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Crepúsculo PARTE 3


Crepúsculo
(Twilight)

Esta é a Parte3




Ele ligou o rádio numa estação de músicas antigas e cantou uma canção que eu nunca
tinha nem ouvido. Ele conhecia cada frase.
"Você gosta das músicas dos anos cinquenta?", eu perguntei.
"As músicas nos anos cinquenta eram boas. Muito melhor do que as dos anos sessenta e
setenta, ugh!", ele tremeu. "As dos anos oitenta eram suportáveis".
"Você vai me contar quantos anos você tem?", eu perguntei, fazendo uma tentativa, sem
querer estragar o seu humor animado.
"Isso importa muito?", ele sorriu, pra meu alívio, ainda animado.
"Não, mas eu ainda imagino...", eu fiz uma careta. "Não há nada como um mistério não
resolvido pra te manter acordada de noite".
"Eu me pergunto se isso vai te aborrecer", ele refletiu consigo mesmo. Ele olhou para o
sol; os minutos passaram.
"Me teste", eu disse finalmente.
Ele suspirou, e olhou pra os meus olhos, parecendo se esquecer completamente da
estrado por um tempo. O que quer que ele tenha visto lá deve ter encorajado ele. Ele
olhou para o sol - a luz do por do seu fez ele brilhar como um rubi - e ele falou.
"Eu nasci em Chicago, em 1901". Ele parou e olhou para mim pelo canto dos olhos.
Meu rosto estava cuidadosamente insurpreendido, pacientemente esperando pelo resto.
Ele deu um pequeno sorriso e continuou. "Carlisle me encontrou em um hospitam em
1918, eu tinha dezessete anos e estava morrendo com a gripe Espanhola".
Ele ouviu quando eu prendí o fôlego, apesar do som ter sido baixo até para os meus
próprios ouvidos. Ele olhou para os meus olhos de novo.
"Eu não me lembro muito bem- já foi há muito tempo e as memórias humanas
desaparecem". Ele ficou perdido em pensamentos por um breve período de tempo e
então continuou. "Eu me lembro de como eu me sentí, quando Carlisle me salvou. Não
é uma coisa fácil, algo que você esquece".
"Seus pais?"
"Eles já tinham morrido com a doença. Eu estava sozinho. Foi por isso que ele me
escolheu. Como todo aquele caos da epidemia, ninguém se deu conta de que eu tinha
desaparecido".
"Como foi que ele... te salvou?"
Alguns segundos se passaram antes que ele respondesse. Ele parecia estar escolhendo as
palavras cuidadosamente.
"Foi difícil. Nem todos de nós tem controle suficiente pra completar a transição. Mas
Crlisle sempre foi o mais humano, sempre o que teve mais compaixão entre nós...Eu
não acho que você encontraria outra pessoa igual a ele em toda a história". Ele parou.
"Pra mim foi meramente muito, muito doloroso".
Eu podia ver pelos seus lábios que ele não falaria mais nada sobre esse assunto. Eu
suprimi minha curiosidade, apesar dela não estar nem um pouco saciada. Haviam ainda
muitas coisas sobre esse assunto nas quais eu precisava pensar, coisas que estavam
apenas começando a aparecer na minha cabeça. Sem dúvida, sua mente rápida já havia
compreendido cada aspecto que ainda me confundia.
Sua voz suave interrompeu meus pensamentos. "Ele agiu por causa da solidão.
Geralmente essa é a razão por trás da escolha. Eu fui o primeiro da família de Carlisle,
apesar dele ter achado Esme logo depois. Ela caiu de um abismo. Eles levaram ela
direto para o necrotério do hospital apesar de, de alguma forma, o coração dela ainda
estar batendo".
"Você precisa estar morrendo, então, pra se tornar um...", eu nunca havia pronunciado a
palavra, e não conseguí falá-la agora.
"Não, isso é só com Carlisle. Ele nunca faria isso com alguém que tem outra escolha".
O respeito na voz dele era sempre muito profundo quando ele falava na sua figura de
pai. "Contudo, ele diz que é mais fácil", ele continuou.
"Se o sangue estiver mais fraco", ele olhou para a estrada agora escura, e eu pude sentir
que ele estava fechando o assunto de novo.
"E Emmett e Rosalie?"
"Carlisle trouxe Rosalie para a nossa família logo depois. Só muito tempo depois eu
percebí que ele esperava que ela fosse pra mim o que Esme era pra ele- ele era
cuidadoso com os seus pensamentos quando estava perto de mim". Ele revirou os olhos.
"Mas ela nunca foi nada além de uma irmã. Foi apenas dois anos depois que ela
encontrou Emmett. Ela estava caçando- estávamos em Appalachia nessa época- e
encontrou um urso a ponto de acabar com ele. Ela carregou ele até Carlisle, andando por
mais de cem quilometros, como medo de não conseguir fazer sozinha. Só agora eu
começo a imaginar como aquela jornada foi difícil pra ela". Ele deu uma olhada pra
mim e levantou nossas mãos, ainda juntas, e acariciou a minha bochacha com as costas
da mão dele.
"Mas ela conseguiu", eu encorajei, desviando o olhar da beleza insuportável dos seus
olhos.
"Sim", ele murmurou. "Ela viu alguma coisa no rosto dele que fez ela ser forte o
suficiente. E eles estão juntos desde então. Mas quanto mais jovens fingimos ser, por
mais tempo podemos ficar em um só lugar. Forks parecia ser perfeito, então todos nós
entramos na escola". Ele riu. "Eu acho que teremos que ir ao casamento deles daqui á
alguns anos, de novo".
"Alice e Jasper?"
"Alice e Jasper são duas criaturas muito raras. Eles dois adquiriram a consciencia, por
assim dizer, sem nenhum tipo de ajuda.
Jasper perteceu á outra... família, um tipo de família muito diferente. Ele ficou muito
deprimido, e então resolveu vagar sozinho. Alice encontrou ele. Assim como eu, ela tem
certos dons fora do comum para a nossa espécie".
"Mesmo?", eu interrompí, fascinada. "Mas você disse que era o único que podia ler
mentes".
"Isso é verdade. Ela sabe outras coisas. Ela vê coisas- coisas que podem acontecer,
coisas que estão por vir. Mas é muito subjetivo. O futuro não está cravado em uma
pedra. As coisas podem mudar".
Ele comprimiu a mandíbula quando disse isso, e seus olhos olharam para os meus e se
viraram tão rápido que eu não tenho certeza se foi só imaginação.
"Que tipo de coisas ela vê".
"Ela olhou pra Jasper e soube que ele estava procurando por ela antes que ele mesmo
soubesse. Ela viu Carlisle e nossa família e os dois vieram juntos nos encontrar. Ela é
sempre mais sensível com os não-humanos. Ela sempre vê, por exemplo, quando outro
grupo da nossa espécie está se aproximando. E que tipo de problemas eles podem
representar".
"Existem muitos... da sua espécie?". Eu estava surpresa. Quantos deles estariam
andando entre nós sem serem detectados?
"Não, não muitos. Mas a maioria não se firma em um só lugar. Só aqueles como nós,
que desistiram de caçar pessoas"- uma olhadela na minha direção- "podem viver perto
de humanos por qualquer período de tempo. Nós só encontramos uma outra família
como a nossa, num pequeno vilarejo no Alaska. Nós vivemos juntos por algum tempo,
mas éramos tantos que começou a dar nas vistas. Aqueles que são...diferentes de nós
costumam formar bandos".
"E os outros?"
"Nômades, em grande parte. Nós todos já vivemos assim as vezes. Acaba ficando
tedioso, como todo o resto. Mas de vez em quando nós esbarramos uns nos outros,
porque a maioria de nós prefere o Norte".
"Porque isso?"
Estávamos parados na frente de casa agora, e ele desligou a caminhonete. Estava tudo
muito quieto e escuro; não havia lua. A luz da varanda estava desligada, então eu sabia
que meu pai ainda não estava em casa.
"Seus olhos estavam abertos essa tarde?", ele zombou. "Você acha que eu poderia andar
numa rua á luz do sol sem causar alguns acidentes de trânsito? Há uma razão pela qual
escolhemos a Penínsulo do Olímpico, um dos lugares com menos sol no mundo inteiro.
Você não acreditaria no quanto pode se cansar da noite, depois de oitenta anos".
"Então é daí que vêm as lendas?"
"Provavelmente."
"E Alice vem de outra família, como Jasper?"
"Não, isso é um mistério. Alice não se lembra de absolutamente nada da sua vida
humana. E ela não sabe quem a transformou. Ela acordou sozinha. Quem quer que seja
que transformou ela, fugiu, nenhum de nós entende como, ou porque ele fez isso. Se ela
não tivesse essa outra sensibilidade, se não tivesse encontrado Jasper e Carlisle e visto
que poderia se tornar uma de nós, ela podia ter se transformado numa selvagem".
Havia tanto em que pensar, tantas coisas que eu ainda queria perguntar. Mas, para a
minha grande vergonha, meu estômago roncou. Eu estava tão intrigada, que nem reparei
que estava com fome. Agora eu via que era uma fome voraz.
"Me desculpe, eu estou atrapalhando o seu jantar".
"Eu estou bem, de verdade".
"Eu naunca passei tanto tempo perto de uma pessoa que come comida. Eu esquecí".
"Eu quero ficar com você". Era mais fácil dizer na escuridão, sabendo que a minha voz
ia me trair, trair a minha completa obsessão por ele.
"Eu posso entrar?", ele perguntou.
"Você quer?", eu não conseguia imaginar a cena, essa criatura divina sentada nas
cadeira rotas da cozinha do meu pai.
"Sim, se estiver tudo bem". Eu ouví a porta se fechar baixinho, e quase ao mesmo
tempo ele estava ao meu lado, abrindo a porta pra mim.
"Muito humano", eu cumprimentei ele.
"Eu estou definitivamente resurgindo".
Ele caminhou ao meu lado na noite, tão quieto que eu tinha que observar
constantemente pra ver se ele ainda estava lá. Na escuridão ele parecia muito mais
normal. Ainda pálido, ainda com sua beleza saida de um sonho, mas não mais aquela
criatura brilhando no sol da tarde.
Ele alcançou a porta antes e abriu ela pra mim. Eu parei a meio caminho da entrada.
"A porta estava aberta?"
"Não, eu usei a chave que tem embaixo do tapete".
Eu entrei, acendí a luz da varanda, e me virei pra olhá-lo com as sobrancelhas erguidas.
Eu tinha certeza que nunca havia usado aquela chave na frente dele.
"Eu estava curioso sobre você".
"Voce me espionou?", mas eu não consegui colocar um tom apropriado de ultraje na
minha voz. Eu estava lisonjeada.
Ele não parecia arrependido. "O que mais há pra fazer de noite?"
Eu deixei essa passar no momento e fui caminhando no corredor até a cozinha. Ele já
estava lá antes de mim, sem precisar de guia. Ele sentou exatamente na cadeira onde eu
estava tentando imaginá-lo. Levou um momento até que eu pudesse desviar o olhar.
Eu me concentrei no meu jantar, tirando a lasanha da noite passada da geladeira,
colocando um pedaço num prato e colocando pra esquentar no microondas. Ela girou,
enchendo a cozinha com o cheiro do tomate e do orégano. Eu não tirei os olhos do meu
prato de comida enquanto falava.
"Com que frequência?", eu perguntei casualmente.
"Hmmm?" Ele soou como se eu tivesse tirado ele de outra linha de pensamento.
Eu ainda não me virei. "Com que frequência você vem aqui?"
"Eu venho aqui quase todas as noites".
Eu me virei, aturdida. "Porque?"
"Você é muito interessante quando dorme", ele falou como se estivesse atestando um
fato. "Você fala".
"Não!",eu fiquei ofegante. O calor começou a flir no meu rosto até chegar ao meu
cabelo. Eu me agarrei no balcão da cozinha pra ter suporte. Eu sabia que falava durante
o sono, é claro; minha costumava zombar de mim por causa disso. No entanto, eu não
pensava que era algo com que eu precisaria me preocupar aqui.
Sua expressão se transformou instantaneamente em uma de pesar. "Você está com raiva
de mim?"
"Isso depende!", eu soei como se tivesse levado um soco no estômago.
Ele esperou.
"Do que?", ele implorou.
"Do que você ouviu!", eu gemí.
Instantaneamente, silenciosamente, ele estava ao meu lado, segurando minhas mãos
cuidadosamente com as suas.
"Não fique brava!", ele implorou. Ele baixou seu rosto até o nível dos meus olhos,
segurando meu olhar. Eu estava com vergonha. Eu tentei desviar o olhar.
"Você sente falta da sua mãe", ele sussurou. "Você se preocupa com ela. E então tem a
chuva, o barulho não te deixa dormir. Você costumava falar muito de casa, mas agora
não é tão frequente. Uma vez você disse 'é muito verde'". Ele sorriu levemente,
esperando, como eu pude ver, que ele não tivesse me ofendido demais.
"Algo mais?", eu perguntei.
Eu sabia o que estava por vir. "Você disse meu nome", ele admitiu.
Eu suspirei me sentindo derrotada. "Muito?"
"O que exatamente você quer dizer com 'muito'?"
"Oh, não!", minha cabeça caiu.
Ele me puxou para seus braços, suavemente, naturalmente.
"Não fique constrangida", ele sussurou no meu ouvido. "Se eu pudesse sonhar, eu
sonharia com você. E eu não me envergonho disso".
Então nós dois ouvimos os barulhos dos pneus na calçada de tijolos, vimos os faróis
brilharem pela janela da frente, no corredor perto de nós. Eu enrijeci nos braços dele.
"Seu pai deve saber que eu estou aqui?", ele perguntou.
"Eu não tenho certeza...", eu tentei pensar com clareza.
"Outra vez então".
E eu estava sozinha.
"Edward!", eu chamei.
Eu ouví uma gargalhada fantasmagórica, e nada mais.
Meu pai virou a chave na porta.
"Bella?", ele chamou. Isso havia me aborrecido antes; quem mais poderia ser? Agora
isso não parecia mais tão anormal.
"Eu tô aqui". Eu esperava que ele não ouvísse o tom histérico da minha voz. Eu tirei o
meu jantar do microondas e coloquei em cima da mesa enquanto ele entrava. Os passos
dele pareceram muito barulhentos depois do meu dia com Edward.
"Você pode pegar um pouco disso pra mim? Eu estou faminto". Ele ficou na pontas das
botas pra tirá-las, usando o encosto da cadeira de Edward como suporte.
Eu levei minha comida comigo, assoprando enquanto pegava a comida dele. Eu queimei
minha boca. Eu peguei dois copos de leite enquanto a comida dele esquentava, e dei um
gole no meu pra apagar o fogo.
Enquanto eu colocava o leite na mesa, eu percebí que minha mão estava tremendo.
Charlie sentou na cadeira, o contraste entre ele e o ocupante anterior era cômico.
"Obrigado", ele disse quando eu coloquei o seu jantar sobre a mesa.
"Como foi seu dia", eu perguntei. As palavras saíram rápidas; eu estava morrendo de
vontade de fugir de lá.
"Bom, os peixes estavam mordendo a isca... e o seu? Você fez tudo que queria fazer?"
"Não- estava bonito demais lá fora pra ficar em casa". Eu dei outra grande mordida.
"Foi um dia bom", ele concordou. Que declaração, eu pensei comigo mesma.
Terminada a lasanha, eu levantei meu copo de leite e bebi o resto no copo.
Charlie me surpreendeu com sua observação. "Com pressa?"
"É, eu tô cansada. Vou dormir mais cedo".
"Você parece bem disposta". Oh, porque, porque de todas as noites ele tinha que estar
prestando atenção hoje?
"Pareço?", foi tudo que eu consegui responder. Eu rapidamente lavei os meus pratos na
pia, e coloquei eles de cabeça pra baixo num pano de prato seco pra secarem.
"É Sábado", ele zombou.
Eu não respondi.
"Não tem planos pra essa noite?", ele perguntou de repente.
"Não, pai, eu só quero dormir um pouco".
"Nenhum dos garotos da cidade faz o seu tipo, né?", ele estava parecendo suspeitar de
alguma coisa,mas fingia levar numa boa.
"Não, nenhum dos garotos chamou minha atenção ainda". Eu tomei cuidado para não
enfatizar a palavra garotos na minha urgência de ser honesta com Charlie.
"Eu pensei talvez que Mike Newton...você disse que ele era amigável"
"Ele é só um amigo, pai!"
"Bem, de qualquer forma, você é boa demais pra eles. Espere pra entrar na faculdade
antes de procurar". O sonho de todos os pais, que suas filhas estivessem fora de casa
antes dos hormonios começarem a se manifestar.
"Parece uma boa idéia pra mim", eu concordei enquanto subia as escadas.
"Boa noite, querida", ele falou atrás de mim. não tenho dúvidas de que ele passou a
noite inteira espionando pra ver se ia fugir no meio da noite.
"Te vejo de manhã, pai". Te vejo mais tarde quando você estiver se enfiando no meu
quarto pra me espiar.
Eu tentei fazer um som lento e cansado enquanto subia as escadas. Eu fechei a porta alto
o suficiente pra ele ouvir, e então fui na ponta dos pés até a janela. Eu abri ela e
coloquei a cabeça pra fora dentro da noite. Meu olhos procuraram na escuridão, nas
sombras impenetráveis das árvores.
"Edward?", eu sussurei me sintindo uma perfeita idiota.
A resposta baixa e risonha veio de trás de mim. "Sim?"
Eu me virei, uma mão voou pra a minha garganta por causa da surpresa.
Ele estava deitado na minha cama, com um enorme sorriso no rosto, as mãos atrás da
cabeça, seus pés estavam passando do fim da cama, a perfeita imagem da tranquilidade.
"Oh", eu respirei, caido na chão sem equilíbrio.
"Me desculpe". Ele apertou os lábios, tentando esconder que estava se divertindo.
"Só me dê um segundo pra acalmar meu coração".
Ele se sentou devagar, como se fosse pra não me assustar. Então ele se ergueu e
levantou seu longo braço pra me levantar, me puxando pelos braços como se eu fosse
um fantoche. Ele me sentou na cama ao lado dele.
"Porque você não senta comigo?", ele sugeriu, colocando a mão fria na minha. "Como
está o coração?"
"Me diga você- com certeza você consegue ouvir melhor do que eu".
Eu sentí a sua risada quieta balançar a cama.
Nós ficamos sentados por um momento em silêncio, os dois escutando as patidas do
meu coração desacelerarem. Eu pensei em Edward no meu quarto, com meu pai em
casa.
"Posso ter um minuto pra ser humana?", eu pedí.
"Certamente", ele fez um gesto com a mão, me dizendo pra seguir em frente.
"Fique", eu disse, tentando paracer severa.
"Sim, madame". E ele fez uma mágica de transformar em estátua na beira da minha
cama.
Eu me levantei, pegando meu pijama do chão, minha bolsa de utilitários em cima da
mesa. Eu deixei a luz desligada e saí, fechando a porta.
Eu podia ouvir o som da televisão mesmo de lá de cima. Eu batí a porta do banheiro
com força, assim Charlie não viria me incomodar.
Eu tentei me apressar. Tentando ser eficiente e rápida pra tirar a lasanha dos dentes.
Mas a água quente do chuveiro não podia ser apressada. Eu destravei os músculos das
minhas costas, tentei acalmar o pulso. O cheiro familiar do meu shampoo me disse que
eu devia tentar ser a mesma pessoa que eu era de manhã. Eu tentei não pensar em
Edward, sentado no meu quarto, esperando, porque se eu fizesse isso eu teria que
recomeçar o processo de me acalmar. Finalmente, eu não pude mais espera. Eu
desliguei o chuveiro, me enchugando vorazmente, com pressa de novo. Eu coloquei a
blusa e as calças do meu pijama. Tarde demais pra me arrepender por não ter trazido o
pijama da Victoria's Secret que minha mãe havia me dado há dois anos atrás, eles ainda
estavam com a etiqueta em alguma gaveta na minha casa.
Eu esfreguei a toalha no cabelo de novo e passei a escova por ele depressa. Eu joguei a
toalha no cesto, coloquei a minha escova e a minha pasta de dentes dentro da minha
bolsa. Então eu desci as escadas correndo pra que charlie visse que eu estava de
pijamas, com o cabelo molhado.
"Boa noite, pai".
"Boa noite, Bella". Ele ficou surpresa pela minha aparência. Talvez isso impedisse que
ele viesse me espiar no meio da noite.
Eu subi as escadas dois degraus de cada vez, tentando não fazer barulho, e voei pra o
meu quarto, fechando a porta atrás de mim.
Edward não tinha se movido uma fração de centímetro de onde eu o havia deixado, uma
estátua de Adonis deitada no meu edredom.
Eu sorri e os seus lábios tremeram, a estátua veio á vida.
Seus olhos me examinaram, parando no cabelo molhado, na blusa do meu pijama. Ele
ergueu uma sobrancelha. "Legal".
Eu fiz uma careta.
"Não, fica bem em você".
"Obrigada", eu sussurei. Eu voltei para o lado dele, sentando de pernas cruzadas ao leu
lado. Eu olhei para as linhas do chão de madeira.
"Pra quê foi tudo isso?"
"Charlie acha que eu vou fugir no meio da noite"
"Oh", ele analisou isso. "Porque?". Como se ele não pudesse entender a mente de
Charlie muito mais claramente do que eu.
"Aparentemente, eu estou excitada demais".
Ele levantou meu queixo, olhando para meu rosto.
"Na verdade, você parece muito cálida".
Ele baixou o seu rosto para o meu e encostou sua bochecha fria na minha pele. Eu me
mantive perfeitamente rígida.
"Mmmmmm...", ele respirou.
Era muito difícil, enquanto ele estava me tocando, formular uma pergunta coerente. Me
levou um minuto até que eu pudesse reunir a concentração necessária.
"Parece ser... muito mais fácil pra você, agora, ficar perto de mim".
"É isso que parece pra você?",ele perguntou, seu nariz passando pela minha mandíbula.
Eu sentí sua mão, tão leve quanto a asa de uma mariposa, colocando o meu cabelo
molhado pra trás, para que seus lábios pudessem tocar a parte de baixo da minha orelha.
"Muito, muito mais fácil", eu disse, tentando respirar.
"Hmm".
"Então eu estava imaginando..." eu comecei de novo, mas seus dedos estavam traçando
a minha clavícula, então eu perdí a linha de pensamento de novo.
"Sim?", ele sussurou.
"Porque?", minha voz tremeu me deixando envergonhada. "É assim?"
Eu sentí o tremor da sua respiração quando ele sorriu. "Não se importe".
Eu me inclinei pra trás; enquanto eu movia, ele congelou- e eu não podia ouvir mais o
som da sua respiração.
Nós olhamos cuidadosamente um para o outro por um momento, e então sua mandíbula
contraída foi se relaxando aos poucos, sua expressão ficou confusa.
"Eu fiz alguma coisa errada?"
"Não- pelo contrário. Você está me deixando louca", eu expliquei.
Ele considerou isso brevemente, e quando falou, parecia satisfeito.
"Mesmo?" Um sorriso triumfante vagarosamente iluminou o seu rosto.
"Você gostaria de uma salva de palmas?", eu perguntei sarcasticamente.
Ele deu uma gargalhada.
"Eu só estou agradavelmente surpreso", ele esclareceu. "Nos últimos cem anos mais ou
menos", ele zombou. "Eu nunca imaginei uma coisa assim. Eu nunca imaginei que
encontraria uma pessoa que quisesse ficar comigo...sem contar meus irmãos e irmãs.
Então eu descobri , apesar de ser novo nisso, que eu sou bom...em estar com você..."
"Você é bom em tudo", eu apontei.
Ele levantou os ombros, se acostumando com isso, e nós dois rimos baixinho.
"Mas como é que pode ser tão fácil agora?", eu pressionei. "Essa tarde..."
"Não é tão fácil", ele suspirou. "Mas essa tarde eu ainda não estava...decidido. Me
desculpe por aquilo, foi imperdoável eu ter me comportado daquela forma".
"Imperdoável não", eu discordei.
"Obrigado", ele sorriu. "Entenda", ele continuou olhando pra baixo.
"Eu não tinha certeza de que era forte o suficiente..." Ele pegou uma das minhas mãos e
pressionou levemente contra o seu rosto. "E enquanto houvessem possibilidades de eu
ser...superado"- ele aspirou o cheiro do meu pulso- "Eu estava... suscetível. Até que eu
me convencesse de que era forte o suficiente, não haviam possibilidades de que eu
pudesse... que eu fizesse..."
Eu nunca vi ele lutar tanto para encontrar as palavras certas. Era tão... humano.
"Então existe uma possibilidade agora?"
"Veremos o que acontece", ele disse, sorrindo, seus dentes brilhavam mesmo na
escuridão.
"Uau, isso é fácil", eu disse.
Ele jogou a cabeça pra trás e riu, tão baixo como um suspiro, mas ainda
exuberantemente.
"Fácil pra você", ele emendou, tocando o meu nariz com a ponta do dedo.
Então seu rosto ficou abruptamente sério de novo.
"Eu estou tentando", ele sussurou, sua voz cheia de dor. "Se for... demais, eu tenho
quase certeza que sou capaz de ir embora."
Eu fiz uma careta. Eu não queria ouvir ele falando de ir embora.
"Vai se mais difícil amanhã", ele continuou. "Eu fiquei com o seu cheiro na minha
cabeça o dia inteiro, e acabei perdendo a sensibilidade. Se eu me afastar de você por
qualquer período de tempo, eu vou ter que começar tudo de novo. Não exatamente do
início, eu acho".
"Então, não vá embora", eu respodi sem conseguir esconder a vontade na minha voz.
"Isso seria bom pra mim", ele respondeu, seu rosto se transformou num sorriso gentil.
"Traga as suas algemas- eu sou seu prisioneiro"
Mas as longas mãos dele fecharam os meus pulsos enquanto ele falava. Ele sorriu com o
seu sorriso baixo, musical. Ele sorriu mais hoje do que em todo o tempo desde que nos
conhecemos.
"Você parece mais... otimista do que o normal", eu observei. "Eu nunca te vi assim
antes".
"Não é assim que deve ser?", ele sorriu. "A glória do primeiro amor, e isso tudo. Não é
incrível, a diferença entre ler sobre uma coisa, ver em fotos, e experimentá-la?"
"Muito diferente", eu concordei. "Mais substancial do que eu pensava".
"Por exemplo"- suas palavras fluiam rapidamente agora, e eu tive que me concentrar pra
entender todas- "o sentimento de inveja. Eu já li sobre isso milhares de vezes, já vi
atores interpretando em milhares peças e filmes diferentes. Eu achei que compreendia
esse sentimento muito bem. Mas ele me chocou...", ele fez uma careta. "Você se lembra
daquele dia que Mike te convidou para o baile?"
Eu afirmei com a cabeça, apesar de lembrar daquele dia por um motivo diferente. "O dia
que você começou a falar comigo de novo".
"Eu me surpreendo com a pontada de ressentimento, quase de fúria, que eu sentínaquele
momento eu não reconheci. Eu estava mais nervoso que o normal e eu não
conseguia saber o que você estava pensando, porque você havia recusado o convite. Era
simplesmente pra preservar a amizade? Era alguma outra coisa? Eu sabia que de
qualquer jeito eu não tinha o direito de me importar. Eu tentei não me importar.
"E então a fila começou a se formar", ele gargalhou. Eu olhei zangada para a escuridão.
"Eu esperei, rasoavelmente ansioso pra ver o que você diria pra eles, pra ver as suas
expressões. Eu não conseguia negar o alivio que estava sentindo, vendo a fúria no seu
rosto. Mas eu não podia ter certeza.
"Aquela foi a primeira noite que vim aqui. Eu lutei a noite inteira, enquanto via você
dormindo, com a brecha entre o que eu sabia que eracerto, moral, ético, e o que eu
queria."
"Eu sabia que se eu te ignorasse como devia, ou se fosse embora por alguns anos, até
que você fosse embora, você algum dia diria sim á Mike, ou alguém como ele. Isso me
deixou com raiva.
"E então", ele sussurou. "Você falou meu nome enquanto dormia. Você falou tão
claramente, que no início eu pensei que você tivesse acordado. Mas você virou para o
lado e murmurou meu nome mais uma vez, e suspirou. O sentimento que passou no meu
corpo nessa hora me deixou enervado, vacilante. E eu sabia que não podia mais te
ignorar".
Ele ficou em silêncio, provavelmente ouvindo as batidas descompassadas do meu
coração.
"Mas ciúme... é um sentimento estranho. Muito mais poderoso do que eu tinha
imaginado. E irracional! Agora mesmo, quando Charlie te perguntou sobre Mike
Newton...", ele balançou a cabeça com raiva.
"Eu devia saber que você estaria escutando", eu gemí.
"É claro".
"No entanto, aquilo te deixou com ciúmes?"
"Eu sou novo nisso tudo; eu estou ressucitando o humano que existe em mim, e tudo é
mais forte porque é tão novo".
"Mas honestamente", eu zombei. "Você ficou com ciúmes disso, depois que eu tive que
ouvir que Rosalie -Rosalie a encarnação pura da beleza - foi feita pra ficar com você.
Com Emmett ou sem Emmett, como é que posso competir com aquilo?"
"Não há competição". Seus dentes brilharam. Ele colocou as minhas mãos ainda presas
atrás das costas dele e me apertou contra seu peito. Eu fiquei tão rígida quanto pude,
controlando até a respiração.
"Eu sei que não há competiçao". Eu murmurei no peito gelado dele. "Esse é o
problema".
"É claro que Rosalie é linda do jeito dela, mas mesmo se ela não fosse minha irmã,
mesmo se ela não estivesse com Emmett, eu não sentiria por ela nem um décimo, nem
um centésimo da atração que eu sinto por você". Ele estava sério agora, pensativo. "Por
quase noventa anos eu estive andando entre a minha espécie, e a sua... todo o tempo
pensando que estava bem sozinho, sem saber o que eu estava procurando."
"E sem encontrar nada, porque você ainda não estava viva".
"Não parece muito justo", eu sussurei, meu rosto no peito dele, ouvindo sua respiração
entrando e saindo. "Eu não tive que esperar. Porque eu posso me safar tão facilmente?"
"Você está certa", ele disse divertido. "Eu definitivamente devia tornar as coisas mais
difíceis pra você. Ele liberou a sua mão soltando meu pulso, só pra prendê-lo com a
outra mão. Ele alisou meu cabelo molhado suavemente, do topo da minha cabeça até a
minha cintura. "Você só tem que arriscar a sua vida a cada segundo que passa comigo,
isso com certeza não é muito. Você só tem que virar as costas para a sua natureza, a sua
humanidade... quanto isso vale?"
"Muito pouco- eu não me sinto privada de nada"
"Ainda não". E sua voz estava abruptamente cheia de aflição.
Eu tentei me afastar, para olhar para o rosto dele, mas suas mãos seguravam meus
pulsos com uma força inquebrável.
"O que-", eu comecei a perguntar quando seu corpo começou a ficar alerta. Eu fiquei
congelada, mas ele de repente soltou minhas mãos e desapareceu. Eu fiz um esforço pra
não cair de cara.
"Deite-se", ele assobiou. Eu não podia dizer de que lugar da escuridão ele estava
falando.
Eu rolei pra baixo do meu edredom, me virando de lado, do jeito que eu costumo
dormir. Eu ouvi a porta se abrir, enquanto colocou a cabeça pra dentro pra ver se eu
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estava lá como deveria estar. Eu respirei uniformemente, exagerando o movimento.
Um longo minuto se passou. Eu escutei, sem ter certeza de que a porta havia se fechado.
Então o braço gelado de Edward estava em cima de mim,por baixo da coberta, seus
lábios no meu ouvido.
"Você é uma pessima atriz- eu diria que essa carreira está fora de cogitação pra você".
"Droga", eu murmurei. Meu coração batia com força no peito.
Esse sussurou uma melodia que eu não conhecia; parecia uma canção de ninar.
Ele parou. "Será que eu devo cantar pra você dormir?"
"Certo", eu sorri. "Como se eu conseguisse dormir com você aqui!".
"Você faz isso o tempo inteiro", ele me lembrou.
Mas eu não sabia que você estava aqui", eu repliquei friamente.
"Então, se você não quer dormir...", ele sugeriu, ignorando meu tom. Minha respiração
parou.
"Se eu não quero dormir...?"
Ele gargalhou. "O que você quer fazer então?"
Primeiro eu não conseguí responder.
"Eu não tenho certeza", eu disse finalmente.
"Me avise quando você se decidir".
Eu sentia a respiração gelada dele no meu pescoço, podia senti o nariz dele percorrendo
minha mandíbula, inalando meu cheiro.
"Eu pensei que você estivesse sem sensibilidade".
"Só porque eu estou resistindo ao vinho, não significa que eu não posso apreciar sua
fragrância", ele suspirou. "Você tem um cheiro muito floral, como lavanda... ou
freesia", ele notou. "É de dar água na boca".
"É, é praticamente um feriado quando não tem alguém me dizendo o quanto eu sou
apetitosa".
Ele gargalhou e então suspirou.
"Eu decidí o que quero fazer". Eu disse pra ele. "Eu quero ouvir mais sobre você".
"Me pergunte qualquer coisa".
Eu escolhi entre as perguntas de maior importância. "Porque você faz isso?" Eu disse.
"Eu ainda não entendo como você pode resistir tanto a quem você...é. Por favor, não
entenda mal, é claro que me alegra que você faça isso. Eu só não entendo porque você
se incomoda".
Ele hesitou antes de responder. "Essa é uma boa pergunta, e você não é primeira a fazêla.
Os outros - a maioria da nossa espécie está contente do jeito que as coisas são pra
eles -eles também se perguntam como nós vivemos. Mas, veja,só porque nós
estamos...mortos de certa forma... isso não significa que nõs não possamos escolher ser
melhores- tentar cruzar as barreiras do destino que nós não escolhemos. Podemos tentar
reter o pouco de humanidade que ainda existe dentro de nós".
Eu me mantive parada, presa no silêncio pasmo.
"Você dormiu?", ele sussurou depois de alguns minutos.
"Não"
"Você só estava curiosa pra saber isso?"
Eu rolei os olhos. "Não exatamente".
"O que mais você quer saber?"
"Porque você consegue ler mentes- e só você? E Alice ver futuro? Como isso
acontece?"
Eu sentí ele levantar os ombros na escuridão. "Nós realmente não sabemos. Carlisle tem
uma teoria... ele acredita que todos nó temos alguma coisa em nossa vida humana que
era muito forte, e que quando trazemos essa coisa para a nossa outra vida, ela é
intensificada- como nossas mentes e os nossos sentidos. Ele acha que eu já devia ser
sensível aos pensamentos das pessoas ao meu redor. E Alice tinha previsões, onde quer
que ela estivesse".
"O que ele trouxe para a próxima vida? E os outros?"
"Carlisle trouxe sua compaixão. Esme trouxe a sua capacidade de amar
apaixonadamente. Emmett trouxe sua força, Rosalie a sua...tenacidade. Ou será que eu
devo chamar de cabeça dura?" Ele gargalhou. "Jasper é muito interessante. Ele era
muito carismático em sua primeira vida, capaz de influencias as pessoas ao seu redor a
ver as coisas da sua maneira. Agora ele é capaz de influenciar as emoções das pessoas
que estão ao seu redor- acalmar uma sala cheia de pessoas raivosas, por exemplo, ou
excitar uma multidão letárgica. É um dom muito súbito."
Eu considerei as possibilidades que ele estava me dando, tentando aceitar tudo aquilo.
Ele esperou pacientemente enquanto eu pensava.
"Então como isso tudo começou? Quer dizer, Carlisle mudou você, e então ele deve ter
sido mudado por alguém, e assim por diante..."
"Bem, de onde você veio? Evolução? Criação? Será que nós não podemos ter nos
desenvolvido da mesma forma que as outras espécies, predador e presa? Ou, se você
não acredita que esse mundo inteiro surgiu do nada, como eu mesmo acho difícil de
acreditar, será que não dá pra você acreditar que a mesma força maior que criou o peixe
anjo e o tubarão, eu o golfinho e a baleia assassina, tenha também criado também nossas
duas espécies?"
"Me deixe entender isso direito- eu sou o golfinho, não é?"
"É". Ele sorriu, e alguma coisa tocou meus cabelos- seus lábios?
Eu queria me virar pra ele, pra ver se eram realmente seus lábios que estavam tocando
meus cabelos. Mas eu tinha que ser boazinha; eu não queria fazer isso mais difícil pra
ele do que já era.
"Você estaá pronta pra dormir?", ele perguntou interrompendo o breve silêncio. "Ou
você tem mais perguntas?"
"Um milhão ou dois"
"Nós temos amanhã, e o dia depois, e o dia depois...", ele me lembrou. Eu sorrí, eufórica
com o pensamento.
"Você tem certeza que não vai desaparecer de manhã?", eu queria ter certeza. "Afinal de
contas, você é uma criatura mística".
"Eu não vou te deixar", havia um tom de promessa na sua voz.
"Só mais uma, então, por hoje...". Eu corei. A escuridão não ia ajudar, eu sabia que ele
poida sentir o súbito calor na minha pele.
"O que é?"
"Não, esqueça. Eu mudei de idéia".
"Bella, você pode me perguntar qualquer coisa".
Eu não respondí e ele gemeu.
"Eu fico pensando que vai ser menos frustrante, não ouvir os seus pensamentos. Mas
então fica pior e pior".
"Eu me alegro que você não possa ouvir meus pensamentos. Já é ruim o suficiente que
você ouve o que eu falo no sono".
"Por favor?", a voz dele era muito persuasiva, quase impossível de resistir".
Eu balancei minha cabeça.
"Se você não me contar, eu vou simplesmente pensar que é muito pior do que realmente
é", ele ameaçou obscuramente. "Por favor?", de novo aquela voz implorativa.
"Bem...", eu comecei, feliz que ele não podia ver meu rosto.
"Sim?"
"Você disse que Rosalie e Emmett vão se casar logo... esse... casamento... é como é para
os humanos?"
Ele riu silenciosamente agora, compreendendo. "É lá que estamos chegando?"
Eu me mexi, sem consegui responder.
"Sim, eu acredito que é a mesma coisa", ele disse. "Eu te disse, a maioria desses desejos
humanos estão lá, só que estão escondidos por desejos muito mais fortes".
"Oh", foi tudo que eu consegui dizer.
"Qual é o propósito por trás da sua curiosidade?"
"Bem , eu me pergunto... sobre você e eu... algum dia..."
Ele estava instantaneamente sério, eu podia dizer pela súbita rigidez do corpo dele. Eu
gelei também, reagindo automaticamente.
"Eu não acho que... que... seria possível pra nós".
"Porque seria demais pra você, se estivéssemos tão...perto?"
"Isso certamente seria um problema. Mas não era nisso que eu estava pensando. É só
que você é tão delicada, tão frágil. Eu tenho que comandar todas as minhas ações
quando estou perto de você pra não te machucar. Eu poderia te matar tão facilmente,
Bella, simplesmente por um acidente". Sua voz havia se transformado num leve
murmúrio. Ele mexeu sua palma geleda para colocá-la na minha bochecha. "Se eu
estivesse muito ansioso... se por um segundo eu não estivesse prestando atenção o
suficiente, eu poderia avançar, querendo tocar seu rosto, e amassar o seu crânio por
engano. Você não se dá conta do quanto é quebrável. Eu não posso me dar ao luxo de
perder o controle quando estou perto de você".
Ele esperou que eu respondesse, e ficou ansioso quando eu não respondi. "Você está
com medo?", ele perguntou.
Eu esperei um momento antes de responder, pra que as palavras fossem verdadeiras.
"Não, eu estou bem".
Ele pareceu pensar por um momento. "Contudo, eu estou curioso", ele disse, sua voz
leve de novo. "Você já...?", ele parou deliberadamente.
"É claro que não", eu corei. "Eu te disse que nunca sentí isso por ninguém antes, nem
perto".
"Eu sei. É só que eu sei os pensamentos das outras pessoas. E amos e luxúria nem
sempre andam acompanhados".
"Pra mim andam. Agora, de qualquer forma, que isso existe pra mim", eu suspirei.
"Isso é bom. Pelo menos, temos uma coisa em comum". Ele pareceu satisfeito.
"Seus instintos humanos...", eu comecei. Ele esperou. "Bem, você se sente atraído por
mim, nesse sentido, de alguma forma?"
Ele sorriu e fez o meu cabelo quase seco voar levemente.
"Eu posso não ser humano, mas eu sou homem", ele me assegurou.
Eu bocejei involuntáriamente.
"Eu respondí todas as suas perguntas, agora você devia ir dormir", ele insistiu.
"Eu não tenho certeza se consigo".
"Você quer que eu vá embora?"
"Não!", eu disse alto demais.
Ele sorriu e então recomeçou a sussurar aquela mesma cançao de ninar desconhecida; a
voz de um arcanjo, macia no meu ouvido.
Mais cansada do que eu imaginava, exausta pelo estresse mental e emocional como eu
nunca havia estado antes, eu caí no sono nos seus braços gelados.
15. Os Cullen
A luz de outro dia nebuloso eventualmente me acordou. Eu deitei com o braço na frente
dos olhos, grogue e ofuscada. Alguma coisa, um sonho tentando ser lembrado, estava
lutando pra alcançar minha consciência. Eu bocejei e rolei pra o lado, esperando que
mais sono viesse. E então o dia anterior flutuou na minha consciência.
“Oh!”, eu levantei tão rápido que minha cabeça ficou rodando.
“O seu cabelo parece um monte de palha... mas eu gosto”. Sua voz tranqüila veio da
cadeira de balanço no canto do quarto.
“Edward! Você ficou”, eu vibrei, e sem pensar atravessei o quarto me jogando no colo
dele. No instante que minha mente se deu conta das minhas ações, eu congelei, chocada
com o meu entusiasmo descontrolado. Eu olhei pra ele, com medo de ter ultrapassado
os limites.
Mas ele riu.
“É claro”, ele respondeu, assustado, mas feliz com a minha reação. Suas mãos
esfregaram minhas costas.
Eu coloquei minha cabeça cuidadosamente no ombro dele, sentindo o cheiro da sua
pele.
“Eu tinha certeza de que tinha sido um sonho”.
“Você não é tão criativa”, ele zombou.
“Charlie!”, eu dei um pulo sem pensar, correndo para a porta.
“Ele foi embora há uma hora - depois de reconectar os cabos da sua bateria, eu devo
dizer. Eu tenho que admitir que fiquei decepcionado. Será que só isso seria necessário
pra te parar, se você quisesse sair?”
Eu fiquei onde estava, querendo responder de forma mal-educada, mas eu estava com
medo de ter mal hálito matinal.
“Você geralmente não fica tão confusa de manhã”, ele reparou. Ele abriu seus braços
pra me receber de novo. Um convite quase irresistível.
“Eu preciso de outro minuto humano”, eu admiti.
“Eu vou esperar”
Eu fui para o banheiro, minhas emoções eram irreconhecíveis. Eu não me reconhecia,
por dentro ou por fora. O rosto no espelho era praticamente irreconhecível - olhos
brilhantes demais, pontinhos vermelhos nas maçãs do meu rosto. Depois de escovar
meus dentes, eu tentei dar um jeito no caos emaranhado que estava o meu cabelo. Eu
joguei água gelada no meu rosto e tentei respirar normalmente, mas sem muito sucesso.
Eu dei uma corridinha de volta para o meu quarto.
Parecia um milagre que ele estava lá, com os braços abertos ainda esperando por mim.
Ele veio me pegar, meu coração batendo erraticamente.
“Bem vinda de volta”, ele cochichou, me pegando nos braços.
Ele me embalou por algum tempo, até que eu reparei que as suas roupas estavam
trocadas, seu cabelo estava macio.
“Você foi embora?”, eu acusei, tocando o colarinho da sua camisa nova.
“Eu não podia sair daqui com as mesmas roupas que cheguei- o que os vizinhos iam
pensar?”
Eu fiz biquinho.
“Você estava profundamente adormecida; eu não perdi nenhum detalhe”, seus olhos me
vislumbraram. “Você só começou a falar hoje cedo”.
Eu gemi. “O que você ouviu?”
Seus olhos dourados ficaram suaves. “Você disse que me amava”.
“Você já sabia disso”, eu abaixei a cabeça.
“Foi bom ouvir, do mesmo jeito”.
Eu escondi minha cabeça no ombro dele.
“Eu amo você”, eu sussurrei.
“Você é minha vida agora”, ele respondeu simplesmente.
Não havia mais nada a dizer no momento. Ele nos balançou pra frente e pra trás
enquanto o quarto ficava mais claro.
“Hora do café da manhã”, ele disse finalmente, casualmente- pra provar, eu tenho
certeza, que ele lembrava das minhas fraquezas humanas.
Então eu tapei o meu pescoço com as duas mãos e olhei pra ele com os olhos
arregalados. O rosto dele ficou chocado.
“Brincadeirinha”, eu ri silenciosamente. “E você disse que eu não sabia atuar”.
Ele fez uma careta de desgosto. “Isso não é engraçado”.
“Foi muito engraçado, e você sabe disso”. Mas eu examinei cuidadosamente os seus
olhos dourados pra ter certeza de que estava perdoada. Aparentemente eu estava.
“Será que eu devo refrasear?”, ele perguntou. “Está na hora do café da manhã para os
humanos”.
“Oh, tudo bem”.
Ele me jogou sobre o seu ombro de pedra gentilmente, mas com uma rapidez que me
deixou sem fôlego. Eu protestei enquanto ele me carregava facilmente pelas escadas,
mas ele me ignorou.
Ele me colocou sentada numa cadeira.
A cozinha estava brilhante, feliz, parecendo que absorvia o meu humor.
“O que tem pra o café da manhã?”, eu perguntei prazerosamente.
Isso fez ele pensar um instante.
“Er, eu não tenho certeza. O que você quer?”. Sua sobrancelha de mármore se ergueu.
Eu sorri, ficando de pé.
“Está tudo bem, eu sei me cuidar sozinha. Me observe caçar”.
Eu encontrei uma tigela e uma caixa de cereais. Eu podia sentir seus olhos em mim
enquanto eu pegava o leite e encontrava uma colher. Eu coloquei a comida na mesa, e
então parei.
“Eu posso pegar alguma coisa pra você?”, eu perguntei, sem querer ser rude.
Ele só rolou os olhos. “Só coma, Bella”.
Eu sentei na mesa, observando ele enquanto comia um pouco. Ele estava me encarando,
estudando todos os meus movimentos. Eu fiquei envergonahda. Eu limpei minha
garganta pra falar, pra distraí-lo.
“O que está na agenda pra hoje?”, eu perguntei.
“Hmmm”, eu podia ver que ele estava tentando moldar sua resposta cuidadosamente.
“O que você diria de conhecer minha família?”
Eu engoli seco.
“Você está com medo agora?”, ele parecia esperançoso.
“Sim”, eu admiti; eu não podia esconder isso - ele podia ver nos meus olhos.
“Não se preocupe”, ele sorriu. “Eu vou te proteger”.
“Eu não estou com medo deles”, eu expliquei. “Eu estou com medo que eles... não
gostem de mim. Eles não vão ficar, bem, surpresos por você levar alguém...como eu...
pra casa pra conhecê-los? Eles sabem que eu sei deles?”
“Oh, eles já sabem de tudo. Eles fizeram apostas ontem, sabia?” - ele sorriu, mas sua
voz estava áspera- “Eles apostaram se eu ia te trazer do volta ou não, apesar de eu não
ter idéia do porque eles apostaram contra Alice. Sob qualquer perspectiva, nós não
temos segredos na minha família. Não é nem possível, já que eu leio mentes e Alice vê
o futuro e tudo mais”.
“E Jasper fazendo você ficar mais calmo quando você estava com vontade de botar tudo
pra fora, não se esqueça disso”.
“Você estava prestando atenção”, ele sorriu com aprovação.
“Eu aprendi a fazer isso de vez em quando”, eu brinquei. “Então Alice me viu
voltando?”
Sua reação foi estranha. “Algo assim”, ele disse desconfortavelmente, se virando pra
que eu não pudesse ver seus olhos. Eu encarei ele cheia de curiosidade
“Isso ai é bom?”, ele perguntou, se virando abruptamente pra olhar pra o meu café da
manhã com uma cara de brincalhão. “Honestamente, não parece muito apetitoso”.
“Bom, não é um urso pardo irritado...”,ignorando ele quando ele fez uma careta. Eu
ainda estava me perguntando porque ele havia respondido aquilo quando eu mencionei
Alice. Eu olhei para o meu cereal, fazendo especulações.
Ele ficou parado no meu da cozinha, uma estátua de Adonis de novo, olhando pra fora
pelas janelas de trás.
Então seus olhos voltaram pra mim, ele sorriu um sorriso de tirar o fôlego.
“E eu acho que você devia me apresentar ao seu pai também, eu acho”.
“Ele já te conhece”, eu lembrei ele.
“Eu quero dizer, como seu namorado”.
Eu encarei ele com um olhar suspeito. “Porque?”
“Não é esse o costume?”, ele perguntou inocentemente.
“Eu não sei”, eu admiti. Minha vida amorosa não havia me dado muitas referências.
Não que as regras de um namoro normal se aplicassem aqui. “Isso não é necessário,
sabe. Eu não espero que você... finja por minha causa”.
Seu sorriso estava paciente. “Eu não estou fingindo”.
Eu empurrei os restos do meu cereal nas bordas da tigela, mordendo meu lábio.
“Você vai dizer pra Charlie que eu sou seu namorado ou não?”, ele perguntou.
“É isso que você é?” Eu suprimi a alegria que tomava conta de mim por pensar em
Edward e Charlie e a palavra namorado juntas no mesmo lugar.
“Eu tenho que admitir que já não sou mais um garoto”.
“Na verdade, eu tinha a impressão de que você era algo mais”, eu confessei, olhando
para a mesa.
“Bem,nós não temos que massacrá-lo com todos os detalhes agora”. Ele se inclinou na
mesa para levantar o meu queixo com um dedo frio, gentil. “Mas ele precisa de alguma
explicação pra o motivo que eu fico aqui tanto tempo. Eu não quero que o Chefe Swan
me dê uma ordem de prisão”.
“Você vai ficar?”, eu perguntei. “Você vai ficar aqui mesmo?”
“Até quando você me quiser”, ele me assegurou.
“Eu sempre vou querer você”, eu avisei. “Pra sempre”.
Ele deu a volta na mesa vagarosamente, e parando a alguns passos de distância, ele se
inclinou para tocar a minha bochecha com a ponta dos seus dedos. Sua expressão estava
insondável.
“Isso te deixa triste?”, eu perguntei.
Ele não respondeu. Ele me olhou nos olhos por um imensurável período de tempo.
“Você já acabou”, ele finalmente perguntou.
Eu me levantei num pulo. “Sim”.
“Vá se vestir- eu vou esperar aqui”.
Foi difícil decidir o que vestir. Eu duvidava que houvesse algum livro de etiqueta que te
dissesse o que vestir quando seu namoradinho vampiro te leva pra conhecer a família de
vampiros dele. Era um alívio pensar na palavra sozinha. Eu sabia que eu afastava ela
dos meus pensamentos intencionalmente por timidez.
Eu acabei colocando a minha única saia- longa, cor de khaki, mas casual. Eu coloquei a
minha blusa azul que ele tinha elogiado. Uma rápida olhada no espelho me disse que
meu cabelo estava impossível, então eu fiz um rabo de cavalo.
“Tudo bem”, eu desci as escadas. “Eu estou decente”.
Ele estava me esperando no pé da escada, mais próximo do que eu imaginava, e eu
acabei me chocando com ele. Ele me equilibrou,me segurando por um instante longe
cuidadosamente longe do seu corpo por alguns segundos antes de me trazer pra mais
perto rapidamente.
“Errada de novo”, ele murmurou no meu ouvido. “Você está muito indecente- ninguém
devia ser tentadora assim, não é justo”.
“Tentadora como?”, eu perguntei. “Eu posso me trocar...”
Ele suspirou, balançando a cabeça. “Você é muito absurda”. Ele pressionou seus lábios
frios delicadamente na minha testa e a sala rodou. O cheiro do seu hálito tornou
impossível pensar.
“Será que eu devo explicar como você é tentadora pra mim?”, ele disse. Claramente era
uma pergunta retórica. Ele passou seus dedos vagarosamente pela minha coluna, sua
respiração estava vindo mais rápido na minha pele. Minhas mãos estavam espalmadas
no seu peito, e eu senti a minha cabeça leve de novo. Ele abaixou sua cabeça devagar e
encostou levemente seus lábios frios nos meus por um segundo, muito cuidadosamente,
fazendo eles se abrirem.
Então eu desmoronei.
“Bella?”, sua voz estava alarmada enquanto me pegava e me mantinha de pé.
“Você...me...deixou...tonta”, eu acusei atordoada.
“ O que é que eu faço com você?”, ele gemeu exasperado. “Eu te beijei ontem e você
me atacou! Hoje você desmaia nos meus braços!”
Eu sorri fracamente, deixando os braços dele me segurarem enquanto minha cabeça
rodava.
“É isso que eu ganho por ser bom em tudo”, ele suspirou.
“Esse é o problema”, eu ainda estava atordoada. “Você é bom demais. Muito, muito
bom”.
“Você está passando mal?”, ele perguntou; ele já havia me visto assim antes.
“Não- não é o mesmo tipo de tontura. Eu não sei o que aconteceu”. Eu balancei a
cabeça pedindo desculpas. “Eu acho que esqueci de respirar”.
“Eu não posso te levar a lugar nenhum desse jeito”.
“Eu estou bem”, eu insisti. “Sua família vai pensar que eu sou louca do mesmo jeito,
qual é a diferença?”
Ele mediu minha expressão por um instante. “Eu gosto muito do tom da sua pele”, ele
disse inesperadamente. Eu corei de prazer, e desviei o olhar.
“Olha, eu tô dando muito duro pra não pensar no que eu estou fazendo, então será que já
podemos ir?”, eu perguntei.
“E você está com medo não porque vai pra uma casa cheia de vampiros, mas porque
você tem medo que esse vampiros não aprovem você, correto?”
“É isso mesmo”, eu disse imediatamente, surpresa com o tom casual que ele usou ao
dizer essas palavras.
Ele balançou a cabeça. “Você é incrível”.
Eu me dei conta, enquanto ele dirigia minha caminhonete até a parte central da cidade,
que eu não fazia idéia de onde ele morava. Nós passamos sobre a ponta do rio Calawah,
pegando a estrada que ia para o norte, as casas passando por nós, estavam ficando
maiores. Então passamos por outras casa coladas umas nas outras, dirigindo na direção
da vasta floresta. Eu estava pensando se seria melhor perguntar ou ser paciente quando
ele virou numa estrada sem pavimento. Não havia sinalização, ela era praticamente
invisível entre as árvores. A floresta se estendia pelos dois lados, deixando a estrada á
frente visível discernível apenas por causa de umas curvas em formato de serpente, ao
redor das árvores antigas.
E então, alguns quilômetros mais á frente, havia algo brilhando por entre as árvores, e
então de repente apareceu uma pequena clareira, ou será que era um quintal? O brilho
da floresta, no entanto, não desapareceu, pois haviam seis árvores enormes que
circundavam o lugar em todas as suas arestas. As sombras mantinham suas sombras
seguras sobre as paredes da casa que se erguia por entre elas, tornando obsoletas as
minhas primeiras explicações.
Eu não sabia o que esperar,mas definitivamente não era isso. A casa era antiga,
graciosa, e tinha provavelmente uns cem anos. Era pintada de um branco suave,
fraquinho, tinha três andares, era retangular e bem proporcionada. As janelas e portas
faziam parte da estrutura original ou de uma restauração muito bem feita. Minha
caminhonete era o único carro á vista. Eu podia ouvir um rio por perto, escondido pela
obscuridade da floresta.
“Uau”.
“Você gostou?”, ele sorriu.
“Tem...um certo charme”.
Ele deu um puxãozinho na ponta do meu rabo de cavalo e deu uma gargalhada.
“Pronta?”, ele perguntou, abrindo a porta.
“Nem um pouquinho- vamos lá”. Eu tentei sorrir,mas parece que minha garganta estava
presa. Eu passei a mão no cabelo nervosamente.
“Você está adorável”, ele pegou minha mão calmamente, sem pensar.
Nós caminhamos pelo longo portal de entrada. Eu sabia que ele podia sentir minha
tensão; seu polegar fazia círculos nas costas da minha mão.
Ele abriu a porta pra mim.
Por dentro era ainda mais surpreendente, menos previsível, do que do lado de fora.
Era muito clara, muito aberta, e muito grande. Isso originalmente devem ter sido vários
quartos, mas as paredes foram removidas em muitas partes pra criar um espaço maior. O
fundo, virado para o sul foi inteiramente substituído por vidros, e , além da sombra das
árvores, o quintal terminava num rio enorme . uma escada gigantesca dominava o lado
oeste da sala. As paredes, o teto baixo, o chão de madeira, e os finos tapetes, eram todos
de tons variantes de branco.
Esperando por nós, em pé no lado esquerdo da porta, num lado da sala que continha um
piano enorme e espetacular, estavam os pais de Edward.
Eu vi o Dr. Cullen primeiro, é claro, eu ainda não podia eixar de me chocar com a sua
juventude e perfeição ultrajante. Ao lado dele estava Esme, eu presumi, a única da
família que eu ainda não conhecia. Ela tinha o mesmo rosto pálido, lindo que os outros
tinham. Alguma coisa no formato de coração do seu rosto, seus cachos macios, de uma
cor caramelada, me fez lembrar de filmes épicos. Ela era pequena, mais esbelta, mas
mais angular, mais cheinha que os outros. Eles dois estavam vestidos casualmente, com
roupas claras que combinavam com o interior da casa. Eles deram um sorriso de boas
vindas, mas não fizeram nenhum movimento para se aproximar. Eu imaginei que eles
estavam tentando não me assustar.
“Carlisle, Esme”, a voz de Edward quebrou o curto silêncio. “Esta é Bella”.
“Seja bem vinda, Bella”, os passos de Carlisle eram medidos, cuidadosos enquanto ele
se aproximava. Ele ergueu sua mão tentadoramente. Eu dei um passo á frente para
balançar a mão dele.
“É bom vê-lo de novo, Dr. Cullen”
“Por favor, me chame de Carlisle”.
“Carlisle”, eu sorri pra ele, minha súbita confiança me surpreendeu. Eu podia sentir o
alívio de Edward á meu lado.
Esme sorriu e também deu um passo á frente, vindo na direção da minha mão. O seu
aperto frio e forte foi exatamente como eu esperava.
“É muito bom conhecer você”, ela disse sinceramente.
“Obrigada. É bom conhecer você também”. E era mesmo. Era como conhecer uma fada
de contos- ou Branca de Neve, pela cor.
“Onde estão Alice e Jasper?”, Edward perguntou, mas ninguém respondeu, já que eles
apareceram no topo da escada.
“Ei, Edward”, Alice chamou entusiasmada. Ela correu escada abaixo, uma mistura de
cabelos pretos e pele branca, parando graciosamente na minha frente. Carlisle e Esme
olharam para ela com olhos cheios de avisos, mas eu gostei. Era natural- pra ela, pelo
menos.
“Oi, Bella”, ela disse e se inclinou para me dar um beijo na bochecha. Se Carlisle e
Esme parecia assustados antes, agora eles estavam alarmados. Havia choque nos meus
olhos também, mas eu estava feliz por ela parecer me aceitar tão inteiramente. Eu estava
surpresa por sentir Edward tão rígido ao meu lado. Eu olhei para o rosto dele, mas a sua
expressão não me disse nada.
“Você realmente cheira bem, eu não tinha reparado antes”. Ela comentou, me deixando
totalmente envergonhada.
Ninguém mais parecia saber exatamente o que dizer, e então Jasper estava lá- alto e
leonino. Um sentimento de paz passou pelo meu corpo, e de repente eu estava
totalmente a vontade a despeito de onde eu estava. Edward olhou pra Jasper, levantando
um sobrancelha, e então eu lembrei do que Jasper podia fazer.
“Olá, Bella”, Jasper disse. Ele manteve a distância, sem me oferecer um aperto de mão.
Mas era impossível se sentir mal perto dele.
“Olá, Jasper”, eu respondí timidamente pra ele, e depois para os outros- e vocês têm
uma casa linda”, eu comentei convenientemente.
“Obrigada”, Esme disse. “Estamos muito felizes por você ter vindo”. Ela falou cheia de
sentimento, e então eu percebi que ela estava me achando corajosa.
Eu me dei conta de que Rosalie e Emmett não estavam em lugar algum, então me
lembrei da resposta muito inocente de Edward quando eu perguntei se eles não
gostavam de mim.
A expressão de Carlisle me tirou dessa linha de pensamento, ele estava olhando para
Edward com um expressão intensa. Pelo canto dos meus olhos, eu vi Edward afirmar
com a cabeça uma vez.
Eu virei o olhar, tentando ser educada. Meus olhos foram parar de novo no lindo
instrumento que havia na sala. De repente eu me lembrei da minha fantasia de infância
que, se um dia eu ganhasse na loteria, eu compraria um piano bem grande pra minha
mãe. Ela não era muito boa- ela só tocava pra si mesma no nosso teclado de segunda
mão- mas eu adorava vê-la tocar. Ela ficava feliz, absorvida- nessas horas, ela parecia
ser um ser novo, misterioso pra mim, alguém que não era a mãe que eu conhecia. Ela
tentou me dar aulas, é claro, mas como toda criança, eu reclamei até que ela me deixou
em paz.
Esme notou minha preocupação.
“Você toca?”, ela me perguntou, inclinando a cabeça na direção do piano.
Eu balancei minha cabeça. “Nem um pouco. Mas é lindo. É seu?”
“Não”. Ela riu. “Edward não te contou que é um músico?”
“Não”. Eu olhei para a expressão inocente dele com os olhos revirados. “Mas eu já
devia saber, eu acho”.
_________________________________________________4

Esme ergueu suas sobrancelhas delicadas, confusa.
“Edward consegue fazer tudo, não é?”, eu expliquei.
Jasper riu silenciosamente e Esme deu a Edward uma olhada de reprovação.
“Eu espero que você não tenha ficado se mostrando- é rude”. Ela repreendeu.
“Só um pouquinho”, ele sorriu livremente. O rosto dela se suavizou com o som, e eles
trocaram um olhar que eu não entendi, apesar de Esme ter parecido quase presumida.
“Na verdade, ele foi modesto demais”, eu corrigí.
“Bem, toque pra ela”, Esme encorajou.
“Você acabou de dizer que ficar me mostrando era rude”, ele disse.
“Pra toda regra há uma exceção”, ela replicou.
“Eu gostaria de te ouvir tocar”, eu me ofereci.
“Está resolvido, então”, Esme empurrou ele na direção do piano. Ele me puxou com ele,
fazendo com que eu me sentasse ao seu lado no banco.
Ele me deu um olhar longo, exasperado antes de virar as chaves.
E então seus dedos flutuaram rapidamente nas teclas, e a sala foi ocupada por uma
composição tão complexa, tão luxuriosa, que era difícil acreditar que era tocada apenas
por um par de mãos. Eu senti meu queixo cair, minha boca ficou aberta de pasmo, e eu
ouvi gargalhadas atrás de mim por causa da minha reação.
Edward olhou pra mim casualmente, a melodia ainda soava ao nosso redor sem
intervalos, eu pisquei. “Você gosta?”
“Você compôs isso?”, eu gaguejei, entendendo tudo.
Ele afirmou com a cabeça. “É a favorita de Esme”.
Eu fechei meus olhos, balançando a cabeça.
“Qual é o problema?”
“Eu estou me sentindo extremamente insignificante”.
A música ficou mais devagar, se transformando em outra mais leve, e para a minha
surpresa eu reconheci a melodia da sua canção saindo da profusão das notas.
“Essa é inspirada em você”,ele disse suavemente. A música ficou insuportavelmente
doce.
Eu não conseguia falar.
“Eles gostam de você, sabe”, ele disse convencionalmente. “Especialmente Esme”.
Eu olhei pra trás, a sala enorme estava vazia agora.
“Onde eles foram?”
“Estão tentando nos dar privacidade, eu acho”.
Eu suspirei. “Eles gostam de mim. Mas Rosalie e Emmett...” , eu parei, sem ter certeza
de como expressar minhas dúvidas.
Ele fez uma careta. “Não se preocupe com Rosalie”, ele disse, seus olhos estavam
grandes e persuasivos. “Ela vai aparecer”.
Meus lábios se contorceram ceticamente. “Emmett?”
“Bem, ele acha que eu sou um lunático, e é verdade, mas ele não tem nenhum problema
com você. Ele só está tentando apoiar Rosalie”.
“Porque é que isso aborrece tanto ela?” eu não tinha certeza de que queria saber a
resposta.
Ele deu um suspiro longo. “Rosalie tem mais problemas com... com o que você é. Pra
ela é difícil ter alguém de fora sabendo da verdade. Ela está comum pouco de inveja”.
“Rosalie tem inveja de mim?”, eu perguntei incrédula. Eu imaginei um universo onde a
Rosalie de tirar o fôlego, teria motivos pra ter inveja de mim.
“Você é humana”, ele ergueu os ombros. “Ela também queria ser”.
“Oh”, eu murmurei, ainda aturdida. “Porém, até Jasper”.
“Na verdade aquilo foi culpa minha”, ele disse. “Eu te disse que ele foi o último de nós
a tentar se adaptar ao nosso meio de vida. Eu pedi que ele mantivesse distância.”
Eu pensei na razão pela qual ele faria isso, e tremi.
“Carlisle e Esme?”, eu continuei rapidamente pra não deixar ele reparar.
“Eles estão felizes por me ver feliz. Na verdade, Esme não se importaria se você tivesse
três olhos e pés gigantes. Durante todo esse tempo, ela temeu por mim, achando que eu
estava perdendo algo essencial por conta da transformação, que eu era jovem demais
quando Carlisle me transformou... ela está radiante. Toda vez que eu te toco ela fica
prestes a explodir de alegria”.
“Alice parece muito... entusiasmada”.
“Alice tem a sua própria forma de enxergar as coisas”, ele disse com os lábios
apertados.
“Você não vai me explicar isso, vai?”
Um momento de comunicação sem palavras passou por nós. Ele se deu conta de que eu
sabia que ele estava me escondendo alguma coisa. Eu me dei conta de que ele não ia me
contar nada. Ainda não.
“Então o que Carlisle estava te dizendo mais cedo?”
Suas sobrancelhas se juntaram. “Você percebeu, não foi”.
Eu levantei os ombros. “É claro”.
Ele me olhou pensativo por alguns segundos antes de responder. “Ele queria me contar
uma novidade- ele não sabia se era algo que ele devia compartilhar com você”.
“Você vai?”
“Eu tenho, porque eu vou ficar um pouco... insuportavelmente super protetor nos
próximos dias - ou semanas - e eu não quero que você pense que eu sou naturalmente
insuportável”.
“O que há de errado?”
“Nada errado, necessariamente. Alice viu alguns visitantes se aproximando. Eles sabem
que estamos aqui, e estão curiosos”.
“Visitantes?”
“Sim, bem...eles não são como nós, é claro- nos seus hábitos alimentares, eu quero
dizer. Eles provavelmente nem vão aparecer na cidade, mas eu certamente não vou tirar
os olhos de você de jeito nenhum, até que eles tenham ido embora”.
Eu me arrepiei.
“Finalmente uma resposta racional!”, ele murmurou. “Eu já estava começando a
acreditar que você não tinha o menor senso de auto-preservação”.
Eu deixei essa passar, olhando ao redor, meus olhos admirando de novo a sala espaçosa.
Ele seguiu meu olhar. “Não é o que você esperava, não é?”, ele perguntou com uma voz
presumida.
“Não”, eu admiti.
“Sem caixões, sem caveiras empilhadas nos cantos; eu nem acho que temos teias de
aranha... que decepção isso deve ser pra você”. Ele continuou zombando.
Eu ignorei suas brincadeiras. “É tão clara... tão aberta”.
Ele estava mais sério quando respondeu. “É o único lugar onde não precisamos nos
esconder”.
A música que ele ainda estava tocando, a minha música, foi chagando ao fim, as notas
finais mudando para um tom mais melódico. A última nota ecoou no silêncio.
“Obrigada”, eu murmurei. Eu me dei conte de que estava com lágrimas nos olhos. Eu
enxuguei elas, envergonhada.
Ele tocou o canto dos meus olhos, enxugando uma que eu havia deixado escapar. Ele
levantou o dedo, analisando significantemente a umidade da gota. Então, tão
rapidamente que eu mal pude reparar, ele colocou o dedo na boca para experimentá-la.
Eu olhei pra ele questionadoramente, e ele olhou pra mim por um momento até que ele
finalmente sorriu.
“Você quer ver o resto da casa?”
“Não tem caixões?”, eu verifiquei, o sarcasmo na minha voz estava escondendo a
verdadeira ansiedade que eu sentia.
Ele sorriu, pegando minha mão, me levando pra longe do piano.
“Sem caixões”, ele prometeu.
Nós subimos a enorme escadaria, minha mão passando pela superfície delicada do
corrimão. O longo corredor que se seguia ás escadas era revestido com uma madeira cor
de mel, a mesma das madeiras do chão.
“O quarto de Rosalie e Emmett... o escritório de Carlisle... o quarto de Alice”, ele fazia
gestos enquanto passávamos pelas portas.
Nós teríamos continuado, mas eu parei no fim do corredor, olhando incrédula para o
ornamento pendurado na parede acima da minha cabeça. Edward deu uma gargalhada
por causa da minha expressão.
“Você pode sorrir”, ele disse. “É mesmo um pouco irônico”.
Eu não ri, minha mão levantou automaticamente com um dedo erguido para tocar a
grande cruz de madeira. A sua madeira escura contrastava com o tom claro das paredes.
Eu não toquei, apesar de estar muito curiosa pra saber se ela era tão suave ao toque
quanto parecia ser aos olhos.
“Deve ser muito antiga”, eu advinhei.
Ele ergueu os ombros. “Do início da década de 1630, mais ou menos”.
Eu desviei o olhar da cruz pra olhar pra ele.
“Porque vocês mantêm isso aqui?”, eu perguntei.
“Nostalgia. Pertenceu ao pai de Carlisle”.
“Ele colecionava antiguidades?”, eu perguntei em dúvida.
“Não. Ele mesmo a fez. Costumava ficar na parede sobre o altar da sacristia onde ele
pregava”.
Eu não tinha certeza se o meu rosto demonstrava o meu choque, mas só na duvida, eu
me virei para olhar para a velha cruz novamente. Eu fiz as contas rapidamente na
cabeça; a cruz já tinha mais de trezentos e setenta anos de idade. O silêncio perdurou
enquanto eu lutava pra entender o conceito de todos esses anos.
“Você está bem?”, ele parecia preocupado.
“Quantos anos Carlisle tem?”, eu perguntei baixinho, ignorando sua pergunta, ainda
olhando pra cima.
“Ele acabou de celebrar seu aniversário de trezentos e sessenta e dois anos”, Edward
disse. Eu olhei pra ele, um milhão de perguntas estavam nos meus olhos.
Ele me olhava cuidadosamente enquanto falava.
“Carlisle nasceu na Inglaterra, na década de 1640, ele acha. Naquela época o tempo não
era tão contado quanto hoje, pelos menos não para as pessoas comuns. No entanto, foi
logo antes da lei de Cromwell”.
Eu mantive meu rosto composto, consciente de que ele estava me estudando enquanto
eu ouvia. Era mais fácil se eu tentasse não acreditar no que ouvia.
“Ele era filho de um pastor Anglicano. A mãe dele morreu no parto. Seu pai era um
homem intolerante. Quando os protestantes chegaram ao poder,ele foi a favor da
perseguição dos católicos romanos e de outras religiões. Ele também acreditava muito
fortemente no poder do mal. Ele comandou caçadas por bruxas, lobisomens... e
vampiros.”,. eu fiquei muito rígida quando ouvi a palavra. Eu tenho certeza de que ele
reparou, mas ele continuou sem parar.
“Eles queimaram muitas pessoas inocentes- é claro que as criaturas que eles estavam
procurando não eram tão fáceis de pegar.
“Quando o pastor ficou velho, ele ordenou que seu filho obediente ficasse em seu lugar.
No começo, Carlisle foi uma decepção; ele não via ninguém pra acusar tão rapidamente,
não via demônios que não existiam. Mas ele era insistente e mais inteligente que o seu
pai. Ele realmente descobriu um covil de vampiros de verdade que viviam se
escondendo nos esgotos da cidade, só saindo durante a noite, pra caçar. Naqueles
tempos, quando essas criaturas não eram só lendas e mitos, era assim que eles viviam.
“As pessoas pegaram suas tochas e lanças, é claro”- seu breve sorriso estava sombrio
agora- “e esperaram onde Carlisle havia visto um deles saindo para a rua. Finalmente,
um deles saiu”. Sua voz estava muito baixa; eu tive que dar duro pra ouvir.
“Ele devia ser muito velho, e fraco com fome. Carlisle ouviu ele chamando os outros
em Latin quando sentiu o cheiro das pessoas. Ele correu pelas ruas, e Carlisle -que tinha
vinte e dois anos e era muito rápido - estava liderando a perseguição. A criatura poderia
facilmente despistá-los, mas Carlisle acha que ele estava com muita fome, então ele se
virou e atacou. Ele pulou em Carlisle primeiro,mas os outros estavam logo atrás, e ele
virou pra se defender. Ele matou outros dois homens, se alimetou de um terceiro e
deixou Carlisle sangrando na rua” .
Ele parou. Eu podia ver que ele estava tentando esconder alguma parte da história,
escondendo alguma coisa de mim.
“Carlisle sabia o que seu pai ia fazer. Os corpos seriam queimados- tudo que haviam
sido infectado pelo monstro tinha que ser destruído. Carlisle agiu instintivamente pra
salvar sua vida. ele saiu da rua rastejando enquanto o resto do bando corria atrás do
demônio. Ele se escondeu numa plantação, se escondendo numa colheita de batatas por
três dias. Foi um milagre que ele tenha conseguido se manter em silêncio, permanecer
em segredo sem ser descoberto.
“Então tudo acabou e ele descobriu no que havia se transformado”.
Eu não tenho certeza do que a minha expressão estava dizendo, mas de repente ele
parou.
“Como você está se sentindo?”, ele perguntou.
“Eu estou bem”, eu assegurei. E de repente eu mordí meu lábio com hesitação, ele deve
ter visto a curiosidade queimando nos meus olhos.
Ele sorriu. “Eu espero que você tenha mais perguntas pra mim”.
“ Algumas”.
Seu sorriso cresceu mostrando seus dentes brilhantes. Ele começou a andar pelo
corredor, me puxando pela mão. “Venha, então”, ele me encorajou. “Eu vou te
mostrar”.
16. CARLISLE
Ele me conduziu para um quarto, que ele disse ser o escritório de Carlisle. Ele parou no
exterior da porta por um instante.
“Entrem”. A voz de Carlisle convidou.
Edward abriu a porta para um grande quarto, alto na parte ocidental das janelas. As
paredes, as portas... Eram de uma madeira escura, onde nelas eram visíveis. Na parte de
cima das paredes tinha muitos livros, mais livros do que já tinha visto fora de uma
biblioteca.
Carlisle sentou-se atrás de uma enorme mesa de mogno, numa cadeira de couro.
Ele estava colocando um marcador de livro, numa pagina de um grosso volume que ele
segurava.
O quarto era como eu sempre imaginei para um pequeno colégio. Carlisle tinha
aparência muito jovem para se adaptar a região.
“O que eu posso fazer por vocês?” Ele nos perguntou agradavelmente, sobre o seu
acento.
“Eu queria mostrar a Bella a nossa história” Edward disse. ”Bem, sua historia na
realidade”.
“Nos não pensamos que isso iria perturbar você”. Eu me desculpei.
“Nenhum problema com isso. Quando você quer começar?”
“Do carro” Edward respondeu, colocando sua mão levemente sobre o meu ombro, o que
me fez olhar na direção da porta, quando nos estávamos entrando.
Cada vez que ele me tocava, parecia sempre muito casual, meu coração estava tendo
uma audível reação.Eu estava muito envergonhada por Carlisle esta lá.
A parede que vimos agora, era diferente das outras, no lugar de livros, ela estava cheia
de pinturas, de todos os tamanhos, algumas com cores vibrantes outras escuras. Eu
procurei alguma lógica, algum motivo para o que essas coleções tinham em comum,
mas eu não encontrei nada no meu rápido exame.
Edward me puxou para a direção oposta, eu estava de pé, de frente pra um pequeno
quadro pintado oleio, com a borda feita de uma madeira plana, ele não estava fora do
grande centro e brilhava; estava pintado em vários tons, ele descrevia a miniatura de
uma cheia cidade, com um abismo oculto no telhado de uma casa, com espirais no topo,
com algumas torres com espelhos, com um longo rio enchendo o fundo com uma ponte
o atravessando e pequenas catedrais.
“Londres nos anos cinqüenta” Edward disse.
“A Londres da minha juventude” Carlisle acrescentou, alguns pés atrás de nos.
Eu recuei, não tinha escutado ele chegar. Edward apertou minha mão.
“Você quer contar a história?” Edward perguntou. Eu me retorci ao ver a reação de
Carlisle. Ele sorriu “Eu gostaria” ele replicou “Mas eu estou atrasado. O Hospital
informou esta manhã que o Dr.Snow esta doente hoje, Além disso, você sabe essas
historias melhor do que eu” Ele adicionou sorrindo para Edward agora.
Era uma combinação estranha de absorver. Vê o doutor de manhã cedo nas discussões
da Londres dos anos setenta.
Estava desconcertado sei disso, ele falou em voz alta para o meu beneficio. Depois disso
ele me deu um sorriso caloroso, depois nos deixou na sala.
Eu fixei os olhos numa pequena pintura de Carlisle em casa, por um logo momento.
“O que aconteceu com eles?” Eu finalmente perguntei, mirando Edward, quem estava
me assistindo.
“Quem o converteu? O que tinha acontecido com ele?”
Ele se voltou para as pinturas e eu olhei para ele tentando vê o que prendia a sua atenção
agora
Tinha uma grande paisagem, com uma floresta sombreada, com um espantoso pico
distante.
“Quando ele soube em que tinha se transformado” Edward disse quietamente.
“Ele se revoltou contra isso. Tentou se destruir, mas não é fácil fazer isso”.
“Como?” Eu não sabia o que disser em voz alta, mas as palavras quebraram-se com o
meu choque.
“Ele pulou de grandes alturas” Edward contou-me, sua voz estava indiferente.
“Ele tentou afogar-se no oceano..., mas era muito jovem na sua nova vida e era muito
forte, ele tentou resistir... a alimentação... Na época que estava novo, o extinto era maior
e o pegou novamente, mas ele estava se repelindo, tinha força e resistência para se
matar de fome”.
“Isso é possível?” Minha voz falhou.
“Não, há outros caminhos para nos matar”.
Minha boca abriu com a pergunta, mas ele falou antes que pudesse.
“Então ele ficou com fome e eventualmente fraco. Ele ficou longe da população
humana, descobriu que estava enfraquecendo, também. Por alguns meses ele andou pela
noite, buscando lugares vazios, entediando-se. A sua sede selvagem aumentou, ele
torturava-se só em pensar. Sua força voltou e ele realizou e lá estava uma alternativa
para a sua existência de um desprezível monstro, ele aterrorizou-se. Ele não podia
comer carne na sua nova vida, novamente no outro mês ele criou uma nova filosofia,
estava renascendo. Ele podia viver sem a existência de um demônio. Ele encontrou-se
de novo”.
“Ele começou a fazer melhor uso do seu tempo. Estava virando um gênio, estava
ansioso por estudar mais. Agora ele tinha tempo ilimitado, estudava durante a noite e
fazendo planos durante o dia, ele nadou na França”.
“Ele nadou na França?”
“Pessoas nadam em canais todo o tempo, Bella” Ele disse-me meio doentio.
“Isso é verdade” Eu me redimir, o que saiu com um som meio engraçado.
“Nadar é fácil para nos”
“Tudo é fácil para você” Eu disse.
Sua expressão ficou divertida.
“Eu prometo que não vou interromper de novo”
Ele sorriu obscuramente e terminou sua frase. “Por causa do técnico ele não precisou de
fôlego”
“Você...”
“Não, não você prometeu” Ele gargalhou, colocando o seu dedo gelado sobre os meus
lábios. “Você vai escutar a historia ou não?”
“Você não espera que eu não diga nada” Eu murmurei contra o seu dedo.
Ele levantou a mão e colocou na minha nuca, o meu coração bateu mais rápido por
causa disso, mas eu continuei.
“Você não precisa respirar?” Eu reclamei.
“Não, isso não é necessário, só um habito”. Ele disse.
“Quanto tempo você pode ficar sem respirar?”
“Por tempo indefinido, eu suponho, eu não sei me sinto um pouco desconfortável sem
respirar”.
“Se sente desconfortável” Eu repetir.
Eu não reparei na sua expressão, mas algo a fez ficar sombria.
Ele colocou suas mãos do seu lado, ele ficou estável, seus olhos se intensificaram sobre
o meu rosto, o silêncio se prolongou, seu rosto estava imóvel como uma pedra.
“O que é isso?” Eu murmurei tocando no seu rosto gelado.
Seu rosto suavizou de baixo da minha mão e ele suspirou.
“Eu esperei para isso acontecer”
“Por o que acontecer?”
“Eu sabia que em algum ponto, algo mim o diz ou algo que você vê está indo ser
demasiado, E então você ficara afastado de mim, como você vai”. Ele estava com um
meio sorriso, mas os seus olhos estavam sérios. “Eu não vou impedir você, quero que
você esteja a salvo e quero estar com você, dois desejos impossíveis de se conciliar”.
Ele olhou para o meu rosto, eu esperei.
“Eu não correrei de lugar nenhum”. Eu permitir.
“Nós vamos ver”. Ele disse sorrindo de novo.
Eu franzir minhas sobrancelhas para ele “Então, vamos continuar. Carlisle estava
nadando na França” Ele pausou, voltando para a sua história.
Ele refletiu, olhando para outra pintura muito colori, com uma moldura muito embeleza
e larga, ele tinha duas vezes o tamanho da porta que estava pendurado ao lado, A lona
transbordou com figuras brilhantes nas vestes rodando, escritas em torno das longas
colunas e fora da galeria de mármore. Eu não sabia se representava à mitologia grega ou
se os caracteres que flutuam nas nuvens acima tivessem um significado bíblico.
“Carlisle nadou na França e depois continuou por toda a Europa, em algumas
universidades de lá, à noite ele estudava musica, ciências e medicina, e encontrou sua
permanência lá, salvando vidas humanas”.
Sua expressão voltou a ser receosa quase reverente.
“Eu não poderia descrever adequadamente o sofrimento de Carlisle durante esses dois
séculos, o seu perfeito autocontrole. Agora ele é imune ao cheiro do sangue humano e
agora ele pode trabalhar com amor sem agonia, ele encontrou uma grande tranqüilidade
lá no hospital” Edward olhou fixamente para fora por um momento longo.
Repentinamente ele pareceu se lembra da sua finalidade. Ele deu uma pancada com o
dedo sobre a pintura na nossa frente.
“Ele estava estudando na Itália, quando descobriu outros lá. Eles eram mais educados e
civilizados do que os dos bueiros de Londres”
Ele Tocou em um quarteto comparativamente calmo das figuras pintadas no balcão o
mais elevado, olhando para baixo calmamente para baixo deles. Eu examinei o grupo
cuidadosamente, eu me espantei quando reconheci o sorriso do homem de cabelo
dourado.
“Esse homem foi uma grande inspiração para Carlisle, ele era seu amigo” Edward riu
por entre os dentes.
“Aro, Marcus, Caius” Ele disse indicando três outros homens de cabelo preto. “Noite do
patrono a arte”.
“O que aconteceu com eles?” Eu milagrosamente falei em voz alta, meu dedo estava
alguns centímetros da pintura.
“Eles ficaram todos lá” Ele encolheu os ombros “Porque foram para quem sabe quantas
oficinas, Carlisle ficou com eles por um pouco tempo, só algumas décadas. Ele tinha
grande admiração para os seus modos civilizados, refinados, mas eles persistiram em
cura sua aversão por sua “Comida natural” Eles disseram que tentaram persuadir ele, e
ele tentou persuadi-los, mas não valeu a pena. A partir daí Carlisle decidiu tentar um
novo mundo. Ele sonhava em encontrar outros como ele, ele era muito sozinho, você
entende. Ele não encontrou ninguém por um logo tempo, mas como monstros se tornam
fadas dos dentes. Ele encontrou, podia usar os humanos como intermédio, se fosse
apenas um, Ele começou a exercer a medicina, mas alguns evitavam sua companhia, ele
não podia por em risco a sua familiaridade.
“Quando a epidemia se alastrou, ele estava trabalhando a noite num hospital em
Chicago, ele tinha uma idéia girando em sua mente por diversos anos, e tinha se
decidido quase agir, desde que não poderia encontrar um companheiro, criaria um. Ele
não estava absolutamente certo de como a transformação ocorreria então ele hesitou, ele
estava sentindo-se receoso por tirar a vida de alguém, pois a sua tinha sido roubada, Ele
tinha esse pensamento quando me encontrou. Ele me ajudou, eu estava no meu leito de
morte, ele cuidou dos meus pais e sabia que eu estava sozinho, ele decidiu tentar...” Sua
voz estava um murmúrio agora, ele olhou fixamente através das janelas ocidentais. Eu
me maravilhei com as pinturas, As memórias de Carlisle estavam em todo lugar. Eu
esperei quieta.
Quando ele se virou para mim estava com um sorriso angelical em seu rosto.
“Você deve estar cansada de tantas voltas” Ele concluiu.
“Você sempre esteve com Carlisle depois disso?” Eu disse.
“Quase sempre” Ele colocou sua mão levemente sobre a minha cintura e me puxou para
ele. Ele me levou através da porta e estávamos de volta à parede com a pintura. Eu me
sentir honrada em poder ouvir outras historias. Edward não disse nada enquanto nos
voltávamos para o hall, então eu perguntei. “Quase?”
Ele suspirou, pareceu relutar em responder “Bem, eu tive um pouco de rebelião
adolescente, dez anos depois que eu... nasci... criado, o que quer que você queira o
chamar. Eu mostrei para ele o meu apetite, Assim eu fui atrás da minha própria vida”.
“Sério?” Eu estava intrigada ao invés de assustada, talvez eu devesse estar. Ele
percebeu, eu fiquei onde nos estávamos com a cabeça para cima, olhando para os
degraus, mas eu não dei muita importância as circunstâncias.
“Você não vai me repeli?”
“Não”
“Por que não?”
“Eu cogitei isso razoavelmente” Ele gargalhou mais alto do que antes. Nós estávamos
no topo da escada agora, em outro caminho do hall.
“Dês do tempo do meu novo aniversario” Ele murmurou “Eu tinha vantagem sabia o
que cada um ao redor de mim estava pensado, ambos humanos e não humanos, isso é
porque os meus exames desafiaram Carlisle por dez anos. Eu podia ler sua perfeita
sinceridade, eu entendia por a vida tinha colocado ele no meu caminho.Ele fez exames
somente de alguns anos ao retorno a Carlisle e comprometeu a sua visão.Eu pensei que
talvez fosse depressão, porque eu sei os pensamentos das minhas presas, poderia me
fazer de inocente e persuadir só o mal, Se eu seguir como um assassino que se aproveita
uma menina nova.Se eu salvasse ela não seria tão terrível”. Eu imaginei com clareza o
que ele descreveu - Num beco a noite uma garota assustada, com um homem mal atrás
dela. Edward, Edward caçou esse terrível e glorioso homem como um bom garoto.
Grata a ela era ou estava mais assustada do que antes?
“Mas quando isso passou, eu voltei a ver o monstro em meus olhos, eu não podia
escapar do debito que tinha com a vida humana, apesar de não ser uma boa justificativa.
Então eu voltei para Carlisle e Esme, eles me receberam de volta, como dizem, isso é
mais do que eu pude descrever”.
Nós paramos na frete da última porta do saguão.
“Meu quarto” Ele informou, abrindo-o e me puxando para dentro.
Seu quarto tinha na parte sul, uma janela parede-feita sob medida pra um grande quarto.
Ele tinha como toda a casa muitos vidros, a paisagem era para baixo, evitando o sol que
refletia no rio, atrás tinha a intacta floresta e a extensão da Olympic Mountain, as
montanhas estavam fechada há muito tempo. Na parede oeste tinha pôster e mais pôster
de CDs, o seu quarto era melhor que uma loja de CD, em um canto tinha um sofisticado
microsystem, do tipo que eu não tocaria porque claro que iria quebrar algo. Não havia
cama somente um sofá de couro preto. O chão era coberto por um grande tapete
dourado, as paredes eram escuras.
“Bom acústico?” Eu supus.
Ele riu e apontou, ele pegou o controle remoto e ligou o estéreo. Estava quieto, mais
agora o som do soft jazz estava conosco no quarto. Eu fui olhar a sua coleção de
musica.
“Como você organizou isso?” Eu perguntei incapaz de encontrar reação para isso.
Ele não estava prestando atenção,
“Hum por um ano, é pela preferência pessoal”. Ele disse distraidamente.
Eu virei ele estava me olhando com uma expressão peculiar em seus olhos.
“O que?”
“Eu fui preparado para sentir... alivio. Sabendo sobre tudo, não necessitando manter
segredos de você, mas eu não podia esperar sentir mais do que isso. Eu gosto disso faz
eu me sentir... feliz” Ele sugeriu timidamente.
“Eu estou satisfeita” Eu disse sorrindo de volta, eu me preocupei de pôde lamentar em
dizer estas coisas, era bom saber que não era o acaso, mas então, porque seus olhos
dissecaram a minha expressão, seu sorriso murchou e sua testa enrugou.
“Você está esperando para corre e gritar, não esta?” Eu supus.
“Um sorriso fraco apareceu em seus lábios e ele assentiu, Eu odeio estourar sua bolha,
mas você não é realmente não cicatriza como você pensa, eu não o encontro cicatriz em
tudo” Eu mentir casualmente.
Ele parou levantando e sua sobrancelha provavelmente incrédulo, então um sorriso
brilhoso, largo e perverso apareceu.
“Você realmente não devia ter
“Você realmente não devia ter dito isso” Ele sorriu.
Um som baixo na parte de trás da sua garganta; seus lábios ondularam para trás sobre
seus dentes perfeitos. Seu corpo deslocou de repente, metade do seu corpo abaixou-se,
enrijecido como um leão próximo de uma presa.
Eu suportei me afastado dele.
"Você não deseja."
Eu não o vi saltar em mim, ele foi muito rápido, eu me encontrei repentinamente se ar,
nós nos chocamos contra o sofá, batemos na parede e seus braços formaram uma
proteção ao redor de mim, eu estava me sentido claramente empurrada, mas estava
fazendo um esforço para me sentir bem. O que ele tinha, ondulando-me em uma esfera
de encontro a sua caixa, prendendo-me mais firmemente do que correntes do ferro. Eu
estava satisfeita por ele está alarmado, mas ele parecia bem controlado, seu maxilar
relaxou, ele sorriu, seus olhos brilharam com humor.
“Você estava dizendo?” Ele disse travesso.
“Que você é muito, muito terrivelmente monstruoso”. Eu disse com sarcasmo
perturbando a minha voz.
“Muito melhor” Ele aprovou.
“Hum” Eu sugeri. “Você pode sair de cima agora?”
Ele só gargalhou.
“Nós podemos ir?” Uma voz macia chamou do Hall.
Lutei para me liberta, mas Edward apenas me reajustou, então eu estava
convencionalmente sentada no seu colo, eu pude ver Alice e Jasper atrás dela na porta.
Minhas bochechas queimaram, mas Edward sorriu sossegado.
“Vão na frente”.Edward estava mais quieto.
Alice pareceu não achar nada de incomum no nosso abraço, ela caminhou – quase
dançando, seus passos eram tão graciosos – para o meio do quarto, onde ela se curvou
sinuosamente para o chão. Jasper, porém, parou na porta, sua expressão nada chocada.
Ele encarou o rosto de Edward, e eu desejei saber se ele estava provando a atmosfera
com sua sensibilidade incomum.
- Parecia que você estava tendo Bella para o almoço, e viemos ver se você a dividiria. –
Alice anunciou.
Eu endureci por um momento, até que percebi que Edward estava sorrindo – se por
causa do comentário dela ou da minha resposta, eu não poderia dizer.
- Desculpe, não acredito que tenha o suficiente para desperdiçar. – ele replicou, seus
braços me segurando imprudentemente apertado.
- De fato. – Jasper disse, sorrindo para si mesmo enquanto caminhava para dentro do
quarto. – Alice disse que esta noite terá uma verdadeira tempestade, e Emmett quer
jogar bola. Você está no jogo?
As palavras eram bem comuns, mas o contexto me confundiu.
Eu presumi que Alice era um pouco mais confiável que o meteorologista, entretanto.
Os olhos de Edward brilharam, mas ele hesitou.
- É claro que você deveria trazer Bella. – Alice gorjeou. Eu pensei ter visto Jasper lançar
um olhar rápido a ela.
- Você quer ir? – Edward me perguntou, excitado, sua expressão vívida.
- Claro. – Eu não poderia desapontar tal rosto. – Hmm, onde estamos indo?
- Temos que esperar o raio para jogar a bola, você verá por que. – ele prometeu.
- Vou precisar de um guarda-chuva?
Todos três riram em voz alta.
- Ela vai? – Jasper perguntou a Alice.
- Não. – ela estava certa. – A tempestade atingirá acima da cidade. Deve estar bem seco
na clareira.
- Ótimo, então. – O entusiasmo na voz de Jasper estava pegando, naturalmente. Eu me
encontrava ansiosa, ao invés de assustada.
"Vamos ver se Carlisle quer ir". Alice se levantou e caminhou até a porta com um estilo
que quebraria o coração de qualquer bailarina.
"Como se você não soubesse", Jasper zombou, e os dois seguiram rapidamente o seu
caminho. Jasper conseguiu fechar a porta inconspicuosamente atrás dele.
"O que vamos jogar?", eu perguntei.
" você vai assistir", Edward esclareceu. "Nós vamos jogar baseball".
Eu revirei meus olhos. "Vampiros gostam de baseball?"
"É o passatempo Americano", ele disse zombando mas solenemente.
17. O Jogo
Estava apenas começando a chuviscar quando Edward virou na rua. Até esse momento,
eu não tinha dúvidas de que Edward ficaria comigo enquanto eu passava algumas horas
no mundo real.
Foi aí que eu vi o carro preto, um Ford velho, parado na entrada de Charlie- e eu ouvi
Edward murmurar algo impossível de ouvir numa voz baixa, áspera.
Tentando ficar fora da chuva no pequeno portal de entrada, estava Jacob Black, atrás da
cadeira de rodas do seu pai. O rosto de Billy estava impassível enquanto Edward
estacionava a caminhonete no meio fio. Jacob olhou pra baixo, seu rosto estava
mortificado.
A voz baixa de Edward estava furiosa. “Isso já foi longe demais”.
“Será que ele veio dizer alguma coisa pra Charlie?”, eu adivinhei, mais horrorizada do
que com raiva.
Edward só afirmou com a cabeça, ele respondia ao olhar de Billy com olhos estreitos.
Eu me senti fraca de alívio por Charlie ainda não estar em casa.
“Me deixe cuidar disso”, eu sugeri. O olhar negro de Edward me deixou ansiosa.
Para minha surpresa, ele concordou. “Isso provavelmente é o melhor. Contudo, tome
cuidado. A criança não sabe de nada”.
Eu me senti um pouco estranha pela palavra criança. “Jacob não é muito mais novo que
eu”, eu lembrei ele.
Ele olhou pra mim, sua raiva estava sumindo abruptamente. “Oh, eu sei”. Ele me
assegurou com um sorriso.
Eu suspirei e coloquei minha mão na maçaneta da porta.
“Leve eles pra dentro”, ele instruiu. “Pra que eu possa ir embora. Eu estarei de volta ao
entardecer”.
“Você quer levar minha caminhonete?”, eu ofereci enquanto pensava numa desculpa pra
Charlie pra explicar a abstinência dela.
Ele revirou os olhos. “Eu poderia ir pra casa andando e chagar mais rápido do que com
essa caminhonete”.
“Você não tem que ir embora”, eu disse tristonha.
Ele sorriu da minha expressão. “Na verdade, tenho sim.Assim que você se livrar deles”-
ele me jogou um olhar obscuro - “Você ainda tem que preparar Charlie pra conhecer seu
novo namorado”. Ele sorriu abertamente, mostrando todos os dentes.
Eu gemi. “Muito obrigada”
Ele deu aquele riso torto que eu adorava. “Eu vou voltar logo”, ele prometeu. Seus
olhos deram uma olhadinha para o portal de entrada, e então ele se inclinou suavemente
e beijou a minha mandíbula. Meu coração começou a bater freneticamente, e eu,
também, olhei em direção á porta. O olhar de Billy não estava mais impassível, e suas
mãos estavam apertando os descansos de braço da sua cadeira.
“Logo”, eu me estressei enquanto abria a porta e saia do carro.
Eu podia sentir os olhos dele nas minhas costas enquanto eu dava uma corridinha nos
fracos raios de luz até a varanda.
“Oi, Billy. Ei, Jacob”. Eu saudei eles da forma mais alegre que consegui.
“Charlie foi passar o dia fora- eu espero que vocês não estejam esperando há muito
tempo.
“Não muito”, Billy disse num tom subjulgado. Seus olhos pretos eram penetrantes. “Eu
só queria trazer isso”. Ele indicou um saco de papel marrom que estava no colo dele.
“Obrigada”, eu disse, apesar de não ter idéia do que pudesse ser. “Porque vocês não
entram por um minuto pra se secarem?”
Eu fingi não perceber que ele estava me estudando intensamente enquanto eu abria a
porta, e acenava pra que eles entrassem na minha frente.
“Aqui, me deixe pegar isso”, eu me ofereci, fechando a porta. Eu me permiti dar uma
última olhada para Edward. Ele estava esperando, perfeitamente rígido, seus olhos
estavam solenes.
“Você vai querer colocar isso na geladeira”, Billy disse enquanto me entregava o
pacote.
“É um dos peixes fritos do Criadouro do Harry- é o favorito de Charlie. A geladeira
mantém ele mais seco”. Ele levantou os ombros.
“Obrigada”, eu repeti,mas dessa vez falando sério. “Eu já estava ficando sem variedades
pra cozinhar peixe, e é capaz dele trazer mais hoje”.
“Pescando de novo?”, um brilho súbito apareceu nos olhos de Billy. “No lugar de
sempre? Talvez eu vá até lá pra ver ele”.
“Não”, eu menti rapidamente, meu rosto estava ficando duro. “Ele foi á algum lugar
novo... mas eu não tenho idéia de onde é”.
Ele notou a mudança na minha expressão, isso deixou ele pensativo.
“Jake”, ele disse ainda me analisando. “Porque você não vai pegar a foto nova de
Rebecca no carro? Eu vou deixar aqui pra Charlie também.”
“Onde está?”, Jacob perguntou, sua voz sombria. Eu olhei pra ele,mas ele estava
olhando para o chão, suas sobrancelhas estavam juntas.
“Eu acho que vi na mala”, Billy disse. “Talvez você tenha que procurar um pouco”
Jacob saiu na chuva.
Billy e eu encaramos um ao outro em silêncio. Depois de alguns segundos, o silêncio
começou a ficar incômodo, então eu me virei e fui para a cozinha. Eu podia ouvir o
barulho que suas rodas faziam no chão enquanto ele me seguia.
Eu coloquei o pacote na prateleira lotada da geladeira, e me virei pra confrontá-lo. Seu
rosto cheio de linhas profundas estava ilegível.
“Charlie vai demorar muito pra voltar”. Minha voz era quase rude.
Ele afirmou de novo com a cabeça, mas não disse nada.
“Obrigada de novo pelo peixe frito”, eu repeti.
Ele continuou balançando a cabeça. eu dei um suspiro e cruzei meus braços no peito.
Ele pareceu pressentir que eu havia dado um fim á pequena conversa. “Bella”, ele
começou, mas então hesitou.
Eu esperei.
“Bella”, ele disse de novo. “Charlie é um dos meus melhores amigos”
“Sim”.
Ele falou cada palavra cuidadosamente com sua voz estrondosa. “Eu reparei que você
tem passado algum tempo com um dos Cullen”.
“Sim”, eu repeti curtamente.
Seus olhos se estreitaram. “Talvez não seja da minha conta, mas eu não acho que essa
seja uma idéia muito boa”.
“Você tem razão”, eu concordei. “Não é da sua conta”.
Ele ergueu uma das sobrancelhas cinzentas com o meu tom. “Provavelmente você não
sabe disso, mas os Cullen têm uma má reputação lá na aldeia”.
“Na verdade, eu sabia disso”, eu informei com uma voz dura. Isso surpreendeu ele.
“Mas a reputação não pode ser merecida, não é? Porque os Cullen nunca puseram o pé
na sua aldeia, puseram?” eu podia ver que a minha súbita lembrança do acordo que eles
fizeram pegou ele de surpresa.
“Isso é verdade”, ele disse, seus olhos cuidadosos. “Você parece... bem informada sobre
os Cullen. Mais informada do que eu esperava.”
Eu encarei ele. “Talvez até mais bem informada do que você”.
Ele torceu seus lábios finos enquanto considerava isso. “Pode ser”, ele concordou, mas
seus olhos eram astutos. “Será que Charlie está assim tão bem informado?”
Ele encontrou o elo fraco da minha corrente.
“Charlie gosta muito dos Cullen”, eu fugi. Ele claramente entendeu minha evasão.
Sua expressão estava insatisfeita, mas não estava surpresa.
“Não é da minha conta”, ele disse. “Mas pode ser da de Charlie”.
“De novo, isso é da minha conta, saber se é da conta de Charlie ou não, não é?”
Eu fiquei me perguntando se ele teria compreendido a minha pergunta confusa enquanto
eu lutava pra não dizer mais nada comprometedor. Mas ele pareceu compreender. Ele
pensou nisso por um momento, enquanto a chuva que batia no telhado era o único
barulho que quebrava o silêncio.
“Sim”, ele finalmente disse. “Eu acho que isso é da sua conta, também”.
Eu suspirei aliviada. “Obrigada, Billy”.
“Só pense no que você está fazendo , Bella”, ele implorou.
“Tudo bem”, eu concordei rapidamente.
Ele fez uma carranca. “O que eu quis dizer foi, não faça o que você está fazendo”.
Eu olhei nos seus olhos, que estavam cheio de preocupação comigo, e não havia nada
que eu pudesse dizer.
E então a porta bateu com força, me fazendo pular com o som.
“Não tem foto nenhuma no carro”. O tom de reclamação de Jacob nos alcançou antes
dele. Os ombros da camisa dele estava molhado, seu cabelo estava pingando quando ele
entrou na cozinha.
“Hmm”, Billy grunhiu, ficando imparcial de repente, virando a sua cadeira de rodas
para olhar para o filho. “Eu acho que deixei em casa”.
Jacob rolou os olhos dramaticamente. “Ótimo”.
“Bem, Bella, diga a Charlie” - ele parou antes de continuar- “que nó vinhemos, quer
dizer”.
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“Eu digo”, eu murmurei.
Jacob pareceu surpreso. “Nós já vamos?”
“Charlie vai ficar fora até tarde”, ele explicou enquanto passava na frente do filho.
“Oh”, Jacob pareceu desapontado. “Então, eu acho que a gente se vê depois, Bella”.
“Claro”, eu concordei.
“Se cuide”, Billy me avisou. Eu não respondí.
Jacob ajudou seu pai a passar pela porta. Eu acenei brevemente, dando uma olhadinha
para a minha caminhonete agora vazia, e então fechei a porta antes deles irem embora.
Eu fiquei no corredor um tempinho, ouvindo o som do carro deles dar a ré e ir embora.
Eu fiquei onde estava, esperando que a irritação e a ansiedade desaparecessem. Quando
a tensão diminuiu um pouco, eu subi e fui trocar de roupa. Eu experimentei duas blusas
diferentes, sem ter certeza do que esperar para essa noite, o que acabou de acontecer
havia se tornado um fato insignificante.
Agora que eu não estava mais sobre a influência de Edward e Jasper, eu comecei a
sentir o nervosismo que não pude sentir antes. Eu rapidamente desisti de procurar outra
roupa - me vestindo com uma calça jeans e uma blusa de flanela - afinal, eu sabia que ia
ficar de casaco a noite inteira mesmo.
O telefone tocou e eu corri lá pra baixo pra atender. Havia apenas uma voz que eu
queria ouvir; qualquer outra coisa seria uma decepção. Mas eu sabia que se ele quisesse
falar comigo, ele simplesmente ia se materializar no meu quarto.
“Alô?”, eu atendi sem fôlego.
“Bella? Sou eu”, Jéssica disse.
“Oh, oi, Jess”, eu lutei por um momento pra voltar á realidade. Pareceu que meses
haviam se passado desde a última vez que eu falei com Jess. “Como foi o baile?”
“Foi tão divertido!”, Jéssica tagarelou. Sem precisar de mais convite que isso, ela
começou a contar cada detalhe sobre a noite passada. Eu falei Mmmm’s e Ahhhh’s nas
horas certas, mas era difícil me concentrar. Jéssica, Mike, o baile, a escola - eles
pareciam estranhamente irrelevantes no momento. Meus olhos ficavam olhando para a
janela, tentando julgar o nível de luz que ainda havia por trás das nuvens.
“Você ouviu o que eu disse, Bella?”, Jéssica perguntou, irritada.
“Me desculpe, o que?”
“Eu disse que Mike me beijou, você acredita?”
“Isso é maravilhoso, Jess”, eu disse.
“Então o que você fez ontem?”. Jéssica me desafiou, ainda parecendo irritada pela
minha falta de atenção. Ou talvez ela só estivesse decepcionada porque eu não perguntei
os detalhes.
“Nada, de verdade. Eu só saí um pouco para aproveitar o sol”.
Eu ouvi o carro de Charlie na garagem.
“Você não teve notícias de Edward Cullen?”
A porta bateu e eu pude ouvir Charlie perto da escada, guardando seu equipamento.
“Hmmm”, eu não tinha mais certeza de qual era a minha história.
“E aí, garota!”, Charlie me chamou quando entrou na cozinha.
Jess ouviu a voz dele. “Oh, seu pai está aí. Deixa pra lá- a gente se vê amanhã.
Te vejo na aula de Trigonometria”.
“Até mais, Jess”, eu desliguei o telefone.
“Oi, pai”, eu disse. Ele estava lavando as mãos na pia. “Onde está o peixe?”
“Eu coloquei no freezer”.
“Eu vou pegar um pouco antes que congele- Billy truoxe um pouco de peixe frito pra
você essa tarde”. Eu me esforcei pra parecer entusiasmada.
“Ele trouxe?”, seus olhos se iluminaram. “É o meu favorito”.
Charlie foi se limpar enquanto eu preparava o jantar. Não demorou muito até que
estivéssemos na mesa, jantando em silêncio. Charlie estava gostando da comida. Eu
estava desesperadamente pensando numa forma de cumprir a minha tarefa, lutando pra
encontrar uma maneira de tocar no assunto.
“O que você fez do seu dia?”, ele perguntou, me tirando das minhas meditações.
“Bom, essa tarde eu fiquei aqui em casa...”. Na verdade, só a parte mais recente da
tarde. Eu tentei manter minha voz animada, mas o meu estômago estava embrulhado. “E
essa manhã eu estava na casa dos Cullen”.
Charlie derrubou seu garfo.
“Na casa do Dr. Cullen?”, ele perguntou espantado.
Eu fingi não reparar na reação dele. “É”.
“O que você estava fazendo lá? Ele não pegou mais o seu garfo.
“Bem, eu meio que tenho um encontro com Edward Cullen essa noite, então ele queria
me apresentar aos seus pais... Pai?”
Parecia que Charlie estava tendo um aneurisma.
“Você está saindo com Edward Cullen?”, sua voz parecia um trovão.
Uh- oh. “Eu pensei que você gostasse dos Cullen”.
“Ele é velho demais pra você”, ele se alterou.
“Nós temos a mesma idade”, eu corrigí, apesar dele estar mais certo do que imaginava.
“Espere...”, ele pausou. “Qual deles é Edwin?”
“Edward é o mais novo, o que tem o cabelo castanho avermelhado”. O lindo, o que
parece um deus...
“Oh, bem, isso é” - ele pelejou - “melhor, eu acho. Eu não gosto do jeito daquele
grandão. Eu tenho certeza de que ele é um bom rapaz, e tudo mais, mas ele parece...
maduro demais pra você. Esse Edwin é seu namorado?”
“É Edward, pai”.
“Ele é?”
“Mais ou menos, eu acho”.
“Noite passada você disse que não estava interessada em nenhum dos garotos da
cidade”. Mas ele pegou o garfo, então eu sabia que o pior havia passado.
“Bem, Edward não mora na cidade, pai”.
Ele me deu uma olhada assassina enquanto mastigava.
“E, de qualquer forma”, eu continuei. “É uma espécie de fase inicial, sabe. Não me
envergonhe com aquele papo de namorado, está bem?”
“Quando ele vai vir?”
“Ele estará aqui em alguns minutos”
“Pra onde ele vai te levar?”
Eu gemi alto. “Eu espero que você já esteja tirando a Inquisição Espanhola da sua
cabeça agora. Nós vamos jogar baseball com a família dele”.
O rosto dele se contraiu, e então ele finalmente deu uma gargalhada. “Você vai jogar
baseball?”
“Bom, provavelmente eu vou ficar assistindo na maioria do tempo”. Ele observou cheio
de suspeitas.
Eu revirei os meus olhos pra o bem dele.
Eu ouvi o barulho de um motor encostando na frente de casa. Eu pulei da cadeira e
comecei a limpar meus pratos.
“Deixe os pratos, eu lavo eles hoje. Você me mima muito”.
A campainha tocou, Charlie se levantou e foi atender. Eu estava meio passo atrás dele.
Eu não tinha me dado conta do quanto estava chovendo lá fora. Edward ficou na luz da
varanda, parecendo um modelo de anúncios de casaco de chuva.
“Entre, Edward”.
Eu respirei de alívio quando Charlie acertou o nome dele.
“Obrigado, Chefe Swan”, ele disse com uma voz respeitosa.
“Vá em frente me chame de Charlie. Aqui, eu seguro seu casaco”.
“Obrigado, senhor”.
“Sente-se aqui, Edward”.
Eu fiz uma careta.
Edward se sentou fluidamente na única cadeira, me forçando a sentar com o Chefe
Swan no sofá. Eu fiz uma cara feia pra ele. Ele deu uma piscada pra mim nas costas de
Charlie.
“Então, eu ouvi dizer que você vai levar minha garotinha pra jogar baseball”. Só em
Washington o fato de praticar esportes ao ar livre num dia chuvoso era algo normal.
“Sim, senhor, esse é o plano”. Ele não parecia surpreso pelo fato de eu ter dito a verdade
para o meu pai. No entanto, ele pode ter estado escutando.
“Bem, mais poder pra você, eu acho”.
Charlie sorriu, e Edward se juntou a ele.
“Tudo bem”, eu disse ficando em pé. “Chega de piadas ás minhas custas. Vamos lá”. Eu
caminhei de volta para o corredor colocando meu casaco. Eles me seguiram.
“Não volte tarde, Bell”
“Não se preocupe, Charlie, eu vou trazê-la cedo”, Edward prometeu.
“Tome conta da minha garota, está bem?”
Eu gemi, mas ele me ignorou.
“Ela estará segura, senhor, eu prometo”.
Charlie não conseguiu duvidar das palavras de Edward, elas estavam em cada palavra.
Eu saí. Os dois riram, Edward me seguiu.
Eu parei mortificada na varanda. Lá, atrás da minha caminhonete, havia um Jeep
monstro. Os pneus dele eram mais altos que a minha cintura. Haviam grades de metal
sobre os faróis e os faróis de milha, e quatro grandes holofotes sobre as barras de
proteção. O capô era de um vermelho brilhante.
Charlie assobiou baixinho.
“Usem seus cintos de segurança”, ele se engasgou.
Edward seguiu para o meu lado e abriu a porta pra mim. Eu tomei uma pequena
distância do banco e me preparei pra pular nele. Ele suspirou e me levantou com uma
mão. Eu rezei pra que Charlie não tivesse reparado.
Enquanto ele ia para o lado do motorista com um passo normal, humano, eu tentei
colocar o meu cinto de segurança, mas haviam muitos engates.
“O que é tudo isso?”, eu perguntei quando ele abriu a porta.
“É um passeio fora da estrada”.
“Uh-oh”.
Eu tentei encontras os engates certos para o cinto, mas não estava sendo muito rápida.
Ele suspirou de novo, se inclinou e veio me ajudar.
Eu estava contente porque a chuva estava forte o suficiente pra que eu não pudesse ver
Charlie da varanda. Isso significava que ele não pôde ver como as mãos de Edward
passava pelo meu pescoço, acariciaram meu colo. Eu desisti de tentar ajudar ele e me
concentrei em não hiperventilar.
Edward virou a chave na ignição e o motor ligou. Ele começou a se afastar de casa.
“Esse é um... hum... Jipe bem grande”.
“É de Emmett. Eu não achei que você ia querer correr o caminho inteiro.”
“Onde é que vocês guardam essa coisa?”
“Nós remodelamos um dos prédios exteriores e transformamos numa garagem”.
“Você não vai colocar o seu cinto de segurança?”
Ele olhou pra mim sem acreditar.
Então uma fichinha caiu.
“Correr o caminho inteiro? Como se ainda fôssemos correr parte do caminho?”
Minha voz caiu alguns oitavos.
Ele sorriu. “Você não vai correr”.
“Eu vou ficar enjoada”.
“Mantenha seus olhos fechados que tudo vai ficar bem”.
Eu mordi meu lábio tentando lutar com o pânico.
Ele se inclinou para dar um beijo no topo da minha cabeça, e então gemeu. Eu olhei pra
ele, confusa.
“Você cheira tão bem na chuva”, ele explicou.
“De um jeito bom, ou de um jeito ruim?”, eu perguntei cuidadosamente.
“Dos dois, sempre dos dois”.
Eu não sei como foi que ele conseguiu encontrar o caminho com a névoa e a chuva
torrencial, mas de algumas forma ele achou um lado da estrada que era menos uma
estrada e mais um trilha de montanha. Por um longo tempo foi conversar impossível,
porque eu estava balançando pra cima e pra baixo que nem uma britadeira. No entanto,
ele pareceu adorar o passeio, rindo o caminho inteiro.
E então, nós chegamos ao fim da estrada; as árvores formavam enormes paredes verdes
em três lados do jipe. A chuva agora era um mero chuvisco, diminuindo a cada
segundo, o céu estava cada vez meias claro por trás das nuvens.
“Desculpe, Bella, teremos que ir a pé daqui”.
“Sabe de uma coisa? Eu vou esperar você aqui”.
“O que aconteceu com a sua coragem? Você foi extraordinária essa manhã”.
“Eu não esqueci da última vez”. Será possível que foi só ontem?
Ele estava no meu lado do carro num sopro. Ele começou a tirar o meu cinto.
“Eu tiro isso, você vai na frente”, eu protestei.
“Hmmm”, ele zombou enquanto rapidamente terminava. “Parece que eu vou ter que
mexer com a sua memória”.
Antes que eu pudesse reagir, ele me tirou do jipe e colocou meus pés no chão. Mal
estava nublado agora; Alice ia estar certa.
“Mexer com a minha memória?”, eu perguntei nervosamente.
“Algo assim”. Ele estava me olhando atentamente, cuidadosamente,mas havia humor no
fundo dos seus olhos. Eles colocou suas mãos no jipe dos dois lados da minha cabeça e
se inclinou pra frente, me forçando a encostar na porta. Ele se inclinou ainda mais perto,
seu rosto a apenas alguns centímetros do meu. Eu não tinha espaço pra escapar.
“Agora”, ele sussurrou, e só o cheiro dele já atrapalhou o meu pensamento. “O que
exatamente está preocupando você?”
“Bem, umm, bater em uma árvore”- eu engoli seco- “e morrer. E de depois ficar tonta”.
Ele tentou não sorrir. Então ele baixou sua cabeça e encostou seus lábios frios
suavemente na base da minha garganta.
“Você ainda está preocupada agora?”, ele falou na minha pele.
“Sim”. Eu lutei pra me concentrar. “De bater em árvores e ficar tonta”.
Seu nariz desenhou uma linha que ia desde a base da minha garganta até a ponta do meu
queixo. Sua respiração fria fez cócegas na minha pele.
“E agora?”, ele falou na minha mandíbula.
“Árvores”, eu gaguejei. “Enjôo com o movimento”.
Ele levantou seu rosto pra beijar minhas pálpebras. “Bella, você não acredita que eu
realmente bateria numa árvore, não é?”
“Não, mas eu bateria”, não havia confiança na minha voz. Ele sentiu o cheiro da vitória.
Ele beijou lentamente descendo na minha bochecha, parando no cantinho da minha
boca.
“Eu deixaria uma árvore atingir você?”. Ele mal encostou o meu lábio inferior que
estava tremendo.
“Não”, eu sussurrei. Eu sabia que ainda havia um segundo pra defender a minha tese,
mas eu não consegui continuar.
“Entenda”, ele disse, seus lábios se movendo contra os meus. “Não há nada a temer,
há?”
“Não”, eu suspirei, desistindo.
Então ele segurou meu rosto com as duas mãos quase rudemente, e me beijou com zelo,
seus lábios inflexíveis se movendo contra os meus.
Não há desculpa para o meu comportamento. Eu já devia saber mais que isso agora. E
ainda assim eu não pude evitar de reagir exatamente da mesma forma que reagi da
primeira vez. Ao invés de ficar seguramente parada, eu lancei meus braços ao redor do
pescoço dele, e de repente eu estava agarrada a essa estátua de pedra. Eu suspirei e meus
lábios se separaram.
Ele deu um passou pra trás, se separando de mim sem esforço.
“Droga, Bella!”, ele se separou ofegante. “Você vai me matar, eu juro”.
Eu me abaixei, segurando minhas mãos no joelho pra me apoiar.
“Você é indestrutível”, eu murmurei, tentando recuperar o fôlego.
“Eu acreditei nisso antes de conhecer você. Agora vamos sair daqui antes que eu faça
alguma coisa muito estúpida”, ele grunhiu.
Ele me jogou nas costas dele como tinha feito antes, e eu podia ver o esforço extra que
ele estava fazendo pra ser gentil. Eu apertei a cintura dele com as minhas pernas e
tranquei meus braços ao redor do pescoço dele.
“Não esqueça de fechar os olhos”, ele avisou severamente.
Eu rapidamente coloquei meu rosto na curva do ombro dele, embaixo do meu próprio
braço, e apertei meus olhos.
E eu mal podia dizer que estávamos nos movendo. Eu podia sentir ele se mexendo
embaixo de mim, mas ele podia estar andando numa calçada, o movimento seria
exatamente o mesmo. Eu estava tentada a dar uma espiadinha, pra ver se estávamos
voando pela floresta como antes, mas eu resisti. Não valia a pena do enjôo. Eu me
contentei em ouvir a respiração dele entrando e saindo uniformemente.
Eu não tinha certeza de que tínhamos parado, até que ele ergueu a mão e tocou meu
cabelo.
“Acabou, Bella”.
Eu ousei abrir meus olhos, e, não havia dúvidas, estávamos parados. Eu me soltei dele e
escorreguei para o chão, caindo de costas.
“Oh!”, eu gemi quando bati no chão molhado.
Ele olhou pra mim sem acreditar, tentando decidir se ele ainda estava com raiva demais
pra achar engraçado. Mas a minha expressão desnorteada acabou descontrolando ele, e
ele começou a dar uma gargalhada que mais parecia um rugido.
Eu me levantei sozinha, ignorando ele enquanto limpava a sujeira e o capim do meu
casaco. Isso só fez ele rir ainda mais alto. Chateada, eu me virei e comecei a andar em
direção á floresta.
Eu sentí o braço dele na minha cintura.
“Pra onde você está indo, Bella?”
“Assistir um jogo de baseball. Você não parece estar mais interessado em jogar, mas eu
tenho certeza que os outros vão se divertir sem você”.
“Você está indo para o lado errado”.
Eu me virei sem olhar pra ele, e comecei a caminhar na direção contrária.
Ele me pegou de novo.
“Não fique com raiva, eu não consegui evitar. Você devia ter visto sua cara.” Ele
começou a rir antes que pudesse evitar.
“Oh, então você é o único que pode ficar com raiva?”, eu perguntei, erguendo minhas
sobrancelhas.
“Eu não estava com raiva de você”.
“ ‘Bella, você vai me matar’ ”, eu citei.
“Isso foi só a constatação de um fato”.
Eu tentei me separar dele de novo, mas ele me segurou depressa.
“Você estava com raiva”, eu insisti.
“Sim”.
“Mas você acabou de dizer que -“
“Que eu não estava com raiva de você. Será que você não vê, Bella?” De repente ele
estava intenso, todos os traços de zombaria desapareceram. “Será que você não
entende?”
“Vê o que?”. Eu perguntei, confusa pela mudança do tom das suas palavras.
“Eu nunca tenho raiva de você - como eu poderia? Tão brava, tão confiante... tão cálida
como você”.
“Então porque?”, eu suspirei, lembrando do mal humor com que ele se afastava de mim,
que eu sempre justifiquei como frustração bem justificada- frustração pelas minhas
fraquezas, minha lentidão, minhas reações humanas desregradas...
Ele colocou suas duas mãos cuidadosamente dos dois lados do meu rosto. “Eu fiquei
furioso comigo mesmo”, ele disse gentilmente. “Por eu não parecer ser capaz de te
manter longe do perigo. Só a minha existência já põe você em risco. As vezes eu
realmente me odeio. Eu devia ser mais forte, eu devia ser capaz de-“.
Eu coloquei a minha mão na boca dele. “Não”.
Ele pegou minha mão, tirando ela da sua boca, mas colocando ela no seu rosto.
“Eu te amo”, ele disse. “Essa é uma desculpa pobre para o que eu estou fazendo, mas é
verdade” .
Foi a primeira vez que ele disse que me amava- com todas as palavras. Ele pode não ter
reparado, mas eu certamente percebi.
“Agora, por favor tente se comportar”, ele continuou, então ele se abaixou e esfregou
seus lábios levemente nos meus.
Eu fiquei perfeitamente rígida. E então eu suspirei.
“Você prometer ao Chefe Swan que me levaria pra casa cedo, lembra? É melhor irmos
andando”.
“Sim, madame”.
Ele sorriu tristonho e me soltou mas continuou me segurando com a outra. Ele me guiou
pela avencas altas e molhadas, e pelos musgos pingando, ao redor de uma árvore
gigantesca de cicuta, e lá estávamos nós, na beira de uma enorme campo aberto ás
margens dos penhascos do Olímpico. Era duas vezes maior do que qualquer campo de
baseball.
Eu podia ver todos os outros lá; Esme, Emmett, e Rosalie, sentados numa espécie de
banco de pedra eram os mais próximos de nós, á cerca de cem metros de distância.
Muito mais distante eu podia ver Alice e Jasper, que estavam a pelo menos duzentos e
cinquenta metros de nós, aparentemente jogando alguma coisa pra trás e pra frente, mas
eu nunca vi nenhuma bola. Parecia que Carlisle estava marcando as bases, mas será que
elas poderiam ser assim tão afastadas?
Quando nós aparecemos, os três que estavam na rocha se levantaram.
Esme começou a vir na nossa direção. Emmett seguiu ela depois de uma longa olhada
para as costas de Rosalie; Rosalie havia se levantado graciosamente e foi andando para
o campo sem nem sequer olhar na nossa direção. Meu estômago começou a mexer sem
parar em resposta.
“Foi você que nós ouvimos, Edward?”. Esme perguntou enquanto se aproximava.
“Parecia um urso gargalhando”, Emmett esclareceu.
Eu sorri hesitantemente pra Esme. “Foi ele”.
“Bella foi não intencionalmente engraçada”, Edward explicou, rapidamente arrumando
o placar.
Alice havia deixado a posição dela e vinha correndo, ou dançando, na nossa direção. Ela
parou fluidamente perto de nós. “Chegou a hora”, ela anunciou.
Assim que ela terminou de falar, um trovão profundo se fez ouvir fazendo a floresta
tremer, e então ele foi na direção da cidade.
“Melancólico, não é?”, Emmett disse com uma familiaridade fácil, piscando pra mim.
“Vamos lá”, Alice agarrou a mão de Emmett e eles seguiram em direção ao campo
gigante; ela corria como uma gazela. Ele era quase tão gracioso e tão rápido- apesar de
Emmett não poder ser comparado com uma gazela.
“Você está pronta pra ver um jogo?”, Edward perguntou, seus olhos ansiosos,
brilhando.
Eu tentei soar apropriadamente entusiasmada. “Vai time!”.
Ele riu silenciosamente e, depois de assanhar meu cabelo, foi correndo atrás dos outros
dois. A corrida dele foi mais agressiva, mais um leopardo do que uma gazela, e ele
rapidamente alcançou os outros dois. A graça e o poder tiraram meu fôlego.
“Vamos descer?” Esme me perguntou com sua voz suave, melódica, e eu me dei conta
de que estava olhando pra ele com a boca aberta. Eu rapidamente refiz minha expressão
e balancei a cabeça. Esme manteve alguns pés de distância entre nós, eu me perguntei se
ela estava tomando cuidado pra não me assustar. Esme combinou seus passos com os
meus sem parecer se incomodar com a velocidade.
“Você não joga com eles?”, eu perguntei timidamente.
“Não, eu prefiro ser a juíza- eu gosto de mantê-los honestos”, ela explicou.
“Então eles gostam de roubar?”
“Oh sim - você devia ouvir os argumentos que eles inventam! Na verdade, eu preferia
que você não ouvisse, eu não quero que você pense que eles foram criados por um
bando de lobos”.
“Você fala como a minha mãe”, eu ri, surpresa.
Ela sorriu também. “Bom, eu penso neles como meus filhos, de certas formas. Eu nunca
superei meus instintos maternos- Edward te contou que eu perdi um filho?”
“Não”, eu murmurei, atordoada, lutando pra entender a vida da qual ela estava tentando
lembrar.
“Sim. Meu primeiro e único filho. Ele morreu apenas alguns dias depois do seu
nascimento, o pobrezinho”, ela suspirou, “Isso partiu meu coração- foi por isso que eu
pulei com abismo, sabe”. Ela disse como se estivesse atestando um fato.
“Edward disse que você c-caiu”, eu gaguejei.
“Sempre um cavalheiro”. Ela sorriu. “Edward foi o primeiro dos meus novos filhos. Eu
sempre pensei nele dessa forma, mesmo apesar dele ser mais velho que eu, de certa
forma pelo menos”. Ela sorriu calorosamente pra mim. “É por isso que eu estou tão feliz
que ele tenha encontrado você, querida”. A palavra saiu muito natural nos lábios dela.
“Ele foi o homem estranho por muito tempo; e me machuca vê-lo sozinho”.
“Então você não se incomoda?”, eu perguntei, hesitante de novo. “Que eu seja... a
pessoa errada pra ele?”
“Não”, ela estava pensativa. “É você que ele quer. Vai dar certo, de alguma maneira”,
ela disse, mas a testa dela se enrugou de preocupação. Outro estrondo do trovão
começou a ser ouvido.
Esme parou então; aparentemente nós havíamos alcançado a borda do campo. Parecia
que eles tinham formado times. Edward estava no campo esquerdo, Carlisle ficou entre
a primeira e a segunda bases, e Alice segurava a bola, posicionada no lugar que
aparentava ser o campo do arremessador.
Emmett estava balançando um bastão de alumínio, ele assobiava quase sem rastro no ar.
Eu esperei que ele se aproximasse da área do batedor, mas eu percebi, quando ele
começou a entrar em posição, que ele já estava lá.- tão longe da área de arremesso que
eu nem julgava possível. Jasper estava atrás dele, pegando a bola para o time adversário.
É claro que nenhum deles estava usando luva.
“Tudo bem”, Esme chamou numa voz clara, que eu sabia que mesmo Edward ouviria,
mesmo estando tão longe. “Podem começar”.
Alice ficou rígida, enganosamente imóvel. O estilo dela parecia ser mais secreto que
intimidante. Ela segurou a bola com as duas mãos na altura da cintura, e então, como o
bote de uma cobra, a mão dela lançou a bola que foi parar na mão de Jasper.
“Isso foi um strike?”, eu sussurrei pra Esme.
“Se eles não conseguem rebater, é um strike”, ela me disse.
Jasper atirou a bola de volta para a mão de Alice que já estava esperando. Ela se
permitiu um breve sorriso. E então a mão dela deu um bote de novo.
Dessa vez, de alguma forma, o bastão se virou rápido o suficiente para bater na bola
invisível. O impacto da bola foi perturbador, como um trovão; o som ecoou nas
montanhas- imediatamente eu percebi porque eles precisavam da tempestade de trovões.
A bola saiu voando como um meteoro pelo campo, entrando nas profundezas da
floresta.
“Home run”, eu murmurei.
“Espere”, Esme avisou, ouvindo atentamente, uma mão levantada. Emmett corria como
o vento pelas bases com Carlisle na cola dele. Eu me dei conta de que Edward tinha
desaparecido.
“Fora!”, Esme disse com uma voz clara. Eu olhei sem acreditar quando Edward emergiu
de dentro das árvores, a bola erguida na mão, seu sorriso largo era visível até pra mim.
“Emmett bate mais forte”, Esme explicou. “Mas Edward corre mais rápido”.
O show continuou na frente dos meus olhos incrédulos. Era impossível acompanhar a
velocidade com que a bola se movia, o compasso com que seus corpos corriam no
campo.
Eu descobri o outro motivo pelo qual eles precisavam da tempestade de trovões quando
Jasper, tentando evitar o jogo infalível de Edward, jogou uma bola baixa na direção de
Carlisle. Carlisle correu para pegar a bola, e Jasper correu para a primeira base. Quando
eles colidiram, o som foi como duas montanhas de pedra se chocando. Eu pulei
preocupada, mas de alguma forma, eles não estavam nem arranhados.
“Salvo”, Esmo disse numa voz calma.
O time de Emmett estava ganhando por um ponto - Rosalie conseguiu voar pelas bases
depois de despistar uma das corridas de Edward - mas então Edward pegou a terceira
bola fora.
Ele veio para o meu lado, brilhando de excitação.
“O que você acha?”, ele perguntou.
“De uma coisa eu tenho certeza, eu nunca mais vou conseguir assistir outro jogo bobo
da liga de Baseball de novo”.
“Até parece que você faz muito isso”, ele sorriu.
“Eu estou desapontada”, eu zombei.
“Porque?”, ele perguntou, confuso.
“Bem, seria legal encontrar pelo menos uma coisa que você não faça melhor do que
qualquer outra pessoa no planeta”.
Ele mostrou seu sorriso torto especial, me deixando sem ar.
“É minha vez”, ele disse indo para a área do arremessador.
Ele jogou inteligentemente, jogando bolas baixas, fora do alcance das mãos sempre
prontas de Rosalie, correndo duas bases como um raio antes que Emmett pudesse
colocar a bola de volta no jogo. Carlisle conseguiu arremessar uma bola pra fora do
campo que foi tão longe - com um estrondo tão alto que doeu nos meus ouvidos- que ele
e Edward tiveram que ir atrás.
Alice trocou cumprimentos com os dois.
O placar mudou constantemente com o andar do jogo, e eles encrencavam uns aos
outros como jogadores de rua quando um dos times estava na liderança. Ocasionalmente
Esme pedia ordem. Os trovões continuaram, mas nós permanecemos secos, como Alice
havia previsto.
Carlisle ia rebater, Edward ia pegar, quando Alice ficou ofegante. Meus olhos estavam
em Edward, como sempre, e eu vi quando a cabeça dele levantou num estalo pra olhar
pra ela. Seus olhos se encontraram e alguma coisa passou entre eles num instante. Ele
estava ao meu lado antes que os outros pudessem perguntar o que havia de errado.
“Alice?”, a voz de Esme estava tensa.
“Eu não vi - eu não sabia”, ela sussurrou.
A essa hora os outros já estavam todos juntos.
“O que foi, Alice?”, Carlisle perguntou com uma voz calma de autoridade.
“Eles estavam viajando muito mais rápido do que eu imaginava. Agora eu sei que
estava errada antes”, ela murmurou.
Jasper se inclinou sobre ela, sua postura era protetora. “O que mudou?”, ele perguntou.
“Eles nos ouviram jogar e resolveram mudar de caminho”, ela disse, penitente, como se
estivesse se julgando culpada por o que quer que estivesse assustando ela.
Sete pares de olhos olharam para o meu rosto e desviaram.
“Quanto tempo?”, Carlisle perguntou, olhando na direção de Edward.
Seu rosto ficou com uma expressão de profunda concentração.
“Menos de cinco minutos. Eles estão correndo - eles querem jogar”. Ele fez uma cara
zangada.
“Você consegue?”, Carlisle perguntou, seus olhos vindo na minha direção de novo.
“Não, não carregando-“, ele cortou. “Além do mais, a última coisa que precisamos é que
eles sintam o cheiro e comecem a caçar”.
“Quantos?”, Emmett perguntou á Alice.
“Três”, ela respondeu resumidamente.
“Três!”, ele zombou. “Deixe eles virem”. As faixas de músculo se flexionaram nos
braços enormes dele.
Por uma fração de segundo que parecer muito maior do que era, Carlisle pensou. Só
Emmett pareceu despreocupado; o rosto olhava para o rosto de Carlisle com olhos
ansiosos.
“Vamos continuar o jogo”, Carlisle finalmente decidiu. Sua voz estava calma e
nivelada. “Alice disse que eles estão apenas curiosos”.
Tudo isso foi dito tão rápido que as palavras duraram menos de segundos. Eu escutei
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atenciosamente e entendi a maior parte, contudo eu não consegui perguntar o que Esme
perguntou á Edward com uma rápida vibração de lábios. Eu só vi ele balançar a cabeça
levemente e o olhar de alívio dela.
“Você pega, Esme”, ele disse. “Agora eu vou ser o juiz”. Ele se plantou na minha
frente.
Os outros voltaram para o campo, cautelosamente observando a floresta com seus olhos
rápidos. Alice e Esme pareciam se orientar pelo lugar onde eu estava.
“Solte o seu cabelo”, Edward disse com uma voz baixa, uniforme.
Eu obedientemente deslizei o prendedor do meu cabelo e soltei ele ao redor do meu
rosto. Eu declarei o óbvio. “Os outros estão vindo”.
“Sim, fique bem parada, não fale nada, e não saia do meu lado,por favor”. Ele escondeu
bem o estresse na voz dele, mas eu consegui ouvir. Ele puxou meu longo cabelo para a
frente, colocando ele ao redor do meu rosto.
“Isso não vai ajudar”, Alice disse suavemente. “Eu senti o cheiro dela do outro lado do
campo”.
“Eu sei”, um tom de frustração apareceu na voz dele.
Carlisle foi para a área de arremesso, e os outros se juntaram ao jogo sem vontade.
“O que Esme te perguntou?”, eu sussurrei.
Ele hesitou por um momento antes de responder. “Se eles estavam com sede”, ele
murmurou sem vontade.
Os segundos se passaram; o jogo agora estava apático. Ninguém ousava dar uma
rebatida mais forte, e Emmett, Rosalie, e Jasper se arrastavam pelo campo.
De vez em quando, á despeito do medo que nublavam nossos pensamentos, eu pude
perceber os olhos de Rosalie em mim. Eles estavam saem expressão, mas alguma coisa
no formato da boca dela me fez perceber que ela estava com raiva.
Edward não estava prestando o mínimo de atenção ao jogo, seus olhos e mente estavam
na floresta.
“Me desculpe, Bella”, ele murmurou impetuosamente. “Foi estúpido, irresponsável, ter
te exposto dessa maneira. Me desculpe”.
Eu ouvi a respiração dele parar e seus olhos se viraram para a floresta. Ele deu meio
passo se colocando entre mim e o que estava vindo.
Carlisle, Emmett e os outros se viraram na mesma direção, ouvindo sons de passos que
eram baixos demais para os meus ouvidos.
18. A Caçada
Eles emergiram um por um da floresta, se aproximando doze metros de uma só vez.
O primeiro homem diminuiu imediatamente, permitindo que o outro homem ficasse na
sua frente, se deixando guiar pelo homem alto, de cabelos escuros que deixou bem claro
quem era que liderava o bando. A terceira era uma mulher; á distância, tudo que eu
conseguia ver dela era que ela tinha um cabelo numa incrível tom de vermelho.
Eles se enfileiraram antes de continuarem se aproximando cuidadosamente da família
de Edward, exibindo o respeito natural de uma tropa de predadores quando encontram
um grupo maior da sua própria espécie.
Enquanto eles se aproximavam, eu reparei no quanto eles eram diferentes do Cullen.
O caminhar deles parecia de gato, e constantemente isso fazia parecer que eles estavam
rastejando. Eles usavam o vestiário normal de qualquer mochileiro: jeans e uma camisa
de botão casual, feita de um tecido pesado e á prova de água. No entanto, as roupas
estavam desgastadas, pelo uso, e eles estavam descalços. Os dois homens tinham
cabelos cuidados,mas o cabelo alaranjado da mulher estava cheio de folhas e sujeira da
floresta.
Seus olhos rápidos estudaram o jeito mais educado, urbano de Carlisle, que,
acompanhado de Emmett e Jasper, andou cuidadosamente em frente para encontrá-los.
Sem que nenhuma aparente comunicação acontecesse entre eles, eles se puseram numa
postura mais usual, ereta.
O homem na frente era facilmente o mais bonito, sua pele tinha um tom de oliva por
baixo da palidez de costume, o seu cabelo era de um preto forte. Ele tinha uma estatura
média, tinha músculos fortes, é claro, mas não era nada comparado com a força
muscular de Emmett. Ele tinha um sorriso fluente, que mostrava uma linha de grande
dentes brancos brilhantes.
A mulher tinha um aspecto mais selvagem, os olhos rápidos dela olhavam sem descanso
para o homem que estava na frente dela, e para o grupo que estava ao nosso redor, seu
cabelo caótico estava voando levemente com a brisa. Sua postura era distintamente
felina.
O segundo homem se movia sem parar atrás dele, mais leve que o líder, seus cabelos
castanho claro e feições retangulares eram indescritíveis. Seus olhos, no entanto,
completamente imóveis, de alguma forma pareciam muito vigilantes.
Seus olhos eram diferentes também. Não eram do dourado ou preto que eu cheguei a
esperar, mas de um vermelho profundo que era muito perturbador e sinistro.
O homem de cabelos escuros, ainda sorrindo, deu um passo em direção á Carlisle.
“Nós pensamos ter ouvido um jogo”, ele disse numa voz relaxada que tinha um leve
sotaque francês. “Eu sou Laurent, estes são Victoria e James”. Ele fez gestos para os
outros vampiros ao seu lado.
“Eu sou Carlisle. Esta é minha família, Emmett e Jasper, Rosalie, Esme e Alice, Edward
e Bella”. Ele nos apontou em grupos, deliberadamente não chamando a atenção para
indivíduos. Eu senti um choque quando ele disse meu nome.
“Vocês tem espaço para mais alguns jogadores?”, Laurent perguntou num tom sociável.
Carlisle imitou o tom amigável dele. “Na verdade, nós já estávamos acabando. Mas
certamente estaríamos interessados numa outra hora. Vocês pretendem ficar por muito
tempo?”
“Nós estávamos indo para o Norte, na verdade, mas ficamos interessados em ver a
vizinhança. Nós não encontramos companheiros há um bom tempo”.
“Não, essa região geralmente está vazia, com exceção dos visitantes inesperados, como
vocês”.
A tensa atmosfera havia lentamente se transformado numa conversa casual; eu concluí
que Jasper estava usando seus dons peculiares para controlar a situação.
“Qual é extensão de área onde vocês caçam?”,. Laurent inquiriu casualmente.
Carlisle ignorou a intenção por trás da pergunta. “A extensão Olympica aqui, acima e
abaixo da Costa, em certas ocasiões. Nós mantemos residência permanente aqui perto.
Há outra residência permanente como a nossa perto de Denali”.
Laurent se virou um pouco nos calcanhares.
“Permanente? Como vocês conseguem?”. Havia uma honesta curiosidade na voz dele.
“Porque vocês não vão á nossa casa onde podemos conversas confortavelmente?”,
Carlisle convidou. “É uma história longa”.
James e Victoria trocaram olhares surpresos com a menção da palavra “casa”, mas
Laurent controlou melhor a sua expressão.
“Isso parece muito interessante, e bem vindo”, seu sorriso era genial. “Nós estivemos
numa caçada em Ontário, e ainda não tivemos a oportunidade de nos limpar
apropriadamente”. Ele moveu seus olhos apreciando a figura refinada de Carlisle.
“Não se ofendam, mas gostaríamos se vocês refreassem as suas caças nessa área. Nós
temos que nos manter fora de suspeita, vocês entendem”. Carlisle explicou.
“É claro”. Laurent afirmou com a cabeça. “Nós certamente não vamos invadir o seu
território. Nós comemos quando viemos de Seattle, mesmo”. Ele sorriu. Um arrepio
percorreu a minha espinha.
“Nós vamos te mostrar o caminho se vocês quiserem correr conosco- Emmett e Alice,
vocês vão com Edward e Bella pegar o Jipe”. Ele disse casualmente.
Três coisas pareceram acontecer simultaneamente enquanto Carlisle estava falando.
Meu cabelo voou levemente com a brisa, Edward ficou rígido, e o segundo homem,
James, virou sua cabeça de repente, me estudando, sua narinas infladas.
Uma rápida rigidez passou entre eles quando James começou a rastejar mais pra perto.
Edward mostrou seus dentes, numa posição de defesa, um rosnado de animal brotou da
garganta dele.
Não foi nada como os sons de brincadeira que eu ouvi dele esta manhã. Foi o ruído mais
ameaçador que já tinha ouvido, e arrepios percorreram todo o meu corpo, desde o meus
fios de cabelo até os calcanhares.
“O que é isso?”. Laurent perguntou surpreso. Nem Edward nem James relaxaram suas
posições agressivas. James se moveu levemente para o lado, e Edward se moveu em
resposta.
“Ela está conosco”. A repulsa de Carlisle foi pra James. Laurent pareceu sentir meu
cheiro com menos força que James, mas agora a consciência desceu no seu rosto.
“Vocês trouxeram um lanche?”, ele perguntou com uma expressão incrédula, dando um
passo involuntário á frente.
Edward rosnou ainda mais ferozmente, asperamente, seus lábios se curvando sobre seus
dentes brilhantes que estavam á amostra. Laurent andou pra trás de novo.
“Eu disse que ela está conosco”. Carlisle corrigiu com uma voz dura.
“Mas ela é humana”, Laurent protestou. As palavras não eram agressivas, apenas um
tanto quanto surpresas.
“Sim”, Emmett ficou muito mais visível do lado de Carlisle, seus olhos estavam em
James. James lentamente abandonou sua posição, mas seus olhos não saíram de cima de
mim, sua narinas ainda infladas. Edward continuou tenso como um leão na minha
frente.
Quando Laurent falou, seu tom estava suavizado- tentando afastar a hostilidade
repentina. “Aparentemente temos muito a aprender uns sobre os outros”.
“Realmente”, a voz de Carlisle ainda estava fria.
“Mas nós gostaríamos de aceitar seu convite”, seus olhos vacilavam entre Carlisle e eu.
“E é claro que não iremos causar nenhum mal á garota humana. Não iremos invadir seu
espaço, como eu disse”.
James olhou sem acreditar e agravado para Laurent e trocou outro breve olhar com
Victoria, cujos olhos ainda passavam rapidamente de rosto para rosto.
Carlisle mediu a expressão aberta de Laurent antes de falar.
“Nós iremos mostrar o caminho. Jasper, Rosalie, Esme?”, ele chamou. Eles se juntaram
me bloqueando enquanto se convergiam. Alice estava instantaneamente ao meu lado,
Emmett ficou atrás lentamente, seus olhos se travaram quando ele passou por James.
“Vamos, Bella”. A voz de Edward era baixa e inexpressiva.
Durante todo esse tempo eu estive colada no lugar, aterrorizada demais pra me mexer.
Edward teve que agarrar meu cotovelo e me puxar levemente pra quebrar o meu transe.
Alice e Emmett estavam logo atrás de nós, me escondendo. Eu tropeçava ao lado de
Edward, ainda assustada pelo medo. Eu não podia ouvir se o grupo principal já havia
ido embora. A impaciência de Edward era quase palpável enquanto andávamos em
velocidade humana para a floresta.
Assim que chagamos á floresta, Edward me jogou em suas costas sem parar de andar.
Eu me agarrei o mais forte que pude quando ele começou a correr, os outros bem atrás
dele. Eu mantive minha cabeça abaixada,mas meus olhos, arregalados de medo, não
quiseram fechar. Eles se moviam pela floresta negra como fantasmas. A sensação de
alegria que parecia dominar Edward quando ele corria estava completamente ausente.
Em seu lugar havia uma fúria que o possuía e fazia ele ir ainda mais rápido. Mesmo eu
estando nas costas dele, os outros acabaram ficando pra trás.
Nós chegamos no Jipe num tempo impossivelmente rápido, Edward mal parou e já
estava me jogando no banco de trás.
“Ponha o cinto nela”, ele ordenou á Emmett que entrou ao meu lado.
Alice já estava no banco de frente e Edward já estava ligando o carro. O motor ligou,
nós fizemos uma ré, e fizemos uma curva ficando de frente para a estrada.
Edward estava resmungando algo rápido demais pra eu entender, mas parecia uma
sucessão de palavras profanas.
A viagem sacudida foi muito pior dessa vez e o escuro só a tornou mais assustadora.
Tanto Emmett quanto Alice olhavam pra fora pela janela.
Nós entramos na estrada principal, e apesar da velocidade ter aumentado, eu podia ver
muito mais claramente pra onde estávamos indo. Nós estávamos indo pra o Sul, nos
distanciando de Forks.
“Onde estamos indo?”, eu perguntei.
Ninguém respondeu.ninguém sequer olhou pra mim.
“Droga, Edward! Pra onde você está me levando?”
“Nós temos que te levar pra longe daqui - muito longe - agora”. Ele não olhou pra trás,
seus olhos estavam na estrada. O velocímetro marcava cento e cinqüenta milhas por
hora.
“Vira! Você tem, que me levar pra casa!”, eu gritei. Eu lutei contra a estúpida
subordinação, tirando o cinto.
“Emmett”, Edward disse severamente.
E Emmett segurou minhas mãos com o seu aperto se aço.
“Não! Edward! Não, você não pode fazer isso.”
“Eu tenho que fazer, Bella, por favor fique quieta”.
“Não fico! Você tem que me levar de volta - Charlie vai chamar o FBI! Eles vão cair em
cima da sua família - Carlisle e Esme! Eles terão que fugir, que se esconder pra
sempre!”
“Acalme-se, Bella”, sua voz continuava fria. “Nós já fizemos isso antes”.
“Comigo não! Vocês não estão arruinando tudo pra mim!”, eu lutei violentamente, mas
foi totalmente fútil.
Alice falou pela primeira vez. “Edward, enconste”.
Ele deu uma olhada dura pra ela, e aumentou a velocidade.
“Edward, vamos apenas conversar sobre isso”.
“Você não entende”, ele rugiu frustrado. Eu nunca havia ouvido a voz dele tão alta, era
ensurdecedora dentro do Jipe. O velocímetro baixou para perto de centro e quinze
milhas. “Ele é um perseguidor, Alice. Um perseguidor!”
Eu senti Emmett enrijecer ao meu lado, e eu imaginei o porque dessa reação dele á
palavra. Parecia que ela significava mais pra eles três do que pra mim; eu queria
entender, mas não houve oportunidade para eu perguntar.
“Encoste, Edward”, o tom de Alice era razoável, mas com uma ponta de autoridade que
eu nunca havia ouvido antes.
O velocímetro passou de cento e vinte.
“Faça isso, Edward”.
“Me ouça, Alice. Eu vi a mente dele. Perseguir é a paixão dele, sua obsessão - e ele quer
ela, Alice - ela, especificamente. Ele começa sua perseguição hoje”.
“Ele não sabe onde -“
Ele interrompeu ela. “Quanto tempo você acha que vai levar pra que ele sinta o cheiro
dela naquela cidade? Seu plano já estava traçado antes das palavras saírem da boca de
Laurent”.
Eu fiquei ofegante sabendo á onde o meu cheiro o levaria. “Charlie! Você não pode
deixá-lo lá! Você não pode deixá-lo”. Eu tentei sair da apatia.
“Ela está certa.” Alice disse.
O carro diminuiu um pouco.
“Vamos apenas olhar para as nossas opções por um momento”, Alice persuadiu.
O carro diminuiu de novo, mas notavelmente., e então nós subitamente subimos no
acostamento da estrada, parando. Eu voei para a frente, e depois bati com tudo quando
voltei para o banco.
“Não temos opções”, Edward falou arrastado.
“Eu não vou deixar Charlie”, eu gritei.
Ele me ignorou completamente.
“Nós temos que levá-la de volta”, Emmett finalmente falou.
“Não”. Edward foi absoluto.
“Ele não se compara á nós, Edward. Ele não poderá tocá-la”.
“Ele vai esperar”.
Emmett sorriu. “Nós também podemos esperar”
“Você não viu- você não entende. Quando ele se compromete com uma perseguição, ele
é inabalável. Nós teríamos que matá-lo”.
Emmett não pareceu aborrecido pela idéia. “Isso é uma opção”.
“E a fêmea. Ela está com ele. Se isso se transformar numa luta, o líder se juntará a eles
também”.
“Nós somos um número suficiente”.
“Há outra opção”, Alice disse baixinho.
Edward de virou furioso pra ela, sua voz era um rugido devastador. “Não - há - outra -
opção!”
Emmett e eu olhamos pra ele em choque, mas Alice não parecia estar surpresa. O
silêncio durou um longo minuto enquanto Edward e Alice se encaravam.
Fui eu quem o quebrou. “Vocês querem ouvir o meu plano?”
“Não”, Edward rugiu, Alice olhou pra ele finalmente encolerizada.
“Ouçam”, eu implorei. “Vocês me levam de volta”.
“Não”, ele interrompeu.
Eu olhei pra ele e continuei. “Vocês me levam pra casa. Eu digo ao meu pai que quero
voltar pra casa em Phoenix. Eu faço minhas malas. Nós esperamos até que o
perseguidor esteja observando, então nós fugimos. Ele vai nos seguir e deixar Charlie
em paz. Charlie não vai colocar o FBI na cola da sua família. Aí vocês podem me levar
para a droga do lugar que quiserem”.
Eles me olharam, atordoados.
“Realmente, não é uma má idéia”. A surpresa na voz de Emmett era definitivamente um
insulto.
“Pode dar certo - e nó não podemos simplesmente deixar o pai dela desprotegido. Você
sabe disso”, Alice disse.
Todos olharam para Edward.
“É perigoso demais - eu não quero ele á menos de duzentos metros de distância dela.”
Emmett estava super confiante. “Edward, ele não vai passar por nós”.
Alice pensou por um momento. “Eu não o vejo atacando. Ele vai tentar esperar até que
nós deixemos ela sozinha”.
“Não vai demorar muito até que ele se dê conta de que isso não vai acontecer”.
“Eu ordeno que você me leve pra casa”. Eu tentei parecer firme.
Edward pressionou seus dedos nas têmporas e fechou os olhos.
“Por favor”, eu disse numa voz muito mais baixa.
Ele não olhou pra cima. Quando ele falou, sua voz parecia exausta.
“Você vai partir essa noite. Quer os perseguidores vejam ou não. Você diz pra Charlie
que não aguenta passar mais nem um minuto em Forks. Conte qualquer história. Eu não
me importo com o que ele diga pra você. Você tem quinze minutos. Você me ouviu?
Quinze minutos a partir do momento que você entrar em casa”.
Ele ligou o motor do Jipe, nós viramos indo de volta pra casa, os pneus cantando.
A agulha do velocímetro começou a subir sem parar.
“Emmett?”, eu chamei, apontando para as minhas mãos com o olhar.
“Oh, desculpe”. Ele me soltou.
Alguns minutos se passaram em silêncio, só se ouvia o barulho do motor. Então Edward
falou de novo.
“É assim que as coisas vão acontecer. Nós vamos para a casa dela, se o perseguidor não
estiver lá, eu a levo até a porta. Então ela terá quinze minutos”. Ele me olhou pelo
espelho retrovisor. “Emmett, você cuida do lado de fora da casa. Alice, você fica na
caminhonete. Eu ficarei lá dentro enquanto ela estiver. Depois que ela sair, vocês dois
pegam o Jipe e vão dizer a Carlisle”.
“Sem essa”, Emmett interrompeu. “Eu tô com você”.
“Pense bem, Emmett. Eu não sei por quanto tempo ficarei fora”.
“Até que a gente saiba até onde isso vai, eu fico com você”.
Edward suspirou. “Se o perseguidor estiver lá”, ele continuou severamente.“ Nós
dirigimos direto”.
“Nós chegaremos lá antes dele”, Alice disse confiante.
Edward pareceu aceitar isso. Qualquer que fosse o seu problema com Alice, ele não
pareceu duvidar dela agora.
“O que nós vamos fazer com o Jipe?”, ela perguntou.
A voz dele tinha um tom duro. “Você vai dirigi-lo até em casa”.
“Não, eu não vou”, ela disse calmamente.
As palavras profanas impossíveis de escutar recomeçaram.
“Nós não cabemos todos na minha caminhonete”, eu sussurrei.
Edward não aparentou me ouvir.
“Eu acho que vocês deviam me deixar ir sozinha”, eu falei ainda mais baixo.
Isso ele ouviu.
“Bella, só faça o que eu digo, só dessa vez”, ele disse por entre os dentes trincados.
“Ouça, Charlie não é imbecil”, eu protestei. “Se você não estiver na cidade amanhã, ele
vai suspeitar”.
“Isso é irrelevante. Nós iremos proteger ele, e é só isso que importa”.
“E quanto á esse perseguidor? Ele viu a forma como você agiu. Ele vai saber que você
está comigo, onde quer que você esteja”.
Emmett olhou pra mi, insultantemente surpreso de novo. “Edward, escute ela”, ele
persuadiu. “Eu acho que ela está certa”.
“Sim, ela está”, Alice concordou.
“Eu não posso fazer isso”, a voz de Edward estava gelada.
“Emmet devia ficar também”, eu continuei. “Ele definitivamente deu uma boa olhada
pra Emmett”.
“O que?”, Emmett de virou pra mim.
“Você vai pegar ele mais facilmente se ficar”, Alice concordou.
Edward olhou pra ela incrédulo. “Você acha que eu devo deixar ela ir sozinha?”
“É claro que não”, ela disse. “Eu e Jasper ficamos com ela”.
“Eu não posso fazer isso”, Edward repetiu, mas dessa vez havia um traço de derrota na
voz dele. A lógica estava começando a entrar na cabeça dele.
Eu tentei ser persuasiva. “Fique por uma semana -“, eu vi a expressão dele no espelho e
emendei. “ - Alguns dias. Deixe Charlie ver que você não me sequestrou, então você
começa a sua caçada á James. Tenha certeza de que ele está completamente fora da
minha cola. Então venha me encontrar. Venha por uma rota alternativa, é claro, então
Alice e Jasper poderão voltar pra casa”.
Eu podia ver que ele estava começando a considerar a idéia.
“Te encontrar onde?”
“Em Phoenix”, é claro.
“Não. Ele vai ouvir que você foi pra lá”, ele disse impaciente.
“E você vai fazer parecer que é lá que eu estou, obviamente. Ele sabe que vocês estarão
comigo. Ele nunca vai acreditar que vocês vão me levar pra onde dizem que estão me
levando”.
“Ela é diabólica”. Emmett gargalhou.
“E se isso não funcionar?”
“Existem sete milhões de pessoas em Phoenix”, eu informei.
“Não é tão difícil encontrar uma lista telefônica”.
“Eu não vou pra casa”.
“Oh?”, ele perguntou, um tom perigoso na voz dele.
“Eu sou velha o suficiente pra ficar sozinha”.
“Edward, nós estaremos com ela”, Alice lembrou ela.
“O que você vai fazer em Phoenix?”, ele perguntou a ela severamente.
“Ficar dentro de casa”.
“Eu gosto disso”, Emmett estava pensando em cercar James, sem dúvida.
“Cala a boca, Emmett”.
“Olha, se nós tentarmos derrotá-lo enquanto ela ainda estiver aqui, existe uma chance
muito maior de alguém se machucar - ela vai se machucar, ou você, tentando proteger
ela. Agora, se nós pegarmos ele sozinho...”. Ele ficou quieto com um sorrisinho no
rosto. Eu estava certa.
O Jipe estava andando mais devagar a gora que estávamos na cidade. A despeito da
minha fala corajosa, os cabelos dos meus braços estavam de pé. Eu pensei em Charlie,
sozinho em casa, e tentei ser corajosa.
“Bella”, a voz de Edward estava muito suave. Alice e Emmett olharam pra fora pela
janela. “Se você deixar alguma coisa acontecer com você - qualquer coisa - eu vou te
responsabilizar completamente. Você me entendeu?”
“Sim”, eu engoli seco.
Ele se virou para Alice.
“Jasper vai conseguir lidar com isso?”
“Dê algum crédito á ele, Edward. Ele está indo muito, muito bem, levando tudo em
consideração”.
“Você vai conseguir lidar com isso?”
E a pequena e graciosa Alice levantou os lábios numa careta horrorosa e deu um rugido
gutural que me fez colar no banco acovardada.
Edward sorriu pra ela. “Mas mantenha as suas opiniões pra si mesma”. Ele murmurou
de repente.
19. Despedidas
Charlie estava me esperando acordado. Todas as luzes de casa estavam acesas. Minha
mente estava bloqueada e eu estava pensando em uma maneira dele me deixar ir. Isso
não ia ser prazeroso.
Edward parou devagar, bem atrás da minha caminhonete. Todos os três estavam
extremamente alerta, parecendo varetas de espingarda nos bancos, escutando cada som
na floresta, olhando para cada sombra, sentindo cada cheiro, procurando por algo
anormal. O motor desligou e eu continuei sentada, imóvel, enquanto eles escutavam.
“Ele não está aqui”. Edward disse tenso. “Vamos lá”. Emmett se inclinou pra me ajudar
com os cintos.
“Não se preocupe, Bella”, ele disse com uma voz animada. “Nós vamos cuidar das
coisas aqui rapidamente”.
Eu senti os meus olhos ficando úmidos quando eu olhei pra Emmett. Eu mal o conhecia,
mas assim mesmo, de alguma forma, não saber quando eu o veria de novo depois dessa
noite era angustiante. Eu sabia que esse era apenas um gosto fraco das despedidas ás
quais eu teria que sobrevirem na próxima hora, e esse pensamento fez as lágrimas
começarem a jorrar.
“Alice, Emmett”, a voz de Edward era um comando. Eles escorregaram lentamente para
a escuridão, desaparecendo instantaneamente. Edward abriu a porta e me segurou pela
mão, então me cercou na proteção dos seus braços. Ele caminhou rapidamente até a
casa, sempre com os olhos revistando a escuridão.
“Quinze minutos”, ele avisou por baixo do fôlego.
“Eu posso fazer isso”, eu dei uma fungada. Minhas lágrimas me deram uma inspiração.
Eu parei na varanda e segurei o rosto dele com as minhas mãos. Eu olhei
impetuosamente nos olhos dele.
“Eu te amo”, eu disse numa voz baixa, intensa. “Eu sempre vou amar você, não importa
o que vai acontecer agora”.
“Nada vai te acontecer, Bella”, ele disse igualmente impetuoso.
“Só siga o plano, está bem? Mantenha Charlie seguro pra mim. Ele não vai gostar muito
de mim depois disso, e eu quero ter a chance de me desculpar depois”.
“Entre, Bella. Nós temos que nos apressar”. A voz dele era urgente.
“Só mais uma coisa”, eu disse apaixonadamente. “Não ouça mais nenhuma palavra que
eu disser esta noite!”. Ele estava se inclinando, então tudo que eu precisei fazer foi me
esticar na ponta dos pés e beijar os lábios surpresos, congelados dele com toda a força
que pude. Então eu me virei e abri a porta com um chute.
“Vá embora, Edward”. Eu gritei com ele, corri pra dentro e bati com a porta na sua cara
ainda chocada.
“Bella?”, Charlie estava vagando na sala de estar, então já estava de pé.
“Me deixe em paz!”. Eu gritei com ele entre lágrimas, que estavam jorrando sem parar
agora. Eu subi correndo para o meu quarto, batendo a porta e trancando com a chave.
Eu corri para a cama, me jogando no chão para pegar a minha mala de viagem. Eu
levantei rapidamente o meu colchão pra alcançar o estrado e pegar a meia velha onde eu
guardava as minhas economias secretas.
Charlie já estava batendo na porta.
“Bella, você está bem? O que está acontecendo?”. A voz dele estava assustada.
“Eu não agüento mais”, eu gritei. Minha voz falhou no momento certo.
“Ele machucou você?”, a voz de Charlie estava beirando a raiva.
“Não!”, eu gritei alguns oitavos acima do normal. Eu virei para a minha penteadeira, e
Edward já estava lá, silenciosamente tirando braçadas de roupas da gaveta e jogando
elas pra mim.
“Ele terminou com você?”
“Não!”, eu gritei levemente mais ofegante enquanto jogava as coisas dentro da sacola.
Edward estava jogando o conteúdo de outra gaveta pra mim. A mala já estava quase
cheia agora.
“O que aconteceu, Bella?”, Charlie gritou da porta, começando a bater de novo.
“Eu terminei com ele”, eu gritei de volta, sem conseguir fechar o zíper da bolsa. As
mãos capazes de Edward afastaram as minhas e fecharam o zíper suavemente. Ele
colocou a alça cuidadosamente no meu ombro.
“Eu estarei na caminhonete - vá!”, ele sussurou, e me empurrou em direção á porta. Ele
desapareceu pela janela.
Eu destranquei a porta e empurrei Charlie com força, lutando com a minha bolsa pesada
enquanto descia as escadas.
“O que aconteceu?”, ele gritou. Ele estava bem atrás de mim. “Eu pensei que você
gostasse dele”.
Ele segurou meu cotovelo na cozinha. Ele ainda estava confuso, mas o seu aperto era
firme.
Ele me virou pra encará-lo, e eu podia ver pelo rosto dele que ele não tinha nenhuma
intenção de me deixar ir. Eu só podia pensar em uma maneira para escapar, e isso
envolvia machucá-lo tanto que eu me odiei só de pensar. Mas eu não tinha tempo, e eu
tinha que mantê-lo a salvo.
Eu olhei para o meu pai, lágrimas frescas nos olhos pelo que eu estava prestes a fazer.
“Eu gosto dele - esse é o problema. Eu não posso mais fazer isso! Eu não posso mais
fincar raízes aqui! Eu não quero acabar presa nessa cidade estúpida, chata, como a
mamãe! Eu não vou cometer o mesmo erro idiota que ela cometeu. Eu odeio isso - não
posso ficar aqui nem mais um minuto”.
As mãos dele largaram meu braço como se eu tivesse o eletrocutado. Eu dei as costas ao
seu rosto chocado, ferido, e comecei a andar para a porta.
“”Bells, você não pode ir agora. É noite”. Ele murmurou atrás de mim.
Eu não me virei. “Eu vou dormir na caminhonete se precisar”.
“Espere só mais uma semana”, ele implorou, com o rosto ainda chocado. “Renée vai
estar de volta até lá”.
Isso me pegou completamente despreparada. "O que?"
Charlie continuou ansioso, quase tagarelando de alívio quando eu hesitei. “Ela ligou
enquanto você esteve fora. As coisas não estão indo tão bem na Flórida, e se Phil não
assinar um contrato até o fim da semana, eles vão voltar para o Arizona. O treinador
assistente dos Sidewinders disse que eles podem não ter mais vaga para outro reserva”.
Eu balancei minha cabeça, tentando reagrupar os meus pensamentos agora confusos.
Cada segundo que se passava colocava Charlie mais em risco.
“Eu tenho uma chave”, eu murmurei girando a maçaneta. Ele estava perto de mim, uma
das suas mãos se estendeu pra mim, seu rosto confuso. Eu não podia mais perder tempo
discutindo com ele. Eu ia ter que machucá-lo mais ainda.
“Me deixe ir Charlie”, eu repeti as mesmas palavras da minha mãe quando ela saiu por
essa mesma há anos atrás. Eu disse elas com a toda a raiva que consegui, e abri a porta.
“ Não seu certo, tá bem? Eu realmente, realmente odeio Forks!”
Minhas palavras cruéis fizeram seu trabalho - Charlie ficou congelado na porta,
atordoado, enquanto eu saia noite afora. Eu estava com um medo horrendo do quintal da
frente. Eu corri como uma selvagem para a caminhonete, visualizando uma sombra
escura atrás de mim. Eu joguei minha bolsa na caçamba e abri a porta. A chave estava
esperando na ignição.
“Eu te ligo amanhã”, eu gritei, esperando mais que tudo poder explicar tudo nessa hora,
mas sabendo que eu jamais poderia. Eu liguei o motor e dei a partida.
Edward segurou minha mão.
“Encoste”, ele disse quando Charlie e a casa já haviam desaparecido.
“Eu posso dirigir”, eu disse entre as lágrimas que rolavam pelo meu rosto.
Suas longas mãos inesperadamente seguraram minha cintura, e o pé dele empurrou o
meu do acelerador. Ele me passou por cima do colo dele, arrancando minhas mãos do
volante, e de repente ele estava no banco do motorista. A caminhonete não vacilou nem
um centímetro.
“Você não conseguiria encontrar a casa”, ele explicou.
Faróis brilharam de repente atrás de nós. Eu olhei pra trás de nós, com os olhos
arregalados de horror.
“É só Alice”, ele me assegurou. Ele pegou minha mão de novo.
Minha mente estava cheia de imagens de Charlie. “O perseguidor?”
“Ele ouviu o fim da sua performance”, ele disso severamente.
“Charlie?”, minha voz estava apavorada.
“O perseguidor nos seguiu. Ele está atrás de nós agora mesmo”.
Meu corpo ficou gelado.
“Nós podemos despistá-lo?”
“Não”, mas ele acelerou enquanto falava. O motor da caminhonete gemeu em protesto.
De repente, o meu plano já não parecia mais tão brilhante.
Eu estava olhando para os faróis de Alice quando a caminhonete balançou e uma
sombra escura saltou do lado de fora da janela.
O grito percorreu a minha corrente sanguínea durante uma fração de segundo antes que
Edward tapasse minha boca com a mão dele.
“É Emmett”.
Ele liberou a minha boca, e passou o braço ao redor da minha cintura.
“Está tudo bem, Bella”, ele prometeu. “Você vai ficar a salvo”.
Nós corremos pela cidade vazia em direção a auto-estrado que dava para o Norte.
“Eu não havia percebido que você estava tão chateada com a vida numa cidadezinha”,
ele disse convencionalmente, e eu sabia que ele estava tentando me distrair. “Parecia
que você estava se ajustando muito bem - especialmente recentemente. Talvez eu
estivesse apenas me adulando por estar fazendo a vida mais interessante pra você”.
“Eu não estava sendo boazinha”, eu confessei, ignorando a sua tentativa de me divertir,
olhando para os meus joelhos. “Foi exatamente aquilo que minha mãe disse quando
deixou ele. Eu acho que você pode dizer que eu atingi abaixo da cintura”.
“Não se preocupe. Ele vai te perdoar”. Ele sorriu um pouco, apesar do sorriso não ter
alcançado os olhos dele.
Eu olhei pra ele desesperadamente, ele viu o pânico que havia nos meus olhos.
“Bella, vai ficar tudo bem”.
“Mas não vai ficar tudo bem quando eu não estiver com você”, eu sussurrei.
“Nós estaremos juntos de novo em alguns dias”, ele disse, apertando o seu abraço em
mim. “Não se esqueça que isso foi idéia sua”.
“Foi a melhor idéia - é claro que foi minha”.
Seu sorriso de resposta foi vazio e desapareceu rapidamente.
“Porque isso aconteceu?”, eu perguntei, minha voz era inquisitiva. “Porque comigo?”
Ele olhou com os olhos vazios para a estrada. “É minha culpa - eu fui um bobo de ter te
exposto daquele jeito”. A raiva na voz dele era dirigida pra si mesmo.
“Não foi isso que eu quis dizer”, eu insisti. “Eu estava lá, grande coisa. Isso não
incomodou os outros dois. Porque que esse James resolveu me matar? Tem, gente em
tudo que é lugar, porque eu?”
_________________________________________________7

Ele hesitou, pensando antes de responder.
“Eu dei uma boa olhada na mente dele esta noite”, ele começou com uma voz baixa.
“Eu não tenho certeza de que havia alguma coisa que eu pudesse fazer pra evitar isso,
uma vez que ele viu você. Isso é parcialmente sua culpa”. Sua voz estava torta. “Se você
não cheirasse tão apavorantemente saborosa, talvez ele não tivesse se incomodado. Mas
quando eu te defendi... bem, isso piorou muito as coisas. Ele não esta acostumado a ser
contrariado, não importa o quanto o objeto seja sem importância. Ele se vê como um
caçador e nada mais. Sua existência foi consumida por perseguições, e um bom desafio
é tudo o que ele pede da vida. de repente nós apresentamos a ele um lindo desafio - um
grande clã de criaturas poderosas todas inclinadas a proteger um elemento frágil. Você
não acreditaria em como ele está eufórico agora. Esse é o jogo favorito dele, e nós
fizemos o jogo ficar ainda mais interessante”. O tom dele estava cheio de repulsa.
Ele pausou por um momento.
“Mas se eu tivesse esperado, ele teria te matado lá mesmo”, ele disse com uma
frustração desesperada.
“Eu achei... que não cheirava igual para os outros... como cheiro pra você”, eu disse
hesitantemente.
“Você não cheira. Mas isso não significa que você também não seja tentadora para eles.
Você é tão apelativa para o perseguidor - ou qualquer um deles - do mesmo jeito que
você é apelativa pra mim, e isso teria gerado uma briga lá mesmo”.
Eu tremi.
“Eu não vejo outra escolha além de matá-lo agora”, ele murmurou. “Carlisle não vai
gostar”.
Eu podia ouvir os pneus passando pela ponte, apesar de não conseguir ver o rio no
escuro. Eu sabia que estávamos perto. Eu tinha que perguntar agora.
“Como se pode matar um vampiro?”
Ele olhou pra mim com olhos ilegíveis e com a voz repentinamente áspera. “A única
forma de ter certeza é fazê-lo em fragmentos e queimar os pedaços”.
“E os outros dois vão lutar com ele?”
“A mulher vai. Eu não tenho certeza sobre Laurent. Eles não têm laços muito forteseles
só estão juntos por conveniência. Ele ficou com vergonha de James na clareira...”
“Mas James e a mulher - eles vão tentar matar você?”, eu perguntei com a voz crua.
“Bella, não ouse perder seu tempo se preocupando comigo. Preocupe-se apenas com a
sua própria segurança e - por favor, por favor - tente não ser descuidada”.
“Ele ainda está seguindo?”
“Sim. No entanto, ele não vai atacar a casa. Não essa noite”.
Ele virou na estrada invisível, Alice seguindo logo atrás.
Nós dirigimos até a casa. As luzes de dentro estavam brilhando, mas elas faziam muito
pouco para aliviar a escuridão da floresta. Emmett abriu minha porta antes que a
caminhonete estivesse parada; ele me tirou do banco, me agarrou como uma bola no seu
peito largo, e me levou correndo pela porta.
Nós entramos na grande sala, Edward e Alice dos nossos lados. Todos eles já estavam
lá; eles já estavam de pé com o som da nossa aproximação. Laurent ficou entre eles. Eu
podia ouvir leves rugidos saindo da garganta de Emmett quando ele me colocou no chão
ao lado de Edward.
“Ele está nos seguindo”, Edward anunciou, olhando diretamente pra Laurent.
O rosto de Laurent estava descontente. “Era isso que eu temia”.
Alice dançou até o lado de Jasper e cochichou no seu ouvido; seus lábios tremiam com
a velocidade do seu discurso silencioso. Eles voaram pelas escadas juntos. Rosalie
observou os dois, e então se moveu para o lado de Emmett. Seus lindos olhos eram
intensos e - quando se fixaram em mim - furiosos.
“O que ele vai fazer?” Carlisle perguntou á Laurent com um tom arrepiante.
“Eu lamento”, ele respondeu. “Eu temia que quando o seu garoto defendeu ela, que isso
iria irritá-lo”.
“Você pode pará-lo?”
Laurent balançou a cabeça. “Nada pode parar James depois que ele começa”.
“Nós vamos pará-lo”, Emmett prometeu. Não havia duvida que ele estava falando sério.
“Você não pode pará-lo. Eu nunca vi nada como ele em meus trezentos anos. Ele é
absolutamente letal. Foi por isso que eu me juntei ao bando dele”.
O bando dele, eu pensei, é claro. O show de liderança não passava disso, um show.
Laurent estava balançando a cabeça. ele olhou pra mim e depois de volta pra Carlisle.
“Vocês têm certeza de que vale a pena?”
O rugido irado de Edward encheu a sala. Laurent deu um passo pra trás.
Carlisle olhou gravemente para Laurent. “Eu temo que você terá que fazer uma
escolha”.
Laurent compreendeu. Ele pensou por um momento. Seus olhos passaram por todos os
rostos, e finalmente varreram a sala clara.
“Eu estou intrigado pelo estilo de vida que vocês criaram aqui. Mas eu não vou me
meter nisso. Eu não sou inimigo de nenhum de vocês, mas não vou me colocar contra
James. Eu acho que vou para o Norte - visitar aquele clã em Denali”. Ele hesitou. “Não
subestimem James. Ele tem uma mente brilhante e sensos fora do comum.
Ele está tão confortável no mundo dos humanos quanto vocês parecem estar, e ele não
vai permitir que vocês se intrometam... eu lamento pelo que isso causou aqui. Lamento
mesmo”. Ele fez uma reverência com a cabeça, mas eu vi quando ele lançou outro olhar
confuso na minha direção.
“Vá em paz”. Foi a resposta formal de Carlisle.
Laurent deu outra olhada á sua volta, e então correu para a porta.
O silêncio durou menos de um segundo.
“Quão perto?”, Carlisle perguntou á Edward.
Esme já estava se mexendo; a mão dela tocou um teclado complementar acima de
qualquer suspeita, e com um gemido, grandes venezianas de metal começaram a selar as
paredes de vidro. Eu fiquei pasma.
“Á cerca de três milhas antes do rio; ele está circulando pra se encontrar com a fêmea”.
“Qual é o plano?”
“Nós vamos despistá-lo, e então Alice e Jasper levam ela para o sul”.
“E então?”
O tom de Edward era mortal. “Assim que Bella estiver longe, nós vamos caçá-lo”.
“Eu acho que não há outra escolha”, Carlisle concordou, seu rosto severo.
Edward se virou para Rosalie.
“Leve ela lá pra cima e troquem de roupas”. Edward comandou. Ela olhou pra ele com
um olhar lívido de descrença.
“Porque eu deveria?”, ela falou. “O que ela é pra mim - além de uma ameaça que você
escolheu pra soltar entre nós”.
Eu dei um passo pra trás pra me proteger do veneno da voz dela.
“Rose...”, Emmett murmurou, colocando uma mão no ombro dela. Ela afastou ele.
Mas eu estava observando Edward o tempo todo, conhecendo seu temperamento,
preocupada com a reação dele.
Ele me surpreendeu. Ele desviou o olhar de Rosalie como se ela nem tivesse falado,
como se ela nem existisse.
“Esme?”, ele pediu calmamente.
“É claro”, Esme murmurou.
Esme já estava ao meu lado em menos de um pulsar do meu coração, me colocando
facilmente em seus braços e me levando pelas escadas antes que eu pudesse ficar
chocada.
“O que nós estamos fazendo?”, eu perguntei sem fôlego enquanto ela me colocava em
um quarto escuro em algum lugar no segundo andar.
“Tentando confundir o cheiro. Não vai funcionar por muito tempo, mas vai ajudar você
na saída”. Eu podia ouvir as roupas dela caindo no chão.
“Eu não acho que vou caber...”, eu hesitei, mas as suas mãos já estavam abruptamente
tirando a minha camisa. Eu rapidamente tirei meus jeans sozinha. Ela me passou alguma
coisa que parecia como uma camisa. Eu lutei pra colocar os meus braços nos buracos
certos. Assim que eu consegui ela me passou sua calça comprida. Eu coloquei elas mas
não consegui tirar meus pés; elas eram longas demais. Ela inteligentemente enrolou as
bainhas algumas vezes pra que eu pudesse ficar de pé. De alguma forma, ela já estava
usando as minhas roupas. Ela me puxou de volta para as escadas, onde Alice estava
esperando, uma pequena maleta de couro estava na mão dela. Cada uma delas agarrou
um dos meus cotovelos e me carregaram enquanto voavam escadas abaixo.
Parecia que tudo já havia sido resolvido lá embaixo durante a nossa ausência. Edward e
Emmett estavam prontos pra partir, Emmett carregava uma mala que parecia ser pesada
sobre seu ombro. Carlisle estava passando algo pequeno para Esme. Ele se virou e
passou a mesma coisa para Alice - era um pequeno celular prateado.
“Esme e Rosalie vão pegar a sua caminhonete, Bella”, ele disse enquanto passava por
mim. Eu balancei a cabeça, olhando cautelosamente para Rosalie. Ela estava olhando
para Carlisle com uma expressão ressentida.
“Alice, Jasper - levem a Mercedes. Vocês vão precisar dos vidros escuros no Sul”.
Eles também balançaram a cabeça.
“Nós vamos com o Jipe”.
Eu estava surpresa de ver que Carlisle pretendia ir com Edward. Eu me dei conta, com
uma pontada de medo, que eles haviam planejado a festa da caçada.
“Alice”, Carlisle perguntou. “Eles vão morder a isca?”
Todo mundo olhou pra Alice quando ela fechou os olhos e ficou incrivelmente rígida.
Finalmente ela abriu os olhos. “Ele vai seguir vocês. A mulher vai seguir a
caminhonete. Nós seremos capazes de partir depois disso”. A voz dela era resoluta.
“Vamos lá”, Carlisle começou a andar em direção á cozinha.
Mas Edward foi para o meu lado na hora. Ele me agarrou com o seu aperto de aço, me
puxando contra ele. Ele pareceu não se dar de que a família dele estava olhando quando
ele puxou meu rosto ao encontro do seu, fazendo meus pés saírem do chão. Pelo mais
breve segundo, seus lábio estavam gelados e duros contra os meus. Então acabou. Ele
me colocou no chão, ainda segurando meu rosto, seus olhos gloriosos queimando nos
meus.
Seus olhos ficaram vazios, curiosamente mortos quando ele se virou me dando as
costas.
E eles foram embora.
Nós ficamos lá, os outros olhando em outras direções enquanto lágrimas silenciosas
rolavam pelo meu rosto.
O momento de silêncio permaneceu, e então o telefone de Esme vibrou na mão dela. Ele
voou para o seu ouvido.
“Agora”, ela disse. Rosalie foi saindo pela porta sem outro olhar em minha direção,mas
Esme tocou minha bochecha enquanto passava por mim.
“Fique segura”. O sussurro dela continuou no ar enquanto elas saiam pela porta. Eu
ouvi minha caminhonete começar a funcionar ruidosamente, e então ir embora.
Jasper e Alice esperaram. O telefone de Alice já parecia estar em sua ouvido antes
mesmo de vibrar.
“Edward disse que a mulher está na cola de Esme. Eu vou pegar o carro”. Ela sumiu por
dentro das sombras por onde Edward havia saído.
Jasper e eu olhamos um para o outro. Ele ficou na entrada longe de mim... sendo
cuidadoso.
“Você está errada, sabe”. Ele disse baixinho.
“O que?”, eu me engasguei.
“Eu posso sentir como você se sente no momento - e você vale a pena”.
“Não valho não”, eu murmurei. “Se algo acontecer á eles, terá sido por nada”.
“Você está errada”, ele repetiu, sorrindo carinhosamente pra mim.
Eu não ouvi nada, mas do nada Alice entrou na sala pela porta da frente com os braços
abertos pra mim.
“Posso?”, ela perguntou.
“Você é a primeira a pedir permissão”, eu dei um sorriso torto.
Ela me levantou nos seus braços esguios tão facilmente quanto Emmett, se curvando
protetoramente sobre mim, e então nós voamos pela porta, deixando as luzes brilhantes
pra trás.
20. Impaciência
Quando eu acordei eu estava confusa. Meus pensamentos estavam nebulosos, ainda
confusos com sonhos e pesadelos; demorou mais tempo do que devia até que eu
lembrasse de onde eu estava.
Esse quarto era insípido demais pra pertencer á outro lugar que não um hotel. Os
abajures de cabeceira, aparafusados ás mesas, eram uma pista muito clara, assim como
as longas cortinas que combinavam com os forros de cama, e as paredes cobertas com
uma tinta genérica aguada.
Eu tentei lembrar de como havia chegado aqui, mas primeiro não me veio nada.
Eu lembrava do carro preto brilhante, os vidros das janelas eram mais escuros do que os
de uma limusine. O motor era quase silencioso, apesar de estarmos correndo na pista
escura com o dobro da velocidade permitida por lei.
E eu me lembrava de Alice estar sentada á meu lado no banco de couro preto. De
alguma forma, ao longo da noite minha cabeça acabou descansando no seu pescoço de
granito. Minha aproximação não pareceu incomodá-la nem um pouco, e a sua pele fria,
dura, era estranhamente reconfortante para mim. A frente da sua leve camisa de algodão
estava fria, encharcada com as lágrimas que jorravam dos meus olhos, até que eles,
vermelhos e doloridos, ficaram secos.
O sono já havia desaparecido; meus olhos doloridos continuaram abertos apesar de a
noite já ter finalmente acabado e de o sol já ter aparecido em algum pico na Califórnia.
A luz cinza fraca, aparecendo no céu sem nuvens, machucou meus olhos. Mas eu não
conseguia fechá-los; quando eu fechava, as imagens que apareciam vividas demais,
como slides atrás das minhas pálpebras eram insuportáveis. A expressão devastada de
Charlie - o rosno gutural de Edward, com os dentes á amostra - o olhar ressentido de
Rosalie - o estudo nos olhos do perseguidor - os olhos mortos de Edward quando ele me
beijou pela última vez... eu não agüentava vê-los. Então eu lutei contra o meu cansaço
enquanto o sol aparecia mais alto no céu.
Eu ainda estava acordada quando passamos por uma pequena montanha através do sol,
que agora estava atrás de nós, refletido nos telhados do Vale do Sol. Eu não tinha
emoções suficientes sobrando para ficar surpresa por termos feito uma viagem de três
dias em um. Eu olhei sem inexpressivamente para a expansão na minha frente. Phoenixas
palmeiras, o creosoto inferior, as faixas de pedestres na horizontal no meio da rua, os
campos de golfe enfileirados e os splashes de azul turquesa nas piscinas, todos
submergiam numa leve névoa baixa, serras de pedra que não eram grandes o suficiente
para serem chamadas de montanhas. As sombras das palmeiras se inclinavam sobre a
rodovia - definidas, mais pontudas do que eu lembrava, mais pálidas do que elas deviam
ser. Nada podia se esconder nessas sombras. A estrada clara, aberta, parecia benigna o
suficiente. Mas eu não me sentia aliviada, não me sentia nem um pouco bem vinda ao
lar.
“Qual é o caminho para o aeroporto, Bella?”, Jasper perguntou, e eu vacilei, apresar da
sua voz ser suave e sem alarmes. Esse foi o primeiro som, além do barulho do carro, a
quebrar o longo silêncio da noite.
“Fique na 1-10”, eu respondi automaticamente. “Nós vamos passar bem na frente”.
Meu cérebro trabalhava muito devagar pela névoa da falta do sono.
“Nós vamos para algum lugar de avião?”, eu perguntei á Alice.
“Não, mas é melhor ficar por perto, na dúvida”.
Eu me lembro do início da curva ao redor do Sky Harbor Internacional... mas não
lembro do final dela. Eu acho que foi aí que eu cai no sono.
Contudo, agora que eu tento me lembrar, eu tenho uma vaga impressão de ter saído do
carro - o sol estava se pondo no horizonte - meu braço caiu sobre o ombro de Alice e ela
firmou seu braço na minha cintura, me carregando enquanto eu tropeçava nas sombras
mornas, secas.
Eu não me lembrava desse quarto.
Eu olhei para o relógio digital na cabeceira da cama. Os números vermelhos diziam que
eram três horas, mas eles não indicavam se era de noite ou de dia. Nem um pouco de luz
escapava pela cortina fina, mas o quarto estava claro por causa da luz do abajur.
Eu me levantei rigidamente e me arrastei até a janela, puxando as cortinas.
Estava escuro lá fora. Três da manhã então.meu quarto ficava de frente para um lado
deserto da estrada e para o novo estacionamento do aeroporto. Era levemente
confortante poder distinguir tempo e espaço.
Eu olhei para mim mesma. Eu ainda estava usando as roupas de Esme, e elas não me
caiam nem um pouco bem. Eu olhei ao redor para o quarto, feliz por encontrar a minha
bolsa de viagem numa penteadeira baixa. Eu estava indo pegar as minhas roupas quando
uma batidinha de leve na porta me fez pular.
“Posso entrar?”, Alice perguntou.
Eu respirei fundo. “Claro”.
Ela entrou e olhou pra mim cuidadosamente. “Parece que você poderia dormir um
pouco mais”, ela disse.
Eu só balancei a cabeça.
Ela se moveu até as cortinas e fechou elas seguramente antes de se virar pra mim.
“Vamos precisar ficar aqui dentro”, ela disse pra mim.
“Tudo bem”, minha voz estava rouca; ela estalou.
“Sede?”, ela perguntou.
Eu levantei os ombros. “Eu estou bem. E você?”
“Nada que não possa ser arranjado”, ela sorriu. “Eu pedi comida pra você, está na sala
da frente. Edward me lembrou de que você tem que comer mais frequentemente que
nós”.
Eu fiquei mais alerta instantaneamente. “ Ele ligou?”
“Não”, ela falou, e observou meu rosto cair. “Isso foi antes de irmos embora”.
Ela pegou minha mão cuidadosamente e me levou até a sala de estar da suíte do hotel.
Eu podia ouvir leves ruídos de vozes vindos da televisão. Jasper estava sentado no canto
da mesa, seus olhos assistiam as notícias sem nenhuma ponta de interesse.
Eu sentei no chão perto da mesa de café, onde a badeja de comida estava esperando, e
comecei a pegar as coisas sem me dar conta do que estava comendo.
Alice se sentou no braço do sofá e começou a olhar para a TV de um jeito vazio que
nem Jasper.
Eu comi devagar, olhando pra ela, me virando de vez em quando pra olhar rapidamente
pra Jasper. Eu comecei a perceber que eles estavam rígidos demais. Eles nunca tiravam
os olhos da tela, apesar de os comerciais já terem começado agora. Eu empurrei a
bandeja para o lado, meu estômago estava abruptamente inquieto. Alice olhou pra mim.
“Qual é problema, Alice?”, eu perguntei.
“Não há nada errado”. Seus olhos eram grandes e honestos... e eu não acreditava neles.
“O que nós fazemos agora?”
“Nós esperamos Carlisle ligar”.
“E ele já devia ter ligado?”. Eu podia ver que estava chegando perto. Seus olhos
flutuaram para o telefone em cima da sua bolsa preta de couro e de volta pra mim.
“O que isso significa?”. Minha voz termia e eu lutei para controlá-la. “Que ele não ligou
ainda?”
“Isso só significa que eles ainda não têm nada para nos dizer”.
Mas a voz dela estava uniforme demais, e o ar ficou mais difícil de respirar.
Jasper estava de repente ao lado de Alice, mais perto de mim do que o normal.
“Bella”, ele disse numa voz suspeitosamente confortante. “Você não tem nada com o
que se preocupar. Você está completamente segura aqui”.
“Eu sei disso”.
“Então porque você está assustada?”, ele perguntou confuso. Ele deve ter sentido a
tenacidade das minhas emoções, mas ele não conseguia ler as razões por trás delas.
“Você ouviu o que Laurent disse”, minha voz era só um sussurro, mas eu tinha certeza
de que eles conseguia me ouvir. “Ele disse que James era letal.
E se alguma coisa der errado, e eles se separarem? E se alguma coisa acontecer com
algum deles, Carlisle, Emmett... Edward...”, eu engoli seco. “E se a fêmea machucar
Esme...”, minha voz havia ficado mais alta, uma ponta de histeria estava começando a
aparecer nela. “Como eu poderia viver comigo mesma sabendo que é minha culpa?
Nenhum de vocês devia estar se arriscando por mim- “
“Bella, Bella, pare”, ele me interrompeu, as palavras dele vertiam tão rapidamente que
era difícil compreendê-las. “Você está se preocupando com as coisas erradas, Bella.
Confie em mim - nenhum de nós corre risco. Você já tem coisas de mais com as quais
se estressar; não adicione isso tudo á preocupações desnecessárias. Me ouça!”, ele
ordenou quando eu desviei o olhar. “Nossa família é forte. Nosso único medo é perder
você”.
“Mas porque vocês deveriam -“
Dessa vez foi Alice que interrompeu , tocando minha bochecha com seus dedos frios.
“Já faz um século que Edward está sozinho. Agora ele encontrou você. Você não
consegue ver as diferenças que nós vemos, nós que temos estado com ele há tanto
tempo. Você acha que algum de nós vai querer olhar nos olhos dele pelos próximos cem
anos se ele perder você?”
Minha sensação de culpa foi diminuindo enquanto eu olhava para os seus olhos escuros.
Mas mesmo com a calma se espalhando pelo meu corpo, eu não conseguia confiar nos
meus sentimentos com Jasper lá.
Foi um dia muito longo.
Nós ficamos no quarto. Alice ligou para a recepção e pediu que cancelassem o nosso
serviço de camareiras por enquanto. As janelas continuaram fechadas e a TV ligada,
apesar de ninguém estar assistindo. O telefone prateado em cima da bolsa de Alice
parecia ficar maior enquanto as horas passavam.
Minhas babás conseguiam agüentar o suspense melhor que eu. Enquanto eu me
preocupava e andava pra lá e pra cá, eles só ficavam cada vez mais imóveis, aquelas
duas estátuas cujos olhos me seguiam imperceptivelmente enquanto eu me movia. Eu
me ocupei em memorizar o quarto; as listras padronizadas do sofá, bronze, pêssego,
creme, dourado escuro, e então bronze de novo. As vezes eu olhava para as pinturas
abstratas, ocasionalmente achando desenhos nas formas, como eu encontrava os
desenhos nas nuvens quando eu era criança. Eu encontrei uma mão azul, uma mulher
penteando o cabelo, um gato se estirando. Mas quando o círculo vermelho se
transformou num olho me encarando, eu desviei o olhar.
Enquanto a tarde passava, eu voltei para a cama, simplesmente pra ter algo pra fazer. Eu
esperava que estando sozinha no quarto, eu poderia me entregar aos terríveis medos que
pairavam na minha consciência, impossibilitados de se libertarem por causa da
supervisão cuidadosa de Jasper.
Mas Alice me seguiu casualmente, como se por coincidência ela tivesse se cansado da
sala ao mesmo tempo que eu. Eu estava começando a imaginar exatamente que tipo de
instruções Edward havia dado á ela. Eu me estirei na cama, e ela sentou, com as pernas
cruzadas, perto de mim. No início eu ignorei ela, repentinamente cansada o suficiente
para dormir. Mas depois de alguns minutos, o pânico que estava se escondendo na
presença de Jasper começou a aparecer. Nessa hora eu desisti da idéia de dormir
rapidamente, me curvando numa pequena bola, abraçando minhas pernas com os
braços.
“Alice?”, eu perguntei.
“Sim?”
Eu mantive minha voz muito calma. “O que você acha que eles estão fazendo?”
“Carlisle pretendia levar o perseguidor tão longe para o Norte quanto fosse possível,
esperar que ele se aproximasse, e então encurralar ele. Esme e Rosalie deviam ir para o
oeste enquanto a fêmea ainda estivesse atrás delas. Se ela fosse embora, elas deveriam
voltar pra Forks pra tomar conta do seu pai. Então eu imagino que se eles não podem
ligar eles estão indo bem. Significa que o perseguidor está muito perto e eles não
querem que ele os ouça”.
“E Esme?”
“Eu acho que ela já deve ter voltado pra Forks. Ela não vai ligar se houver alguma
chance de que a fêmea ouça. Eu espero que eles todos estejam apenas sendo
cuidadosos”.
“Você acha que eles estão a salvo, mesmo?”
“Bella, quantas vezes teremos que te dizer que não há perigo pra nós?”
“Contudo, você me contaria a verdade?”
“Sim. Eu sempre vou te contar a verdade”. A voz dela era intensa.
Eu pensei por um momento, e decidi que ela estava sendo sincera.
“Então me diga... como é que você se tornou uma vampira?”
Minha pergunta pegou ela fora de guarda. Ela ficou quieta. Eu me virei pra olhar pra
ela, e a expressão dela parecia ambivalente.
“Edward não quer que eu te diga”, ela disse firmemente, mas eu senti que ela não
concordava com isso.
“Isso não é justo. Eu acho que tenho o direito de saber”.
“Eu sei”.
Eu olhei pra ela esperando.
Ela suspirou. “Ele vai ficar extremamente zangado”.
“Isso não é da conta dele. Isso é entre eu e você. Alice, como amiga, eu estou te
implorando”. E nós éramos amigas agora, de alguma forma - e ela já devia saber que
seria assim desde o início.
Ela olhou pra mim com seus olhos esplêndidos, inteligentes... escolhendo.
“Eu vou te contar o lado mecânico da coisa”, ela disse finalmente. “mas nem eu mesma
me lembro do que aconteceu, e eu nunca fiz isso ou vi sendo feito, então fique
consciente de que só posso te contar o que eu sei na teoria”.
Eu esperei.
“Como predadores, nós temos um excesso de armas em nosso arsenal físico - muito,
muito mais do que aquilo que realmente necessitamos. A força, a velocidade, os
sentidos aguçados, sem mencionar aqueles como Edward, Jasper e eu, que temos
sentidos extras também. E então, como uma flor carnívora, nós somos atraentes para a
nossa presa”.
Eu estava muito rígida, me lembrando do quão sugestivamente Edward havia me
explicado esse mesmo conceito na clareira.
Ela sorriu um sorriso largo, nefasto. “Nós temos outra arma um tanto quanto supérflua.
Nós também somos venenosos”, ela disse, seus dentes brilhando. “O veneno não mata -
é meramente incapacitante. Ele se espalha lentamente, se espalhando na corrente
sanguínea, pra que, uma vez mordida, a presa sente dor física demais para escapar. Um
tanto quanto supérfluo, como eu disse. Se nós estivermos tão perto, a presa não vai
escapar. É claro que sempre existem exceções. Carlisle, por exemplo”.
“Então... o veneno é deixado lá pra se espalhar...”, eu murmurei.
“Levam alguns dias para a transformação estar completa, dependendo de quanto veneno
há na corrente sanguínea, de quão devagar o veneno entra no coração. Enquanto o
coração continua batendo, o veneno se espalha, curando, mudando o corpo enquanto
passa por ele. Eventualmente o coração para, e a conversão chega ao fim. Mas durante
todo o tempo, durante cada minuto, a vítima estará desejando estar morta”.
Eu tremi.
“Não é muito prazeroso, você vê”.
“Edward disse que era uma coisa muito difícil de fazer...eu não entendi muito bem”.
“Nós também somos como tubarões, de certa forma. Quando nós experimentamos o
sangue, ou mesmo se tivermos apenas sentido o cheiro dele, se torna muito difícil não se
alimentar dele. As vezes é impossível. Então veja, morder alguém de verdade,
experimentar do sangue, isso começaria o frenesi. É difícil para os dois lados - a luxúria
pelo sangue de uma lado, a dor horrível do outro.”
“Porque você acha que não lembra?”
“Eu não sei. Pra todos os outros, a dor da transformação é a memória mais forte da vida
humana. Eu não me lembro de como é ser humana”.
Sua voz estava severa.
Nós ficamos em silêncio, cada uma envolvida em seus próprios pensamentos.
Os segundos se passaram, e eu quase esqueci da presença dela, de tão envolvida que
estava nos meus pensamentos.
Então, sem aviso, Alice saltou da cama, pousando levemente nos seus pés. Minha
cabeça deu um pulo e eu encarei ela, alarmada.
“Algo mudou”. A voz dela estava alarmada, e ela não estava mais falando comigo.
Ela alcançou a porta ao mesmo tempo que Jasper. Ele obviamente estava ouvindo a
nossa conversa e ouviu a exclamação súbita. Ele colocou as mãos nos ombros dela e a
guiou de volta para a cama, sentando ela na beirada.
“O que você vê?”, ele perguntou atentamente, olhando dentro dos olhos dela. Os olhos
estavam focados em alguma coisa que estava muito longe. Eu sentei perto dela, me
inclinando para entender sua voz rápida e baixa.
“Eu vejo um quarto. É longo, e tem espelhos me todo lugar. O chão é de madeira. Ele
está nesse quarto, e ele está esperando. Há dourado... uma faixa dourada por entre os
espelhos”.
“Onde é o quarto?”
“Eu não sei. Está faltando alguma coisa - outra decisão que ainda não foi tomada”.
“Quanto tempo?”
“Em breve. Ele estará na sala dos espelhos hoje, ou talvez amanhã. Isso depende. Ele
está esperando por alguma coisa. E ele está no escuro agora”.
A voz de Jasper estava calma, metódica, enquanto ele interrogava ela cheio de prática.
“O que ele está fazendo?”
“Ele está assistindo Tv... não, ele está passando uma fita de vídeo, no escuro, em outro
lugar”.
“Você consegue ver onde é?”
“Não, é escuro demais”.
“Eu não sei. Pra todos os outros, a dor da transformação é a memória mais forte da vida
humana. Eu não me lembro de como é ser humana”.
Sua voz estava severa.
Nós ficamos em silêncio, cada uma envolvida em seus próprios pensamentos.
Os segundos se passaram, e eu quase esqueci da presença dela, de tão envolvida que
estava nos meus pensamentos.
Então, sem aviso, Alice saltou da cama, pousando levemente nos seus pés. Minha
cabeça deu um pulo e eu encarei ela, alarmada.
“Algo mudou”. A voz dela estava alarmada, e ela não estava mais falando comigo.
Ela alcançou a porta ao mesmo tempo que Jasper. Ele obviamente estava ouvindo a
nossa conversa e ouviu a exclamação súbita. Ele colocou as mãos nos ombros dela e a
guiou de volta para a cama, sentando ela na beirada.
“O que você vê?”, ele perguntou atentamente, olhando dentro dos olhos dela. Os olhos
estavam focados em alguma coisa que estava muito longe. Eu sentei perto dela, me
inclinando para entender sua voz rápida e baixa.
“Eu vejo um quarto. É longo, e tem espelhos me todo lugar. O chão é de madeira. Ele
está nesse quarto, e ele está esperando. Há dourado... uma faixa dourada por entre os
espelhos”.
“Onde é o quarto?”
“Eu não sei. Está faltando alguma coisa - outra decisão que ainda não foi tomada”.
“Quanto tempo?”
“Em breve. Ele estará na sala dos espelhos hoje, ou talvez amanhã. Isso depende. Ele
está esperando por alguma coisa. E ele está no escuro agora”.
A voz de Jasper estava calma, metódica, enquanto ele interrogava ela cheio de prática.
“O que ele está fazendo?”
“Ele está assistindo Tv... não, ele está passando uma fita de vídeo, no escuro, em outro
lugar”.
“Você consegue ver onde é?”
“Não, é escuro demais”.
“E o quarto dos espelhos, o que mais há lá?”
“Só os espelhos, e o dourado. É uma faixa, ao redor da sala. E há uma mesa preta com
um grande som e uma TV. Ele está tocando um videocassete lá, mas ele não está
assistindo como faz na sala escura. Nessa sala ele só espera”. Os olhos dela vaguearam,
e então se focaram no rosto de Jasper.
“Não há mais nada?”
Ela balançou a cabeça. Eles olharam um para o outro, imóveis.
“O que isso significa?”, eu perguntei.
Nenhum deles respondeu por um momento, e então Jasper olhou pra mim.
“Significa que os planos do perseguidor mudaram. Ele tomou uma decisão que vaio
guiá-lo ao quarto dos espelhos, e ao quarto escuro”.
“Mas nós não sabemos onde esses quartos são?”
“Não”.
“Mas nós sabemos que ele não estará nas montanhas á Norte de Washington, sendo
caçado. Ele vai enganá-los”. A voz de Alice estava vazia.
“Devemos ligar?”, eu perguntei. Eles trocaram um olhar sério, indecisos.
E então o telefone tocou.
Alice já estava do outro lado da sala antes que eu pudesse levantar minha cabeça pra
olhar.
Ela apertou um botão e colocou o telefone no ouvido dela, mas ela não foi a primeira a
falar.
“Carlisle”, ela respirou. Ela não pareceu surpresa ou aliviada, como eu estava.
“Sim”, ela disse, olhando pra mim. Ela escutou por um momento.
“Eu acabei de vê-lo”, ela descreveu de novo a visão que tinha acabado de ter. “O que
quer que tenha colocado ele naquele avião... está levando ele para aquelas salas”. Ela
parou. “Sim”, Alice disse para o telefone, e então falou comigo. “Bella?”
Ela segurou o telefone na minha direção. Eu corri pra ele.
“Alô”, eu respirei.
“Bella”, Edward disse.
“Oh, Edward! Eu estava tão preocupada”.
“Bella”, ele suspirou frustrado. “Eu te disse pra não se preocupar com nada a não ser
você mesma”. Era tão incrivelmente bom poder ouvir a voz dele. Eu senti a nuvem de
desespero enfraquecer e ir embora enquanto ele falava.
“Onde vocês estão?”
“Nós estamos em Vancouver. Bella, me desculpe - nós o perdemos. Ele parece estar
suspeitando de nós - ele está sendo cuidadoso o suficiente pra não ficar a uma distância
que possamos ouvir os pensamentos dele. Mas agora ele foi embora - parece que ele
entrou num avião. Nós achamos que ele voltou pra Forks pra recomeçar tudo”. Eu podia
ouvir Alice conversando com Jasper atrás de mim, as palavras rápidas dela saíam
acompanhadas de um zumbido.
“Eu sei. Alice disse que ele havia escapado”.
“Contudo, você não precisa se preocupar. Ele não encontrará nada que o leve a você.
Você só tem que esperar aí até que nós o encontremos de novo”.
“Eu vou ficar bem. Esme está com Charlie?”
“Sim- a fêmea esteve na cidade. Ela esteve na casa, mas só enquanto Charlie estava no
trabalho. Ela não se aproximou dele, então não tenha medo. Ele está a salvo com Esme
e Rosalie tomando conta”.
“O que ela está fazendo?”
“Possivelmente tentando encontrar uma pista. Ela vasculhou a cidade inteira durante a
noite. Rosalie encontrou ela no aeroporto, em todas as estradas ao redor, na escola... ela
está vasculhando, Bella, mas não há nada para encontrar”.
“E você tem certeza que Charlie está a salvo?”
“Sim, Esme não vai perder ele de vista. E nós estaremos lá em breve.
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