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Lua Nova Parte 5





LUA NOVA
(NEW MOON)
STEPHENIE MEYER
Segundo livro da série
 ‘Crepúsculo’.  
ESTA É A PARTE 4





Eu estava profundamente aliviada por ele parecer entender - confortada de que isso
fazia sentido pra ele. De qualquer forma, ele não estava olhando pra mim como se eu
fosse uma louca. Ele estava olhando pra mim como... se me amasse.
"Eu só ouví uma voz", eu corrigi ele.
Ele riu e então me puxou bem apertado para o seu lado direito e começou a me guiar
para a frente.
"Eu só estou brincando com isso", ele fez um gesto largo na escuridão enquanto nós
caminhávamos. Havia alguma coisa pálida e imensa lá - a casa, eu me dei conta.
"Não importa nem um pouco o que eles disserem".
"Agora isso afeta eles também".
Ele levantou os ombros indiferentemente.
Ele me guiou pela porta da frente aberta pra dentro da casa escura e ligou as luzes.
A sala era exatamente como eu me lembrava - o piano e os sofás brancos e a escada
pálida, gigante. Nada de poeira, nada de lençóis brancos.
Edward chamou os nomes com o mesmo volume que usaria numa conversa normal.
"Carlisle? Esme? Rosalie? Emmett? Jasper? Alice?", eles ouviriam.
Carlisle estava em pé ao meu lado de repente, como se ele tivesse estado lá o tempo
inteiro. "Bem vinda de volta, Bella", ele sorriu. "O que podemos fazer por você essa
manhã? Eu imagino, pela hora, que essa não é uma visita puramente social".
Eu balancei a cabeça. "Eu gostaria de falar com todos de uma só vez, se estiver tudo
bem. Sobre uma coisa importante".
Eu não consegui evitar olhar para o rosto de Edward enquanto falava. A expressão dele
estava crítica. Quando eu olhei de volta pra Carlisle, ele estava olhando pra Edward
também.
"É claro", Carlisle disse. "Porque não falamos na outra sala?"
Carlisle guiou o caminho pela sala de estar clara, e pela curva para a sala de jantar,
ligando as luzes enquanto passava. As paredes eram brancas, o teto era alto, como na
sala de estar. No centro da sala, embaixo do candelabro baixo, havia uma grande masa
polida, oval cercada por oito cadeiras. Carlisle segurou uma cadeira pra mim na ponta.
Eu nunca havia visto os Cullen usando a sala de jantar antes - era só um adereço. Eles
não comiam na casa.
Assim que eu me virei pra sentar na cadeira, eu ví que não estávamos mais sozinhos.
Esme havia seguido Edward e o resto da familia enchia a sala atrás dela.
Carlisle se sentou á minha direita, e Edward á minha esquerda. Todos os outros se
sentaram silenciosamente. Alice estava sorrindo pra mim, já a par de tudo. Emmett e
Jasper pareciam curiosos, e Rosalie sorria pra mim tentadoramente. Meu sorriso de
resposta foi tão tímido quanto o dela. Ia levar um tempo pra me acostumar com isso.
Carlisle acenou a cabeça na minha direção. "O palco é seu".
Eu engolí seco. Os olhares deles me deixaram nervosa. Edward pegou a minha mão por
debaixo da mesa. Eu olhei pra ele, mas ele estava olhando para os outros, seu rosto
estava feroz de repente.
"Bem", eu pausei. "Eu espero que Alice já tenha lhes contado tudo o que aconteceu em
Volterra?"
"Tudo", Alice me assegurou.
Eu joguei um olhar significativo pra ela. "E na ida".
"Isso também", ela balançou a cabeça.
"Bom", eu suspirei aliviada. "Então estamos todos na mesma página".
Eles esperaram pacientemente enquanto eu tentava ordenar meus pensamentos.
"Então, eu tenho um problema", eu comecei. "Alice prometeu aos Volturi que eu me
tornaria uma de vocês. Eles vão mandar alguém pra checar, e eu tenho certeza de que
isso é uma coisa ruim - uma coisa pra ser evitada.
"E então, agora, isso envolve vocês todos. Eu lamento por isso". Eu olhei pra cada um
dos seus rostos lindos, deixando o mais lindo por último. Aboca de Edward estava
virada pra baixo em uma careta. "Mas se vocês não me quiserem, então eu não vou me
forçar pra vocês, esteja Alice querendo ou não".
Esme abriu sua boca pra falar, mas eu ergui um dedo pra pará-la.
"Por favor, me deixe terminar. Todos vocês sabem o que eu quero. E eu tenho certeza
de que também sabem o que Edward quer. Eu acho que a única maneira justa de decidir
é por uma votação. Se vocês decidirem que não me querem, então... eu acho que vou
para a Itália sozinha. Eu não posso deixar que eles venham até aqui" Minha testa se
enrugou enquanto eu considerei isso.
Houve o fraco estrondo de um rosnado no peito de Edward. Eu o ignorei.
"Levando isso em conta, então, que eu não vou colocá-los em perigo de nenhuma das
formas, eu quero que vocês votem sim ou não no caso de eu me tornar uma vampira".
Eu dei um meio sorriso na última palavra, e fiz um gesto na direção de Carlisle pra que
ele começasse.
"Só um minuto", Edward interrompeu.
Eu o encarei com os olhos apertados.
"Eu tenho algo a adicionar antes de votarmos".
Eu suspirei.
"Sobre o perigo ao qual Bella está se referindo", ele continuou. "Eu não acho que
precisamos ser exageradamente ansiosos".
A expressão dele ficou mais animada. Ele colocou a mão livre em cima da mesa
brilhante e se inclinou para a frente.
"Vejam", ele explicou, olhando ao redor da mesa enquanto falava, "havia mais de uma
razão pra eu não ter apertado a mão de Aro lá no final. Há uma coisa na qual eles não
pensaram, e eu não queria precavê-los disso". Ele sorriu.
"Que era?", Alice estimulou. Eu tinha certeza de que a minha expressão era tão cética
como a dela.
"Os Volturi são super confiantes, e com uma boa razão. Quando eles decidem encontrar
alguém, isso não é realmente um problema. Lembra de Demetri?", Ele olhou pra mim
agora.
Eu levantei os ombros. Ele considerou isso um sim.
"Ele encontra pessoas - esse é o seu talento, por isso eles o mantêm.
"Agora, durante todo o tempo em que eu estive com cada um deles, eu estava
vasculhando no cérebro deles por qualquer coisa que pudesse nos salvar, eu estava
pegando toda a informação que fosse possível. Então eu ví como o talento de Demetri
funciona. Ele é um perseguidor - um perseguidor mil vezes mais talentoso que James
era. A habilidade dele é levemente relacionada á minha, ou o que Aro faz.
Ele capta... o gosto? Eu não sei como descrever isso... o tenor... da mente de alguém, e
depois ele a segue. Isso funciona a distâncias imensas.
"Mas depois do pequeno experimento de Aro, bem...", Edward levantou os ombros.
"Você acha que ele não será capaz de me encontrar", eu disse planamente.
Ele estava presumido. "Eu tenho certeza disso. Ele se baseia completamente nesse
sentido. Quando ele não funcionar com você, eles estarão todos cegos".
"E como isso resolve alguma coisa?"
"Obviamente, Alice será capaz de dizer quando eles estiverem planejando uma visita, e
eu vou te esconder", ele disse profundamente agradado. "Será como procurar uma
agulha num palheiro".
Ele e Emmett trocaram um olhar e um sorriso.
Isso não fazia nenhum sentido. "Mas eles podem encontrar você", eu o lembrei.
"E eu posso cuidar de mim mesmo".
Emmett riu e se inclinou por cima da mesa na direção do irmão, estendendo o pulso.
"Excelente plano, meu irmão", ele disse com entusiasmo.
Edward esticou o braço pra bater o pulso de Emmett no seu.
"Não", Rosalie assobiou.
"Absolutamente não", eu concordei.
"Legal", a voz de Jasper estava apreciativa.
"Idiotas", Alice murmurou.
Esme encarou Edward.
Eu fiquei ereta na minha cadeira, me focando. Essa era a minha reunião.
"Tudo bem, então. Edward ofereceu uma alternativa pra vocês considerarem", eu disse
friamente. "Vamos votar".
Eu olhei na direção de Edward dessa vez; seria melhor tirar a opinião dele do caminho.
"Você quer que eu me junte á sua família?"
Os olhos dele estavam duros e pretos como asfalto. "Não dessa maneira. Você fica
humana".
Eu balancei a cabeça uma vez, mantendo o meu rosto profissional, e depois continuei.
"Alice?"
"Sim".
"Jasper?"
"Sim", ele disse, com a voz grave. Eu fiquei um pouco surpresa - eu não tinha nem um
pouco de certeza do seu voto - mas eu suprimi minha reação e segui adiante.
"Rosalie?"
Ela hesitou, mordendo o seu lábio inferior cheio, perfeito. "Não".
Eu mantive meu rosto vazio e virei minha cabeça um pouco pra continuar, mas ela
levantou as duas mãos, com as palmas pra frente.
"Deixe-me explicar", ele implorou. "Eu não estou querendo dizer que tenho aversões a
ter você como irmã. É só que... essa não é a vida que eu teria escolhido pra mim. Eu
queria que houvesse alguém pra ter votado não pra mim".
Eu balancei a cabeça lentamente, e depois me virei pra Emmett.
"Que inferno, sim!", ele abriu um sorriso largo. "A gente pode arrumar um outro jeito
de arrumar briga com esse Demetri".
Eu ainda estava fazendo uma careta por isso quando me virei pra Esme.
"Sim, é claro, Bella. Eu já penso em você como parte da minha família".
"Obrigada, Esme", eu sussurrei enquanto me virava direção de Carlisle.
Eu fiquei nervosa de repente, desejando ter pedido pelo voto dele antes. Eu tinha certeza
de que esse era o voto que importava mais, o voto que contava mais que a maioria.
Carlisle não estava olhando pra mim.
"Edward", ele disse.
"Não", Edward rosnou. A mandíbula dele estava muito apertada, seus lábios curvados
na frente dos seus dentes.
"É o único jeito disso fazer sentido", Carlisle insistiu. "Você escolheu não vier sem ela,
e isso não me deixa outra escolha".
Edward soltou a minha mão, saindo da mesa com presa. Ele marchou pra fora da sala,
rosnando por baixo do fôlego.
"Eu acho que você sabe o meu voto". Carlisle suspirou.
Eu ainda estava olhando pra Edward. "Obrigada", eu murmurei.
Um barulho alto de alguma coisa se quebrando ecoou da outra sala.
Eu enrijeci e falei rapidamente. "Isso era tudo o que eu precisava. Obrigada. Me me
quererem. Eu me sinto exatamente da mesma forma por todos vocês também". Minha
voz estava embargada de emoção no final.
Esme estava do meu lado num flash, os seus braços frios ao meu redor.
"Querida Bella", ela respirou.
Eu a abracei de volta. Pelo canto do meu olho, eu notei Rosalie olhando pra baixo para a
mesa, e eu me dei conta de que as minhas palavras podiam ser interpretadas de duas
formas.
"Bem, Alice", eu disse quando Esme me soltou. "Onde você quer fazer isso?"
Alice me encarou, seus olhos estavam arregalados de terror.
"Não! Não! NÃO!" Edward rugiu, entrando na sala de novo. Ele estava na minha cara
antes que eu pudesse piscar, se inclinando sobre mim, sua expressão contorcida com
raiva. "Você está louca?" ele gritou. "Você perdeu completamente a cabeça?"
Eu me afastei, com as mãos nos ouvidos.
"Umm, Bella", Alice se intrometeu com uma voz ansiosa. "Eu não acho que estou
pronta pra isso. Eu vou precisar me preparar..."
"Você prometeu", eu a lembrei, olhando por baixo do braço de Edward.
"Eu sei, mas... Sério, Bella! Eu não faço idéia de como não matar você".
"Você pode fazer isso", eu encorajei. "Eu confio em você".
Edward rosnou furioso.
Alice balançou a cabeça rapidamente, parecendo em pânico.
"Carlisle?", eu me virei pra olhar pra ele.
Edward agarrou meu rosto com a mão, me forçando a olhar pra ele. A outra mão dele
estava levantada, com a palma levantada pra Carlisle.
Carlisle ignorou isso. "Eu posso fazer isso", ele respondeu minha pergunta. Eu desejei
poder ver a expressão dele. "Você não correr nenhum risco de que eu perca o controle".
"Parece bom". Eu esperava que ele tivesse entendido; era difícil falar claramente
enquanto Edward segurava a minha mandíbula.
"Espere", Edward disse por entre os dentes. "Não precisa ser agora".
"Não há razão pra não ser agora", eu disse, as palavras saindo em desordem.
"Eu estou pensando em algumas".
"É claro que está", eu disse acidamente. "Agora me solte".
Ele libertou meu braço e cruzou os braços no peito. "Em cerca de duas horas, Charlie
vai estar aqui procurando por você. Eu não duvidaria que ele chamasse a polícia".
"Os três deles", eu fiz uma carranca.
Essa sempre era a parte mais difícil. Charlie, Renée. E agora Jacob também. As pessoas
que eu perderia as pessoas que eu ia machucar. Eu queria que houvesse uma forma de
eu ser a única a sofrer, mas eu sabia que isso seria impossível.
Ao mesmo tempo, eu estava os magoando mais permanecendo humana. Colocando
Charlie em perigo constante com a minha aproximação. Colocando Jake em mais perigo
ainda por trazer os inimigos dele ás terras que ele deve proteger. E Renée - eu nunca
podia me arriscar a visitar a minha mãe por medo de trazer problemas mortais comigo!
Eu era um imã de perigo; eu já tinha aceitado isso sobre mim mesma.
Aceitando isso, eu sabia que teria de ser capaz de cuidar de mim mesma e proteger as
pessoas que eu amava, mesmo que isso significasse que eu não poderia estar com eles.
Eu precisava ser forte.
"No interesse de permanecer acima de qualquer suspeita"Edward disse, ainda através
dos dentes trincados, mas olhando pra Carlisle agora.
"Eu sugiro que ponhamos um fim a essa conversa, pelo menos até que Bella termine o
segundo grau, e saia da casa de Charlie"
"Esse é um pedido razoável, Bella", Carlisle apontou.
Eu pensei na reação de Charlie quando acordasse essa manhã, se - depois do que ele
teve que agüentar depois da perda de Harry, e depois eu tivesse que fazê-lo passar pelo
meu desaparecimento inexplicável - ele encontrasse minha cama vazia.
Charlie merecia mais que isso. Era só um pouco mais de tempo; a formatura não estava
tão longe...
Eu torci meus lábios. "Eu vou considerar isso".
Edward relaxou. A mandíbula dele se desprendeu.
"Eu provavelmente devia te levar pra casa", ele disse, mais calmo agora, mas
claramente com pressa de me tirar daqui. "Só no caso de Charlie acordar mais cedo".
Eu olhei pra Carlisle. "Depois da formatura?"
"Você tem minha palavra".
Eu respirei fundo, sorri, e me virei de volta pra Edward. "Tudo bem. Você pode me
levar pra casa".
Edward se apressou pra me tirar da casa antes que Carlisle pudesse me prometer mais
alguma coisa. Ele me levou pelos fundos, pra que assim eu não pudesse ver o que ele
havia quebrado na sala de estar.
A viagem pra casa foi quieta. Eu estava me sentindo triunfante, e um pouco presumida.
Rígida de medo, também, é claro, mas eu tentei não pensar nessa parte. Não me fazia
nenhum bem pensar na dor - a física ou a emocional - então eu não pensaria. Não até
que eu tivesse que pensar.
Quando nós chegamos à minha casa, Edward não parou. Ele correu parede acima e
entrou pela minha janela em meio segundo. Então ele tirou meus braços do seu pescoço
e me colocou na cama.
Eu pensei que fazia uma bela idéia do que ela estava pensando, mas a sua expressão me
surpreendeu. Ao invés de furiosa, a expressão dele estava calculista. Ele andou
silenciosamente pra frente e pra trás pelo meu quarto escuro enquanto eu o observava
com crescente suspeita.
"O que quer que seja que você estiver planejando, não vai funcionar", eu disse pra ele.
"Shh. Eu estou pensando".
"Ugh", eu gemi, me jogando na cama e colocando a colcha por cima da minha cabeça.
Não houve nenhum som, mas de repente ele estava lá. Ele tirou a coberta de cima pra
poder me ver. Ele estava deitado ao meu lado. A mão dele se aproximou pra alisar a
minha bochecha.
"Se você não se importar, eu preferiria que você não escondesse o seu rosto. Eu já vivi
sem ele pelo máximo de tempo que eu consigo agüentar. Agora... diga-me uma coisa".
"O que?", eu perguntei sem vontade.
"Se você pudesse pedir por qualquer coisa nesse mundo, qualquer coisa, o que seria?"
Eu sentí o ceticísmo nos meus olhos. "Você"
Ele balançou a cabeça impaciente. "Alguma coisa que você ainda não tenha".
Eu não tinha certeza de onde ele estava planejando me levar, então eu pensei
cuidadosamente antes de responder. Eu pensei em uma coisa que não só era verdade,
como também provavelmente impossível.
"Eu ia querer... Que Carlisle não tivesse que fazer isso. Eu iria querer que você me
transformasse".
Eu observei a reação dele cautelosamente, esperando mais da fúria que eu havia visto na
casa dele. Eu fiquei surpresa que a expressão dele não mudou. Ele ainda estava
calculista, pensativo.
"O que você estaria a fim de trocar por isso?"
Eu não conseguia acreditar em meus ouvidos. Eu olhei para o seu rosto composto e
soltei a resposta antes que pudesse pensar nela.
"Qualquer coisa".
Ele sorriu fracamente, e depois torceu os lábios. "Cinco anos?"
Meu rosto se contorceu em uma expressão que era uma mistura de pesar e horror.
"Você disse qualquer coisa", ele me lembrou.
"Sim, mas... você vai usar o tempo pra encontrar uma maneira de se livrar disso. Eu
tenho que bater enquanto o ferro está quente. Além do mais, é perigoso demais que eu
permaneça humana - pra mim, pelo menos. Então, qualquer coisa menos isso".
Ele fez uma carranca. "Três anos?"
"Não!"
"Será que isso vale alguma coisa pra você?"
Eu pensei no quanto eu queria isso. Melhor manter uma testa de ferro, eu decidi, e não
deixar ele saber o quanto eu queria isso.
Isso ia me dar mais tempo pra ter influencia. "Seis meses?"
Ele rolou os olhos. "Não é bom o suficiente".
"Um ano, então", eu disse. "Esse é o meu limite".
"Pelo menos me dê dois".
"De jeito nenhum. De dezenove eu passo. Mas eu não vou chegar nem perto dos vinte.
Se você vai ficar na adolescência pra sempre, então eu também vou".
Ele pensou por um minuto. "Tudo bem. Esqueça os limites de tempo. Se você quer que
eu faça isso - então você só vai ter que aceitar uma condição".
"Condição?", minha voz ficou vazia. "Que condição?"
Seus olhos estavam cuidadosos - ele falou lentamente. "Case comigo primeiro".
Eu olhei pra ele, esperando... "Tudo bem. Qual é o truque?"
Ele suspirou. "Você está ferindo o meu ego, Bella. Eu acabei de te pedir em casamento,
e você acha que eu estou fazendo piada".
"Edward, por favor fale sério".
"Eu estou sendo cem por cento sério". Ele me encarou sem uma ponta de humor no
rosto.
"Oh, vamos", eu disse, uma ponta de histeria na minha voz. "Eu só tenho dezoito".
"Bem, eu já tenho quase cento e dez. Está na hora de me ajeitar".
Eu desviei o olhar, para a janela escura, tentando controlar o meu pânico antes que ele
me denunciasse.
"Olha, casamento não está exatamente no topo da minha lista de prioridades, sabe?
Isso foi meio que o beijo da morte pra Renée e Charlie".
"Interessante escolha de palavras".
"Você sabe do que eu estou falando".
Ele inalou profundamente. "Por favor não me diga que você tem medo de
compromisso", a voz dele estava descrente, e eu entendi do que ele estava falando.
"Não é exatamente isso", eu cerquei. "Eu... estou com medo de Renée. Ela realmente
tem umas opiniões interessantes sobre se casar antes dos trinta".
"Porque ela preferiria que você se tornasse um dos eternos condenados do que te ver se
casar". Ele sorriu obscuramente.
"Você acha que está fazendo piada".
"Bella, se você considerar o nível de comprometimento entre uma união matrimonial e a
barganha de trocar a sua alma por uma eternidade como vampira..." ele balançou a
cabeça.
"Se você não é corajosa o suficiente pra se casar comigo, então -"
"Bem", eu interrompi. "E se eu fizesse isso? E se eu te disse pra me levar pra Las Vegas
agora? E seria uma vampira em três dias?"
Ele sorriu, seus dentes estavam brilhando na escuridão. "Claro", ele disse, pagando pra
ver. "Eu vou pegar o meu carro".
"Droga", eu murmurei. "Eu te dou dezoito meses".
"Sem acordo", ele sorriu. "Eu gosto dessa condição".
"Tudo bem. Eu peço pra Carlisle fazer isso quando eu me formar".
"Se é realmente isso que você quer", ele levantou os ombros, e o seu sorriso ficou
absolutamente angelical.
"Você é impossível", eu rosnei. "Um monstro".
Ele gargalhou. "É por isso que você não vai se casar comigo?"
Ele se inclinou na minha direção; seus olhos escuros como a noite se derreteram e
queimaram e danificaram a minha concentração. "Por favor? Bella?", ele respirou.
Eu me esqueci de como respirar por um momento. Quando eu me recuperei, eu balancei
a minha cabeça rapidamente, tentando limpar a minha cabeça subitamente nublada.
"Será que isso teria funcionado melhor se eu tivesse tempo de arrumar um anel?"
"Não! Nada de anéis!", eu quase gritei.
"Agora você conseguiu", ele cochichou.
"Oops".
"Charlie está se levantando; é melhor eu ir embora", Edward disse com resignação.
Meu coração parou de bater.
Ele estudou a minha expressão por um segundo. "Seria infantil da minha parte me
esconder no seu armário, então?"
"Não", eu sussurrei ansiosamente. "Fique. Por favor".
Edward sorriu e desapareceu.
Eu me sentei na escuridão enquanto esperava Charlie vie me checar. Edward sabia
exatamente o que ele estava fazendo, e eu era capaz de apostar que toda a surpresa fazia
parte da trama. É claro, eu ainda tinha a opção de Carlisle, mas agora que eu sabia que
havia uma chance do próprio Edward me mudar, eu queria muito isso. Ele era um
trapaceiro.
Minha porta se abriu.
"Bom dia, pai".
"Oh, oi, Bella" Ele parecia envergonhado por ter sido pego no flagra. "Eu não sabia que
você estava acordada".
"É. Eu só estava esperando você se levantar pra ir tomar um banho", eu comecei a me
levantar.
"Espera", Charlie disse, ligando a luz. Eu pisquei por causa da claridade repentina, e
cuidadosamente mantive os meus olhos longe do armário. "Vamos conversar por uns
minutos primeiro".
Eu não consegui controlar a minha careta. Eu havia esquecido de pedir uma boa
desculpa á Alice.
"Você está com problemas".
"É, eu sei".
"Eu estava a ponto de enlouquecer nesses três dias. Eu volto pra casa do funeral de
Harry, e você está desaparecida. Jacob me disse que você havia fugido com Alice
Cullen, e que ele pensava que vocês estavam com problemas. Você não me deixou um
número, e não me ligou. Eu não sabia quando - ou se - você ia voltar. Você tem alguma
idéia de como... como..." Ele não conseguiu terminar a frase. Ele sugou o ar
profundamente e continuou. "Será que você pode me dar uma boa razão pra eu não te
mandar pra Jacksonville nesse segundo?"
Meus olhos se estreitaram. Então iam ser ameaças, não é? Um jogo que dois podem
jogar. Eu me sentei, colocando a colcha ao meu redor. "Porque eu não vou".
"Agora só um minuto, jovenzinha - "
"Olha, pai, eu aceito completamente a responsabilidade pelas minhas ações, e você pode
me castigar por quanto tempo você quiser. Eu também farei todas as tarefas e vou lavar
as roupas e os pratos até que você pense que eu aprendi a lição. E eu acho que você está
no seu direito se você quiser me botar pra fora também - mas isso não vai me fazer ir
para a Flórida".
O rosto dele ficou vermelho brilhante. Ele respirou fundo algumas vezes antes de
responder.
"Você gostaria de explicar onde esteve ?"
Oh, droga. "Houve uma... emergência".
As sobrancelhas dele se ergueram de expectativa pela minha brilhante explicação.
Eu enchi as minhas bochechas de ar e depois coloquei o ar pra fora fazendo barulho.
"Eu não sei o que te dizer, pai. Foi em grande parte um grande mal entendido. Ele disse,
ela disse. Saiu do controle".
Ele esperou com uma expressão desconfiada.
"Veja, Alice contou a Rosalie que eu havia pulado do penhasco...", eu estava lutando
freneticamente pra fazer isso funcionar, pra fazer isso ficar o mais perto da verdade
possível para que assim a minha habilidade com mentiras não minasse a desculpa, mas
antes que eu pudesse continuar a expressão de Charlie me lembrou de que eu não havia
contado a ele sobre o penhasco.
Super oops. Como se eu já não estivesse frita.
"Eu acho que não te contei sobre isso", eu botei pra fora. "Não foi nada. Só me
divertindo, nadando com Jake. De qualquer forma, Rosalie contou pra Edward e ele
ficou chateado. Ela meio que acidentalmente fez parecer que eu estava tentando me
matar ou alguma coisa assim. Ele não atendia ao telefone, então Alice me arrastou pra...
, Los Angeles, pra explicar pessoalmente", eu levantei os ombros, esperando
desesperadamente que ele não ficasse distraído o sufíciente com o meu errinho ao ponto
de perder a explicação brilhante que eu havia dado.
O rosto de Charlie estava congelado. "Você estava tentando se matar, Bella?"
"Não, é claro que não. Só me divertindo com Jake. Mergulho dos penhascos. Os garotos
de La Push faz isso o tempo inteiro. Como eu disse, não foi nada".
O rosto de Charlie se esquentou - de congelado á quente de fúria. "Qual é a de Edward
Cullen, afinal?", ele latiu. "Todo esse tempo, ele te deixou na mão sem uma palavra -"
Eu interrompí ele. "Outro mal entendido".
Ele ficou vermelho de novo. "Ele está de volta então?"
"Eu não tenho certeza de qual é o plano. Eu acho que eles todos voltaram".
Ele balançou a cabeça, a veia da testa dele estava pulsando. "Eu quero que você fique
longe dele, Bella. Eu não confio nele. Ele é ruim pra você. E não vou deixar ele fazer
aquilo com você de novo".
"Tudo bem", eu disse curtamente.
Charlie se balançou nos calcanhares. "Oh". Ele andou por um segundo, exalando alto
com a surpresa. "Eu pensei que você fosse ser difícil".
"Eu vou", eu o encarei diretamente nos olhos. "Eu quis dizer 'Tudo bem, eu me mudo'".
Seus olhos se arregalaram; o rosto dele ficou ruivo. Minha resolução ficou balançada
enquanto eu comecei a me preocupar com a saúde dele. Ele não era mais jovem que
Harry...
"Pai, eu não quero me mudar", eu disse em um tom mais suave. "Eu amo você. Eu sei
que você está preocupado, mas você vai precisar confiar em mim nisso. Você vai ter
que facilitar pra Edward se quiser que eu fique. Você quer que eu viva aqui ou não?"
"Isso não é justo, Bella. Você sabe que eu quero que você fique".
"Então seja legal com Edward, porque ele vai estar onde eu estiver", eu disse com
confiança. A confiança da minha epifânia ainda era forte.
"Não embaixo do meu teto", Charlie trovejou.
Eu dei um suspiro profundo. "Olha, eu não vou dar mais nenhum ultimato essa noite -
ou eu acho que é manhã. Só pense nisso por alguns dias, tá legal? Mas tenha em mente
que eu e Edward somos uma espécie de pacote".
"Bella -"
"Pense nisso", eu insisti. "E enquanto você está fazendo isso, será que você pode me dar
um pouco de privacidade? Eu realmente preciso de um banho."
O rosto de Charlie mudou para um estranho tom de roxo, mas ele saiu, batendo a porta
atrás dele. Eu ouvi ele pisando furiosamente nos degraus da escada.
Eu joguei minha colcha de lado, e Edward estava lá, sentado na cadeira de balanço
como se estivesse sentado lá durante a conversa inteira.
"Eu lamento por isso", eu sussurrei.
"Como se eu não merecesse coisa muito pior", ele murmurou. "Não comece nada com
Charlie por minha causa, por favor".
"Não se preocupe com isso" eu respirei enquanto juntava as minhas coisas do banheiro e
pegava uma muda de roupas limpas. "Eu vou fazer exatamente o que for necessário, e
nada, além disso. Ou será que você está querendo me dizer que eu não teria um lugar
pra ir?" eu arregalei os olhos com falso alarme.
"Você se mudaria pra uma casa cheia de vampiros?"
"Esse provavelmente é o lugar mais seguro pra alguém como eu. Além do mais..." eu
sorrí. "Se Charlie me expulsar, então não há necessidade de esperar até a formatura, não
é?"
A mandíbula dele se apertou. "Tão ansiosa pela condenação eterna", ele murmurou.
"Você sabe que não acredita realmente nisso".
"Oh, não acredito?", ele fumaçou.
"Não. Não acredita".
Ele me encarou e começou a falar, mas eu cortei ele.
"Se você realmente acreditasse que perdeu sua alma, então quando eu te encontrei em
Volterra, você teria se dado conta imediatamente do que estava acontecendo, ao invés
de pensar que estávamos mortos juntos. Mas você não soube - você disse ' Incrível.
Carlisle estava certo.'", eu lembrei ele, triunfante. "Existe esperança em você, afinal".
Pela primeira vez, Edward ficou sem fala.
"Então vamos os dois ter esperança, certo?", eu sugeri. "Não que isso importe. Se você
ficar, eu não preciso do paraíso".
Ele se levantou lentamente, e veio colocar as suas mãos nos dois lados do meu rosto
enquanto olhava nos meus olhos. "Pra sempre", ele prometeu, ainda vacilante.
"Isso é tudo o que eu estou pedindo", eu disse, e me estiquei nos meus dedos do pé pra
poder pressionar os meus lábios nos dele.
Epílogo - Acordo
Quase tudo estava de volta ao normal - ao bom, normal pré-zumbi - em menos tempo do
que eu teria julgado possível. O hospital recebeu Carlisle de volta com braços ansiosos,
sem nem se preocupar em escinder sua felicidade por Esme ter desgostado tanto da vida
em Los Angeles. Graças ao teste de Cálculo que eu perdi enquanto estive no
estrangeiro, Alice e Edward estavam em melhores condições de se formarem do que eu
estava no momento. De repente, a faculdade era uma prioridade (a faculdade ainda era o
plano B, na chance mínima de que a proposta de Edward superasse a proposta de pós
formatura de Carlisle). Muitos prazos haviam passado por mim, mas Edward tinha uma
nova pilha de pedidos de aceitação pra eu preencher todos os dias. Ele já havia
freqüentado Harvard, então ele não se incomodava que, graças á minha procrastinação,
nós dois acabaríamos na Faculdade Comunitária de Península no ano que vem.
Charlie não estava feliz comigo, e nem falando com Edward. Mas pelo menos Edward
tinha permissão - nos meus horários que foram designados para as visitas - pra entrar na
casa de novo. Só que eu não tinha permissão pra sair dela.
Escola e o trabalho eram as únicas exceções, e o amarelo fatigante, chato das paredes
das minhas salas de aula, haviam ficado estranhamente convidativos pra mim
ultimamente. Isso tinha muito a ver com a pessoa que se se sentava à mesa ao lado da
minha.
Edward havia reassumido o seu mesmo horário do início do ano passado, o que o
colocou na maioria das minhas aulas de novo. O meu comportamento foi tão ruim no
outono passado, depois que os Cullen supostamente se mudaram pra Los Angeles, que a
cadeira ao meu lado nunca foi reocupada. Mesmo Mike, que estava sempre ansioso pra
tirar alguma vantagem, manteve uma distância segura.
Com Edward de volta ao seu lugar, era quase como se os últimos oito meses tivessem
sido um pesadelo perturbador.
Quase, mas não exatamente. Eu estava presa em casa, pra começar. E pra terminar, no
outono passado,eu ainda não tinha virado a melhor amiga de Jacob Black.
Então, é claro, eu não tinha sentido a falta dele.
Eu não estava em liberdade pra ir até La Push, e Jacob não estava vindop até mim. Ele
nem atendia as minhas ligações.
Eu fazia essa ligações na maioria das vezes á noite, depois que Edward havia sido
botado pra fora - exatamente ás nove, por um Charlie severo e alegre - e antes que
Edward entrasse pela minha janela depois que Charlie estivesse dormindo. Eu escolhi
essa hora para fazer as minhas ligações infrutíferas porque eu havia notado que Edward
fazia uma certa cara toda vez que eu mencionava o nome de Jacob. Meio desaprovador
e cauteloso... talvez até com raiva. Eu me perguntei se ele sentia o mesmo preconceito
recíproco pelos lobisomens, apesar dele não ser tão vocal quanto Jacob havia sido sobre
os "sugadores de sangue".
Então, eu não mencionava muito Jacob.
Com Edward perto de mim, era difícil pensar em coisas infelizes - mesmo no meu ex
melhor amigo, que provavelmente estava muito infeliz agora, por minha causa.
Quando eu pensava em Jake, eu sempre me sentia culpada por não pensar mais nele.
O conto de fadas estava de volta. O príncipe havia retornado, o feitiço ruim foi
quebrado. Eu não tinha certeza do que fazer com o personagem que sobrou, sem ser
resolvido. Onde estava o feliz pra sempre dele?
As semanas se passaram, e Jacob ainda não atendia os meus telefonemas. Isso começou
a se transformar numa preocupação constante. Como uma torneira pingando na minha
cabeça que eu não podia desligar ou ignorar. Drip, drip, drip. Jacob, Jacob, Jacob.
Então, apesar de eu não mencionar Jacob muito, as vezes, a minha ansiedade e a minha
frustração transbordavam.
"Isso é muito rude!", eu soltei num Sábado á tarde quando Edward foi me buscar no
trabalho. Ficar brava com as coisas era mais fácil que me sentir culpada.
"Absolutamente insultante!"
Eu variava o meu padrão, na esperança de ter respostas diferentes. Dessa vez eu liguei
pra Jacob do trabalho, só pra ser atendida por um inútil Billy. De novo.
"Billy disse que ele não queria falar comigo", eu fumacei, olhando a chuva cair pela
janela do passageiro.
"Que ele estava lá, e que não ia caminhar três passos pra pegar o telefone! Geralmente
Billy simplesmente disse que ele está ocupado ou dormindo ou alguma coisa assim.
Quer dizer, não é como se eu não soubesse que ele está mentindo pra mim, mas pelo
menos era uma forma educada de lidar com isso. Eu acho que agora Billy me odeia
também. Isso não é justo!"
"Não é você, Bella", Edward disse baixinho. "Ninguém odeia você".
"Dá pra sentir", eu murmurei, cruzando meus braços no peito. Isso não era mais que um
gesto de teimosia. Agora não havia mais buraco - eu mal podia me lembra de como era
me sentir vazia.
"Jacob sabe que estamos de volta, e eu tenho certeza de que ele já foi informado de que
eu estou com você", Edward disse. "Ele não vai chegar perto de mim. A inimizade tem
raízes muito profundas".
"Isso é estúpido. Ele sabe que você não é... como os outros vampiros".
"Ainda existem boas razões pra manter uma distância segura".
Eu olhei cegamente pelo pára-brisa, vendo apenas o rosto de Jacob, com aquela mácara
azeda que eu odiava.
"Bella, nós somos o que nós somos", Edward disse baixo. "Eu posso me controlar, mas
eu duvido que ele possa. Ele é muito jovem. Isso teria grandes probabilidades de se
transformar numa briga, e eu não sei se conseguiria para antes de m -" ele parou, e então
continuou rapidamente. "Antes de machucá-lo. Você ficaria infeliz. Eu não quero que
isso aconteça".
Eu me lembrei o que Jacob havia dito na cozinha, ouvindo as palavras numa perfeita
lembrança da voz rouca dele. Eu não tenho certeza de que sou controlado o suficiente
pra lidar com isso... Você provavelmente não ia gostar muito de mim se eu matasse a
sua amiga. Mas ele foi capaz de lidar com isso, daquela vez...
"Edward Cullen", eu sussurrei. "Você estava prestes a dizer 'matar ele? Estava?"
Ele desviou o olhar de mim, olhando para a chuva.
Na nossa frente, o sinal vermelho que eu não havia reparado ficou verde de novo ele ele
seguiu em frente de novo, dirigindo muito lentamente. Não era o seu normal de dirigir.
"Eu tenteria... muito... não fazer isso", Edward disse finalmente.
Eu o encarei com a minha boca aberta, mas ele continuava olhando diretamente para a
frente. Nós estávamos parados no sinal de pare da esquina.
___________5
Abruptamente, eu me lembrei do que aconteceu com Paris quando Romeu voltou. Os
scipts eram bem simples: Eles lutam, Paris cai
Mas isso era ridículo. Impossível.
"Bem", eu disse, e respirei fundo, balançando a minha cabeça para dissipar as palavras
da minha cabeça. "Nada assim vai acontecer nunca, então não há razão para se
preocupar com isso. E você sabe que Charlie está olhando para o relógio nesse instante.
É melhor você me levar pra casa antes que eu me meta em mais problemas por estar
atrasada".
Eu virei o meu rosto pra ele, pra sorrir meio sem vontade.
Toda vez que eu olhava para o rosto dele, aquele rosto impossivelmente perfeito, meu
coração batia muito forte e saudável, muito lá no meu peito. Dessa vez, o batimento
passou do seu próprio ritmo alucinado. Eu reconhecia aquela expressão no seu rosto de
estátua.
"Você já se meteu em mais problemas, Bella", ele sussurrou por lábios que não se
moviam.
Eu escorreguei mais pra perto, agarrando o braço dele enquanto seguia o seu olhar pra
ver o que ele estava vendo. Eu não sei o que eu estava esperando - talvez Victória de pé
no meio da rua, com o seu cabelo vermelho voando ao vento, ou uma fila de mantas
pretas... ou um bando de lobisomens raivosos. Mas eu não estava vendo absolutamente
nada.
"O que? O que é?"
Ele respirou fundo. "Charlie..."
"Meu pai?", eu arranhei.
Ele olhou pra mim nessa hora, e a expressão estava calma o suficiente pra acalmar um
pouco do meu pânico.
"Charlie provavelmente não vai matar você, mas ele está pensando nisso", ele me disse.
Ele começou a dirigir em frente de novo, rua abaixo, mas ele passou da casa e
estacionou perto de onde as árvores começavam.
"O que foi que eu fiz?", eu asfixiei.
Edward olhou de volta para a casa de Charlie. Eu segui o seu olhar, e reparei pela
primeira vez no que estava estacionado na garagem ao lado da viatura. Cintilante,
vermelha brilhante, impossível de não ver. Minha moto, ostentando a sí mesma na
garagem.
Edward disse que Charlie estava pronto pra me matar, então ele devia saber que - que
ela era minha. Só havia uma pessoa que podia estar por trás dessa traição.
"Não!", eu asfixiei. "Porque? Porque Jacob faria isso comigo?", a dor dessa traição me
lavou por dentro. Eu havia confiado em Jacob implicitamente - confiei a ele os mínimos
segredos que eu tinha. Era pra ele ser o meu porto seguro - a pessoa com a qual eu
sempre podia contar. É claro que as coisas estavam acertadas no momento, mas eu não
achava que nenhuma das linhas desse fundamentos haviam sido mudadas. Eu não
achava que isso fosse mutável!
O que eu tinha feito pra merecer isso? Charlie ia ficar muito bravo - e pior que isso, ele
ia ficar machucado e preocupado. Será que ele já não tinha coisas suficientes com as
quais lidar? Eu nunca havia imaginado que Jake podia ser tão mesquinho e tão
simplesmente mau. As lágrimas saltaram, astutas, nos meus olhos, mas elas não eram
lágrimas de tristeza. Eu havia sido traída. Eu estava repentinamente com tanta raiva que
minha cabeça latejava como se fosse explodir.
"Ele ainda está aqui?", eu assobiei.
"Sim. Ele está esperando por nós". Edward me disse, acenando com a cabeça em
direção á fina passagem que dividia a floresta escura em duas.
Eu pulei pra fora do carro, me lançando na direção das árvores com as mãos já curvadas
nos punhos preparadas para o primeiro soco.
Porque Edward tinha que ser tão mais rápido que eu?
Ele me agarrou pela cintura antes que eu chegasse na passagem.
"Me deixe ir! Eu vou assassinar ele! Traidor!", eu gritei esse epiteto na direção das
árvores.
"Charlie vai escutar você", Edward me avisou. "E assim que ele te colocar pra dentro,
ele pode até colocar tijolos nas portas".
Eu olhei de volta para a casa instintivamente, e parecia que a moto vermelha chamativa
era tudo o que eu podia ver. Eu estava enxergando vermelho. Minha cabeça latejou de
novo.
"Só me dê um round com Jacob, e depois eu me viro com Charlie", eu lutei futilmente
pra me libertar.
"Jacob Black quer ver a mim. É por isso que ele ainda está aqui".
Isso me congelou - mandou a luta pra fora de mim. Minhas mãos ficaram flácidas.
Eles lutam; Paris cai.
Eu estava furiosa, mas não tão furiosa.
"Conversar?", eu perguntei.
"Mais ou menos".
"Quanto mais?", minha voz tremeu.
Edward alisou meu cabelo pra tirá-lo do meu rosto. "Não se preocupe, ele não está aqui
pra brigar comigo. Ele está agindo como... porta voz do bando".
"Oh".
Edward olhou para a casa de novo, então apertou o braço na minha cintura e me puxou
em direção á floresta. "Nós temos que nos apressar. Charlie está ficando impaciente".
Nós não tivemos que ir muito longe; Jacob estava nos esperando só um pouco acima de
onde a trilha começava. Ele estava encostado num tronco de árvore cheia de musgos
enquanto esperava, seu rosto estava duro e amargo, exatamente do jeito que eu sabia
que estaria. Ele olhou pra mim, e depois pra Edward. A boca de Jacob se transformou
num sorriso sem humor de desprezo, e ele se afastou da árvore. Ele ficou de pé sobre os
pés descalsos, se inclinando levemente para frente, suas mãos tremendo estavam
cravadas nos punhos. Ele parecia ainda maior do que da última vez que eu o havia visto.
De alguma forma, impossivelmente, ele ainda estava crescendo. Ele ia parecer uma
torre ao lado de Edward, se eles ficassem lado a lado.
Mas Edward parou assim que nós o vimos deixando um grande espaço entre nós e
Jacob. Edward virou seu corpo, se movendo de forma que eu fiquei atrás dele.
Eu me inclinei ao redor dele pra encarar Jacob - pra acusá-lo com os meus olhos.
Eu pensei que ver a expressão ressentída, cínica dele, só me deixaria com ainda mais
raiva.
Ao invés disso, ela me lembrou da última vez que eu havia visto ele, com lágrimas nos
olhos. Minha fúria enfraqueceu, falhou, quando eu olhei pra Jacob. Já fazia tanto tempo
desde que eu havia o visto - eu odiava que essa reunião tivesse que ser assim.
"Bella", Jacob disse como uma saudação, acenando com a cabeça uma vez mas sem
desviar os olhos de Edward.
"Porque?", eu sussurrei, tentando esconder o som so caroço na minha garganta. "Como
é que você pode fazer isso comigo, Jacob?"
O desprezo sumiu, mas o rosto dele continuou duro e rígido. "Foi para o melhor".
"O que deveria significar? Você quer que Charlie me estrangule? Ou você queria que
ele tivesse um ataque cardíaco, como Harry? Não importa o quanto você esteja bravo
comigo, como é que você pôde fazer isso com ele?"
Jacob estremeceu, as sobrancelhas juntas, mas ele não respondeu.
"Ele não queria machucar ninguém - ele só queria que você ficasse de castigo, pra que
você não tivesse permissão de passar o tempo comigo", Edward disse, explicando os
pensamentos que Jacob não diria.
Os olhos de Jacob brilhavam de ódio quando ele encarou Edward de novo.
"Aw, Jake!", eu gemí. "Eu já estou de castigo! Porque você acha que eu ainda não tinha
ido á La Push pra chutar o seu traseiro por não atender minhas ligações?"
Os olhos de Jacob voltaram pra mim, confusos pela primeira vez. "Foi por isso?" ele
perguntou, e depois travou a mandíbula, como se ele estivesse arrependido por ter dito
alguma coisa.
"Ele pensou que era eu que não estava deixando, e não Charlie", Edward explicou de
novo.
"Pare com isso", Jacob disparou.
Edward não respondeu.
Jacob levantou os ombros uma vez, e depois travou os dentes com tanta força quanto os
punhos. "Bella não estava exagerando sobre as suas... habilidades", ele disse através dos
dentes.
"Então você já deve saber porque eu estou aqui".
"Sim", Edward concordou com uma voz suave. "Mas antes de você começar, eu preciso
dizer uma coisa".
Jacob esperou, travando e destravando as mãos enquanto continuava tentando controlar
os arrepios que desciam pelos seus braços.
"Obrigado", Edward disse, e a voz dele palpitava de sinceridade. "Eu nunca vou ser
capaz de te dizer o quanto estou agradecido. Eu estou te devendo para o resto da
minha... existência".
Jacob olhou pra ele branco, seus tremores pararam com a surpresa. Ele trocou um rápido
olhar comigo, mas o meu rosto estava igualmente mistificado.
"Por manter Bella viva", Edward esclareceu a voz dele áspera e fervente. "Quando eu...
não o fiz".
"Edward -", eu comecei a dizer, mas ele levantou uma mão, seus olhos estavam em
Jacob.
A compreensão lavou o rosto de Jacob antes que a máscara voltasse para o lugar.
"Eu não fiz isso para o seu benefício".
"Eu sei. Mas isso não apaga a gratidão que eu sinto. Eu achei que você devia saber. Se
houver qualquer coisa no meu poder que eu possa fazer por você..."
Jacob ergueu uma sobrancelha preta.
Edward balançou a cabeça. "Isso não é do meu poder".
"Do de quem, então?", Jacob rosnou.
Edward olhou pra mim. "Dela. Eu aprendo rápido, Jacob Black, e eu não cometo o
mesmo erro duas vezes. Eu vou ficar aqui até que ela ordene que eu vá embora".
Eu fiquei momentaneamente imersa no seu olhar dourado. Não foi difícil compreender
o que eu havia perdido da conversa. A única coisa que Jacob podia querer de Edward
era a sua ausência.
"Nunca", eu sussurrei ainda presa no olhar de Edward.
Jacob fez um som de quem estava amordaçado.
Eu me libertei sem vontade do olhar de Edward pra fazer uma carranca pra Jacob.
"Havia algo mais que você queria Jacob? Você queria me meter em problemas - missão
cumprida. Charlie deve me mandar para a Escola Militar. Mas isso não vai me afastar
de Edward. Não há nada que possa fazer isso. O que mais você quer?"
Jacob manteve os olhos em Edward.
"Eu só preciso lembrar os seus amigos sugadores de sangue de alguns pontos
importantes do acordo com o qual eles concordaram. Essa conversa sobre o acordo é a
única coisa me impedindo de rasgar a garganta dele nesse minuto".
"Nós não esquecemos", Edward disse ao mesmo tempo em que eu perguntava, "Que
pontos importantes?"
Jacon ainda encarava Edward, mas ele me respondeu. "O acordo é bastante específico.
Se algum deles morder um humano, a trégua está acabada. Morder, não matar", ele
enfatizou. Finalmente, ele olhou pra mim. Seus olhos estavam frios.
Só me levou um segundo pra compreender a distinção, e isso deixou o meu rosto tão
frio quanto o dele.
"Isso não é da sua conta".
"Não é é o -" foi tudo o que ele conseguiu falar.
Eu não esperava que as minhas palavras precipitadas trouxessem uma resposta tão forte.
Apesar do aviso que tinha vindo pra dar, ele não devia saber. Ele deve ter pensado que o
aviso era só uma precaução. Ele não havia se dado conta - ou não queria acreditar - que
eu já havia feito a minha escolha. Que eu realmente já tinha a intenção de me tornar um
membro da família Cullen.
Minha resposta fez Jacob chegar a quase ter convulsões. Ele pressionou os pulsos com
força nas têmporas, fechando os olhos bem apertados e se curvando sobre sí mesmo
enquanto tentava controlar os espasmos. O rosto dele ficou de um verde doentio por
baixo da pele ruiva.
"Jake? Você tá bem?", eu perguntei ansiosamente.
Eu dei meio passo na direção dele, e então Edward me agarrou e me puxou de novo pra
trás do seu próprio corpo. "Cuidado! Ele não está sob controle", ele me avisou.
Mas Jacob já era algo de sí mesmo novamente; só os braços dele estavam tremendo
agora. Ele olhou pra Edward com puro ódio. "Ugh. Eu nunca machucaria ela".
Nem Edward e nem eu perdemos a inflexão, ou a acusação que isso significava. Um
assobio baixo escapou pelos lábios de Edward. Jacob curvou os punhos reflexivamente.
"BELLA!", o rugido de Charlie ecoou vindo da direção da casa.
"ENTRE EM CASA NESSE INSTANTE!"
Todos nós congelamos, escutando o silêncio que se seguiu.
Eu fui a primeira a falar; minha voz tremia. "Droga".
A expressão furiosa de Jacob falhou. "Eu sinto muito por isso", ele murmurou. "Eu
tinha que fazer o que podia - eu tinha que tentar".
"Obrigada" O tremor da minha voz arruinou o sarcasmo. Eu olhei para a trilha, meio
que esperando que Charlie aparecesse marchando pelas avencas molhadas como um
touro enraivecido. Eu seria a bandeira vermelha na cena.
"Só mais uma coisa", Edward disse pra mim, e depois olhou pra Jacob. "Nós não
encontramos nenhuma pista de Victória do nosso lado da linha - e vocês?"
Ele já sabia da resposta assim que Jacob pensou nela, mas Jacob falou a resposta, do
mesmo jeito. "A última vez foi quando Bella estava... fora. Nós deixamos ela pensar que
estava escapando - nós estavamos apertando o cerco, nos preparando pra emboscá-la -"
Desceu gelo pela minha espinha.
"Mas depois ela desapareceu como um morcego do inferno. Pelo que podemos dizer, ela
sentiu o cheiro da sua pequena fêmea e fugiu. Ela não se aproximou da nossa terra
desde então".
Edward balançou a cabeça. "Quando ela voltar, ela não é mais problema de vocês. Nós -
"
"Ela matou no nosso território", Jacob assobiou. "Ela é nossa!"
"Não -", eu comecei a protestar contra as duas declarações.
"BELLA! EU VEJO O CARRO DELE E EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ AÍ! SE VOCÊ
NÃO ENTRAR EM CASA EM UM MINUTO...!" Charlie não se incomodou em
terminar a sua ameaça.
"Vamos", Edward disse.
Eu olhei de volta para Jacob, dividida. Será que eu o veria novamente?
"Desculpa", ele sussurrou tão baixo que eu tive que ler os lábios dele pra entender.
"Adeus, Bells".
"Você prometeu", eu o lembrei desesperadamente. "Ainda amigos, certo?"
Jacob balançou a cabeça lentamente, e o caroço na minha garganta praticamente me
estrangulou.
"Você sabe o quanto eu dei duro pra manter essa promessa, mas... Eu não consigo ver
como poderei continuar tentando. Não agora..."
Ele lutou pra manter sua máscara dura no lugar, mas ela vacilou, e depois desapareceu.
"Sinto sua falta", ele falou com os lábios. Uma das mãos dele avançou em minha
direção, seus longos dedos esticados, como se ele desejasse que eles fossem longos o
suficiente pra cruzar a distância entre nós.
"Eu também", eu botei pra fora. Minha mão se inclinou na direção dele no espaço largo.
Como se estivessemos conectados, o eco da dor dele se contorceu dentro de mim. A dor
dele, a minha dor.
"Jake...", eu dei um passo na direção dele. Eu queria passar os meus braços na cintura
dele e apagar a expressão de miséria do rosto dele.
Edward me puxou de novo, seus braços restringiam ao invés de defender.
"Está tudo bem", eu prometí pra ele, olhando pra ver seu rosto com confiança em meus
olhos. Ele entenderia.
Seus olhos eram ilegíveis, o rosto dele estava sem expressão. Frio. "Não, não está".
"Solte ela", Jacob rosnou, furioso de novo. "É o que ela quer!", ele deu dois longos
passos á frente. Um brilho de antecipação brilhou nos olhos dele. O peito dele parecia
inchar enquanto se tremia.
Edward me puxou pra trás dele, se virando pra enfrentar Jacob.
"Não! Edward -!"
"ISABELLA SWAN!"
"Vamos! Charlie está com raiva!", minha voz estava cheia de pânico, mas agora não era
por causa de Charlie. "Rápido!"
Eu puxei ele e ele relaxou um pouco. Ele me empurrou pra trás lentamente, sempre
mantendo os olhos em Jacon enquanto nos afastávamos.
Jacob nos encarou com um olhar negro de escárnio em seu rosto ácido. A antecipação
havia fugido do seu rosto, e então, pouco antes da floresta estar entre nós, o rosto dele
de repente se contorceu de dor.
Eu sabia que esse olhar breve para o rosto dele ia me perseguir até que eu visse ele
sorrir de novo.
E bem alí eu jurei que o veria sorrir de novo, e em breve. Eu ia dar um jeito de manter o
meu amigo.
Edward manteve seu braço apertado na minha cintura, me segurando perto. Essa foi a
única coisa que segurou as lágrimas dentro dos meus olhos.
Eu tinha sérios problemas.
Meu melhor amigo me contava com os seus inimigos.
Victória ainda estava á solta, colocando todos a quem eu amava em perigo.
Se eu não me tornasse uma vampira em breve, os Volturi me matariam.
E agora, parecia que se eu fizesse isso, os lobisomens Quileute fariam eles mesmos o
trabalho - além de tentar matar a minha futura família. Eu não achava que ele realmente
tivessem alguma chance, mas será que o meu melhor amigo podia ser morto na
tentativa?
Problemas muito sérios. Então porque eles pareciam tão insignificantes quando nós
saímos das árvores eu eu ví a expressão no rosto roxo de Charlie?
Edward me apertou gentilmente. "Eu estou aqui".
Eu respirei profundamente.
Isso era verdade. Edward estava aqui, com os seus braços ao meu redor.
Eu podia enfrentar qualquer coisa contanto que isso fosse verdade.
Eu enquadrei meus ombros e caminhei em frente para encontrar com meu fado, com o
meu destino solidamente ao meu lado.

Fim

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