vezes quando viu o rosto
atrás do vidro.
"Eu lamento, apenas ônibus de excursões são permitidos na cidade hoje, senhorita", Ele
disse em Inglês, com um sotaque pesado. Ele parecia pedir desculpas, agora, como se
desejasse ter boas notícias pra dar pra uma mulher arrebatadoramente linda.
"É uma excursão", Alice disse, dando uma sorriso sedutor. Ela colocou a mão pra fora
da janela, na luz do sol. Eu congelei, até que eu percebí que ela estava usando uma luva
curtida, na altura do cotovelo.
Ele pegou a mão dela, que ainda estava levantada pela batidinha na janela, e a colocou
dentro do carro. Ela colocou alguma coisa na palma dele, e dobrou os dedos dele em
cima disso.
O rosto dele estava confuso quando ele tirou a mão e olhou para o grosso rolo de
dinheiro que ele agora segurava. A última nota era uma de mil dólares.
"Isso é uma piada?", ele murmurou.
O sorriso de Alice foi deslumbrante. "Só se você achar engraçado".
Ele olhou pra ela, com os olhos arregalados. Eu olhei nervosamente para o relógio se
mexendo. Se Edward continuasse com o seu plano, nós só tínhamos mais cinco
minutos.
"Eu estou com um tantinho assim de pressa", ela assobiou, ainda sorrindo.
O guarda piscou duas vezes, e depois enfiou o dinheiro no seu casaco. Ele deu um passo
pra longe da janela e acenou pra nós. Nenhuma das pessoas passando por nós pareceu
perceber a grande mudança. Alice dirigiu para a cidade, e nós duas suspiramos
aliviadas.
A rua era muito estreita, coberta com pedras da mesma cor enquanto as paredes de uma
cor canela que estava desaparecendo escureciam a rua com o seu tom de cor.
Paredes vermelhas decoravam as paredes, a apenas uns centímetros uma da outra,
balançando com o vento e assobiava pela estreita passagem.
Tudo estava lotado, e o trânsito dos pedestres atrapalhou o nosso progresso.
"Só um pouco mais á frente", Alice me encorajou; eu estava agarrando a maçaneta da
porta, preparada pra me jogar na rua assim que ela falasse a palavra.
Ela dirigiu fazendo rápidos avanços e dando paradas repentinas, e as pessoas na
multidão mostrvam o punho pra nós e diziam palavras raivosas que eu estava feliz por
não conseguir entender.
Ela fez uma curva num pequeno espaço que não podia estar reservado para os carros; as
pessoas chocadas tinham que se espremer nas entradas das casas enquanto passavamos
por elas. Nós encontramos outra estrada no final. Os prédios eram mais altos aqui; eles
se estendiam para a frente então nenhum sol tocava o chão - as bandeiras balançando
nas paredes dos dois lados quase se encontravam. A multidão estava maior aqui do que
nos outros lugares. Alice parou o carro. Eu já tinha aberto a porta antes que
estivéssemos completamente parados.
Ela apontou para onde a rua se alargava no caminho de uma abertura brilhante. "Alí -
nos estamos no lado sudoeste da praça. Corra diretamente até o outro lado, para a direita
da torre do relógio. Eu vou encontrar um caminho dando a volta -"
A respiração dela se prendeu de repente, e quando ela falou de novo, a voz dela era um
assibio. "Eles estão em todo lugar?"
Eu congelei no lugar, mas ela me empurrou do carro. "Esqueça eles. Você tem dois
minutos. Vai, Bella, vai!", ela gritou, saindo do carro enquanto falava.
Eu não parei pra ver Alice se misturar ás sombras. Eu não parei pra fechar a porta atrás
de mim. Eu empurrei uma mulher pesada pra fora do meu caminho e continuei correndo
para a frente, a cabeça abaixada, prestando pouca atenção em outra coisa que não fosse
o caminho de pedras embaixo dos meus pés.
Saindo da rua escura, eu fiquei cega pela claridade do sol batendo na praça principal. O
vento fez barulho passando por mim, jogando meus cabelos nos meus olhos e me
cegando mais ainda. Não era de se surpreender que eu não tivesse visto a parede de
gente até que eu esbarrei nela.
Não haviam nenhum caminho, nenhuma fenda entre os corpos pressionados juntos. Eu
empurrei eles furiosamente, luatndo com as mãos que apareceram de volta.
Eu ouví exclamações de raiva e até mesmo de dor enquanto eu batalhava pra abrir meu
caminho, mas nenhuma delas em uma linguagem que eu compreendesse.
O rosto deles era um vulto de raiva e surpresa, cercados pelo vermelho sempre presente.
Uma mulher loura olhou zangada pra mim, e a echarpe vermelha amarrada no pescoço
dela parecia uma ferida grotesca. Uma criança, levantada no ombro de um homem pra
ver por cima da multidão, sorriu pra mim, os dentes dele escondidos embaixo de uma
dentadura de plástico com presas de vampiro.
A multidão passava ao meu redor, me virando na direção errada. Eu estava feliz pelo
relógio ser tão visível, ou eu nunca teria sido capaz de seguir o meu curso corretamente.
Os dois ponteiros do relógio estavam apontados pra cima para o sol impiedoso, e,
apesar de eu me jogar violentamente contra a multidão, eu sabia que era tarde demais.
Eu não estava nem no meio do caminho. Eu era uma humana estúpida e lenta, e todos
nós íamos morrer por causa disso.
Eu esperava que Alice conseguisse. Eu esperava que ela me visse das sombras escuras e
soubesse que eu havia falhado, assim ela podia voltar pra casa pra Jasper.
Eu escutei, por cima das exclamações de raiva, tentando ouvir o som da descoberta: os
cochichos, talvez os gritos, quando Edward se mostrasse para alguém.
Mas ouve um espaço entre a multidão - eu podia ver um espaço vazio á frente. Eu
empurrei urgentemente em diração a ele, sem me dar conta até que eu machuquei
minhas canelas nos tijolos, de que era uma grande fonte quadrada, que ficava no centro
da praça.
Eu estava preticamente chorando de alívio enquanto mergulhava minha perna por cima
da parede e corria pela água que ficava na altura do joelho. Ela respingava inteira em
mim no meu caminho pela fonte. Mesmo no sol, o vento era glacial, e o molhado na
verdade faziam o frio doer. Mas a fonte era muito larga; ela me ajudou a passar pelo
centro da praça e um pouco mais adiante em meros segundos.
Eu não parei quando alcancei a outra ponta - eu usei a parede baixa pra me impulsar, me
jogando em cima da multidão.
Agora eles se moviam prontamente pra me dar passagem, evitando a água gelada que
pingava das minhas roupas enquanto eu corria. Eu olhei para o relógio de novo.
Um barulho profundo, estrondoso invadiu a praça nesse momento. Ele fez as pedras
tremerem embaixo dos meus pés. As crianças choravam cobrindo os ouvidos. E eu
comecei a gritar enquanto corria.
"Edward!", eu gritei, sabendo que era inútil. A multidão falava alto demais, e minha voz
estava sem fôlego de exaustão. Mas eu não podia parar de gritar.
O relógio bateu de novo. Eu corrí por uma criança nos braços da mãe - o cabelo dele era
quase branco deslumbrante luz do sol. Um círculo homens altos, todos usando blazers
vermelhos, chamaram dando avisos quando eu esbarrei com eles. O relógio bateu de
novo.
No outro lado dos homens de blazer, havia uma folga na multidão, um espaço entre os
passantes que andavam á toa ao meu redor. Meus olhos procuravam na estreita
passagam escura á direita do grande edifício quadrado embaixo da torre. Eu não
conseguia ver o nível da rua - ainda haviam muitas pessoas no caminho. O relógio bateu
de novo.
Agora era difícil de ver. Sem a multidão pra parar o vento, ele batia no meu rosto e fazia
meus olhos arderem. Eu não tinha certeza de que essa era a razão por baixo das minhas
lágrimas, ou se eu estava chorando de derrota quando o relógio bateu novamente.
Uma pequena família de quatro era a que estava mais próxima da entrada da ruela. Duas
garotas usavam vestidos escarlates, com laços combinando presos atrás da cabeça. O pai
não era alto. Parecia que eu podia ver alguma coisa brilhando nas sombras, bem acima
do ombro dele. Eu corrí na direção deles, tentando ver através das lágrimas. O relógio
bateu, e a garota menos colocou as mãos nos ouvidos.
A garota maior, que ficava na altura da cintura da mãe, agarrou a perna da mãe e olhou
para a escuridão atrás deles.
Enquanto eu observava, ela cutucou o cotovelo da mãe e apontou para a escuridão atrás
deles.
O relógio bateu e eu estava muito perto agora.
Eu estava perto o suficiente pra ouvir a voz aguda dela. O pai dela olhou pra mim
supreso quando eu corrí na direção deles, gritando o nome de Edward de novo e de
novo.
A garota mais velha deu uma risadinha e disse alguma coisa para a mãe, fazendo gestos
impacientes de novo na direção das sombras.
Eu me desviei do pai - ele tirou o bebê do meu caminho - e corrí na diração da brecha
luminosa atrás deles enquanto o relógio batia de novo.
"Edward, não!", mas minha voz estava perdida por causa do barulho das badaladas.
Eu podia vê-lo agora. E eu podia ver que ele não podia me ver.
Realmente era ele, nada de alucinações dessa vez. E eu me dei conta de que as minhas
alucinações eram mais falhas do que eu imaginava; elas nunca o fariam justiça.
Edward estava parado, imóvel como uma estátua, só a alguns passos do fim da ruela.
Seus olhos estavam fechados, os círculos embaixo deles eram de um roxo escuro, os
braços estavam relaxados ao lado dele, suas palmas viradas pra frente.
A expressão dele era muito tranquila, como se ele estivesse sonhando com coisas
agradáveis. A pele do seu peito de mármore estava nua - havia uma fina camada de
tecido branco sobre os seus pés. A luz refletindo da calçada da praça refletia fracamente
na pele dele.
Eu nunca havia visto nada mais lindo - mesmo estando correndo, sem fôlego e gritando,
eu podia apreciar isso. E os últimos meses não significaram nada. E eu não me
importava se ele não me queria. Eu nunca iria querer nada além dele, não importava
quanto tempo eu vivesse.
O relógio bateu, e ele deu um longo passo em direção á luz.
"Não!", eu gritei. "Edward, olhe pra mim!"
Ele não estava ouvindo. Ele estava sorrindo muito levemente. Ele ergueu o pé pra dar o
próximo passo que o colocaria diretamente na direção do sol.
Eu me choquei com ele com tanta violência que a força teria me jogado no chão se os
braços dele não tivessem me pego e me segurado.
O impacto me deixou sem fôlego e fez minha cabeça pular pra trás.
Seu olhos se abriram lentamente enquanto o relógio badalava de novo.
Ele olhou pra mim com uma surpresa silenciosa.
"Incrível", ele disse, sua voz primorosa estava maravilhada, um pouco divertida.
"Carlisle estava certo".
"Edward", eu tentei asfixiar, mas minha voz não fazia som. "Você tem que voltar para
as sombras. Você precisa se mover!"
Ele parecia contente. A mão dele alisava suavamente a minha bochecha. Ele não parecia
reparar que eu estava tentado forçá-lo pra trás. Pelo progresso que eu estava fazendo era
melhor estar empurrando uma parede. O relógio badalou de novo, mas ele não se
mexeu.
Era muito estranho, até onde eu sabia nós dois estávamos em perigo mortal. Mesmo
assim, naquele instante, eu me sentia bem. Completa. Eu podia sentir meu coração
disparado no meu peito, o sangue pulsando quente e rápido nas minhas veias de novo.
Meus pulmões estavam cheios com o doce cheiro que vinha da pele dele. Era como se
nunca houvesse existido um buraco no meu peito. Ele estava perfeito - não curado, mas
era como se ele nunca tivesse estado lá pra começar.
"Não dá pra acreditar no quanto foi rápido. Eu não sentí nada - eles foram muito bons",
ele meditou, fechando os olhos de novo e pressionando os lábios no meu cabelo. A voz
dele era como mel e veludo. "Morte, que sugou o mel da tua respiração, não teve
nenhum poder contra a tua beleza", ele murmurou, e eu reconhecí a fala dita por Romeu
na tumba.
O relógio deu sua última badalada "Você cheira exatamente igual", ele continuou.
"Então talvez isso seja o inferno. Eu não me importo. Eu fico com ele".
"Eu não estou morta", eu interrompí. "E nem você! Por favor, Edward, nós temos que
nos mover. Eles não podem estar muito longe".
Eu lutei nos braços dele, eles ergueu as sobrancelhas confuso.
"Como é isso?", ele perguntou educadamente.
"Nós não estamos mortos, ainda não! Mas nós temos que sair da luz antes que os
Volturi -"
A compreensão foi penetrando o rosto dele enquanto eu falava. Antes que eu pudesse
terminar de falar, ele de repente me arrastou da margem das sombras, me girando sem
esforço até que as minhas costas estivessem espremidas na parede de tijolos, e as costas
dele estavam viradas pra mim enquanto ele encarava a ruela. Os bralos dele se abriram,
me protegendo, na minha frente.
___________1
Eu olhei por baixo dos braços dele pra ver duas figuras escuras que se destacavam na
escuridão.
"Saudações, cavalheiros", a voz de Edward estava calma e prazeirosa, na superfície. "Eu
não acho que estarei necessitando dos seus serviços hoje. Eu agradeceria muito, no
entanto, se vocês enviassem meus agradecimentos aos seus mestres".
"Vamos levar essa conversa para um local mais apropriado?" uma voz suave sussurrou
ameaçadoramente.
"Eu não acredito que isso vá ser necessário", a voz de Edward estava mais dura agora.
"Eu conheço as suas instruções, Felix. Eu não quebrei nenhuma das regras".
"Feliz estava meramente tentando apontar a proximidade do sol", a outra sombra disse
com um tom suavizante.
Eles dois estavam ocultos em mantos cinzentos que alcançavam o chão e balançavam
com o vento. "Deixe-nos procurar um esconderijo melhor".
"Eu estarei bem atrás de vocês", Edward disse secamente. "Bella, porque você não volta
para a praça e aproveita o festival?"
"Não, traga a garota", a primeira sombra disse, de alguma forma injetando um olhar
malicioso ao seu sussurro.
"Eu acho que não" A falsa civilidade havia desaparecido. A voz de Edward era plana e
fria. O peso dele se mudou um infinitésimo, e eu percebí que ele estava se preparando
pra lutar.
"Não", eu só murmurei a palavra.
"Felix", a segunda sombra, mais razoável precaviu. "Aqui não". Ele se virou pra
Edward. "Aro simplesmente gostaria de falar com você novamente, pra saber se você
decidiu se juntar á nossa força afinal".
"Certamente", Edward concordou. "Mas a garota fica livre".
"Eu temo que isso não seja possível", a educada sombra disse pesarosamente. "Nós
temos regras a obedecer".
"Então eu temo que serei incapaz de aceitar o convite de Aro, Demetri".
"Isso está bem", Felix ronronou. Meus olhos estavam se ajustando á figura profunda, e
eu conseguia ver que Felix era muito grande, alto e tinha os ombros largos. O tamanho
dele me lembrou de Emmett.
"Aro ficará decepcionado", Demetri suspirou.
"Eu tenho certeza de que ele sobreviverá ao desapontamento" Edward replicou.
Felix e Demetri se aproximaram em direção á ponta da ruela, se separando levemente
pra que se aproximassem de Edward eplos dois lados. Eles tinham a intenção de forçálo
a entrar mais na ruela, pra evitar uma cena. Nenhuma luz refletida entrou em contato
com a pele deles; eles estavam a salvo dentro de suas mantas.
Edward não se moveu um centímetro. Ele estava usando seu corpo pra me proteger.
Abruptamente, a cabeça de Edward se virou, na direção da escuridão da ruela ventosa, e
Demetri e Felix fizeram o mesmo, em resposta a um movimento muito súbito para os
meus sentidos.
"Vamos nos comportar, sim?", uma voz alegre sugeriu. "Têm damas presentes".
Alice caminhou lentamente para o lado de Edward, sua posição casual.
Não havia nenhum sinal de tensão escondida. Ela parecia tão pequena, tão frágil. Os
pequenos braços dela se movimentavam como os de uma criança.
Mesmo assim, tanto Demetri quanto Felix ficaram rígidos, suas mantas balançando
lentamente quando uma rajada de vento passou pela ruela. O rosto de Felix se azedou.
Aparentemente, eles não gostavam de números iguais.
"Nós não estamos sozinhos", ela lembrou eles.
Demetri olhou por cima do ombro. A alguns metros dentro da praça, a pequena família,
com as garotas com os vestidos vermelhos, estavam olhando pra nós. A mãe estava
falando urgentemente com o marido, os olhos dela em nós cinco. Ela desviou o olhar
quando Demetri olhou pra ela. O homem caminhou alguns centímetros pra dentro da
praça e cutucou o ombro de um dos homens com o blazer vermelho.
Demetri balançou a cabeça. "Por favor, Edward, sejamos razoáveis", ele disse.
"Vamos", Edward concordou. "E nós vamos embora silenciosamente agora, sem que
nenhum seja o mais esperto".
Demetri suspirou de frustração. "Pelo menos vamos discutir isso mais reservadamente".
Seis homens de vermelhos se juntaram á familia agora enquanto eles nos observavam
curiosamente. Eu estava muito consciente da postura protetora de Edward na minha
frente - certa de que era isso que estava causando o alarme deles. Eu queria gritar pra
que eles corressem.
Os dentes de Edward se chocaram audivelmente. "Não".
Felix sorriu.
"Basta".
A voz era alta, cheia de pretensão, e veio de trás de nós.
Eu olhei por baixo do outro braço de Edward, pra ver uma pequena figura andando na
nossa direção. Pelo jeito que as formas se balançavam, eu podia dizer que era outro
deles. Quem mais?
No começo, eu pensei que fosse um garotinho. O recém chegado era tão pequeno como
Alice, com um cabelo fino, de um morrom pálido cortado curto. O corpo embaixo da
manta - que era mais escura, quase preta - era magro e andrógeno. Mas o rosto era
bonito demais pro ser de um garoto. O rosto de olhos grandes, lábios cheios faria um
anjo de Botticelli parecer um gárgula. Mesmo por baixo das íris vermelhas.
O tamanho dela era tão insignificante se comparado á reação que ela causou que eu
fiquei confusa. Felix e Demetri relaxaram imediatamente, saindo de suas posturas
defensívas pra se misturas novamente ás sombras das paredes muito altas.
Edward também baixou os braços e relaxou da sua posição - mas em desistência.
"Jane", ele suspirou em reconhecimento e resignação.
Alice cruzou os braços na frente do peito, sua expressão impassiva.
"Sigam-me", Jane falou de novo, a voz infantil dela era monótona.
Ela deu as costas pra nós e se enfiou silenciosamente nas sombras.
Felix fez um gesto pra nós irmos na frente, sorrindo.
Alice seguiu a pequena Jane imediatamente. Edward passou os braços na minha cintura
e me puxou pra seguirmos ela.
A ruela fazia levemente um ângulo pra baixo enquanto se estreitava. Eu olhei pra ele
com perguntas frenéticas nos meus olhos, mas ele só balançou a cabeça. Apesar de eu
não conseguir ouvir os outros atrás de nós, eu tinha certeza de que eles estavam lá.
"Bem, Alice", Edwad disse conversionalmente enquanto caminhávamos.
"Eu creio que não devo ficar surpreso por te ver aqui".
"Foi meu erro", Alice respondeu no mesmo tom. "Era meu trabalho concertar as coisas".
"O que aconteceu?", a voz dele era educada, como se ele mal estivesse interessado. Eu
imaginei que isso se devia aos ouvidos escutando atrás de nós.
"É uma longa história". Os olhos de Alice olharam pra mim e depois se desviaram. "Em
resumo, ela pulou do precipício, mas ela não estava tentando se matar. Bella anda
praticando esportes radicais ultimamente".
Eu corei e virei minha cabeça diretamente pra frente, olhando para a sombra escura que
eu nem conseguia mais enxergar. Eu podia imaginar o que ele estava ouvindo nos
pensamentos de Alice agora. Quase afogamentos, perseguições de vampiros, amigos
lobisomens...
"Hm", Edward disse curtamente, e o tom casual da voz dele havia desaparecido.
Havia uma curva larga na ruela, ainda numa descida, então eu não havia visto o fim da
rua quadrado se aproximando até que nós nos aproximamos da paredes plana, sem
janelas. A pequena chamada Jane não estava em nenhum lugar que eu pudesse ver.
Alice não hesitou, nem parou de andar enquanto se aproximava da parede de tijolos.
Então com uma graciosidade fácil, ela escorregou por um buraco aberto na rua.
Ele parecia com um ralo, aberto no ponto mais baixo da calçada. Eu não tinha reparado
até Alice desaparecer, mas a grade estava meio levantada. O buraco era pequeno, e
escuro.
Eu empaquei.
"Está tudo bem, Bella", Edward disse numa voz baixa. "Alice vai te segurar".
Eu olhei para o buraco duvidosamente. Eu imaginei que ele teria ido primeiro, se
Demetri e Felix não estivessem esperando, sorrindo silenciosamente, atrás de nós.
Eu me abaixei, colocando as pernas pra dentro do buraco apertado.
"Alice?", eu sussurrei, com a voz tremendo.
"Eu estou bem aqui, Bella", ela me assegurou. Avoz dela veio de muito longe lá
embaixo pra me encontrar.
Edward agarrou meus pulsos - as mãos dele pareciam pedras no inverno - ele me baixou
na escuridão.
"Pronta?", ele perguntou.
"Solte ela", Alice disse.
Eu fechei meus olhos pra não ver a escuridão, apertando eles aterrorizada, segurando
minha boca pra não gritar. Edward me deixou cair.
Foi silencioso e curto. O ar passou por mim só por meio segundo, e então, com um
excesso de raiva quando eu exalei, os braços de Alice me agarraram.
Eu ia ficar com marcas; os braços dela eram muito duros. Ela me colocou de pé.
Estava escurecido, mas não escuro lá embaixo. Aluz que vinha do buraco providenciava
um brilho fraco, se refletindo no chão molhado nos meus pés. A luz desapareceu por um
segundo, e depois Edward era um leve brilho, um brilho branco ao meu lado. Ele
colocou os braços ao meu redor, me segurando bem perto do lado dele, e começou a me
guiar rapidamente para a frente. Eu entrelacei meus dois braços ao redor da cintura fria
dele, e me atrapalhava e tropeçava no meu caminho pela superfície de pedras que não
era uniforme.
O barulho estridente da grade do buraco se fechando atrás de nós soou com um som
metálico.
A luz fraca das ruas se perdeu rapidamente na escuridão. O som de passos pesados
ecoou no espaço preto; eles pareciam muito largos, mas eu não podia ter certeza. Não
houve outro som além das batidas frenéticas do meu coração e dos meus pés nas pedras
molhadas - com excessão de um, quando um suspiro impaciente soou ao meu lado.
Edward me abraçava apertado. Ela passou sua mão livre na frente do seu corpo pra
segurar meu rosto também, o seu suave polegar estava traçando o cortorno dos meus
lábios. De vez em quando eu sentia o rosto dele pressionado no meu cabelo. Eu me dei
conta de que essa seria a última reunião que teriamos, e me agarrei a ele com mais
força.
Por enquanto, eu me sentí como se ele me quisesse, e isso era o sufuciente pra aplacar o
horror do túnel subterrâneo e dos vampiros que perambulavam atrás de nós. Isso
provavelmente não passava de culpa - a mesma culpa que o compeliu a vir até aqui pra
morrer quando ele achou que era culpa dele que eu tivesse me matado.
Mas eu sentí os lábios dele se pressionando silenciosamente na minha testa, e eu não me
importei com qual era a motivação. Pelomenos eu podia estar com ele de novo antes de
morrer. Isso era melhor que uma vida longa.
Eu queria poder perguntá-lo exatamente o que ia acontecer agora. Eu queria
desesperadamente saber como nós íamos morrer - como se isso fizesse diferença, como
se saber fosse uma vantagem. Mas eu não podia falar, nem um cochicho, cercados do
jeito que estávamos.
Os outros podiam ouvir tudo - cada respiração de eu dava, as batidas do meu coração.
O caminho embaixo dos nossos pés continuou a ir pra baixo, nos levando pra mais
fundo no chão, e me deixando claustrofóbica. Só a mão de Edward, alisando meu rosto,
estava me impedindo de gritar bem alto.
Eu não sabia dizer de onde a luz estava vindo, mas de repente tudo ficou cinza escuro ao
invés de preto. Nós estávamos num túnel baixo, arqueado. Longos rastros de uma
umidade cor de ébano desciam pelas paredes cinza, como se elas estivessem sangrando
tinta.
Eu estava tremendo, e pensei que fosse de medo. Não foi até meus dentes começarem a
bater que eu percebí que estava com frio. Minhas roupas ainda estavam molhadas, e a
temperatura embaixo da cidade era invernal. Assim como a pele de Edward.
Ele percebeu isso ao mesmo tempo que eu, e se soltou de mim, segurando apenas minha
mão.
"N-n-não", eu tremí, jogando meus braços ao redor dele. Eu não me importava se eu
congelasse. Quem sabia quanto tempo ainda teríamos?
As mãos geladas dele esfregaram o meu braço, tentando me manter aquecida com a
fricção.
Nós nos apressamos pelo túnel, ou pareceu que nós estávamos apressados só pra mim.
Meu preogresso lento irritou alguém - eu acho que Felix - e eu ouvia ele suspirar
profundamente de vez em quando.
No fim do túnel havia uma grade - as barras de ferro eram enferrujadas, mas tão grossas
quanto os meus braços. Uma pequena porta feita de barras mais finas, entrelaçadas,
estava aberta.
Edward se abaixou pra passar e se apressou numa sala de pedra maior, mais iluminada.
As grades se fecharam com um cling, seguido pelo barulho da maçaneta sendo trancada.
Eu estava com medo demais pra olhar atrás de mim.
Do outro lado da sala havia uma porta pesada, de madeira. Ela era muito grossa - eu
podia deizer porque, ela também, estava aberta.
Nós passamos pela porta, e eu olhei ao redor pela minha surpresa, relaxando
automaticamente.
Ao meu lado, Edward ficou tenso, a mandíbula dele se apertou.
21. Veredito
Nós estávamos num corredor claro, pouco notável.
As paredes eram de um branco apagado, o chão era de carpete industrial cinza.
Lâmpadas fluorescentes retangulares estavam espaçadas uniformemente por todo o teto.
Estava mais quente aqui, e por isso eu fiquei grata.
Esse corredor parecia muito benigno depois da escuridão grotesca das paredes do
esgoto.
Edward não parecia concordar com a minha opinião.
Ele olhava obscuramente para o fim do longo corredor, na direção da figura pequena,
com ombros pretos lá no fim, esperando no elevador.
Ele me puxou com ele, e Alice andou no meu outro lado. Aporta pesada se fechou atrás
de nós, e então houve o barulho de um ferrolho deslizando.
Jane esperou no elevador, uma mão segurando a porta aberta pra nós. A expressão dela
estava apática.
Dentro do elevador, os três vampiros que pertenciam aos Volturi ficaram mais
relaxados. Eles jogaram suas mantas pra trás, deixando o capuz cair sobre seus ombros.
Tanto Felix quanto Demetri tinham uma pele de um leve tom oliva - parecia estranho
em combinação com a sua extrema palidez.
O cabelo preto de Felix era cortado curto, mas o de Demetri tocava os seus ombros. As
iris dos dois eram vermelhas nas beiras, e iam escurecendo até que ficavam
completamente pretas na pupila. Embaixo de suas capas suas roupas eram modernas,
pálidas, e indescritíveis.
Eu me acovardei num canto, me apertando contra Edward. A mão dele ainda esfregava
o meu braço. Ele nunca tirava os olhos de Jane.
O passeio no elevador foi curto; nós entramos numa área elegante que parecia uma
recepção. As paredes eram cobertas de madeira, o chão era atapatado com uma
cobertura grossa, verde. Não haviam janelas, mas sim grandes quadros, de uma luz
brilhante que retratavam a região Toscana e que estavam pendurados em toda parte
como se fossem uma substituição.
Sofás de couro pálido estavam arrumados em grupos aconchegantes, e as mesas
brilhantes sustentavam vasos de cristal cheios de bouquês com cores vibrantes. O cheiro
flores me lembraram do funeral em Forks.
No meio da sala havia um balcão alto, de mogno polido. Eu me engasguei de pasmo
com a mulher que ficava atrás dele.
Ela era alta, com uma pele escura e olhos verdes. Ela teria sido muito bonita em
qualquer outra companhia - mas não aqui. Porque ela era exatamente tão humana quanto
eu. Eu não conseguia compreender o que uma humana estava fazendo aqui, totalmente
tranquila, cercada de vampiros.
Ela sorriu educadamente nos recebendo. "Boa tarde, Jane", ela disse.
Não havia surpresa no rosto dela quando ela viu a companhia de Jane.
Nem Edward, com o seu peito nu brilhando fracamente na luzes brancas, e nem mesmo
eu, descabelada e comparativamente horrível.
Jane acenou com a cabeça. "Gianna". Ela continuou andando na direção de uma porta
duppla que ficava na parte de atrás da sala, e nós acompanhamos.
Enquanto Félix passava pela mesa, ele piscou pra Gianna, ela deu uma risadinha.
No outro lado das portas de madeira haviam uma outra espécie de recepção. O garoto
pálido com um terno cinza perolado podia ser o gêmeo de Jane. O cabelo dele era mais
escuro, e os lábios dele não eram tão cheios, mas ele era igualmente adorável. Ele veio
nos receber. Ele sorriu, se aproximando dela. "Jane".
"Alec", ela respondeu, abraçando o garoto. Eles beijaram um ao outro nas duas
bochechas. Depois ele olhou pra nós.
"Eles te mandam buscar um e você volta com dois... e meio", ele notou, olhando pra
mim. "Bom trabalho".
Ela sorriu - o som radiante de deleite como a gargalhada de um bebê.
"Bem vindo de volta, Edward", Alec o saudou. "Você parece de melhor humor".
"Marginalmente", Edward concordou com uma voz plana. Eu olhei para o rosto de
Edward, e me perguntei como seria possível ele estar com um humor pior antes.
Alec gargalhou, e me examinou quando eu me colei ao lado de Edward.
"E essa é a causa de todos os seus problemas?", ele perguntou, céticamente.
Edward só sorriu, sua expressão depreciativa. Depois ele congelou.
"Dibs", Felix chamou casualmente atrás de nós.
Edward se virou, um lento rosnado se constrindo no fundo do seu peito. Felix sorriu - a
mão dele estava erguida, com a palma pra cima; ele curvou o dedo duas vezes,
convidando Edward a ir em frente.
Alice tocou o braço de Edward. "Paciêcia", ela avisou pra ele.
Eles trocaram um longo olhar, e eu desejei poder ouvir o que ela estava dizendo pra ele.
Eu imaginei que fosse alguma coisa relacionada a não enfrentar Felix, porque Edward
repirou fundo e se virou de volta pra Alec.
"Aro ficará agradado em te ver novamente", Alec disse, como se nada tivesse
acontecido.
"Não vamos deixá-lo esperando", Jane sugeriu.
Edward acenou com a cabeça uma vez.
Alec e Jane, de mãos dadas, guiaram o caminho para outro grande corredor
ornamentado - será que isso ia acabar?
Eles ignoraram as portas no final do corredor - portas inteiramente cobertas de ouro -
parando no meio do corredor e deslizando um painél para expor uma porta normal de
madeira. Não estava trancada. Alec a segurou aberta pra Jane.
Eu queria gemer quando Edward me puxou para o outro lado da porta. Era o mesmo
quadrado ansião de pedras, como a ruela, e como os esgotos. Ficou escuro e frio de
novo.
A antecâmare de pedra não era muito grande. Ela se abriu rapidamente pra uma sala
mais clara, cavernosa, perfeitamente redonda como uma enorme torre de castelo... que
provavelmente era exatamente o que ela era.
Dois andares acima, longas janelas jogavam finos retângulos de luz do sol no chão de
pedra abaixo. Não haviam luzes artificiais. Os unicos móveis na sala eram enormes
cadeiras de madeira, como tronos, que ficavam em espaços desiguais, esguichadas pelas
paredes arredondadas. Bem no meio do círculo, em um pequeno declive, havia outro
buraco. Eu me perguntei se eles usavam aquilo como saída, como o outro buraco na rua.
A sala não estava vazia. Várias pessoas estavam reunidas numa conversa que parecia
relaxada. O murmúrio de vozes baixas, suaves, eram um gentil zumbido no ar.
Enquanto eu observava, um par de mulheres pálidas com vestidos de verão param num
ponto de luz, e, como se fossem prismas, a pele delas mandaram reflexões de arco-íris
nas paredes.
Todos os rostos notáveis se viraram na nossa direção quando o nosso grupo entrou na
sala. A maioria dos imortáis estavam vestidos com calças e camisas acima de qualquer
suspeita - coisas que não se destacariam nas ruas lá em baixo.
Mas o homem que falou primeiro usava um longo robe. Ele era de um preto cor de
piche, e se arrastava no chão. Por um momento, eu pensei que o seu cabelo longo, muito
preto, fosse o capuz da sua manta.
"Jane, minha querida, você retornou!", ele falou, evidantemente deliciado. A voz dele
era só um suspiro suave.
Ela caminhou em frente, e o movimento fluia com uma graça tão surreal que eu fiquei
admirando, com a boca aberta. Mesmo Alice, que sempre se movimentava como se
estivesse dançando, não podia se comparar.
Eu fiquei ainda mais aturdida quando ele andou em frente e eu conseguí ver o rosto
dele. Não era como os rostos sobrenaturalmente bonitos que o cercavam (já que ele não
se aproximou de nós sozinho; o grupo inteiro se convergeu ao redor dele, alguns
seguindo, outros andando na frente dele de maneira alerta como se fossem guarda
costas) . Eu não conseguia decidir se o rosto dele era bonito ou não. Eu acho que as
feições dele eram perfeitas. Mas ele era tão diferente dos vampiros ao seu redor quanto
eles eram diferentes de mim. A pele dele era translucidamente branca, como pele de
cebola, e parecia igualmente delicada - era um contraste chocante com o cabelo que
cercava seu rosto. Eu me sentí estranha, com uma horrível urgência de tocar a bochecha
dele, pra ver se era mais macia que a de Edward ou Alice, ou se era porosa, como giz.
Os olhos dele eram vermelhos, assim como os das pessoas oa seu redor, mas a cor era
nebulosa, leitosa; eu me perguntei se a visão dele era afetada pela nebusosidade.
Ele deslizou pra Jane, pegou o rosto dela em suas mãos de papiro, e a beijou levemente
diretamente nos lábios, e depois deu um passou pra trás.
"Sim, Mestre", Jane sorriu; a expressão fez ela parecer uma criança angelical. "Eu o
trouxe de volta vivo, assim como você desejou".
"Ah, Jane", ele sorriu também. "Você é um conforto tão grande pra mim".
Ele virou seus olhos nebulosos na nossa direção, e o sorriso dele brilhou - se tornou
estático.
"E Alice e Bella, também!", ele se alegrou, batendo suas mãos magras uma na outra.
"Essa é uma feliz surpresa! Maravilhosa!"
Eu fiquei incarando chocada quando ele chamou nossos nomes informalmente, como se
nós fôssemos velhos amigos passando pra uma visita inesperada.
Ele se virou para o nosso acompanhante grosseiro. "Felix, seja bonzinho e diga aos
meus irmãos que nós temos companhia. Eu tenho certeza de que eles não vão querer
perder isso"
"Sim, Mestre", Felix balançou a cabeça e desapareceu pelo caminho por onde havíamos
vindo.
"Você vê, Edward?", o estranho vampiro se virou e sorriu para Edward como se fosse
um avô afetuoso dando uma bronca. "O que eu te disse? Você não está feliz que eu não
te dei o que você queria ontem?"
"Sim, Aro, eu estou", ele concordou, apertando seu braço na minha cintura.
"Eu adoro um final feliz". Aro suspirou. "Eles são tão raros. Mas eu quero a história
toda. Como isso aconteceu? Alice?", ele virou o olhar para Alice com olhos curiosos,
mistificados. "Seu irmão parecia pensar que você era infalível, mas aparentemente
houve algum erro".
"Oh, eu estou longe de ser infalível", ela deu um sorriso deslumbrante. Ela pareceu
perfeitamente tranquila, exceto por suas mãos estarem curvadas em bolas em seus
pequenos punhos. "Como você pôde ver hoje, eu causo problemas com a mesma
frequência que os concerto".
"Você é muito modesta", Aro chiou. "Eu ví algumas de suas incríveis façanhas, e eu
devo admitir que nunca observei nada como o seu talento. Maravilhoso!"
Alice deu uma olhada pra Edward. Aro não perdeu isso.
"Me desculpe, nós não fomos apropriadamente apresentados, fomos? É só que eu sinto
que já te conheço, e eu tenho a tendência de me apressar. O seu irmão nos apresentou
ontem, de uma forma peculiar. Veja, eu e o seu irmão dividimos um talento, só que eu
sou limitado de uma forma que ele não é", Aro balançou a cabeça; o tom dele estava
invejoso.
"E também exponensialmente mais poderoso" Edward adicionou secamente. Ele olhou
pra Alice enquanto ele rapidamente se explicava. "Aro precisa de contato físico pra
ouvir os pensamentos, mas ele consegue ouvir muito mais do que eu. Você sabe que eu
só posso ouvir o que se passa na sua cabeça no momento. Aro ouve cada pensamento
que a sua mente já teve".
Alice levantou as delicadas sobrancelhas, e Edward inclinou a cabeça pra ela.
Aro não perdeu isso também.
"Mas ser capaz de ouvir á distância..." Aro suspirou, fazendo um gesto na direção dos
dois, e a troca que havia acabado se passar. "Isso seria tão conveniente".
Aro olhou por cima dos ombros. Todas as outras cabeças se viraram na mesma direção,
incluindo Jane, Alec e Demetri, que estavam silenciosamente ao nosso lado.
Eu fui a mais lenta pra me virar. Felix estava de volta, e atrás dele flutuaram outros dois
homens com robes pretos. Os dois homens pareciam muito com Aro, um deles até tinha
o mesmo cabelo preto. O outro tinha um cabelo cor de neve - o mesmo tom de cor da
pele dele - que encostava nos ombros dele. Os rostos deles três tinha a mesma pele, fina
como papel.
O trio da pintura de Carlisle estava completo, exatamente o mesmo de trezentos anos
atrás quando o quadro foi pintado.
"Marcus, Caius, olhem!", Aro sussurrou. "Bella está viva afinal, e Alice está aqui com
ela! Isso não é maravilhoso?"
Nenhum dos dois parecia escolher maravilhoso como a primeira palavra que vinha na
mente deles. O homem de cabelos escuros parecia extremamente entediado, como se ele
já estivesse de saco cheio do entusiasmo de Aro. O olhar do outro estava ácido por
baixo do cabelo cor de neve.
A falta de interesse não mudou o divertimento de Aro.
"Vamos ouvir a história", Aro quase cantou na sua voz plumosa.
O vampiro ansião com o cabelo branco se afastou, deslizando na direção de um dos
tronos de madeira. O outro parou ao lado de Aro, a alcançou sua mão, a no começo eu
pensei que ele fosse segurar a mão de Aro. Mas ele só tocou a palma de Aro brevemente
e depois colocou a sua mão de lado. Aro ergueu uma sobrancelha preta.
Eu me perguntei como a sua pele de papel não se rompeu com o esforço.
Edward rosnou muito baixinho, e Alice olhou pra ele, curiosa.
"Obrigado, Marcus", Aro disse. "Isso é muito interessante".
Eu me dei conta, um segundo atrasada, de que Marcus estava deixando Aro ver seus
pensamentos.
Marcus não parecia interessado. Ele deslizou pra longe de Aro para se juntar a aquele
que só podia ser Caius, sentado contra a parede.
Dois vampiros atendentes seguiram silenciosamente atrás dele - guarda costas, como eu
havia pensado antes.
Eu podia ver que as duas mulheres com vestido de verão foram ficar ao lado de Caius
da mesma maneira. A idéia de vampiros precisando de guarda costas era extremamente
ridícula pra mim, mas talvez os vampiros ansiões fossem tão frágeis quanto a pele deles
sugeria.
Aro estava balançando a cabeça. "Incrivel", ele disse. "Absolutamente incrivel".
A expressão de Alice estava frustrada. Edward se virou pra ela e explicou de novo numa
voz rápida e baixa. "Marcus vê relacionamentos. Ele está surpreso pela intensidade do
nosso".
Aro sorriu. "Tão conveniente", ele repetiu pra sí mesmo. E então ele falou pra nós. "É
um pouco difícil surpreender Marcus, eu lhes asseguro".
Eu olhei para o rosto morto de Marcus, e acreditei nisso.
"É tão difícil de entender, mesmo agora", Aro meditou, olhando para o braço de Edward
agarrado em mim. Pra mim era difícil acompanhar a caótica linha de pensamento de
Aro. Eu lutava pra acompanhar. "Como é que você consegue ficar assim tão perto
dela?"
"Não é sem esforço", Edward respondeu calmamente.
"Mas mesmo assim - la tua cantante! Que desperdício!"
Edward gargalhou uma vez sem humor. "Eu considero isso mais como um preço".
Aro estava cético. "Um preço muito alto".
"O preço da oportunidade".
Aro sorriu. "Se eu não tivesse cheirado ela através das suas memórias, eu nunca teria
acreditado que o chamado do sangue de alguém pudesse ser tão forte. Eu mesmo nunca
sentí nada assim. A maioria de nós trocaria qualquer coisa por tal dom, e ainda assim
você..."
"Desperdiça", Edward finalizou, a voz dele estava sarcástica agora.
Aro sorriu de novo. "Ah, como eu sinto falta de meu amigo Carlisle! Você me lembra
dele - só que ele não era tão raivoso".
"Carlisle me excede em muitos outros sentidos também".
"Eu certamente nunca esperei ver Carlisle perdendo o auto-controle entre todas as
coisas, mas você consegue superá-lo".
"Dificilmente". Edward parecia impaciente. Como se ele estivesse cansado das
preliminares. Isso me deixou com mais medo; eu não conseguia deixar de imaginar o
que ele achava que viria a seguir.
"Eu estou gratificado com o sucesso dele", Aro meditou. "As suas memórias dele são
um verdadeiro presente pra mim, apesar de elas terem me deixado extenuosamente
aturdido. Eu estou surpreso de como isso... me agrada, o seu sucesso com os métodos
incomuns que ele escolheu. Eu esperava que ele fosse desistir, enfraquecer com o
tempo. Eu ridicularizei seus planos de encontrar outros que dividissem a sua visão
particular. Mesmo assim, de alguma forma, eu estou feliz por estar errado".
Edward não respondeu.
"Mas a sua resistência!", Aro suspirou. "Eu não sabia que tal força era possível. Ignorar
a sí mesmo á um chamado tão urgente, não apenas uma vez mas de novo e de novo - se
eu mesmo não tivesse sentido isso, eu nunca teria acreditado".
Edward olhou de volta para a admiração de Aro sem nenhuma expressão. Eu conhecia o
rosto dele bem o suficiente - o tempo não havia mudado isso - pra adivinhar que tinha
alguma coisa se passando por sua superfície.
Eu lutei pra manter minha respiração uniforme.
"Só de me lembrar o quanto ela é apelativa pra você...", Aro gargalhou. "Eu já fico com
sede".
Edward ficou tenso.
"Não fique perturbado", Aro o assegurou. "Eu não represento perigo pra ela. Mas eu
estou tão curioso, sobre uma coisa em particular". Ele me olhou brilhando de interesse.
"Posso?", ele perguntou ansiosamente, levantando uma mão.
"Pergunte a ela", Edward sugeriu numa voz plana.
"É claro, que rude da minha parte!", Aro exclamou. "Bella", ele se dirigia diretamente a
mim agora. "Eu estou fascinado que você é a única exceção para o impressionante
talento de Edward - é muito interessante que uma coisa assim ocorra! E eu estava
imaginando, já que os nossos talentos são similares de tantas formas, se você seria
gentil de me deixar tentar - pra ver te você é uma exceção pra mim, também?"
Meus olhos olharam pra Edward aterrorizados. Apesar da evidente educação de Aro, eu
não acreditava que realmente tivesse uma escolha. Eu estava horrorizada com o
pensamento de deixar ele me tocar, e ainda assim perceveramente intrigada pela chance
de sentir a sua estranha pele.
Edward acenou com a cabeça me encorajando - fosse porque ele tinha certeza de que
Aro não me machucaria, ou porque não havia outra escolha, eu não sabia dizer.
Eu me virei de volta pra Aro e ergui a minha mão lentamente na minha frente. Ele
estava tremendo.
Ele deslizou pra mais perto, e eu acredito que ele pretendia fazer a expressão dele ser
tranquilizadora. Mas as feições de papel dele eram estranhas demais, muito alienígenas
e assustadoras, pra tranquilizarem. O olhar no rosto dele era mais confiante do que as
suas palavras haviam sido.
Aro se aproximou, como se fosse pra apertar minha mão, e pressionou a sua pele de
aparência insubstancial na minha.
Ela era dura, mas parecia ser frágil - parecia mais xisto do que granito - e era muito
mais fria do que eu esperava.
Seus olhos fumacentos sorriam para os meus, e era impossível desviar o olhar.
Eles eram hipnóticos de uma maneira estranha, desagradável.
O rosto de Aro se modificou enquanto eu observava. A confiança desapareceu, e
primeiro se transformou em dúvida, depois em incredulidade antes que se acalmasse
numa máscara amigável.
"Muito interessante", ele disse enquanto soltava a minha mão e voltava pra trás.
Meus olhos passaram pra Edward, e, apesar do rosto dele estar composto, eu achei que
ele parecia um pouco presumido.
Aro continuou a se afastar com uma expressão pensativa. Ele ficou quieto por um
momento, seus olhos passando rapidamente por nós três. Então, abruptamente, ele
balançou a cabeça.
"A primeira", ele disse pra sí mesmo. "Eu me pergunto se ela é imune aos nossos outros
talentos... Jane, querida?"
"Não!", Edward rosnou com a palavra. Alice agarrou o braço dele com uma mão de
restrinção. Ele a sacudiu.
A pequena Jane sorriu alegremente para Aro. "Sim, Mestre?"
Edward estava realmente rosnando agora, o som rasgando e escapando de dentro dele,
ele estava olhando pra Aro com olhos violentos.
A sala inteira havia ficado imóvel, todo mundo olhando pasmo de descrença, como se
ele estivesse cometendo algum tipo de falha social grave. Eu ví Felix sorrir
rsperançosamente e dar um passo á frente. Aro olhou pra ele uma vez, e ele congelou no
lugar, o seu sorriso se transformando numa expressão mal humorada.
Depois ele falou com Jane. "Eu estava imaginando, minha querida, se Bella é imune a
você".
Eu mal podia ouvir Aro por cima dos rosnados furiosos de Edward. Ele me soltou, se
movendo pra ficar na minha frente.
Caius se moveu na minha direção, com suas acompanhantes, para observar.
Jane se virou na nossa direção com um sorriso angelical.
"Não!", Alice gritou quando Edward se lançou em cima da menininha.
Antes que eu pudesse reagir, antes que alguém pudesse se colocar entre eles, antes que
os guarda costas de Aro pudessem ficar tensos, Edward estava no chão.
Ninguém havia tocado nele, mas ele estava no chão se contorcendo com evidente
agonia, enquanto eu observava horrorizada.
Jane estava sorrindo pra ele agora, e tudo fez sentido.
O que Alice disse sobre dons formidáveis, o porque que todo mundo tratava Jane com
tanto respeito, e porque Edward havia se jogado no caminho dela antes que ela pudesse
chegar até mim.
"Pare!", eu implorei, minha voz ecoando no silêncio, eu pulei para a frente pra me
colocar no caminho deles. Alice colocou os braços ao meu redor num aperto
inquebrável e ignorou minha luta. Nenhum som escapou dos lábios de Edward enquanto
ele se contorcia no chão de pedras. Eu pensei que a minha cabeça ia explodir de dor por
ficar observando isso.
"Jane", Aro chamou ela numa voz tranquila. Ela olhou pra cima, ainda sorrindo de
prazer, os olhos dela questionando. Assim que Jane desviou o olhar, Edward ficou
imóvel.
Aro inclinou sua cabeça na minha direção.
Jane virou o seu sorriso na minha direção.
Eu nem olhei de volta pra ela. Eu observei Edward da prisão dos braços de Alice, ainda
lutando sem sucesso.
"Ele está bem", Alice cochichou com uma voz dura. Enquanto ela falava, ele se sentou,
e então saltou levemente para os pés. Os olhos dele encontraram os meus, e eles
estavam golpeados de horror. Primeiro eu pensei que o horror era pelo que ele tinha
acabado de sofrer. Mas ele olhou rapidamente pra Jane, e de volta pra mim - e o rosto
dele relaxou de alívio.
Eu olhei pra Jane também, e ela não estava mais sorrindo. Ela estava me encarando, a
sua mandíbula apertada com a intensidade da sua concentração. Eu me encolhí,
esperando pela dor.
Nada aconteceu.
Edward estava ao meu lado de novo. Ele tocou o braço de Alice, e ela me rendeu pra
ele.
Aro começou a rir. "Ha, ha, ha", ele gargalhou. "Isso é maravilhoso!".
Jane bufou de frustração, se inclinando pra frente como se ela estivesse pronta pra
atacar.
"Não fique chateada, querida", Aro disse num tom reconfortante, colocando uma mão
branca como talco no ombro dela. "Ela confunde todos nós".
O lábio superior de Jane se curvou por cima de todos os seus dentes enquanto ela
continuava a me encarar.
"Ha, ha, ha", Aro gargalhou de novo. "Você é muito corajoso, Edward, por ter
suportado em silêncio. Eu pedí pra Jane fazer isso comigo uma vez - só por
curiosidade". Ele balançou a cabeça com admiração.
Edward encarou, enojado.
"Então o que fazemos com vocês?", Aro suspirou.
Edward e Alice enrigeceram. Essa era a parte pela qual eles estavam esperando. Eu
comecei a tremer.
"Eu não acho que exista alguma chance de você ter mudado de idéia?", Aro perguntou a
Edward esperançosamente. "O seu talento seria uma grande adição para a nossa
pequena companhia".
Edward hesitou. Do canto do meu olho, eu ví Felix e Jane fazendo careta.
Edward pareceu pesar cada palavra antes de falar. "Eu... prefiro... não".
"Alice?", Aro perguntou, ainda esperançoso. "Será que você poderia estar interessada
em se juntar a nós?"
"Não, obrigada", Alice disse.
"E você, bella?", Aro ergueu as sobrancelhas.
Edward assobiou, baixinho no meu ouvido. Eu olhei pra Aro como uma página em
branco. Ele estava fazendo piada? Ou será que ele realmente estava me perguntando se
eu queria ficar para o jantar?
Foi o Caiuo de cabelo branco quem quebrou o silêncio.
"O que?", ele quis saber de Aro; a voz dele, apesar de não ser mais que um sussurro, era
plana.
"Caius, você certamente vê o potencial", Aro o repreendeu afetivamente. "Eu não vejo
um talento tão promissor desde que encontramos Jane e Alec. Você pode imaginar as
possibilidades se ela se transformar em uma de nós?"
Caius desviou o olhar com uma expressão cáustica. Os olhos de Jane brilharam de
indignação pela comparação.
Edward fumaçou ao meu lado. Eu podia ouvir o estrondo no peito dele, se
transformando em um rosnado. Eu não podia deixar que o seu temperamento acabasse o
machucando.
"Não, obrigada", eu falei numa voz que não passava de um sussurro, minha voz
quebrando de medo.
Aro suspirou. "Isso é uma pena. Tanto desperdício".
Edward assobiou. "Se juntar ou morrer, não é isso? Eu já suspeitava quando nós fomos
trazidos a essa sala. Tanto por suas leis".
O tom de voz dele me surpreendeu. Ele parecia irado, mas havia alguma coisa
deliberada na sua fala - como se ele houvesse escolhido as palavras com grande
cuidado.
"É claro que não", Aro piscou, abismado. "Nós já estávamos reunidos aqui, Edward,
esperando pelo retorno de Heidi. Não por você".
"Aro", Caius assobiou. "A lei clama por eles".
Edward olhou pra Caius. "Como é isso?", ele quis saber. Ele já devia saber o que Caius
estava pensando, mas ele parecia determinado a fazê-lo falar em voz alta.
Caius apontou um dedo esquelético pra mim. "Ela sabe demais. Você expôs os nossos
segredos". A voz dele era fina como papel, assim como a pele dele.
"Tem alguns humanos nessa sua piadinha aqui, também", Edward lembrou ele, eu
pensei na recepcionista bonita lá embaixo.
O rosto de Caius se transformou em outra expressão. Era pra ele estar sorrindo.
"Sim", ele concordou. "Mas quando eles já não forem mais úteis para nós, eles vão
servir pra nos sustentar. Esse não é o seu plano pra essa aí. Se ela trair o nosso segredo,
você estaria preparado pra destruí-la? Eu acho que não", ele fez escárnio.
"Eu não iria -", eu comecei, ainda cochichando. Caius me silenciou com um olhar
gelado.
"Você também não tem a intenção de torná-la uma de nós", Caius continuou. "Portanto,
ela é uma vulnerabilidade. Apesar disso ser verdade, por isso, só a vida dela deve ser
penalizada. Vocês podem ir embora se quiserem".
Edward mostrou os dentes.
"Foi isso que eu pensei", Caius disse, agradado com alguma coisa. Felix se inclinou
para a frente, ansioso.
"A não ser..." Aro interrompeu. Ele não parecia contente com o rumo que a conversa
havia tomado. "A não ser que você tenha a intenção de dá-la a imortalidade".
Edward torceu os lábios, hesitando por um momento antes de responder. "E se eu
tiver?"
Aro sorriu, feliz de novo. "Ora, então você pode ir pra casa e dar as minhas lembranças
ao meu amigo Carlisle". A expressão dele se tornou mais hesitante. "Mas eu temo que
você tenha que ser sincero".
Aro ergueu a mão na frente dele.
Caius, que havia começado e fazer caretas furiosas, relaxou.
Os lábios de Edward se pressionaram até se tornarem uma linha estreita. Ele me olhou
nos olhos, e eu olhei de volta.
"Seja sincero", eu sussurrei. "Por favor".
Ele realmente achava essa uma idéia tão abominável? Será que ele preferiria morrer a
me mudar? Eu me sentia como se tivesse sido chutada no estômago.
Edward olhou para a minha expressão torturada.
E então Alice se separou de nós, e foi na direção de Aro. Nós nos viramos pra olhá-la.
A mão dela estava erguida como a dele.
Ela não disse nada, e Aro mandou seus ansiosos guardas embora com um gesto quando
eles se aproximaram pra bloquear a aproximação dela. Aro se encontrou com ela no
meio do caminho, e pegou a mão dela com um brilho ansioso, aquisitivo, nos olhos.
Ele inclinou sua cabeça na direção de suas mãos juntas, seus olhos se fechando
enquanto ele se concentrava. Alice estava imóvel, o rosto dela vazio. Eu ouví os dentes
de Edward se fechando.
Ninguém se mexeu. Aro parecia estar congelado em cima da mão de Alice. Os segundos
se passaram e eu fiquei mais e mais estressada, me perguntando quanto tempo se
passaria antes que houvesse se passado tempo demais. Antes que isso significasse que
havia alguma coisa errada - mais do que já havia.
Outro momento de agonia se passou, e então a voz de Aro quebrou o silêncio.
"Ha, ha, ha", ele riu, a cabeça dele ainda inclinada para a frente. Ele olhou pra cima
lentamente, seus olhos estavam brilhando de excitação. "Isso foi fascinante!"
Alice sorriu secamente. "Eu fico feliz que você tenha gostado".
"Ver as coisas que você viu - especialmente aquelas que ainda não aconteceram!", ele
balaçou a cabeça maravilhado.
"Mas que irão", ela o lembrou, com a voz calma.
___________2
"Sim, sim, isso já está bem determinado. Certamente não há nenhum problema".
Caius pareceu um pouco desapontado - um sentimento que ele parecia compartilhar com
Felix e Jane.
"Aro", Caius reclamou.
"Querido Caius", Aro sorriu. "Não tema. Pense nas possibilidades! Eles não se juntam a
nós hoje, mas nós podemos sempre esperar pelo futuro. Imagine a alegria que a pequena
Alice traria para a nossa casa... Além do mais, eu estou tão terrívelmente curioso pra ver
como Bella se sai!"
Aro pareceu convencido. Ele não se dava conta de como as visões de Alice podiam ser
subjetivas. Será que ele não via que ela podia estar convencida a me transformar hoje, e
mudar de idéia amanhã? Um milhão de pequenas decisões, dela e de tantos outros
também - as de Edward - podiam alterar o caminho dela, e com isso, alterar o futuro.
E será que realmente fazia diferença o que Alice queria, será que faria tanta diferença se
eu me tornasse uma vampira, já que a idéia era tão repulsiva para Edward? Se a morte
era, pra ele, uma alternativa melhor do que me ter por perto pra sempre, uma chatice
imortal?
Aterrorizada como eu estava, eu sentí vontade de me afundar na depressão, de me
afogar nela..
"Então estamos livres pra ir agora?" Edward perguntou com uma voz unifome.
"Sim, sim", Aro disse, absolutamente agradado. "Mas por favor, visitem de novo. Isso
foi absolutamente fascinante".
"E nós também visitaremos vocês", Caius prometeu, os olhos dele ficaram meio
fechados de repente como se fossem pálpebras pesadas de um lagarto. "Pra ter certeza
de que você fará o que promete. Se eu fosse você, eu não demoraria muito. Nós não
damos segunda chance".
A mandíbula de Edward se apertou forte, mas ele acenou com a cabeça uma vez.
Caius sorriu e deslizou para onde Marcus continuava sentado, sem se mexer e
desinteressado.
Felix gemeu.
"Ah, Felix", Aro sorriu, divertido. "Heidi estará aqui a qualquer momento. Paciência".
"Hmm". A voz de Edward tinha um som diferente. "Nesse caso, é melhor irmos logo do
que deixar pra depois".
"Sim", Aro concordou. "Essa é uma boa idéia. Acidentes podem acontecer. Por favor
esperem aqui até anoitecer, se vocês não se importarem".
"É claro", Edward concordou, enquanto eu me contorcia com a idéia de esperar até o dia
terminar pra poder escapar.
"E aqui", Aro adicionou, fazendo um gesto pra Felix com um dedo. Felix se aproximou
imediatamente, e Aro tirou a manta cinza que o enorme vampiro usava, tirando-a de
seus ombros. Ele passou ela pra Edward. "Pegue isso. Você parece um pouco suspeito".
Edward colocou a longa manta, deixando o capuz abaixado.
Aro suspirou. "Combina com você".
Edward gargalhou, mas parou de repente, olhando por cima do ombro. "Obrigado, Aro.
Nós esperaremos lá embaixo".
"Adeus, jovens amigos", Aro disse, com os olhos brilhantes enquanto olhava na mesma
direção.
"Vamos", Edward disse, urgente agora.
Demetri fez um gesto para que o seguíssemos, e depois nós guiou pelo caminho de onde
viemos, a única saída pelo que parecia.
Edward me puxou rapidamente ao lado dele. Alice estava perto pelo meu outro lado, o
rosto dela estava duro.
"Não fomos rápidos o suficiente", ela murmurou.
Eu olhei pra ela, assustada, mas ela só pareceu pesarosa. Foi aí que eu ouví vozes
tagarelando - vozes altas, ásperas - vindas da antecâmara.
"Isso não é normal", a voz grossa de um homem estrondou.
"É tão medieval", um esguicho desagradável, uma voz feminina se fez ouvir no fundo.
Uma grande multidão estava passando pela porta, enchendo a câmara menor. Demetri
fez um gesto para que dessemos espaço. Nós nos pressionamos na parede fria pra deixálos
passar.
Um casal na frente, Americanos pelo jeito deles, olharam ao redor com olhos
avaliadores.
"Bem vindos, visitantes! Bem vindos á Volterra!", eu podia ouvia a voz de Aro cantar
de dentro da grande sala redonda.
O resto deles, talvez quarenta ou mais, entraram depois do casal. Alguns estudavam
panfletos como turistas. Alguns deles até tiravam fotos. Outros pareciam confusos,
como se a história que os guiou até alí já não fizesse sentido.
Eu notei em uma mulher pequena, escura, em particular. Ela tinha um rosário ao redor
do pescoço, e ela segurava a cruz com força em uma das mãos. Ela caminhava mais
devagar do que os outros, tocando alguém de vez em quando pra fazer perguntas em
uma língua desconhecida. Ninguém parecia entendê-la, e a voz dela começou a parecer
mais cheia de pânico.
Edward puxou meu rosto para o peito dele, mas já era tarde demais. Eu já tinha
entendido.
Assim que a menor brecha apareceu, Edward me puxou rapidamente para a porta. Eu
podia sentir a expressão horrorizada no meu rosto, e as lágrimas começando a se
aglomerar nos meus olhos.
O corredor ornamentado com ouro estava quieto, vazio exceto por uma linda mulher,
parecida com uma estátua. Ela olhou curiosamente pra mim, em particular.
"Bem vinda ao lar, Heidi" Demetri a saudou atrás de nós.
Heidi sorriu ausentemente. Ela me lembrava de Rosalie, apesar delas duas não se
parecerem em nada - era só que a beleza dela, também, era excepcional, inesquecível.
Eu não parecia ser capaz de desviar a vista.
Ela estava vestida para enfatizar a sua beleza. Suas penas incrivelmente longas,
escurecidas com meias, estavam expostas pela mais curta das mini-saias. O top dela
tinha mangas longas e colarinho alto, mas era extremamente justo, e feito de vinil
vermelho. Seu longo cabelo cor de mogno era lustroso, e os olhos dela eram de um
estranho tom violeta - a cor devia ser resultado de lentes de contato azuis com os olhos
vermelhos.
"Demetri", ela respondeu com uma voz sedosa, seus olhos passando rapidamente entre o
meu rosto e a manta cinza de Edward.
"Boa pesca", Demetri a cumprimentou, e eu finalmente compreendi a roupa chamativa
que ela usava... ela não era só a pescadora, mas era também a isca.
"Obrigada", ela mostrou um sorriso formidável. "Você não vem?"
"Em um minuto. Guarde alguns pra mim".
Heidi balançou a cabeça e passou pela porta com uma última olhada curiosa pra mim.
Edward começou a andar num ritmo que me fez correr pra acompanhar.
Nós ainda não haviamos conseguido alcançar a porta ornamentada no fim do corredor
quando a gritaria começou.
22. Vôo
Demetri nos deixou na alegre recepção opulenta, onde a mulhaer chamada Gianna ainda
estava no seu posto atrás do balcão polido. Uma música brilhante, inofensiva saía dos
auto falantes.
"Não deixem até que esteja escuro", ele nos advertiu.
Edward balançou a cabeça, e Demetri se apressou pra ir embora.
Gianna não pareceu nem um pouco surpresa com a mudança, apesar dela ter olhado
para a manta emprestada de Edward com astuta especulação.
"Você está bem?", Edward perguntou por baixo do fôlego, baixo demais para a mulher
humana ouvir. A voz dele estava dura - se veludo puder ser duro - com ansiedade.
Ainda estressado pela nossa situação, eu imaginei.
"É melhor você sentar ela antes que ela caia", Alice disse. "Ela está caíndo aos
pedaços".
Foi só aí que eu me dei conta de que estava tremendo, tremendo muito, meu corpo
inteiro estava vibrando até que os meus dentes começaram a bater e a sala começou a
balançar e parecer um borrão na frente dos meus olhos. Por um louco segundo, eu me
perguntei se era assim que Jacob se sentia quando estava prestes a explodir em um
vampiro.
Eu ouví um som que não fazia sentido, um estranho contraponto, rasgante, diferente da
música que outrora estava tão alegre. Distraida pelos tremores, eu não sabia dizaer de
onde ele estava vindo.
"Shh, Bella, shh", Edward disse enquanto me colocava no sofá mais distante da curiosa
humana no balcão.
"Eu acho que ela está ficando histérica. Talvez você devesse dar um tapa nela", Alice
sugeriu.
Edward deu uma olhada frenética pra ela.
Foi aí que eu entendí. Oh. O barulho era eu. O som rasgante estava vindo do meu peito.
Era isso que estava me fazendo tremer.
"Está tudo bem, você está a salvo, está tudo bem", ele cantava de novo e de novo.
Ele me colocou no colo e passou a manta grossa por cima de mim, me protegendo da
sua pele fria.
Eu sabia que era estupidez reagir assim. Quem sabia quanto tempo eu ainda teria nessa
situação? Ele estava a salvo, e eu estava a salvo, e ele podia me deixar assim que nós
estivessemos livre.
Ter os meus olhos tão cheios de lágrimas que eu não podia nem enxergar o rosto dele
era um desperdício - uma insanidade.
Mas, atrás dos meus olhos, minhas lágrimas não conseguiam lavar a imagem, eu ainda
podia ver o rosto cheio de pânico da pequena mulher com o rosário.
"Todas aquelas pessoas", eu solucei.
"Eu sei", ele cochichou.
"É tão horrível".
"Sim, é sim. Eu queria que você não tivesse que ter visto aquilo".
Eu descansei minha cabeça no seu peito gelado, usando a manta grossa pra limpar meus
olhos. Eu respirei fundo algumas vezes, pra me acalmar.
"Há alguma coisa que eu possa pegar pra vocês?", uma voz perguntou educadamente.
Era Gianna se inclinando por cima do ombro de Edward que era de preocupação e ainda
profissional e destacado ao mesmo tempo. Ela não parecia estar incomodada com o fato
de que estava a poucos centímetros de um vampiro hostíl. Ou ela era completamente
inconsciente, ou muito boa em seu trabalho.
"Não", Edward respondeu friamente.
Ela balançou a cabeça, sorriu pra mim, e depois desapareceu.
Eu esperei até que ela saísse da área de escuta. "Ela sabe o que está acontecendo por
aqui?" Eu quis saber, minha voz esta baixa e rouca. Eu estava me controlando, minha
respiração saindo uniformemente.
"Sim. Ela sabe de tudo", Edward me disse.
"Ela sabe que eles vão matá-la um dia?"
"Ela sabe que é uma possibilidade", ele disse.
Isso me surpreendeu.
O rosto de Edward era difícil de ler. "Ela está esperando que eles decidam ficar com
ela".
Eu sentí o sangue fugir do meu rosto. "Ela quer ser um deles?"
Ele acenou com a cabeça uma vez, seus olhos afiados no meu rosto, observando minha
reação.
Eu levantei os ombros. "Como é que ela pode querer isso?" Eu sussurrei, mais pra mim
mesma do que realmente procurando por uma resposta. "Como é que ela pode ver
aquelas pessoas enchendo aquela sala odiosa e querer ser parte disso?"
Edward não respondeu. A expressão dele se torceu em resposta a alguma coisa que eu
havia dito.
Eu olhei para o seu rosto perfeito demais, tentando entender a mudança, e de repente me
caiu a ficha de que eu estava realmente aqui, nos braços de Edward, mesmo que por
pouco tempo, e nós não estávamos - nesse exato momento - prestes a sermos mortos.
"Oh, Edward", eu chorei, e já estava soluçando de novo. Era uma reação estúpida. As
lágrimas eram grossas demais pra que eu pudesse ver o rosto dele de novo, e isso era
imperdoável. Eu só tinha até o pôr do sol com certeza. Como um conto de fadas de
novo, com fim da linha onde a magia acabava.
"Qual é o problema?", ele perguntou, ainda ansioso, esfregando as minhas costas com
palmadinhas gentís.
Eu passei meus braços ao redor do pescoço dele - qual era a pior coisa que ele podia
fazer? Só me afastar - e me abracei mais perto dele. "É realmente doentio da minha
parte estar feliz agora?" Eu perguntei. Minha voz se quebrou duas vezes.
Ele não me afastou. Ele me agarrou apertado no seu peito duro e gelado, tão apertado
que era difícil respirar, mesmo com os meus pulmões seguramente intactos.
"Eu sei o que você quer dizer", ele sussurrou. "Mas nós temos muitas razões pra
estarmos felizes. Pra começar, estamos vivos".
"Sim", eu concordei. "Essa é uma boa".
"E juntos", ele respirou. O hálito dele era tão doce que fez minha cabeça girar.
Eu só balancei a cabeça, certa de que ele não considerava essa consideração como eu.
"E, com alguma sorte, ainda estaremos vivos amanhã".
"Espero que sim", eu disse com dificuldade.
"As chances são muito boas", Alice me assegurou. Ela esteve tão quieta, que eu quase
me esquecí da presença dela. "Eu vou ver Jasper em menos de vinte e quatro horas", ela
adicionou com um tom satisfeito.
Alice sortuda. Ela podia confiar em seu futuro.
Eu não conseguí manter meus olhos longe dos olhos de Edward por muito tempo. Eu
olhei pra ele, querendo mais do que tudo que o futuro nunca acontecesse. Que esse
momento durasse pra sempre, ou, se não pudesse, que eu parasse de existir quando esse
momento não existisse.
Edward olhou de volta pra mim, seus olhos escuros estavam suaves, e foi fácil fingir
que ele se sentia do mesmo jeito. Então foi isso que eu fiz. Eu fingí, pra tornar o
momento mais doce.
As pontas dos dedos dele traçaram os círculos embaixo dos meus olhos. "Você parece
tão cansada".
"Você parece com sede", eu cochichei de volta, estudando as manchas roxas embaixo
das suas íris pretas.
Ele levantou os ombros. "Não é nada".
"Você tem certeza? Eu posso ir me sentar com Alice", eu oferecí, sem vontade; eu
preferia que ele me matasse agora do que me mover um centímetro de onde eu estava.
"Não seja ridícula". Ele suspirou; seu hálito doce acariciou meu rosto. "Eu nunca tive
mais controle dessa parte da minha natureza do que agora".
Eu tinha um milhão de perguntas pra ele. Uma delas fez cócegas nos meus lábios agora,
mas eu segurei a minha língua. Eu não queria arruinar o momento, mesmo imperfeito
como era, aqui nessa sala que me deixava doente, embaixo dos olhos de uma aprendiz
de monstro.
Aqui nos braços dele, era tão fácil fantasiar que ele me queria. Eu não queria pensar nas
motivações dele agora - se ele estava agindo assim pra me manter calma enquanto ainda
estavamos correndo perigo, ou se ele só se sentia culpado por estarmos onde estávamos
e aliviado qua não era responsável pela minha morte. Talvez o tempo separados fosse o
suficiente pra que eu não o aborecesse no momento. Mas isso não importava. Eu estava
muito mais feliz fingindo.
Eu fiquei quieta nos braços dele, re-memorizando o seu rosto, fingindo...
Ele olhava para o meu rosto como se estivesse fazendo o mesmo, enquanto ele e Alice
discutiam como voltar pra casa. As vozes deles eram tão rápidas e baixas que eu sabia
que Gianna não conseguia entender. Eu mesma perdí a metade. No entanto, parecia que
haviam mais roubos envolvidos. Eu me perguntei se o Porshe amarelo chamativo já
havia voltado para o seu dono.
"Que conversa foi aquelas sobre cantores?", Alice perguntou uma hora.
"La tua cantante", Edward disse. A voz dele fez as palavras parecerem música.
"Sim, isso", Alice disse, e eu me concentrei por um momento. Eu havia me perguntado
sobre isso também, naquela hora.
Eu sentí Edward levantar os ombros os meu redor. "Eles têm um nome pra as pessoas
que cheiram como a Bella cheira pra mim. Eles a chamam de minha cantora - porque o
sangue dela canta pra mim".
Alice sorriu.
Eu estava cansada o suficiente pra dormir, mas eu lutei contra a inconsciência. Eu não ia
perder nem um segundo do tempo que tinha com ele. De vez em quando, enquanto ele
falava com Alice, ele se inclinava de repente e me beijava - seus lábios gelados e
macios passavam no meus cabelo, na minha testa, a ponta do meu nariz.
E cada vez era como se um choque eletrico estivesse passando no meu coração há muito
adormecido. Os sons das batidas dele pareciam encher a sala inteira.
Era o paraíso - bem no meio do inferno.
Eu perdí completamente a noção do tempo. Então quando os braços de Edward se
apertaram ao meu redor, e ele e Alice olharam para o fim da sala com olhos cautelosos,
eu entrei em pânico. Eu me apertei no peito de Edward enquanto Alec - seus olhos de
uma cor rubi vívida agora, mas ainda impecável com o seu terno cinza claro apesar da
refeição da tarde - passou pela porta dupla.
Eram boas notícias.
"Vocês estão livres pra ir agora", Alec nos disse, o tom dele era tão cálido que se
poderia pensar que eramos todos amigos de longa data. "Nós os pedimos que não se
demorem na cidade".
Edward não inventou nenhuma resposta educada; a voz dele era fria como gelo. "Isso
não será um problema".
Alec sorriu, balançou a cabeça, e desapareceu novamente.
"Sigam o corredor direito ao redor da esquina para chegarem no primeiro pavimento de
elevadores", Gianna nos disse enquanto Edward me ajudava a ficar de pé. "O sanguão é
dois andares abaixo, e é a saída para a rua. Adeus, agora", ela adicionou
prazerozamente. Eu me perguntei se a competência dela seria o suficiente pra salvá-la.
Alice deu uma olhada obscura pra ela.
Eu estava aliviada por haver outra saída; eu não tinha certeza de que podia aguentar
outro passeio pelos subterrâneos.
Nós deixamos pelo saguão luxuoso. Eu fui a única que olhou de volta para o castelo
medieval que abrigava aquela faxada elaborada de lugar de negócios de onde eu não
conseguia ver a torre, motivo pelo qual eu fiquei agradecida.
A festa ainda estava com força total nas ruas. As luzes das ruas ainda estavam se
acendendo enquanto nós andavamos rapidamente pelas apertadas ruas lotadas.
O céu lá em cima estava de uma cor cinza sombria que estava desaparecendo, mas os
prédios na rua ficavam tão próximos um do outro que pareciam estar mais escuro.
A festa também estava mais escura. A longa e esvoaçante manta e Edward não se
destacava muito do que devia ser mais uma noite normal em Volterra. Haviam outras
mantas de cetin preto agora, e os dentes de plástico com as presas que eu ví na criança
de preaça essa tarde pareciam ser muito populares com os adultos.
"Ridículo", Edward murmurou uma vez.
Eu não reparei quando Alice desapareceu do meu lado. Eu olhei pra ela pra fazer uma
pergunta, e ela tinha sumido.
"Onde está Alice?", eu perguntei em pânico.
"Ela foi recuperar as suas bolsas de onde ela as escondeu hoje de manhã"
Eu havia esquecido que tinha acesso a uma escova de dentes. Isso abrilhantou o meu
humor consideravelmente.
"Ela está roubando um carro também, não está?", eu adivinhei.
Ele abriu um sorriso. "Não até estarmos do lado de fora".
Pareceu demorar muito tempo até chegarmos na entrada. Edward podia ver que eu
estava exausta; ele colocou seu braço ao redor da minha cintura e carregou a maior parte
do meu peso enquanto caminhávamos.
Eu tremí quando ele me puxou pelo arco de pedras pretas. O enorme portão antigo
acima era como a porta de uma gaiola, ameaçando cair sobre nós, nos trancar do lado de
dentro.
Ele me guiou em direção a um carro escuro, esperando numa piscina de sombras á
direita do portão que estava com o motor ligado.
Para a minha surpresa, ele escorregou no banco de trás comigo, ao invés de insistir em
dirigir.
Alice estava apologética. "Me desculpem". Ela fez um gesto vago em direção do painél.
"Não havia muita escolha".
"Está tudo bem, Alice". Ele sorriu. "Eles não podiam ser todos carros de emergência
Turbos".
Ela suspirou. "Eu posso ter que adquirir um daqueles legalmente. Foi fabuloso".
"Eu vou te dar um no natal", Edward prometeu.
Alice se virou brilhando pra ele, e isso me preocupou, já que ela já estava descendo a
curvinha da colina á toda velocidade ao mesmo tempo.
"Amarelo", ela disse pra ele.
Edward me manteve apertada nos braços dele. Dentro da manta cinza, eu estava
aquecida e confortável. Mais que confortável.
"Você pode dormir agora, Bella", ele murmurou. "já acabou".
Eu sabia que ele estava se referindo ao perigo, ao pesadelo na cidade antiga, mas eu
ainda tive que engolir seco antes de poder responder.
"Eu não quero dormir. Eu não estou cansada". Só a segunda parte era mentira. Eu não ia
fechar meus olhos. O carro só estava fracamente iluminado pelos controles no painél,
mas isso era o suficiente pra eu poder ver o rosto dele.
Ele pressionou seus lábios no côncavo embaixo da minha orelha. "Tente", ele
encorajou.
Eu balancei minha cabeça.
Ele suspirou. "Você ainda é só uma teimosa".
Eu era teimosa; eu lutei com as minha pálpebras pesadas, e ganhei.
A estrada escura foi a parte mais difícil; as luzes claras do aeroporto de Florença
facilitaram as coisas, enquanto eu tive a chance de escovar os meus dentes e de trocar de
roupa e colocar uma limpa; Alice havia trazido roupas pra Edward também, e ele deixou
a manta escura em uma pilha de lixo em um corredor.
A viagem até Roma foi tão curta que a fadiga nem teve uma chance de tomar conta de
mim. Eu sabia que a viagem de Roma para Atlanta seria um problema inteiramente
diferente, então eu pedí á comissária de bordo que me trouxesse uma Coca.
"Bella", Edward disse desaprovando. Ele sabia que tinha baixa tolerância á cafeina.
Alice estava atrás de nós. Eu podia ouvir ela murmurando com Jasper no telefone.
"Eu não quero dormir", eu lembrei ele. Eu dei a ele uma desculpa na qual ele acreditou
porque era verdade.
"Se eu fechar meus olhos agora, eu vou ver coisas que não quero ver. Eu vou ter
pesadelos".
Ele não discutiu comigo depois disso.
Seria uma boa hora pra conversar, pra pegar as respostas que eu precisava - precisava
mas não realmente queria; eu já estava me desesperando com o pensamento do que teria
que ouvir. Nós tínhamos um bom tempo pra não sermos interrompídos, e ele não
escaparia de mim num avião - bem, pelo menos, não facilmente. Ninguém nos ouviria
exceto Alice; estava tarde e a maioria dos passageiros estava apagando as luzes e
pedindo por travesseiros em vozes murmuradas. Conversar me manteria longe da
exaustão.
Mas, perseveramente, eu mordí minha língua pra conter o meu dilúvio de perguntas. O
meu bom senso provavelmente era provindo da exaustão, mas eu esperei que adiando a
conversa, eu podia ter direito a passar mais algumas horas com ele mais tarde - fazer
isso durar por mais uma noite, ao estilo Scheherazade.
Então eu continuei bebendo o meu refrigerante, e resistindo á minha vontade de piscar.
Edward parecia perfeitamente contente em me segurar em seus braços, os dedos dele
traçando o meu rosto de novo e de novo. Eu toquei o seu rosto também.
Eu não conseguia evitar, apesar de eu estar com medo de que isso pudesse me machucar
depois, quando eu estivesse sozinha de novo. Ele continuou a beijar o meu cabelo,
minha testa, meus pulsos... mas nunca meus lábios, e isso era bom. Afinal, de quantas
outras formas um coração podia ser maltratado e ainda esperar continuar batendo? Eu
havia vivido muitas coisas que podiam ter acabado comigo nesses últimos dias, mas
isso não me fez sentir mais forte. Ao invés disso, eu me sentia horrivelmente frágil,
como se um palavra pudesse me fazer em pedaços.
Edward não falou. Talvez ele estivesse esperando que eu fosse dormir. Talvez ele não
tivesse nada pra dizer.
Eu ganhei a briga contra as minhas pálpebras pesadas. Eu estava acordada quando
chegamos no Aeroporto em Atlanta, e eu tinha até começado a ver o sol nascendo entre
as nuvens em Seattle antes de Edward fechar a janela. Eu estava orgulhosa de mim
mesma. Eu não havia perdido nenhum minuto.
Nem Alice nem Edward ficaram surpresos com a recepção que estava nos esperando
por nós no aeroporto Sea-Tac, mas eu fui pega de surpresa. Jasper foi o primeiro que eu
ví, mas ele não me viu. Seus olhos foram só pra Alice. Ela foi rapidamente para o lado
dele; eles não se abraçaram como os outros casais se encontrando lá. Eles só olharam
para o rosto um do outro, e mesmo assim, de alguma forma, o momento era tão
particular que eu ainda sentí a necessidade de desviar o olhar.
Carlisle e Esme esperavam num canto quieto longe da fila dos detectores de metal, na
sempre de uma grossa pilastra.
Esme veio em minha direção, me abraçando impetuosamente, mas ainda estranhamente,
porque Edward também estava com os braços ao meu redor.
"Muito obrigada", ela disse no meu ouvido.
Então ela jogou os braços ao redor de Edward, e ela parecia que estaria chorando se isso
fosse possível.
"Você nunca vai me fazer passar por isso de novo", ela quase rosnou.
Edward sorriu, arrependido. "Desculpa, mãe".
"Obrigado, Bella", Carlisle disse. "Nós ficamos te devendo".
"Dificilmente", eu murmurei. A falta de sono da noite era de repente dominante. Minha
cabeça parecia estar desconectada do meu corpo.
"Ela está morta em cima dos pés", Esme repreendeu Edward. "Vamos levá-la pra casa".
Sem ter muita certeza de que ir pra casa era o que eu queria nesse momento, eu tropecei,
meio cega, pelo aeroporto, com Edward me arrastando de um lado e Esme do outro. Eu
não sabia se Alice e Jasper estavam atrás de nós, e eu estava exausta demais pra olhar.
Eu acho que já estava adormecida, apesar de ainda estar caminhando, quando nós
chegamos no carro.
A surpresa de ver Emmett e Rosalie se encostando no sedan preto embaixo das luzes
fracas da garagem me acordou um pouco. Edward enrigeceu.
"Não", Esme sussurrou. "Ela se sente péssima".
"Ela devia", Edward disse, sem fazer nenhuma tentativa de manter a voz baixa.
"Não é culpa dela", eu disse, minhas palavras saíram grogues com a exaustão.
"Deixe ela se desculpar", Esme implorou. "Nós vamos com Alice e Jasper".
Edward encarou a vampira loira absolutamente adorável esperando por nós.
"Por favor, Edward", eu disse. Eu não queria andar com Rosalie mais do que ele parecia
querer, mas eu já havia causado discordia suficiente na família dele.
Ele suspirou, e me guiou em direção ao carro.
Emmett e Rosalie foram para o banco da frente sem falar nada, enquanto Edward me
colocava no de trás de novo. Eu sabia que não seria mais capaz de lutar contra as
minhas pálpebras, e eu inclinei minha cabeça no peito dele desistindo, deixando elas se
fecharem. Eu sentí o carro sendo ligado.
"Edward", Rosalie começou.
"Eu sei", o tom brusco de Edward não era generoso.
"Bella?", Rosalie perguntou suavemente.
Minhas pálpebras de abriram com o choque. Era a primeira vez que ela falava
diretamente comigo.
"Sim, Rosalie?", eu perguntei, hesitante.
"Eu lamento muito mesmo, Bella. Eu me sinto horrível com cada parte disso, e muito
agradecida que você tenha sido corajosa o suficiente pra ir salvar o meu irmão depois do
que eu fiz. Por favor me diga que vai me perdoar".
As palavras soaram estranhas, abafadas por causa da vergonha dela, mas elas pareceram
sinceras.
"É claro, Rosalie", eu murmurei, me agarrando a qualquer chance de fazer ela me odiar
um pouco menos. "Não é culpa sua de jeito nenhum. Fui eu quem pulou da droga do
precipício. É claro que eu te perdôo".
As palavras saíram como se eu estivesse de boca cheia.
"Isso não conta até que ela esteja consciente, Rose", Emmett gargalhou.
"Eu estou consciente", eu disse; só que isso só soou como um suspiro pré fabricado.
"Deixem ela dormir", Edward insistiu, mas a voz dele estava um pouco mais cálida.
Tudo ficou quieto nesse hora, exceto pelo barulho gentil do motor. Eu devo ter caído no
sono, porque só pareceram ter se passado segundos quando a porta se abriu e Edward
estava me carregando do carro. Meus olhos não se abriam. Primeiro eu pensei que ainda
estávamos no aeroporto.
E depois eu ouví Charlie.
"Bella", ele gritou de uma certa distância.
"Charlie", eu murmurei tentando sair da letargia.
"Shh", Edward sussurrou. "Está tudo bem; você está em casa e a salvo. Só durma".
"Eu não posso acreditar que você tem a cara de pau de aparecer aqui", Charlie gritou pra
Edward, a voz dele muito mais próxima agora.
"Para com isso, pai", eu gemi. Ele não me ouviu.
"Qual é o problema com ela?", Charlie quis saber.
"Ela só está muito cansada, Charlie", Edward assegurou baixinho. "Por favor deixe ela
descansar".
"Não me diga o que fazer!", Charlie gritou. "Dê ela pra mim. Tire suas mãos dela!"
Edward tentou me passar pra Charlie, mas eu me agarrei a ele com os dedos trincados,
tenazes. Eu podia sentir meu pai puxando meu braço.
"Sai dessa, pai", eu disse com mais volume. Eu conseguí abrir as minha pálpebras o
suficiente pra olhar pra Charlie nos os olhos turvos. "Fique bravo comigo".
Nós estávamos na frente da minha casa. A porta da frente estava aberta. A nuvem que
pairava em cima das nossas cabeças estava grossa demais pra eu poder adivinhar que
horas eram.
"Você pode apostar que eu vou ficar", Charlie prometeu. "Vá pra dentro".
"Tá. Me ponha no chão", eu suspirei.
Edward me colocou de pé. Eu podia ver que estava de pé, mas não conseguia sentir as
minhas pernas. Eu andei em frente mesmo assim, até que a calçada começou a se
aproximar do meu rosto. Os braços de Edward me agarraram antes que eu atingisse o
concreto.
"Só me deixe levá-la até lá em cima", Edward disse. "Depois eu vou embora".
"Não", eu chorei entrando em pânico. Eu ainda não tinha conseguido as minhas
respostas.
Ele tinha que ficar pelo menos mais um pouco, não tinha?
"Eu não vou estar longe", Edward prometeu, sussurrando no meu ouvido pra que
Charlie não tivesse a esperança de ouvir.
Eu não ouví Charlie responder, mas Edward me levou até em casa. Meus olhos abertos
só aguentaram até quando ele chegou na escada.
A última coisa que eu sentí foram os dedos frios de Edward soltando meus dedos da
camisa dele.
23. Verdade
Eu tinha a sensação de que tinha estado dormindo por muito tempo - meu corpo estava
rígido, como se eu também não tivesse me mexido nenhuma vez. Minha mente estava
confusa e lenta; sonhos estranhos e coloridos - sonhos e pesadelos - rodavam
vertiginosamente dentro da minha cabeça. Eles eram tão vívidos. O horrível e o
celestial, tudo misturado numa combinação bizarra. Haviam uma impaciência aguda e
medo,, tudo parte de um frustrante sonho onde você não consegue se mexer rápido o
suficiente... E haviam muitos monstros, criaturas de olhos vermelhos que eram mais
horríveis do que a sua gentíl civilidade demonstrava. O sonho ainda estava forte - eu até
podia me lembrar dos nomes. Mas a parte mais forte, mais clara do sonho não era a
parte de terror. Era o anjo que estava mais claro.
Foi difícil deixá-lo ir e acordar. Esse sonho não queria ser jogado na vala dos meus
sonhos que eu costumava esquecer. Eu lutei contra isso enquanto a minha mente ficava
mais alerta, me focando na realidade. Eu não conseguia me lembrar de qual era o dia da
semana, mas eu tinha certeza de que Jacob ou a escola ou o trabalho ou alguma outra
coisa estava esperando por mim. Eu inalei profundamente, me perguntando como
encararia outro dia.
Alguma coisa fria tocou a minha testa com a mais leve das pressões.
Eu apertei os meus olhos mais ainda. Eu ainda estava sonhando, parecia, e ele parecia
ser anormalmente real. Eu estava perto de acordar... a qualquer segundo agora, e ele iria
embora.
Mas eu me dei conta de que era real demais, real demais pra ser bom pra mim. Os
braços de pedra que eu imaginei passando ao meu redor eram substanciais demais. Se
eu deixasse isso ir mais longe, eu ia me arrepender mais tarde. Com um suspiro
resignado, eu abrí as minhas pálpebras pra dispersar a ilusão.
"Oh!", eu asfixiei, e joguei meus pulsos em cima dos meus olhos.
Bem, claramente, eu tinha ido longe demais; deve ter sido um erro ter deixado a minha
imaginação ir tão longe.
Ok, então "deixar" era a palavra errada.
Eu havia forçado ela a sair de controle - eu havia praticamente perseguido as minhas
alucinações - e agora minha mente estava sem controle.
Eu levei menos de um segundo pra me dar conta de que, já eu realmente estava louca
agora, eu podia muito bem aproveitar as minhas ilusões enquanto elas eram agradáveis.
Eu abrí meus olhos de novo - e Edward ainda estava lá, seu rosto perfeito estava a
apenas alguns centímetros dos meus.
"Eu assustei você?" Sua voz baixa estava ansiosa. Isso era muito bom, sendo uma
ilusão. O rosto, a voz, o cheiro, tudo - era muito melhor do que me afogar. Alinda
invenção da minha imaginação observou minhas expressões mudarem, alarmado. As
íris dele estavam pretas como piche, com manchas que pareciam sombras embaixo dos
olhos. Isso me surpreendeu; as minhas ilusões de Edward costumavam estar mais bem
alimentadas.
Eu pisquei duas vezes, desesperadamente tentando me lembrar da última coisa que eu
tinha certeza que era real. Alice era parte do meu sonho, e eu me perguntei se ela
realmente havia voltado, ou se isso era só sonambulismo. Eu pensei que ela havia
voltado no dia em, que eu quase me afoguei...
"Oh, droga", eu esganicei. Minha garganta estava grossa pelo sono.
"Qual é o problema, Bella?"
Eu fiz uma carranca pra ele infeliz. O rosto dele estava ainda mais ansioso que antes.
"Eu tô morta, não tô?", eu gemí. "Eu me afoguei. Droga, droga, droga! Isso vai matar o
Charlie"
Edward fez uma carranca também. "Você não está morta".
"Então porque é que eu não tô acordando?" Eu desafiei, erguendo minhas sobrancelhas.
"Você está acordada, Bella".
Eu balancei minha cabeça. "Claro, claro. É isso que você quer que eu pense. E daí vai
ser pior quando eu me acordar. Se eu me acordar, o que eu não vou, porque eu estou
morta. Isso é horrível. Pobre Charlie. E Renée e Jake..." eu não conseguí falar de horror
pelo que eu tinha feito.
"Eu consigo entender que você esteja me confundindo com um pesadelo", o meio
sorriso dele era severo. "Mas eu não consigo imaginar o que você possa ter feito pra ir
para o inferno. Você cometeu muitos assassinatos enquanto eu estava longe?"
Eu fiz uma careta. "Obviamente não. Se eu estivesse no inferno você não estaria
comigo".
Ele suspirou.
Minha cabeça estava ficando mais clara. Meus olhos se distanciaram do rosto dele - sem
vontade - por um segundo, para a janela escura, aberta, e depois de volta pra ele. Eu
comecei a me lembrar dos detalhes... eu sentí um calor fraco, estranho na pele das
minhas bochechas enquanto eu lentamente me dava conta de que Edward realmente,
verdadeiramente estava aqui comigo, e eu estava perdendo tempo sendo uma idiota.
"Aquilo tudo realmente aconteceu, então?" Era quase impossível pensar no meu sonhos
como sendo verdade. Eu não censeguia fazer a minha cabeça grudar nesse conceito.
"Isso depende", o sorriso de Edward ainda estava duro. "Se você está se referindo a nós
quase sendo massacrados na Itália, então, sim".
"Que estranho", eu meditei. "Eu realmente fui á Itália. Você sabia que o mais longe que
eu já fui foi á Albuquerque?"
Ele revirou os olhos. "Talvez você devesse voltar a dormir. Você não está sendo
coerente".
___________3
"Eu não estou mais cansada". Tudo estava vindo claramente agora. "Que horas são? Por
quanto tempo eu estive dormindo?"
"É pouco mais de uma da manhã. Então, por umas catorze horas".
Eu me espreguicei enquanto ele falava. Eu estava tão rígida.
"Charlie?", eu perguntei.
Edward fez uma carranca. "Dormindo. Você provavelmente devia saber que eu estou
quebrando as regras agora. Bem, não tecnicamente, já que ele disse pra nunca mais
passar pela sua porta de novo, e eu vim pela janela... Mas, ainda assim, a intenção era
clara".
"Charlie te baniu da casa?" Eu perguntei, com descrença que estava rapidamente se
transformando em fúria.
Seus olhos estavam tristes. "Você esperava outra coisa?"
Meus olhos estavam raivosos. Eu ia ter umas palavrinhas com o meu pai - talvez essa
fosse uma boa hora pra lembrá-lo de que eu já tinha idade legal pra morar sozinha. Isso
não importava muito, é claro, exceto no princípio. Logo em breve não haveriam
motivos para proibições. Eu levei minha mente para pensamentos não tão dolorosos.
"Qual é a história?", eu perguntei, genuinamente curiosa, mas também tentando
desesperadamente manter a conversa casual, pra me manter firmemente sob controle,
pra que assim eu não o assustasse com o pedido frenético, que estava se construíndo
dentro de mim.
"O que você quer dizer?"
"O que eu vou dizer pra Charlie? Qual é a minha desculpa pra ter desaparecido por...
afinal, por quanto tempo eu estive fora?", eu tentei contar as horas na minha cabeça.
"Só três dias", os olhos dele se apertaram, mas ele sorriu mais naturalmente dessa vez.
"Na verdade, eu estava esperando que você tivesse uma boa explicação. Eu não tenho
nada".
Eu gemí. "Fabuloso".
"Bem, talvez Alice invente alguma coisa", ele ofereceu, tentando me confortar.
E eu estava confortada. Quem se importava com o que eu teria que lidar depois?Cada
segundo que ele estava aqui - tão perto, seu rosto sem falhas brilhando com a luz fraca
do meu relógio digital - era precioso e não podia ser desperdiçado.
"Então", eu comecei, escolhendo a pergunta menos importante - apesar de que ainda era
vitalmente interessante - pra começar. Eu estava seguramente entregue em casa, e ele
podia decidir ir embora a qualquer momento. Eu tinha que manter ele falando. Além do
mais, esse paraíso temporário não era inteiramente completo sem o som da voz dele. "O
que você esteve fazendo, até antes desses três dias?"
O rosto dele se tornou hesitante por um instante. "Nada terrivelmente excitante".
"É claro que não", eu murmurei.
"Porque você está fazendo essa cara?"
"Bem...", eu torcí os lábios, considerando. "Se você fosse, afinal, só um sonho, esse é
exatamente o tipo de coisa que você diria. Minha imaginação deve estar bagunçada".
Ele suspirou. "Se eu te contar, você finalmente vai acreditar que não está tendo um
pesadelo?"
"Pesadelo!", eu repetí com escárnio. Ele esperou pela minha resposta. "Talvez", eu disse
depois de um segundo de pensamento. "Se você me contar".
"Eu estava... caçando".
"Isso é o melhor que você pode fazer?", eu critiquei. "Isso definitivamente não prova
que eu estou acordada".
Ele hesitou, e depois falou lentamente, escolhendo as palavras com cuidado. "Eu não
estava caçando comida... Na verdade eu estava testando a minha sorte em... perseguir.
Mas eu não sou muito bom nisso".
"O que é que você estava perseguindo?", eu perguntei, intrigada.
"Nada de consequencia". As palavras dele não combinavam com a sua expressão; ele
parecia aborrecido, desconfortável.
"Eu não entendo".
Ele hesitou; seu rosto, brilhando com uma estranha luz verde do relógio, estava
dividido.
"Eu -", ele respirou fundo. "Eu te devo desculpas. Não, é claro que eu te devo muito,
muito mais do que isso. Mas você precisa saber," - as palavras começaram a fluir
rapidamente, do jeito que eu lembrava que ele falava as vezes quando ficava agitado, e
eu tive que realmente me concentrar pra entender todas elas - "que eu não fazia idéia.
Eu não tinha idéia da confusão que estava deixando pra trás. Eu pensei que fosse seguro
pra você aqui. Tão seguro. Eu não tinha idéia de que Victória" - os lábios dele se
curvaram quando ele disse o nome - "ia voltar. Eu vou admitir, quando eu ví ela daquela
última vez, eu estava prestando muito mais atenção aos pensamentos de James. Mas eu
não ví que ela seria capaz de responder dessa forma. Que ela tinha um laço tão forte
com ele. Eu acho que agora me dou conta do porque - ela tinha tanta confiança nele, que
o pensamento dele falhar nunca ocorreu a ela. Era a grande confiança que nublava os
sentimentos dela por ele - isso evitou que eu visse a profundidade deles, o vínculo que
havia alí."
"Não que isso seja uma desculpa para o que eu te deixei enfrentar. Quando eu ouví o
que você disse a Alice - e o que ela mesma viu - quando eu me dei conta de que você
teve que colocar a sua vida na mão daqueles lobisomens, imaturos, voláteis, a única
coisa que podia ser pior do que a própria Victória -" ele estremeceu e parou o dilúvio de
palavras por um curto segundo. "Por favor saiba que eu não tinha nenhuma idéia de
tudo isso. Eu me sinto doente, com toda a minha essencia, mesmo agora, quando eu
posso ver e sentir você segura nos meus braços. Eu sou a desculpa mais miserável por -"
"Pare", eu interrompí ele. Ele olhou pra mim com olhos agoniados, e eu tentei encontrar
as palavras certas - as palavras que iam livrá-lo daquela olbrigação imaginada que o
causava tanta dor. As palavras eram muito difíceis de dizer. Eu não sabia se podia dizêlas
sem me quebrar. Eu não queria ser uma fonte de culpa e angústia para a vida dele.
Ele devia ser feliz, não importava o que isso me custasse.
Eu realmente estava esperando colocar essa parte da conversa pra mais tarde. Isso ia
fazer as coisas acabarem muito mais rápido.
Baseada em todos os meus meses de prática por tentar ser normal com Charlie, eu
mantive o meu rosto suave.
"Edward", eu disse. O nome dele queimou um pouco a minha garganta quando saiu.
Eu podia sentir um fantasma do buraco, esperando pra se abrir de novo assim que ele
desaparecesse. Eu não via muito bem como era que eu ia suportar dessa vez.
"Isso tem que parar agora. Você não pode pensar nas coisas desse jeito. Você não pode
deixar ... essa culpa... mandar na sua vida. Você não pode se responsabilizar pelas
coisas que acontecem comigo. Nada disso é culpa sua, isso é só parte do que a vida é
pra mim. Então, se eu tropeçar na frente de um ônibus ou o que quer que aconteça na
próxima vez, você tem que se dar conta de que não é o seu trabalho levar a culpa. Você
não pode simplesmente sair correndo para a Itália porque se sente mal por não ter me
salvado. Mesmo se eu tivesse pulado daquele precipício pra morrer, isso teria sido a
minha escolha, e não sua culpa. Eu sei que é... a sua natureza segurar a culpa por tudo,
mas você realmente não pode deixar as coisas chegarem a esses extremos! Isso é muito
irresponsável - pense em Esme e Carlisle e -"
Eu já estava quase perdendo o controle. Eu parei pra respirar fundo, esperando me
acalmar. Eu tinha que deixá-lo livre. Eu tinha que ter certeza de que isso nunca mais
aconteceria de novo.
"Isabella Marie Swan", ele sussurrou, com a expressão mais estranha cruzando o rosto
dele. Ele quase parecia com raiva. "Você acredita que eu pedí que os Volturi me
matassem porque eu me sentia culpado?"
Eu podia sentir a incompreensão no meu rosto. "Não foi isso?"
"Se eu me sentia culpado? Intensamente. Mais do que você pode compreender".
"Então... o que é que você tá dizendo? Eu não entendo".
"Bella, eu fui até os Volturi porque eu achava que você estivesse morta", ele disse, com
a voz macia, com os olhos penetrantes. "Mesmo se eu não tivesse nenhuma
responsabilidade pela sua morte" - ele tremeu quando disse a última palavra - "mesmo
se não fosse minha culpa, eu teria ido para a Itália. Obviamente, eu devia ter sido mais
cuidadoso - eu devia ter falado diretamente com Alice, ao invés de aceitar uma
informação de segunda mão de Rosalie. Mas, realmente, o que é que eu podia pensar
quando o garoto disse que Charlie estava no funeral? Quais eram as chances?"
"As chances", ele murmurou depois, distraído. A voz dele estava tão baixa que eu não
tinha certeza de que havia ouvido direito. "As chances estão sempre contra nós.
Erro após erro. Eu nunca vou criticar Romeu de novo".
"Mas eu ainda não entendo", eu disse. "É disso que eu tô falando. E daí?"
"Perdão?"
"E daí se eu estivesse morta?"
Ele me encarou duvidosamente por um longo momento depois de responder. "Você não
se lembra de nada do que eu te disse antes?"
"Eu me lembro de tudo que você me disse" Incluindo as palavras que anularam todo o
resto.
Ele passou os pontas dos dedos gelados no meu lábio inferior. "Bela, você parece ter
compreendido mal". Ele fechou os olhos, balançando a cabeça pra frente e pra trás com
um meio sorriso no seu lindo rosto. Não era um sorriso feliz. "Eu pensei que já havia
explicado isso claramente antes. Bella, eu não posso existir num mundo onde você não
exista".
"Eu estou..." minha cabeça nadou enquanto eu procurava pela palavra apropriada.
"Confusa". Essa funcionava. Eu não conseguia entender o sentido do que ele estava
falando.
Ele me olhou dentro dos olhos com um olhar sincero, intenso. "Eu sou um bom
mentiroso, Bella, eu tenho que ser".
Eu congelei, meus músculos se travaram com o impacto. Afina linha no meu peito de
abriu; a dor me tirou o fôlego.
Ele balançou meu ombro, tentando relaxar a minha postura rigida. "Me deixe terminar!
Eu sou um bom mentiroso, mas ainda assim, pra você acreditar em mim tão
rapidamente", ele gemeu. "Aquilo foi... um tormento".
Eu esperei, ainda congelada.
"Quando nós estávamos na floresta, quando eu estava te dizendo adeus -"
Eu não me permití lembrar. Eu lutei pra permanecer apenas no presente momento.
"Você não ia desistir", ele sussurrou. "Eu podia ver isso. Eu não queria fazer isso - eu
sentí que me mataria fazer isso - mas eu sabia que se eu não te convencesse de que não
te amava mais, você ia levar muti mais tempo pra retomar a sua vida. Eu esperava que,
se você achasse que eu havia seguido em frente, você faria o mesmo".
"Um despedida limpa", eu sussurrei por lábios que não se mexiam.
"Exatamente. Mas eu nunca imaginei que fosse tão fácil fazer isso! Eu pensei que fosse
ser quase impossível - que você ia saber que era mentira e eu teria que passar horas
tendo que te convencer e plantar a semente da dúvida na sua cabeça. Eu mentí, e eu
lamento - lamento porque te machuquei, lamento porque foi um esforço inútil. Lamento
por não ter podido te proteger do que eu sou. Eu mentí pra te salvar, e não funcionou.
Eu lamento.
"Mas como é que você pôde acreditar em mim? Depois dos milhares de vezes que eu
disse que te amava, como é que você pôde deixar uma palavra acabar com a sua fé em
mim?"
Eu não respondí. Eu estava chocada demais pra formular uma resposta racional.
"Eu podia ver nos seus olhos, que você honestamente acreditou que eu não te queria
mais. O conceito mais absurdo, mais ridículo - como se houvesse alguma forma de eu
existir sem precisar de você!"
Eu ainda estava congelada. As palavras dele eram incompreensíveis, porque elas eram
impossíveis.
Ele chacoalhou meu ombros de novo, não forte, mas o suficiente pra fazer meus dentes
baterem.
"Bella", ele suspirou. "Sério, o que é que você estava pensando!"
E então eu comecei a chorar. As lágrimas subiram e então começaram a descer
miseravelmente pelas minha bochechas.
"Eu sabia", eu solucei. "Eu sabia que estava sonhando".
"Você é impossível", ele disse, e deu uma risada - uma risada dura, frustrada. "Como é
que eu posso colocar isso de forma que você acredite em mim? Você não está
dormindo, e você não está morta. Eu estou aqui, e eu te amo. Eu sempre amei você, e eu
sempre. Eu estava pensando em você, vendo o seu rosto em minha mente, durante cada
segundo em que estive longe. Quando eu te disse que não te queria, aquele foi o tipo
mais negro de blasfêmia".
Eu balancei a minha cabeça enquanto as lágrimas continuavam escapando do canto dos
meus olhos.
"Você não acredita em mim, acredita?", ele sussurrou, o seu rosto mais pálido que o
pálido normal - eu podia ver isso mesmo na luz fraca. "Porque você consegue acreditar
numa mentira, mas não na verdade?"
"Nunca fez sentido você me amar", eu expliquei, minha voz escapando duas vezes.
"Eu sempre soube isso".
Os olhos dele se estreitaram, a mandíbula se apertou.
"Eu vou provar que você está acordada", ele prometeu.
Ele pegou o meu rosto seguramente entre suas mãos de ferro, ignorando minha luta
quando eu tentei desviar o meu rosto.
"Por favor não", eu sussurrei.
Ele parou, seus lábios estavam a meio centímetro dos meus.
"Porque não?", ele quis saber. O hálito dele bateu no meu rosto, fazendo minha cabeça
girar.
"Quando eu acordar" - ele abriu a boca pra protestar, então eu revisei - "Ok, esqueça
essa - quando você se for de novo, já vai ser duro suficiente sem isso também".
Ele se afastou um centímetro, pra olhar pro meu rosto.
"Ontem, quando eu te tocava, você estava tão... hesitante, cuidadosa, e ainda assim era a
mesma. Isso é porque eu estou muito atrasado? Porque eu te machuquei demais? Porque
você realmente seguiu com a sua vida, como eu planejava que você fizesse? Isso seria...
muito justo. Eu não vou contestar a sua decisão. Então não tente desperdiçar seus
sentimentos, por favor - só me diga se você ainda pode me amar ou não, depois de tudo
que eu te fiz. Pode?", ele sussurrou.
"Que tipo de pergunta idiota é essa?"
"Só me responda. Por favor".
Eu olhei pra ele com o rosto obscuro por um momento. "O jeito como eu me sinto por
você nunca vai mudar. É claro que eu te amo - e não há nada que você possa fazer pra
mudar isso!"
"Isso era tudo que eu precisava ouvir".
A boca dele já estava na minha, e eu não consegui lutar com ele. Não porque ele era
milhares de vezes mais forte que eu, mas porque a minha coragem se fez em poeira
quando os nossos lábios se encontraram. Esse beijo não era tão cuidadoso quanto eu me
lembrava, isso pra mim estava ótimo. Eu ia me acabar depois, mas também eu ia pegar
em troca tudo o que eu pudesse.
Então eu o beijei de volta, meu coração batendo feito um louco, num ritmo
desconjuntado enquanto a minha respiração ficava descontrolada e eu movia os meus
dedos cuidadosamente pelo rosto dele. Eu podia sentir o corpo de mármore dele em
cada linha do meu, e eu estava tão feliz por ele não ter me escutado - não havia dor no
mundo que justificasse perder isso. As mãos dele memorizavam o meu rosto, do mesmo
jeito que as minhas mãos faziam com o rosto dele, e, nos breves segundos que os nossos
lábios ficaram livres, ele sussurrou meu nome. Eu estava começando a ficar tonta, ele se
afastou, só pra colocar a orelha dele no meu coração.
Eu fiquei lá, fascinada, esperando a minha asfixia para e se aquietar.
"Aliás", ele disse num tom casual. "Eu não vou te deixar".
Eu não disse nada e ele pareceu ouvir o ceticismo da minha voz.
Ele levantou a cabeça pra prender seus olhos aos meus. "Eu não vou a lugar nenhum.
Não sem você", ele adicionou mais seriamente.
"Eu só te deixei em primeiro lugar porque eu queria que você tivesse a chance em uma
vida humana normal, feliz. Eu podia ver o que estava fazendo com você - mantendo
você constantemente na cara do perigo, tirando você do mundo ao qual você pertencia,
arriscando você a cada minuto que você passava comigo. Então eu tinha que tentar. Eu
tinha que fazer alguma coisa, e pareceu que ir embora era o único jeito. Se eu não
pensasse que você estava melhor sozinha, eu nunca teria me obrigado a ir embora. Eu
sou egoísta demais. Só você poderia ser mais importante do que o que eu queria... ou
precisava. O que eu quero e preciso é estar com você, e eu sei que jamais serei forte o
suficiente pra ir embora de novo. Eu tenho muitas desculpas pra ficar - graças aos céus
por isso! Parece que você não consegue ficar segura, não importa quantos quilômetros
eu ponha entre nós".
"Não me prometa nada", eu sussurrei. Se eu me deixasse ter esperanças demais, e isso
desse em nada... isso me mataria. O trabalho que todos aqueles vampiros sem piedade
não conseguiram fazer, elevar minhas esperanças ia terminar.
A raiva soltou um brilho metálico dos olhos dele. "Você acha que eu estou mentindo pra
você agora?"
"Não - não mentindo". Eu balancei minha cabeça, tentando pensar nas coisas
coerentemente. Examinar a hipótese de que ele me amava, enquanto continuva objetiva,
clínica, pra que assim eu não caísse na armadilha de esperar nada. "Você fala sério...
agora. Mas e quanto a amanhã, quando você pensar em todas as razões pelas quais foi
embora em primeiro lugar? Ou no mês que vem, quando Jasper der a louca pra cima de
mim?"
Ele enrijeceu.
Eu pensei de novo nos piores dis da minha vida quando ele me deixou, e tentei vê-los
pela perspectiva que ele me dava agora. Dessa perspectiva, imaginando que ele nunca
havia deixado de me amar, que ele havia me deixado por mim, seus silêncios
penetrantes e frios ganharam um significado diferente.
"Não é como se esse não tivesse sido o seu motivo pra ir embora da primeira vez, não
é?", eu adivinhei. "Você vai acabar fazendo aquilo que você acha certo".
"Eu não sou tão forte quanto você acredita que eu sou", ele disse. "Certo e errado já
deixaram de significar tanto pra mim; eu já ia voltar do mesmo jeito. Antes de Rosalie
ter me dado as notícias, eu já estava cansado de viver a vida semana depois de semana,
ou um dia de cada vez. Eu estava lutando pra ver as horas passarem. Era só uma questão
de tempo - e não muito tempo - antes de eu aparecer na sua janela e implorasse que você
me aceitasse de volta. Eu ficarei feliz de implorar agora, se você quiser isso".
Eu fiz uma careta. "Fale sério, por favor".
"Oh, eu estou", ele insistiu, me encarando agora. "Será que dá por favor pra você tentar
ouvir o que eu estou dizendo? Será que você pode me deixar tentar explicar o quanto
você significa pra mim?"
Ele esperou, examinando o meu rosto enquanto falava pra ter certeza de que eu estava
escutando.
"Antes de você, Bella, minha vida era uma noite sem lua. Muito escura, mas haviam
estrelas - pontos de luz e razão... E aí você apareceu no meu céu como um meteoro.
De repente, tudo estava pegando fogo; havia brilho, havia beleza. Quando você não
estava lá, quando o meteoro caiu no horizonte, tudo ficou escuro. Nada havia mudado,
mas os meus olhos haviam ficado cegos com a luz. Eu não conseguia mais ver as
estrelas. E não havia mais razão pra nada".
Eu queria acreditar nele. Mas essa era a minha vida sem ele que ele estava descrevendo,
não o contrário.
“Seu olhos irão se ajustar.” Eu resmunguei.
“Esse é o problema – eles não podem”
“E a suas distrações?”
Ele riu sem um traço de humor “Só mais uma parte da mentira, amor. Não tinha
nenhuma distração vinda da... da agonia . Meu coração não bate a quase noventa anos,
mas isso era diferente. Era como se meu coração tivesse ido – como se eu fosse um
buraco. Como se eu tivesse deixado tudo que havia dentro de mim aqui com você.”
“Isso é engraçado.” Eu murmurei.
Ele arqueou uma perfeita sobrancelha “Engraçado?”
“Eu quis dizer estranho – eu pensei que isso fosse só eu. Muitos pedaços de mim
ficaram perdidos, também. Eu não estive capaz de respirar realmente por tanto tempo.”
Eu enchi meus pulmões, luxuriando na sensação. “E meu coração. Isso estava
definitivamente perdido.”
Ele fechou seus olhos e pousou sua orelha sobre meu coração de novo. Eu deixei minha
face pressionar seus cabelos, sentindo a textura disso na minha pele, sentindo o
delicioso aroma dele.
“Perseguir não foi uma distração então?” Eu perguntei, curiosa, e também necessitando
de me distrair. Eu estava em muito perigo pela esperança. Eu não seria capaz de me
parar por muito tempo. Meu coração palpitou, cantando em meu peito.
“Não” Ele suspirou. “Isso nunca foi uma distração. Isso foi uma obrigação.”
“O que isso quer dizer?”
“Isso que dizer que, mesmo pensando que eu não esperava nenhum perigo de Victoria,
eu não ia deixar ela ir embora com... Bem, como eu disse, eu era horrível fazendo isso.
Eu tracei o caminho dela tão longe quanto o Texas, mas então eu segui uma falsa pista
no Brasil – e ela realmente veio aqui.” Ele resmungou. “Eu não estava nem no mesmo
continente! E todo esse tempo, pior do que meus piores medos –“
“Você estava caçando Victoria?” Eu meio que gritei assim que eu consegui encontra
minha voz, ultrapassando oito oitavos.
Os roncos distantes de Charlie gaguejaram, e então voltaram a um ritmo regular
novamente.
“Não bem,” Edward respondeu, estudando minha indignação com um olhar confuso.
“Mas eu vou fazer melhor dessa vez. Ela não vai ter bom ar entrando e saindo por muito
tempo.”
“Isso está.... fora de questão” Eu balancei a cabeça para esquecer. Insanidade. Mesmo
que ele tivesse Emmett ou Jasper ajudando ele. Mesmo se ele tivesse Emmett e Jasper
ajudando ele. Isso era pior do que minhas outras idéias: Jacob Black estando à pouco
espaço da figura viciante e felina de Victoria. Eu não podia suporta imaginar Edward lá,
mesmo pensando que ele era muito mais durável que meu melhor amigo meio-humano.
“É muito tarde para ela. Eu devo ter deixado o outro tempo passar, mas não dessa vez,
não depois – “
Eu interrompi ele novamente, tentando soar calma. “Você não tinha acabado de
prometer que você não ia partir?” Eu perguntei, arrancando as palavras assim que eu
disse elas, não as deixando se plantarem em meu coração. “Isso não é extamente
compatível com uma extensiva perseguição, é isso?”
Ele amarrou a cara. Um rosnado começou a se formar baixinho em seu peito.
“Eu vou manter minha promessa, Bella. Mas Victoria – o rosnado começou a ficar mais
carregado – vai morrer. Logo.”
“Não vamos ser precipitados.” Eu disse, tentando esconder meu pânico. “Talvez ela não
vá voltar. A matilha de Jack provavelmente assustou ela. Realmente não há razões para
ir procurar ela. Além do mais, eu tenho problemas maiores que Victoria”
Os olhos de Edward se estreitaram, mas ele confirmou com a cabeça. “É verdade. Os
lobisomens são um problema.”
Eu bufei. “Eu não estava falando de Jacob. Meus problemas são bem maiores do que
um punhado de lobisomens adolescentes colocando eles mesmos em problemas.”
Edward olhou como se ele estivesse prestes a dizer alguma coisa, e então pensou melhor
sobre isso.
“Sério?” Ele perguntou. “Então qual seria seu maior problema? Que iria fazer o retorno
de Victoria a você parecer um inconseqüente assunto em comparação?”
“Que tal sobre o segundo maior?” Eu sugeri.
“Tudo bem” Ele concordou, desconfiado.
Eu pausei. Eu não estava certa de que conseguiria dizer o nome. “Tem outros que estão
vindo procurar por mim. Eu lembrei ele em um baixo sussurro.
Ele suspirou, mas a resposta não foi tão forte quanto eu havia imaginado depois da
resposta à Victoria.
“Os Volturi são só o segundomaior problema?”
“Você não parece tão chateado com isso.” Eu notei.
“Bem, nós tempos um bom tempo para pensar sobre isso. Tempo significa algo muito
diferente pra eles do que significa pra você, ou até para mim. Eles contam anos do jeito
que contas dias. Eu não estaria supresso se você tiver 30 quando cruzazr as mentes deles
novamente.”
O horror passou através de mim.
Trinta.
Então sua promessa significou nada, no final. Se eu iria ficar com trinta um dia, então
ele não poderia estar planejando em ficar muito tempo. A enorme dor desse
conhecimento me vez perceber que eu já havia começado a juntar esperanças, se me
deixar fazer 5 x 0.
“Você não precisa ter medo.” Ele disse, preocupado assim que viu as lagrimas rolarem
dos cantos de meus olhos novamente. “Eu não vou deixar eles te machucarem.”
“Enquanto você estiver aqui” Não que eu me importasse com o que iria acontecer à
mim depois que ele me deixasse.
Ele pegou minha face entre suas duas mão de pedra, segunrando isso firmemente,
enquanto seus olhos escuros olhavam dentro dos meus com a força gravitacional de um
buraco negro. “Eu nunca vou deixar você novamente.”
“Mas você disse trinta”Eu sussurrei. As lagrimas fluíam além do possível. “O que?
Você vai ficar mas me deixar ficar toda velha de qualquer maneira? Certo.”
Seus olhos amaciaram, enquanto sua boca ficou dura. “Isso é exatamente o que eu vou
fazer. Qual escolha tenho eu? Eu não posso ficar sem você, mas eu não vou destruir sua
alma.”
“Isso é realmente...” Eu tentei manter minha voz, mas essa pergunta era muito difícil.
Eu lembrei de sua face quando Aro quase começou a considerar me transformar em
imortal. O olhar doente lá. Era essa fixação em me manter humana com minha alma, ou
era incerteza de que ele não me agüentaria por tanto tempo?
“Sim?” Ele perguntou, esperando por minha resposta.
Eu perguntei em um diferente tom. Quase de forma – mas não quieta – dura.
“E quando eu começar a ficar tão velha e as pessoas começaram a achar que sou sua
mãe? Sua avó?” Minha voz estava pálida com repulsa. Eu podia ver a face de vovó
novamente, no sonho do espelho.
Sua face inteira estava suava agora. Ele secou as lagrimas das minhas bochechas com
seus lábios. “Isso não significa nada pra mim.” Ele respirou contra minha pele. “Você
sempre será a coisa mais linda em meu mundo. É claro –“ Ele hesitou. Recuando
ligeiramente. “Se você me superar – se você quiser algo mais – eu irei entender isso,
Bella. Eu prometo, eu não vou ficar no seu caminho se você quiser me deixar.”
Seus olhos eram ônix liquido e ultra sinceros. Ele falou como se tivesse posto fins a esse
estúpido plano.
“Você percebe que eu vou eventualmente morrer, certo?” Eu reivindiquei.
Ele pensou sobre essa parte, também. “Eu irei te seguir assim que puder.”
“Isso é seriamente...” Eu procurei pela palavra certa. “Doente”
“Bella, é o único jeito certo deixado – “
“Vamos só voltar por um instante.” Eu disse, sentindo a raivar fazer isso muito mais
claro, decisiva. “Você se lembra dos Volturi, certo? Eu não posso permancer humana
para sempre. Mesmo que eles não pensem em mim até eu ter trinta” Eu sibilei a palavra
“Você realmente acha que eles vão esquecer?”
“Não” ele respondeu devagar, balançando a cabeça. “Eles não vão esquecer, mas...”
“Mas?”
Ele sorriu, enquanto eu olhava para ele desconfiada. Talvez eu não fosse a única louca.
“Eu tenho alguns planos.”
“E esses planos,” Eu disse, minha voz ficando mais acida com cada palavra. “Esses
planos giram todos em torno de mim permanecendo humana.”
Minha atitude endureceu sua expressão. “Naturalmente” Seu tom era brusco, sua divina
face arrogante.
Nós nos encaremos por um longo minuto.
Então eu respirei fundo, balançando meus ombros, eu puxei seus braços para longe
assim podendo me sentar.
“Você quer que eu vá embora?” Ele perguntou, e meu coração palpitou mostrando que
essa idéia feria ele, mesmo ele tentando não mostrar isso.
“Não” Eu disse “Eu estou indo embora.”
Ele me olhou suspeito assim que eu pulei pra fora da cama e tateei pelo quarto escuro, a
procura de meus sapatos.
“Eu devo perguntar aonde você está indo?” ele perguntou.
“Eu estou indo pra sua casa.” Eu contei a ele, ainda me sentindo cega.
Ele se sentou e veio para o meu lado. “Aqui estão seus sapatos. Qual é seu plano para
chegar lá?”
“Minha caminhonete.”
“Isso iria provavelmente acordar Charlie” ele ofereceu como um elemento de dissuasão.
Eu suspirei. “Eu sei. Mas honestamente, eu vou ficar de castigo por semanas por isso.
Em quão mais problemas eu posso entrar?”
“Nenhum. Ele vai me culpar, não te.”
“Se você tem uma idéia melhor, sou toda ouvidos.”
“Fique aqui” Ele sugeriu, mas sua expressão não era esperançosa.
“Sem chances. Mas você vá na frente e faça você mesmo em casa.” Eu o encorajei,
supressa com qual naturalidade minha brincadeira havia zoado, e andei em direção a
porta.
Ele estava lá antes de mim, bloqueando minha passagem.
Eu amarrei a cara, e me virei para a janela. Não era tão longe do chão, e havia uma
grande porção de grama embaixo.
“Okay” ele suspirou. “Eu te darei uma carona”
Eu dei os ombros “De qualquer jeito. Mas você provavelmente deveria estar lá,
também.”
“E porque isso?”
“Porque você é extraordinariamente opinante, e eu estou certa que você quer uma
mudança para refrescar seus pontos de vista.”
“Meu ponto de vista em qual assunto?” Ele perguntou através dos dentes.
“Isso não é mais sobre você. Você não é o centro do universo, você sabe.” Meu próprio
universo pessoal era, é claro, outra história. “Se você for trazer os Volturi atrás de nós
por causa de algo estúpido como me deixar human, então sua família deveria ter voz
ativa”
“Ter voz ativa em que?” Ele perguntou, cada palavra distinta.
“Minha mortalidade. Eu estou colocando isso em votação.”
24. Votação
Ele não estava satisfeito, isso era fácil de ler no rosto dele. Mas, sem mais discussões,
ele me pegou nos braços e saltou levemente pela minha janela, aterrisando sem um
sacudida sequer, como um gato.
Era um pouco mais baixo do que eu imaginei que era.
"Tudo bem então", ele disse, sua voz transbordando desaprovação. "Sobe aí".
Ele me ajudou a subir em suas costas, e começou a correr.
Depois de todo esse tempo, já parecia rotina. Fácil. Evidentemente, isso era uma
daquelas coisas que nunca se esquece, como andar de bicicleta.
Estava muito quieto e escuro enquanto ele corria pela floresta, sua respiração lenta e
uniforme - escuro suficiente pra que as árvores passando por nós voando quase eram
invisíveis, e só a rajada de vento no meu rosto realmente indicava a nossa velocidade. O
vento estava úmido; ele não queimava meus olhos do jeito que o vento na grande praça
fazia, e isso era reconfortante. E por ser noite, também, depois da terrivel claridade.
Assim como na grossa colcha na qual eu brincava de me esconder quando era criança, o
escuro era familiar e protetor.
Eu me lembrei que correr pela floresta costumava me assustar, que eu costumava ter
que fechar meus olhos. Agora isso parecia uma reação boba pra mim. Eu mantive os
meus olhos abertos, meu queixo descansando no ombro dele, minha bochecha no
pescoço dele. A velocidade era divertida. Cem vezes melhor que a moto.
Eu virei meu rosto na direção dele e pressionei meus lábios na pedra fria que era o
pescoço dele.
"Obrigado", ele disse, enquanto as vagas, sombras negras das árvores passavam por nós.
"Isso significa que você decidiu que está acordada?"
Eu sorri. O som era fácil, natural, sem esforço. Parecia certo. "Na verdade não. De
qualquer forma, é mais que isso, eu não estou tentando acordar. Hoje não".
"Eu vou ganhar a sua confiança de volta de alguma forma", ele murmurou, mais pra sí
mesmo. "Nem que seja a última coisa que eu faça".
"Eu confio em você", eu assegurei ele. "É em mim que eu não confio".
"Explique isso, por favor"
Ele diminuiu até estar caminhando - eu só sabia a diferença porque o vento parou - e eu
imaginei que não estávamos longe da casa. De fato, eu achei que estava ouvindo o som
do rio correndo em algum lugar próximo na escuridão.
"Bem" - eu lutei pra encontrar a melhor forma de colocar isso em palavras. "Eu não
confio em mim mesma pra ser... suficiente. Pra merecer você. Não há nada em mim que
possa segurar você".
Ele parou e se inclinou pra trás pra me tirar de suas costas. Suas mãos gentís não me
soltaram; depois que ele me colocou no chão de novo, ele me agarrou apertado em seus
braços, me segurando no peito.
"Seu laço é permanente e inquebrável", ele sussurrou. "Nunca duvide disso".
Mas como eu podia não duvidar?
"Você nunca me disse...", ele murmurou.
"O que?"
"Qual é o seu maior problema".
"Eu vou te dar uma dica". Eu suspirei, e me inclinei pra tocar a ponta do nariz dele com
o meu dedo indicador.
Ele balançou a cabeça. "Eu sou pior que os Volturi", ele disse severamente. "Eu acho
que merecí isso".
Eu rolei meus olhos. "Apior coisa que os Volturi podem fazer é me matar".
Ele esperou com os olhos tensos.
"Você pode me deixar", eu expliquei. "Os Volturi, Victoria... eles não são nada
comparados a isso".
Mesmo na escuridão, eu pude ver a angústia contorcer o rosto dele - isso me lembrou a
expressão dele embaixo do olhar torturante de Jane; eu me sentí doente, e me arrependí
de ter falado a verdade.
"Não", eu sussurrei, tocando o rosto dele. "Não fique triste".
Ele puxou um dos cantos da boca pra cima meio sem vontade, mas a expressão não
tocou os olhos dele. "Se houve pelo menos uma forma de te fazer ver que eu não posso
viver sem você", ele cochichou. "Tempo, eu acho, é a única forma de te convencer".
Eu gostei da idéia de tempo. "Tudo bem", eu concordei.
O rosto dele ainda estava atormentado. Eu comecei a tentar distrair ele com coisas sem
importância.
"Então - já que você vai ficar. Será que posso ter as minhas coisas de volta?"
Eu perguntei, fazendo o meu tom sair o mais leve que eu pude.
Minha tentativa funcionou, até certo ponto: ele riu. Mas os seus olhos retiveram a
infelicidade. "As suas coisas nunca foram embora", ele disse. "Eu sabia que era errado,
já que eu prometí te deixar em paz sem lembranças. Foi uma coisa estúpida e infantil,
mas eu queria ter alguma coisa minha com você. O CD, as fotos, as passagens - elas
estão todas embaixo do seu piso".
"Mesmo?".
Ele balançou a cabeça, parecendo um pouco mais alegre com o meu óbvio prazer po
esse fato trivial. Isso não foi suficiente pra curar completamente a dor no rosto dele.
"Eu acho", eu disse lentamente, "Eu não tenho certeza, mas eu imagino... eu acho que
sabia disso o tempo inteiro".
"O que você sabia?"
Eu só queria tirar a agonia dos olhos dele, mas enquanto eu falava as palavras, elas
pareceram mais verdadeiras do que eu esperava.
"Alguma parte de mim, meu subconsciente talvez, nunca deixou de acreditar que você
se importava com o fato de que eu vivia ou morria. Provavelmente era por isso que eu
estava ouvindo as vozes".
Houve um profundo silêncio por um momento.
"Vozes?", ele perguntou planamente.
"Bem, só uma voz. A sua. É uma longa história". O olhar cauteloso nos olhos dele me
fez desejar não ter tocado no assunto. Será que ele ia pensar que eu estava louca, como
todo mundo? Será que todo mundo estava certo em relação a isso? Mas finalmente
aquela expressão - aquela que fazia parecer que ele estava se queimando - desapareceu.
"Eu tenho tempo", a voz dele estava desnaturalmente uniforme.
"É bem patético".
Ele esperou.
Eu não tinha certeza de como explicar. "Você se lembra do que Alice te disse sobre
esportes radicais?"
Ele falou as palavras sem reflexões ou ênfase. "Você pulou de um penhasco pra se
divertir".
"Er, certo. E antes disso com a moto -"
"Moto?", ele perguntou. Eu conhecia a voz dele o suficiente pra saber que havia alguma
coisa brotando por baixo da calma.
"Eu acho que não disse a Alice sobre essa parte".
"Não".
"Bem, sobre isso... Veja, eu descobrí que... quando eu estava fazendo alguma coisa
perigosa ou estúpida... eu conseguia me lembrar de você mais claramente", eu confessei,
me sentindo completamente maluca. "Eu conseguia me lembrar do som da sua voz
quando estava com raiva. Eu podia ouví-la, como se você estivesse bem ao meu lado.
Na maior parte do tempo eu tentava não pensar em você, mas isso não me machucava
tanto - era como se você estivesse me protegendo de novo. Como se você não quisesse
que eu me machucasse.
"E, bem, eu me pergunto se a razão pela qual eu podia te ouvir tão claramente era
porque, por baixo disso tudo, eu sempre soube que havia não havia parado de me amar".
De novo, enquanto eu falava, as palavras trouxeram com elas um senso de convicção.
Ou de certeza. Algum espaço profundo dentro de mim reconheceu a verdade.
As palavras dele saíram meio estranguladas. "Você... estava... arriscando a sua vida...
pra ouvir -"
"Shh", eu interrompí ele. "Espere um segundo. Eu acho que estou tendo uma epifânia
aqui".
Eu pensei naquela primeira noite em Port Angeles quando eu tive a minha primeira
ilusão. Eu havia inventado duas opções. Eu não havia visto uma terceira opção.
Mas e se...
E se você acreditasse sinceramente que uma coisa é verdade, mas estivesse mortalmente
errado? E se você estivesse tão teimosamente certo de que tinha razão, que você nem
podia considerar a verdade? Será que a verdade seria silenciada, eu ela se faria
enxergar?
Opção três: Edward me amava. O laço que havia entre nós não era uma coisa que podia
ser quebrado pela ausência, distância, ou tempo. E não importava o quanto ele pudesse
ser mais especial ou lindo ou brilhante ou perfeito que eu, ele estava tão
irreversívelmente alterado quando eu. Assim como eu sempre pertenceria a ele, ele
também seria sempre meu.
Era isso que eu estava tentando dizer pra mim mesma?
"Oh!"
"Bella?"
"Oh. Tudo bem. Eu entendo".
"Sua epifânia?", ele perguntou, sua voz desigual e tensa.
"Você me ama", eu disse maravilhada.
O senso de convicção e impermeabilidade passou por mim novamente.
Apesar dos olhos dele ainda estarem ansiosos, ele deu o sorriso torto que eu mais
amava. "Sinceramente, eu amo".
Meu coração inflou como se fosse explodir entre as minhas costelas. Ele encheu meu
peito e bloqueou minha garganta até que eu não pudesse falar.
Ele realmente me queria do jeito como eu queria ele - pra sempre. Era só medo pela
minha alma, pelas coisas humanas que ele não queria tirar de mim, que o tornavam tão
desesperado pra me manter mortal. Comparado ao medo de que ele não me quisesse,
essa barreira - minha alma - parecia quase insignificante.
Ele pegou o meu rosto apertado entre as suas mãos geladas e me beijou até que eu
estivesse tão tonta que a floresta estava girando. Então ele encostou a sua testa na
minha, e eu não era a única respirando com mais força que o normal.
"Você foi melhor nisso que eu, sabe?", ele me disse.
"Melhor em que?"
"Sobreviver. Você, pelo menos, fez um esforço. Você se acordava de manhã, tentava ser
normal pra Charlie, seguia um padrão para a sua vida. Quando eu não estava ativamente
perseguindo, eu era... complemante inútil. Eu não conseguia ficar perto da minha
família - eu não conseguia ficar perto de ninguém. Eu tenho vergonha de admitir que eu
mais ou menos me curvei em uma bola e deixei a infelicidade me levar embora". Ele
sorriu, envergonhado. "Isso foi muito mais patético do que ouvir vozes. E, é claro, você
sabe disso, também".

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